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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, julho 08, 2011

Traíra Silva: "Saio da vida política para entrar no esquecimento"

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Blá-blarina sai do PV e não sabe quem é 
Na foto, os fracassos da Marina
Ao sair do PV, Blá-blarina informou:

Ela vai “metabolizar uma nova forma de fazer política”.

A perplexidade é universal:

De A a Z, da Áustria à Zâmbia.

O que será “metabolizar” ?

Segundo ela, “o mundo inteiro não sabe como a nova política é (…) eu também estou em uma expectativa”.

Este ansioso blogueiro também está em “uma expectativa”.

Especialmente depois que a Blá-blarina informou:

Tudo o que o homem pretendeu planejar com começo meio e fim “foi um tremendo fracasso”.

Sem dúvida.

Foi o que aconteceu, por exemplo, com a Torre Eiffel.

Com a Brooklin Bridge e com a Divina Comédia, de Dante.

Essas obras, irrelevantes, foram construídas com começo, meio e fim.

E foram um retumbante fracasso.

É o caso, por exemplo, da eficientíssima empresa brasileira Natura que, por coincidência, cedeu a vice-presidência à Blablárina.

Na verdade, a Blá-blarina sabe muito bem, como sempre soube, o resultado dessa “metabolização”:

Ela foi, desde sempre, linha auxiliar do Cerra.

O resto é blá blá blá.

Clique aqui para ler: “Verdismo, o último reduto dos neoliberais
*PHA

Charge do Dia

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Carro voador é liberado nos EUA



Quantos geeks já sonharam em ter um carro voador estacionado na garagem? Pois o sonho parece ganhar asas, literalmente.
O TG Daily deu as boas novas: o modelo Transition Roadable da empresa especialista em veículos voadores Terrafugia recebeu concessão da National Highway Traffic Safety Administration (NHTSA), órgão responsável pela segurança do trânsito dos Estados Unidos, e está liberado tanto para voar como para utilizar as rodovias americanas legalmente.
O curioso transporte feito de policarbonato tem capacidade para duas pessoas, asas retráteis, alcança quase 200 quilômetros por hora e tem tanque com capacidade para 75 litros de combustível.
O custo do veículo está em torno de 200 mil dólares.
*comtextolivre

quinta-feira, julho 07, 2011

Deleite John Winston Lennon

A presidenta Dilma Rousseff inaugurou o transporte por teleféricos na comunidade carente do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro.

O lado do Irã que a mídia não mostra

 

A “superioridade” com que o Ocidente trata as culturas islâmicas faz, muitas vezes, serem esquecidas as dificuldades que governantes que procuram modernizar aqueles países. E que sejam vistos, eles próprios, como conservadores, porque têm de aceitar um pouco para poderem mudar muito.
Claro que ninguém é favorável às restrições de direitos das mulheres – à nenhuma, em nenhuma cultura, religião ou sociedade – mas, muitas vezes, os processos são mais complexos do que parecem.
Uma matéria de hoje na Reuters, que não terá grande repercussão na mídia brasileira, mostra o contrário do que normalmente se percebe sobre o Irã.
Mostra o presidente Mahmoud Ahmadinejad sob uma tempestade de críticas do clero por se opor à separação dos sexos nas salas de aula das univesidades iranianas.
“Foi dito que, em algumas universidades, as aulas e disciplinas estão sendo segregadas, sem levar em conta as coincidências. São necessárias ações urgentes para impedir essas ações superficiais e não acadêmicas”, disse ele em seu site.
A isso, reagiu o mais importante clérigo iraniano, Ahmad Khatami: “Com que lógica o reitor de uma universidade de Teerã deveria ser repreendido por separar as classes entre homens e mulheres? Deveríamos (era)  lhe dar uma medalha.”
Se fosse o inverso,  Ahmadinejad estaria sendo apontado como um “monstro” em todos os jornais. E iria ser lembrado que a universidade foi um dos centros de manifestão do tal “mivimento verde” , de oposição a ele.
Ontem, no relatório sobre a condição feminina, a ONU lembrou que, há um século, apenas dois países davam à mulher o direito de voto.
Ainda há muito a conquistar em matéria de igualdade de direitos entre os gêneros e isso é um combate que não pode esmorecer. Nem mesmo nas críticas que se faz à desigualdade que se pratica em nome de culturas ancestrais.O Governo brasileiro, com Lula ou com Dilma, jamais deixou de protestar contra situações desumanas no Irã. O que é muito diferente de contestar a vontade eleitoral do povo iraniano, que elegeu Ahmadinejad.
Mas sempre deve se ter em vista que, se exige firmeza, esta luta também exige compreensão de que as mudanças culturais não se impõem a ferro e fogo, com uma “ocidentalização”  forçada, que, como numa Cruzada,  leve à fogueira todos que não se “convertam” a ela.
A ditadura do Xá Reza Pahlevi era “moderna”. E brutal, repressiva, excludente e entreguista. Desconsiderou os valores de seu povo e, afinal, fez com que eles ressurgissem odiando a “modernidade” até naquilo que ela tem de bom, justo e igualitário.
Quando queremos combater o preconceito cultural, o simplismo é sempre o primeiro inimigo a vencer. Porque ele leva também, por superficial, ao preconceito.
 *tijolaço

Deleite - Rappa / Maria Rita



Que Humanidade é Esta?
JOSÉ SARAMAGO
Se o homem não for capaz de organizar a economia mundial de forma a satisfazer as necessidades de uma humanidade que está a morrer de fome e de tudo, que humanidade é esta? Nós, que enchemos a boca com a palavra humanidade, acho que ainda não chegámos a isso, não somos seres humanos. Talvez cheguemos um dia a sê-lo, mas não somos, falta-nos mesmo muito. Temos aí o espectáculo do mundo e é uma coisa arrepiante. Vivemos ao lado de tudo o que é negativo como se não tivesse qualquer importância, a banalização do horror, a banalização da violência, da morte, sobretudo se for a morte dos outros, claro. Tanto nos faz que esteja a morrer gente em Sarajevo, e também não devemos falar desta cidade, porque o mundo é um imenso Sarajevo. E enquanto a consciência das pessoas não despertar isto continuará igual. Porque muito do que se faz, faz-se para nos manter a todos na abulia, na carência de vontade, para diminuir a nossa capacidade de intervenção cívica. 
*aartedoslivrepensadores

A REBELIÃO DOS HOMENS

Imagine o leitor que em fevereiro de 1848 já houvesse a rede mundial de computadores. Vamos supor que, em lugar de imprimir os primeiros e poucos exemplares do Manifesto Comunista, Marx e Engels tivessem usado a internet, de forma a que todos os trabalhadores europeus e norte-americanos pudessem ler o texto. Qual teria sido o desenvolvimento do processo? Como sabemos, o ano de 1848 foi de rebeliões operárias na Europa, reprimidas com toda a violência.
O capitalismo selvagem de então, um dos filhos bastardos da Revolução Francesa, sentiu-se animado pela derrota dos trabalhadores. Na França a burguesia tomou conta do poder e, derrotada a monarquia, assumiu-o sem disfarces e sem intermediários, em um período que os historiadores denominam de “A República dos homens de negócios”. Os trabalhadores e intelectuais tentaram, mais tarde, em 1871, logo depois de a França ser derrotada pelos alemães, criar um governo autônomo e igualitário em Paris. Com a ajuda dos invasores, o Exército de Thiers executou 20.000 parisienses nas ruas.
As manifestações populares dos países árabes, que os governos e a imprensa dos Estados Unidos e da Europa saudaram como o fim dos tiranos e o início da democratização do mundo islâmico, entram em nova etapa, ao atingir os países ricos. Os analistas apressados são conduzidos a rever suas conclusões. O mal-estar que levou os povos às ruas não se limita ao norte da África: é fenômeno mundial. Uma das contradições do capitalismo, principalmente nessa nova etapa, a do imperialismo desembuçado, no qual os governos nacionais não passam de meros servidores dos donos do dinheiro, é a de sua incapacidade em estabelecer limites. Hoje, nos Estados Unidos – que foram, em um tempo, o espaço para a realização de milhões de pessoas mediante o trabalho – a diferença entre os ricos e os pobres é maior do que durante toda a sua História, incluído o tempo da escravidão. Um por cento da população norte-americana detém 40% de toda a riqueza nacional. A mesma situação se repete em quase todos os paises nórdicos.
Quando redigíamos este texto, milhares de pessoas se encontravam acampadas no centro de Madri, em continuidade ao movimento Democracia Real, Já, que se iniciou em 15 de maio, com protestos em todas as grandes cidades espanholas. A Espanha hoje está dominada pelos grandes banqueiros e companhias multinacionais, que não só exploram o trabalho nacional, como vivem de explorar os paises latino-americanos. Bancos como o Santander – cujos resultados mais expressivos ele os obtém no Brasil – dividem com os dois partidos que se revezam no poder (os socialistas e os conservadores) o resultado do assalto à economia do país. É contra esse sistema odioso que os espanhóis foram às ruas, e nas ruas continuam.
Não são apenas os jovens desempregados que se indignam. São principalmente as mulheres e homens maduros, os que estimulam o movimento. Eles sentem que seus filhos e netos estarão condenados a um futuro a cada dia mais tenebroso e mais violento, se os cidadãos não reagirem imediatamente. Os espanhóis estão promovendo a articulação internacional de movimentos semelhantes, que ocorrem em outros países, como a Islândia, a França, a Inglaterra e mesmo os Estados Unidos. Se o sistema financeiro se articulou, com o Consenso de Washington e os encontros periódicos entre os homens mais ricos do planeta, a fim de dominar e explorar globalmente os povos, é preciso que os cidadãos do mundo inteiro reajam.
Marx queria a união de todos os proletários do mundo. O movimento de hoje é mais amplo e seu lema poderia ser: Seres humanos do mundo inteiro, uni-vos.