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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, julho 04, 2011

Pede desculpas professor acusado de racismo

 

O Conversa Afiada publica a denúncia de um professor maranhense acusado de racismo contra um aluno africano.

O mesmo “Coletivo de Entidades Negras” que fez a denúncia divulga, agora, que o professor se desculpou:

Professor acusado de racismo pede desculpas

Y.Valentim

O professor do Curso de Engenharia Química da UFMA, José Cloves Saraiva, acusado de se referir com termos racistas ao estudante nigeriano Nuhu Ayuba, 21 anos, conforme relatado aqui, encaminhou nota ao blog se retratando publicamente das declarações.


Segundo os colegas de Ayuba, Saraiva humilha o estudante “bradando em voz alta que tirou uma péssima nota”, dizendo que “deveria voltar à África” e “clarear sua cor”. Tem dito ainda que Ayuba é péssimo aluno “porque somos de mundos diferentes e aqui, diferente da África, somos civilizados”.


O professor diz que houve interpretação “certamente dúbia” de suas palavras por parte do estudante. Leia:


RETRATAÇÃO PÚBLICA


José Cloves Verde Saraiva, professor associado III da UFMA, vem mui respeitosamente pedir desculpas públicas à interpretação, certamente dúbia, do aluno nigeriano NUHU AYUBA, que durante as aulas de Cálculo Vetorial, no curso de Engenharia Química da UFMA, sentiu-se ofendido, e vem esclarecer este engano nos três itens seguintes:


1. Ao perguntar o seu nome não houve qualquer sentido jocoso, visto que sua pronúncia no seu idioma induz isto no nosso e que foi esclarecida por ele mesmo como o equivalente deste a NOÉ JOSUÉ.


2. Em conversa particular, referir-me ao Prêmio Nobel Nigeriano W.Soyinka sobre a frase “UM TIGRE NÃO DEFINE TIGRITUDE. UM TIGRE SALTA!” Quando me referi aos LEÕES AFRICANOS, que nas dificuldades de todo estrangeiro para o entendimento subjetivo de acusações preconceituais, esta não induz isso, pois sou também de cor parda, assim como os meus familiares, e durante toda minha existência jamais proferiria tal insulto, principalmente para aluno.


3. Já referir-me em classe que “ser universitário é muita responsabilidade” e é costume dos alunos novatos (calouros) usarem as dependências da universidade para outros fins fora do contexto educacional. Reclamei a você e aos outros colegas que não compareciam às aulas, nem fizeram os exercícios e, principalmente você, não compareceu ao PRÉ-TESTE e nem fez a sua 1ª Avaliação, além disso, não fez o PRÉ-TESTE da 2ª Avaliação, nem as suas notas de aula no caderno desta disciplina foram escritas e apresentadas até hoje. É lamentável! Faço o meu dever de professor cobrando o bom entendimento da disciplina, tendo formado excelentes alunos durante todo esse tempo, veja que a maioria dos seus colegas de classe cumpriram seus deveres e a turma passada não teve problemas deste tipo. Embora sabendo que você tem suas dificuldades naturais, como qualquer estrangeiro, deveria pelo menos se explicar, evitando interpretações errôneas sobre o seu atual comportamento como estudante da UFMA.


Firmo-me nestes termos públicos e receptivo a quaisquer outros esclarecimentos.


Fonte: http://www.blogdodecio.com.br/tag/nuhu-ayuba/


Em tempo: este post é uma singela homenagem ao Ali Kamel, autor de obra consagrada, “Não somos racistas”, e a seu pupilo Heraldo Pereira.
*PHA

Charge do Dia

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh3T7vNgVKT2bjqIYFSmHC-CgVPLRj4YxNFQVC5ua6fhORtiFxNVGmaATYyTTof8tIiNCn3zDAqBjv328aavp0MIKQGmmJ-CQxT4xOFE1rHfA_9hfPjFpLdqeVALcHwv9xEs9FTpFDlosI/s1600/bessinha_685.jpg






Pela 1ª vez, ministro do STF defende criminalização da homofobia

O ministro do STF Carlos Ayres Britto, durante entrevista, em Brasília
Marcelo Camargo/Folhapress
O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Carlos Ayres Britto, 68, defendeu, pela primeira vez publicamente, a criminalização da homofobia.
Conhecido por citações poéticas e votos progressistas, o ministro disse em entrevista aos repórteres Felipe Seligman e Johanna Nublat que o homofóbico "chafurda no lamaçal do ódio".
O projeto de lei anti-homofobia está parado há dois meses no Senado, por causa de protestos de congressistas da bancada evangélica.
Para o ministro, não são necessárias novas leis para garantir aos casais gays os mesmos direitos dos heterossexuais já que a Constituição é "autoaplicável".
Questionado se qualquer decisão que diferencie a relação entre o homossexual e o heterossexual vai contra o STF, o ministro disse que sim. "A decisão foi claramente no sentido da igualdade de situações entre os parceiros do mesmo sexo e casais de sexos diferentes."
By: Falha
*comtextolivre

Lula Aplaudido sempre




No velório de Itamar, Lula é aplaudido, Collor vaiado e o corno manso não foi para não ser vaiado

FHC, além de corno manso, defensor de maconheiro, privatista, escroque, é ingrato.O maldito só venceu a eleição de 1994 porque Itamar topete, um ex-collorido, criou, por imposição do FMI,  o real, agora, com a morte de Itamar calcinha, nem sequer o corno manso foi ao seu velório(de Itamar).Por que será que FHC não foi ao velório de Itamar?Será que o corno manso teve medo de encontrar  por lá Miriam Dutra?


"Três ex-presidentes chegaram juntos à Câmara dos Vereadores de Juiz de Fora (MG) para o velório do presidente Itamar Franco.

Enquanto o petista Luiz Inácio Lula da Silva foi aplaudido pela população em frente ao prédio, o senador Fernando Collor (PTB-AL) foi vaiado.

Além dos dois, estava junto o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).

Os três estão ao lado do caixão de Itamar, acompanhados do vice-presidente Michel Temer, dos senadores Magno Malta (PR-ES), Renan Calheiros (PMDB-AL), Lindberg Farias (PT-RJ), do governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia (PSDB), e do ministro Aloizio Mercadante."

Da redação, com informações da Folha.

Malandro é malandro, Serra é Serra

Zé Mané 
Crônicas do Motta

Escanteado pelos seus pares, que o acomodaram num órgão inexpressivo na estrutura partidária, José Serra tenta criar factoides diários. Os dois últimos são patéticos: a invasão, por um hacker, de sua conta no Twitter - aquele em que desfila toda a sua genialidade - e a divulgação de uma carta com severas críticas a este e ao governo passado.

O problema é que ninguém deu bola para nada disso. A carta nem foi endossada pelos tucanos de alta plumagem. O episódio do hacker deu a impressão de que foi uma resposta sua aos ataques sofridos pelos sites governamentais: afinal, deve ter pensado o ex-governador, se eles podem, eu também posso.

Tudo junto, resta apenas a tentativa cada vez mais desesperada de sobrevivência de um político que foi perdendo a importância graças aos seus muitos deméritos.

O pior, para ele, é que, dia a dia, a cada foto em que aparece como papagaio de pirata de alguém, a cada ida como bicão a uma solenidade qualquer, a cada discurso que faz sem ter sido convidado, Serra se torna menos um José e cada vez mais um Zé.

Um desses Zés anônimos que vagam por aí, cavoucando um espaço na rodinha do futebol, no bate-papo entre amigos no boteco, no jogo de truco no fim de semana.

Aquele que, quando chega, a turma vai embora, porque ele é simplesmente um Zé Mané, desagradável, chato que dói, pentelho como ele só.

*esquerdopata

El Planeta Libre - La pelicula


El Planeta Libre from Horatiux on Vimeo.

*cronicasecriticasdaamericalatina

Israel: odiado por todos

Gideon Levy: Israel se converteu numa sociedade de força e violência


por Gideon Levy, no Haaretz

Tradução de Jair de Souza

O que os israelenses podem pensar, ao serem constantemente injetados com histórias horripilantes sobre a flotilha, a não ser no uso da força? Aqueles ativistas querem matar os soldados da FDI? Vamos nos levantar e matá-los primeiro.

Estaremos escutando a nós mesmos? Estaremos ainda conscientes do barulho horrível vindo daqui? Teremos nos dado conta de como o discurso está se tornando mais e mais violento e de como a linguagem da força se tornou quase que a única linguagem oficial de Israel?

Um grupo de ativistas internacionais está disposto a navegar numa flotilha rumo às praias da Faixa de Gaza. Muitos deles são ativistas sociais e lutadores pela paz e pela justiça, veteranos da luta contra o apartheid, contra o colonialismo, contra o imperialismo, contra inúmeras guerras sem sentido e injustiças. Pode-se dizer que a coisa vai ser difícil por aqui, posto que eles já foram catalogados como bandidos.

Há intelectuais, sobreviventes do Holocausto e gente de consciência entre eles. Quando eles lutaram contra o apartheid na África do Sul ou contra a guerra do Vietnam, eles conquistaram admiração por suas ações até mesmo aqui (em Israel). Mas o simples fato de expressar agora uma palavra de admiração sobre essa gente (alguns deles já bastante idosos) que está arriscando suas vidas e investindo seu dinheiro e tempo em uma causa que eles consideram justa é considerado como traição. É possível que algumas pessoas violentas tenham se infiltrado entre eles, mas a vasta maioria é composta de gente de paz, não de odiadores de Israel, e sim de gente que odeia suas injustiças. Eles decidiram não permanecer em silêncio – a desafiar a ordem atual, que é inaceitável para eles, que não pode ser aceitável para nenhuma pessoa de moral.

Sim, eles querem criar uma provocação – a única maneira de chamar a atenção do mundo para a situação de Gaza, sobre a qual ninguém parece se importar a menos que haja foguetes Qassam ou flotilhas. Sim, a situação de Gaza melhorou nos meses recentes, em parte por causa de flotilha anterior. No entanto, Gaza ainda não é livre – longe disso. Ela não tem saída pelo mar ou pelo ar, não há exportações, e seus habitantes vivem ainda parcialmente prisioneiros. Os israelenses que costumam ir à loucura quando o aeroporto internacional Bem Gurion fica fechado por umas duas horas deveriam entender bem o que significa a vida sem um porto. Gaza tem direito a sua liberdade, e aqueles que vão a bordo da flotilha têm o direito de tomar medidas para que isso se torne real. Israel deveria permitir-lhes que se manifestem.

Mas observem como Israel está reagindo. A flotilha foi imediatamente descrita, por todo mundo, como uma ameaça à segurança; seus ativistas foram classificados como inimigos, e não se pôs para nada em dúvida as suposições ridículas lançadas pelos oficiais de segurança e avidamente propaladas pela imprensa. Nem bem se apagaram os ecos da campanha de demonização da flotilha anterior, na qual cidadãos turcos foram injustificadamente assassinados, e a nova campanha já se iniciou. Ela inclui todos os chavões da moda: perigo, substâncias químicas, combates corpo-a-corpo, muçulmanos, turcos, árabes, terroristas e, quem sabe, homens bombas. Sangue, fogo e colunas de fumaça!

A conclusão inevitável é a de que há nada mais que uma maneira de agir contra os passageiros da flotilha: por meio da força, e tão somente pela força, assim como deve ser em cada ameaça à segurança. Este é um padrão repetitivo: primeiro a demonização, a seguir a legitimação do uso da violência. Lembram-se das marteladas invenções sobre o sofisticado armamento iraniano que estava sendo introduzido em Gaza através dos túneis de contrabando de armas; ou aquelas sobre como toda a faixa estava minada? Aí, então, a Operação Chumbo Derretido foi lançada e os soldados de Israel não encontraram nada daquilo.

A atitude em relação à atual flotilha é a continuação do mesmo comportamento. A campanha de táticas de amedrontamento e demonização é o que contribui para a violenta retórica que vem dominando todo o discurso público. E em que mais pensarão os israelenses que vêm sendo constantemente injetados com histórias horripilantes sobre a flotilha, a não ser no uso da força? Aqueles ativistas querem matar os soldados da FDI? Vamos nos levantar e matá-los primeiro.

Agora os políticos, os generais e os comentaristas estão concorrendo para ver quem fornece a descrição mais tenebrosa da flotilha; para ver quem pode inflamar mais o público; para ver quem louva mais os soldados que irão nos salvar; e para ver quem usará a retórica mais pomposa que se espera antes de uma guerra. Um comentarista importante, Dan Margalit, já se fez poético em sua coluna jornalística: “Abençoadas sejam essa mãos”, ele escreveu em relação com as mãos que sabotaram um dos barcos que iria compor a flotilha. Essa foi outra ação ilegal e bandidesca, mas que conseguiu aprovação imediata por aqui, sem que ninguém perguntasse: Com que direito?

Esta flotilha também não passará. O Primeiro Ministro e o Ministro da Defensa já nos prometeram isso. Uma vez mais Israel vai mostrar a eles, a esses ativistas, quem é mais homem – quem é mais forte e quem manda no ar, na terra e no mar. As “lições” da flotilha anterior foram bem aprendidas – não as lições sobre matanças inúteis ou sobre a desnecessária tomada do barco com violência, mas as da humilhação da força militar de Israel.

Mas a verdade é que a humilhação real radica no fato de que em primeiro lugar foram empregados comandos navais para interceptar os barcos, e isto é algo que reflete sobre todos nós: de como nos tornamos uma sociedade cuja linguagem é a violência, um país que trata de resolver quase tudo através da força, e somente pela força.
*Brasilmostraatuacara

domingo, julho 03, 2011

PAZ

Até a direita tem medo da doença de Chávez



Hugo Chávez caminha, sexta-feira, com as filhas María Gabriela e Rosa Virginia, em Havana, onde está sendo tratado.
A nossa imprensa costuma apresentar Hugo Chávez como um bronco, um desqualificado e, sobretudo, um ditado, embora ele tenha enfrentado – e vencido – uma dezena de eleições em seus 11 anos, quase 12 de poder.
Ele é de fato, a mais perfeita encarnação do que o elitismo costuma chamar de populista.
Não apenas fala com o povo, mas fala ao povo, de uma maneira que, longe de ser simplória, é marcada permanentemente por uma preocupação didática e histórica e continental.
É a ele, desde sua ascensão ao poder, em 99,  antes mesmo de Lula, que se deve o fato de a América Latina ter voltado a ser uma peça no cenário geopolítico mundial, e isso é algo que todo raciocínio honesto, mesmo que não simpático a ele, precisa admitir.
E, de alguma forma, admite, mesmo quando se percebe uma imensa “torcida”  midiática internacional para que seu estado de saúde se agrave e ele seja forçado a deixar o cenário político-eleitoral do país.
Torcida, é verdade, também cheia de medo. Os efeitos do drama pessoal que vive o presidente venezuelano podem enfraquece-lo, fisicamente, mas o ampliam politicamente.
Porque ele tornou-se uma referência para os venezuelanos – tanto para os que o apoiam quanto para os que o combatem, mas também  para os que, sem uma atitude ou outra, perceberam que seu país passou a existir como algo além de uma grande jazida petrolífera.
E para a América Latina, porque provou que é possível sobreviver ao confronto com a grande potência, meio século depois de Cuba ter sido a pioneira sobrevivente.
Mesmo que – e isso parece improvável, hoje – a doença o fragilize para o embate eleitoral de 2012, quando buscará a reeleição, restaria à oposição ter vencido um homem abalado por um mal que não é político, mas humano.
Mas o que parece vir de agora por diante é diferente. O Chávez enfraquecido fisicamente pelas cirurgias que enfrentou e o tratamento que enfrentará não se enfraquecerá politicamente po isso, ao contrário.
As limitações físicas só aumentam sua percepção como símbolo, como o sol do poente aumenta a sombra que alguém projeta. E se Chávez vencer esta batalha médica, irá mais forte do que estava para a batalha eleitoral.