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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, junho 20, 2011

Jorge Mautner um grande artista; uma grande pessoa.




De Wikipédia, a enciclopédia livre
Jorge Mautner, nome artístico de Henrique George Mautner (Rio de Janeiro, 17 de janeiro de 1941) é um cantor, compositor e escritor brasileiro.

Biografia
Filho de Anna Illichi, de origem iugoslava e católica, e de Paul Mautner, judeu austríaco, Jorge Mautner nasceu pouco tempo depois de seus pais desembarcarem no Brasil: "Eu nasci aqui um mês depois de meus pais chegarem ao Brasil, fugindo do holocausto".

No Brasil, seu pai, embora simpatizante do governo de Getúlio Vargas, atuava na resistência judaica. A mãe passou a sofrer de paralisia em razão do trauma sofrido pela impossibilidade da irmã de Jorge, Susana, ter embarcado para o Brasil com a família. Assim, até os sete anos, Jorge ficou sob os cuidados de uma babá, Lúcia, que era ialorixá e o apresentou ao candomblé.

Em 1948, seus pais se separam. Anna se casa com o violinista Henri Müller, que é a primeira viola da Orquestra Sinfônica de São Paulo. Anna e Jorge se transferem para São Paulo. Henri ensina Jorge a tocar violino. Jorge estuda no Colégio Dante Alighieri. Apesar de ótimo aluno, é expulso do colégio antes de concluir o 3º ano científico, por ter escrito um texto considerado indecente.
Mautner começa a escrever seu primeiro livro, Deus da chuva e da morte, aos 15 anos de idade. O livro foi publicado em 1962 e compõe, com Kaos (1964) e Narciso em tarde cinza (1966), a trilogia hoje conhecida como Mitologia do Kaos.

Em 1962, adere ao Partido Comunista Brasileiro, convidado pelo professor Mario Schenberg para participar, com José Roberto Aguilar, de uma célula cultural no Comitê Central.

Após o golpe militar de 1964, é preso. É liberado, sob a condição de se expressar mais "cuidadosamente". Em 1966, vai para os Estados Unidos, onde trabalha na Unesco e trabalha na tradução de livros brasileiros. Também dava palestras sobre esses livros para a Sociedade Interamericana de Literatura. A partir de 1967, passa a trabalhar como secretário do poeta Robert Lowell. Conhece Paul Goodman, sociólogo, poeta e militante pacifista anarquista da nova esquerda, de quem recebe significativa influência.

Em 1970, vai para Londres, onde se aproxima de Caetano Veloso e Gilberto Gil. Volta ao Brasil e começa a escrever no jornal O Pasquim. Nesta época, conhece Nelson Jacobina, que será seu parceiro musical nas décadas seguintes.

Em 10 de dezembro de1973, no período mais duro da ditadura militar, participa do Banquete dos Mendigos, show-manifesto idealizado e dirigido por Jards Macalé, em comemoração dos 25 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Do espetáculo participam também Chico Buarque, Dominguinhos, Edu Lobo, Gal Costa, Gonzaguinha, Johnny Alf, Luis Melodia, Milton Nascimento, MPB-4, Nelson Jacobina, Paulinho da Viola, Raul Seixas, entre outros artistas. Com apoio da ONU, o show acontece no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, transformado em "território livre", e resulta em álbum-duplo gravado ao vivo. O disco foi proibido durante seis anos pelo regime militar e liberado somente em 1979.

Em 1975, nasce sua filha Amora (com a historiadora Ruth Mendes).

Em 1987 lança, com Gilberto Gil, o movimento "Figa Brasil" no show O Poeta e o Esfomeado. Figa Brasil ligado ao movimento Kaos, voltado à discussão de questões ligadas à cultura brasileira.

Literatura

Autor de vários livros, entre eles Deus da chuva e da morte (1962), que recebeu o Prêmio Jabuti de literatura, e Fragmentos de sabonete (1973).

Cinema

Em 1968, escreveu o argumento e o roteiro do filme de Neville D'Almeida, Jardim de Guerra, que acabou censurado pela ditadura militar.

Em 1970, dirigiu o longa-metragem O demiurgo (1970), em que trabalhou como ator. Do filme, também participam Gil, Caetano, José Roberto Aguilar, Péricles Cavalcanti, Leilah Assumpção. O filme é censurado.

Música

Entre seus sucessos musicais gravados por grandes nomes da MPB, incluem-se O vampiro (Caetano Veloso), Maracatu atômico (Gilberto Gil e Chico Science & Nação Zumbi), Lágrimas negras (Gal Costa), Samba dos animas (Lulu Santos) Rock Comendo Cereja, O vampiro e Samba Jambo com (Jonge).

Em 2002 lançou o CD "Eu Não Peço Desculpas", em parceria com Caetano Veloso.

Revirão
2007 - Gege / Warner Music

Eu não peço desculpa
2002 - Por Caetano Veloso

Mitologia do Kaos – CD integrante da coletânea 2002
O Ser da Tempestade
1999 - Dabliú Discos

Estilhaços de Paixão
1996 - cd Primal Records

Pedra Bruta
1992 - Vinil Rock Company Records

Árvore da Vida
JORGE MAUTNER e NELSON JACOBINA. 1988 - Vinil. Geléia Geral / WEA

Antimaldito
1985 - Vinil Nova República/Polygram

Bomba de Estrelas
1981 - CD / Vinil – WEA

Filho Predileto de Xangô
1978 - CBS – Compacto

Mil e Uma Noites
de Bagdá 1976 - Vinil – Phonogram

Jorge Mautner
1974 - Vinil – Polydor

Para Iluminar a Cidade
1972 - Vinil – Phonogram

Radioatividade
Não, não, não 1966 - RCA Victor - Compacto

Bibliografia





Obras do autor
Mitologia do Kaos - Obras Completas. Azougue, 2002
Floresta Verde Esmeralda. Inédito. Texto incluído na Mitologia do Kaos, 2002.
Fragmentos de Sabonete e Outros Fragmentos. Relume-Dumará, 1995.
Miséria Dourada. Maltese, 1993
Fundamentos do Kaos. Ched Editorial, 1985.
Sexo do Crepúsculo. Global Ground, 1982
Poesias de Amor e de Morte. Global Ground, 1982
Panfletos da Nova Era. Global, 1978.
Fragmentos de Sabonete. Ground Informação, 1973.
O Vigarista Jorge. Von Schimdt Editora, 1965.
Narciso em Tarde Cinza. Ed. Exposição do Livro, 1965.
Kaos. Martins, 1963.
Deus da Chuva e da Morte. Martins, 1962.
Obras sobre o autor
MORAIS JUNIOR, Luís Carlos de. Proteu ou: A Arte das Transmutações. Leituras, audições e visões da obra de Jorge Mautner. Rio de Janeiro. HP Comunicação, 2004.
Jorge Mautner em movimento. Salvador. Ed. César Resac, 2004.
Teatro

Filhos do Kaos
Seu mais recente livro, Mitologia do Kaos, lançado em 2002 pela Azougue , recebeu montagem para teatro realizada pelo diretor baiano Fábio Viana. O espetáculo, de criação coletiva, reúne música, dança e teatro e foi intitulado Filhos do Kaos. É parte de um trabalho de pesquisa cênica, artística e estética que vem sendo realizado há muito tempo pelo diretor para o projeto denominado Trilogia do Kaos. Mautner, " que esteve em Salvador especialmente para assistir à estréia da performance artística, declarou "Filhos do Kaos é a própria tragédia grega viva, e todos nós sabemos (e viva Rei Lopes!) que a Grécia Antiga é aqui no Brasil!".

Referências

↑ Nossa amálgama. Entrevista com Jorge Mautner à revista FIGAS, n°1. Agosto de 2009.
↑ 300 discos importantes da música brasileira.
↑ Um Caráter Para Macunaíma, por Jorge Mautner. Publicado no Jornal da Tarde, 13 de março de 1987.
↑ Editora Azougue Mitologia do Kaos
↑ MITOLOGIA DO KAOS – O JUÍZO FINAL
↑ Algo de novo há de surgir desse kaos, por Valdeck Almeida de Jesus.
↑ Jorge Mautner Site Oficial

O Globo-Logo, 26 de maio de 2009. Manifesto Amalgamista, por Jorge Mautner.
*ocuringadebuzios

Charge do Dia


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O LIVRO SOBRE O BACURI E OUTRAS NOVAS DOS COMPANHEIROS DE IDEAIS

Depois de vários anos de pesquisas, tendo entrevistado 40 veteranos da resistência à ditadura militar, a companheira Vanessa Gonçalves está lançando a biografia Eduardo Leite Bacuri, pela Plena Editorial.
Um bom aperitivo é a extensa reportagem da IstoÉ 109 dias de tortura, da qual extraí este trecho:
"No Dops, Bacuri passou por uma experiência incomum – e macabra – mesmo para os padrões da ditadura. Ali, depois de massacrado fisicamente, ele leu sua sentença de morte.
No sábado 26 de outubro, os jornais noticiaram a morte de Joaquim Câmara Ferreira, militante da Ação Libertadora Nacional, e afirmaram que Bacuri havia sido levado da prisão para fazer o reconhecimento do corpo. Nessa operação, segundo as publicações da época, Bacuri tinha conseguido fugir e desapareceu.
Ao ver a notícia impressa nos jornais, ele teve a certeza de que jamais sairia vivo da prisão – era o álibi que os militares precisavam para assegurar que Bacuri não estava sob jugo da ditadura e, sim, foragido.
A triste ironia da história é que ele sequer andava. Graças à violência dos policiais, apenas quatro dias depois de ser preso o militante perderia para sempre o movimento das pernas".
O companheiro jornalista Rui Martins deu contribuição inestimável à luta pela liberdade de Cesare Battisti, como seu principal porta-voz no momento mais difícil, quando poucos se davam conta do que estava realmente ocorrendo e parte da esquerda era iludida pela pregação (tão rancorosa quanto falaciosa) de Mino Carta, inimigo visceral dos ideais de 1968 e daqueles que os expressam.
Depois que passei a priorizar a causa do Cesare, no final de 2008, o Rui pôde voltar seus esforços  mais para o Estado dos Emigrantes, que também foi uma bandeira erguida e popularizada principalmente (melhor seria dizer  quase que exclusivamente) por ele.
Agora, entretanto, o Conselho do Emigrante, criado pelo Itamaraty, tem um presidente que, eleito "pelos votos obtidos (de) cerca de 0,01% da população emigrante", encarna "a ideologia da intolerância, do pensamento único e da mordaça, inspirada em processos inquisidores de regimes ditatoriais", afirma o Rui, uma das vítimas "do expurgo instaurado dentro do Conselho".
Recomendo a todos que leiam atentamente o candente artigo Clima de IPM no Itamaraty, repassem, divulguem por todas as formas e façam tudo que puderem para ajudar o bravo guerreiro Rui Martins, Ele merece.
No artigo Cumpra-se a sentença inteira, quatro destacados defensores dos direitos humanos (Anivaldo Padilha, Marcelo Zelic, Roberto Monte e Vicente Roig) exigem que o Estado brasileiro não se limite a publicar a decisão da Corte Interamericana sobre as torturas e execuções cometidas pela ditadura militar no Araguaia, mas vá ao fulcro da questão: 
"A apuração dos fatos e a responsabilização dos culpados pelos assassinatos, torturas e desaparecimentos forçados, entendidos na jusrisprudência da Corte Interamericana como crimes de lesa-humanidade, TAMBÉM TEM DE SER cumprida pelo Estado".
Defendem:
  • "o respeito aos tratados internacionais presentes em nosso ordenamento jurídico";
  • a revisão da decisão do STF que validou a anistia autoconcedida pelos carrascos;
  • a alteração da Lei de Anistia, com a aprovação do projeto de lei da deputada Luiza Erundina que lhe dá nova interpretação; e
  • o "fim do sigilo eterno".
Segundo eles, "é impensável para os defensores de direitos humanos que o Governo de nossa presidenta Dilma Rousseff insista em remar contra a corrente da evolução dos direitos humanos e da luta contra os crimes de lesa-humanidade no continente e procure esconder embaixo do tapete a impunidade que tanto tem prejudicado nosso país!".
O site Megafone, com foco na cidadania e no jornalismo participativo, vai lançar nesta 2ª feira (20/06), em Foz do Iguaçu, o Nosso Tempo Digital. O projeto consiste na digitalização do acervo do jornal Nosso Tempo, publicação dos arquivos na internet e montagem de exposição.
Lançado em 3 de dezembro de 1980, com uma corajosa capa denunciando a tortura em órgãos de segurança da cidade, o semanário Nosso Tempo se tornou um marco da resistência jornalística à ditadura militar, com alcance nacional.
Faziam parte da equipe de editores e redatores do periódico os jornalistas Aluízio Palmar, Adelino de Sousa e Juvêncio Mazarollo.


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*militânciaviva