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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, setembro 20, 2012

La Conspiración del Petróleo


Para o digníssimo deputado Marco Maia: Chomsky e as 10 estratégias de manipulação midiática



Para o  digníssimo  deputado Marco Maia: Chomsky e as 10 estratégias de manipulação midiática 

Marco Maia diz que não é a mídia que massacra Lula 


Vi no Facebook


❝O lingüista estadunidense Noam Chomsky elaborou a lista das “10 estratégias de manipulação” através da mídia:

1- A ESTRATÉGIA DA DISTRAÇÃO.


O elemento primordial do controle social é a estratégia da distração que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e econômicas, mediante a técnica do dilúvio ou inundações de contínuas distrações e de informações insignificantes. A estratégia da distração é igualmente indispensável para impedir ao público de interessar-se pelos conhecimentos essenciais, na área da ciência, da economia, da psicologia, da neurobiologia e da cibernética. “Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar; de volta à granja como os outros animais (citação do texto 'Armas silenciosas para guerras tranqüilas')”.

2- CRIAR PROBLEMAS, DEPOIS OFERECER SOLUÇÕES.

Este método também é chamado “problema-reação-solução”. Cria-se um problema, uma “situação” prevista para causar certa reação no público, a fim de que este seja o mandante das medidas que se deseja fazer aceitar. Por exemplo: deixar que se desenvolva ou se intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público seja o mandante de leis de segurança e políticas em prejuízo da liberdade. Ou também: criar uma crise econômica para fazer aceitar como um mal necessário o retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços públicos.

3- A ESTRATÉGIA DA GRADAÇÃO.

Para fazer com que se aceite uma medida inaceitável, basta aplicá-la gradativamente, a conta-gotas, por anos consecutivos. É dessa maneira que condições socioeconômicas radicalmente novas (neoliberalismo) foram impostas durante as décadas de 1980 e 1990: Estado mínimo, privatizações, precariedade, flexibilidade, desemprego em massa, salários que já não asseguram ingressos decentes, tantas mudanças que haveriam provocado uma revolução se tivessem sido aplicadas de uma só vez.

4- A ESTRATÉGIA DO DEFERIDO.

Outra maneira de se fazer aceitar uma decisão impopular é a de apresentá-la como sendo “dolorosa e necessária”, obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato. Primeiro, porque o esforço não é empregado imediatamente. Em seguida, porque o público, a massa, tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que “tudo irá melhorar amanhã” e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Isto dá mais tempo ao público para acostumar-se com a idéia de mudança e de aceitá-la com resignação quando chegue o momento.

5- DIRIGIR-SE AO PÚBLICO COMO CRIANÇAS DE BAIXA IDADE.

A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discurso, argumentos, personagens e entonação particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade, como se o espectador fosse um menino de baixa idade ou um deficiente mental. Quanto mais se intente buscar enganar ao espectador, mais se tende a adotar um tom infantilizante. Por quê? “Se você se dirige a uma pessoa como se ela tivesse a idade de 12 anos ou menos, então, em razão da sugestão, ela tenderá, com certa probabilidade, a uma resposta ou reação também desprovida de um sentido crítico como a de uma pessoa de 12 anos ou menos de idade (ver “Armas silenciosas para guerras tranqüilas”)”.

6- UTILIZAR O ASPECTO EMOCIONAL MUITO MAIS DO QUE A REFLEXÃO.

Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto circuito na análise racional, e por fim ao sentido critico dos indivíduos. Além do mais, a utilização do registro emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para implantar ou enxertar idéias, desejos, medos e temores, compulsões, ou induzir comportamentos…

7- MANTER O PÚBLICO NA IGNORÂNCIA E NA MEDIOCRIDADE.

Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle e sua escravidão. “A qualidade da educação dada às classes sociais inferiores deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância que paira entre as classes inferiores às classes sociais superiores seja e permaneça impossível para o alcance das classes inferiores (ver ‘Armas silenciosas para guerras tranqüilas’)”.

8- ESTIMULAR O PÚBLICO A SER COMPLACENTE NA MEDIOCRIDADE.

Promover ao público a achar que é moda o fato de ser estúpido, vulgar e inculto…

9- REFORÇAR A REVOLTA PELA AUTOCULPABILIDADE.

Fazer o indivíduo acreditar que é somente ele o culpado pela sua própria desgraça, por causa da insuficiência de sua inteligência, de suas capacidades, ou de seus esforços. Assim, ao invés de rebelar-se contra o sistema econômico, o individuo se auto-desvalida e culpa-se, o que gera um estado depressivo do qual um dos seus efeitos é a inibição da sua ação. E, sem ação, não há revolução!

10- CONHECER MELHOR OS INDIVÍDUOS DO QUE ELES MESMOS SE CONHECEM.

No transcorrer dos últimos 50 anos, os avanços acelerados da ciência têm gerado crescente brecha entre os conhecimentos do público e aquelas possuídas e utilizadas pelas elites dominantes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o “sistema” tem desfrutado de um conhecimento avançado do ser humano, tanto de forma física como psicologicamente. O sistema tem conseguido conhecer melhor o indivíduo comum do que ele mesmo conhece a si mesmo. Isto significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos do que os indivíduos a si mesmos.❞

*mariadapenhaneles

O governo financia a direita



Berna (Suiça) - Daqui de longe, vendo o tumulto provocado com o processo Mensalão e a grande imprensa assanhada, me parece assistir a um show de hospício, no qual os réus e suspeitos financiam seus acusadores. O Brasil padece de sadomasoquismo, mas quem bate sempre é a direita e quem chora e geme é a esquerda.
Não vou sequer falar do Mensalão, em si mesmo, porque aqui na Suíça, país considerado dos mais honestos politicamente, ninguém entende o que se passa no Brasil. Pela simples razão de que os suíços têm seu Mensalão, perfeitamente legal e integrado na estrutura política do país.
Cada deputado ou senador eleito é imediatamente contatado por bancos, laboratórios farmacêuticos, seguradoras, investidores e outros grupos para fazer parte do conselho de administração, mediante um régio pagamento mensal. Um antigo presidente da Câmara dos deputados, Peter Hess, era vice-presidente de 42 conselhos de administração de empresas suíças e faturava cerca de meio-milhão de dólares mensais.
Com tal generosidade, na verdade uma versão helvética do Mensalão, os grupos econômicos que governam a Suíça têm assegurada a vitória dos seus projetos de lei e a derrota das propostas indesejáveis. E nunca houve uma grita geral da imprensa suíça contra esse tipo de controle e colonização do parlamento suíço.
Por que me parece masoca a esquerda brasileira e nisso incluo a presidente Dilma Rousseff e o PT ? Porque parecem gozar com as chicotadas desmoralizantes desferidas pelos rebotalhos da grande imprensa. Pelo menos é essa minha impressão ao ler a prodigalidade com que o governo Dilma premia os grupos econômicos seus detratores.
Batam, batam que eu gosto, parece dizer o governo ao distribuir 70% da verba federal para a publicidade aos dez maiores veículos de informação (jornais, rádios e tevês), justamente os mais conservadores e direitistas do país, contrários ao PT, ao ex-presidente Lula e à atual presidenta Dilma.
Quando soube dessa postura masoquista do governo, fui logo querer saber quem é o responsável por essa distribuição absurda que exclui e marginaliza a sempre moribunda mídia da esquerda e ignora os blogueiros, responsáveis pela correta informação em circulação no país.
Trata-se de uma colega de O Globo, Helena Chagas, para quem a partilha é justa – recebe mais quem tem mais audiência! diz ela.
Mas isso é um raciocínio minimalista! Então, o povo elege um governo de centro-esquerda e quando esse governo tem o poder decide alimentar seus inimigos em lugar de aproveitar o momento para desenvolver a imprensa nanica de esquerda ?
Brasil de Fato, a revista Caros Amigos, o Correio do Brasil fazem das tripas coração para sobreviver, seus articulistas trabalham por nada ou quase nada, assim como centenas de blogueiros, defendendo a política social do governo e a senhora Helena Chagas com o aval da Dilma Rousseff nem dá bola, entrega tudo para a Veja, Globo, Folha, SBT, Record, Estadão e outros do mesmo time ?
Assim, realmente, não dá para se entender a política de comunicação do governo. Será que todos nós jornalistas de esquerda que votamos na Dilma somos paspalhos ?
Aqui na Europa, onde acabei ficando depois da ditadura militar, existe um equilíbrio na mídia. A França tem Le Figaro, mas existe também o Libération e o Nouvel Observateur. Em todos os países existem opções de direita e de esquerda na mídia. E os jornais de esquerda têm também publicidade pública e privada que lhes permitem manter uma boa qualidade e pagar bons salários aos jornalistas.
Comunicação é uma peça chave num governo, por que a presidenta Dilma não premiou um de seus antigos colegas e colocou na sucessão de Franklin Martins um competente jornalista de esquerda, capaz de permitir o surgimento no país de uma mídia de esquerda financeiramente forte ?
Exemplo não falta. Getúlio Vargas, quando eleito, sabia ser necessário um órgão de apoio popular para um governo que afrontava interesses internacionais ao criar a Petrobras e a siderurgia nacional. E incumbiu Samuel Wainer dessa missão com a Última Hora. O jornal conseguiu encontrar a boa receita e logo se transformou num sucesso.
O governo tem a faca e o queijo nas mãos – vai continuar dando o filet mignon aos inimigos ou se decide a dar condições de desenvolvimento para uma imprensa de esquerda no Brasil ?

Rui Martins – Berna
Jornalista, escritor, ex-CBN e ex-Estadão, exilado durante a ditadura, é líder emigrante, membro eleito do Conselho Provisório e do atual Conselho de emigrantes (CRBE) junto ao Itamaraty. Criou os movimentos Brasileirinhos Apátridas e Estado dos Emigrantes, vive em Berna, na Suíça. Escreveu o livro Dinheiro Sujo da Corrupção sobre as contas suíças secretas de Maluf. Colabora com o Expresso, de Lisboa, Correio do Brasil e agência BrPress.

Charge do Dia


Falluja: Uma geração perdida?

GilsonSampaio
O texto que se segue foi publicado em 15/07/2010 e decidi repúblicá-lo provocado pelo comentário do leitor Carlos que indicou o vídeo.


Sanguessugado da redecastorphoto
Faluja: Anatomia de uma atrocidade
Os jornalistas que se proclamam "de referência" não falam disto
por David Rothscum [*]
Hoje, 6 de julho de 2010, Chris Busby, Malak Hamdan e Entesar Ariabi publicaram seu estudo epidemiológico sobre os problemas de saúde sofridos pelo povo de Faluja. O estudo completo pode ser descarregado aqui , gratuitamente. Vocês podem ainda não ter ouvido falar desses homens, mas estou certo que seus nomes serão citados nos livros de história. A razão para isso é que coletaram evidências cientificas do genocídio que a população de Faluja está sofrendo nas mãos dos imperialistas que invadiram o Iraque. Infelizmente, ainda não despertaram muita atenção pelas suas descobertas, e por isso sinto-me pessoalmente obrigado a ajudar com isso.
Poucos dias atrás, em 2 de julho, aqueles cientistas emitiram um comunicado de imprensa no Uruknet apresentando algumas das suas descobertas. Foi intitulado "Danos genético e de saúde em Faluja, Iraque, piores do que em Hiroshima". Em abril, anunciaram descobertas preliminares no Global Research , um site com o qual creio que a maioria de vocês está familiarizado. Por favor, entendam que quando alguém descobre horrendas atrocidades, nas quais a mídia principal se recusa a tocar, eles vêem a vocês, o movimento da Verdade, e vocês são responsáveis por divulgar essa informação junto ao público. Antes de 2003, antes da invasão e da guerra do Iraque, da carnificina de Faluja e muitas mais, vocês estavam tentando despertar consciências para a Síndrome da Guerra do Golfo, a epidemia de câncer e defeitos congênitos no sul do Iraque devido ao urânio empobrecido (Depleted Uranium) , e geralmente deparavam-se com o ridiculo e a descrença.
Agora que os horrores sobre os quais vocês avisaram estão sendo lentamente revelados ao mundo, todos vocês têm razões para se orgulhar de seu árduo trabalho. Não apenas os ativistas principais (Leuren Moret, Doug Rokke, e muitos outros) mas todos vocês que contribuíram de sua própria maneira reproduzindo suas histórias em blogues, fóruns, escrevendo a políticos, e tudo o mais que fizeram para alertar sobre esta atrocidade. Se o povo os ouvisse, muito disso poderia ter sido evitado. Acho importante que compreendam que devem sentir orgulho de si mesmos pelo esforço que fizeram, enquanto a maior parte das pessoas em torno de vocês nada fizeram.
Tenho também muito respeito pela equipe de 11 pessoas que foram de casa em casa em Faluja para coletar informações. As pessoas em Faluja desconfiam das autoridades (têm todas as razões para isso), e suspeitaram que era parte de uma operação do serviço secreto. Em um caso foram infelizmente recebidos com violência física. A equipe mesmo assim completou a pesquisa, apesar do risco que enfrentaram tanto da ameaça de violência física quanto naturalmente por simplesmente estar num ambiente insalubre.
Dito isso, passo ao estudo propriamente dito. Por mais chocantes que tenham sido as informações anunciadas à imprensa e as descobertas preliminares, os resultados completos do que eles mostraram no seu estudo é pior. O comunicado à imprensa menciona: "descobriu-se que a mortalidade infantil era de 80 por 1000 nascimentos, que se compara a 19 no Egito, 17 na Jordânia e 9,7 no Kuwait". O que o comunicado de imprensa não mencionou é que este é o período de total de 2006 a 2010. Infelizmente, entre 2006 e 2010 a mortalidade infantil manteve-se a subir (136 no período 2009-2010).
Como o estudo completo menciona, ao olharmos apenas para 2009 e os primeiros dois meses de 2010, descobrimos que a taxa de mortalidade infantil hoje não está no nível de 80 crianças entre mil, que morrem em um ano, mas numa taxa horrorosa de 136 a cada 1000 nascimentos. Quando olhamos a tabela no estudo, descobrimos que em 2008 morreram 6 crianças (de 0 a 1 anos), comparadas a 0 em 2005 e somente 1 em 2004. Em 2009, 10 crianças morreram. Entretanto, nos primeiros dois meses de 2010 que os cientistas estudaram, descobriram que 6 crianças haviam morrido. Portanto, só nos primeiros dois meses de 2010 morreram tantas crianças quanto em todo o ano de 2008. Se a taxa para 2010 se mantiver (e isso não é garantido, poderia ser mais baixa, mas devido à tendência de elevação é mais provável que aumente ainda mais), em 2010 36 crianças morrerão, em comparação com apenas um em 2004.
Ainda que já devesse saber, esperava que a situação melhorasse em Faluja, ou pelo menos não piorasse, porque não vi muitas notícias recentemente, mas ao invés disso a situação só piora à medida em que falamos. Uma descoberta posterior feita pelos cientistas foi que na categoria de crianças entre 0 e 4 anos há somente 860 meninos para cada 1000 meninas. A proporção normal é de 1050 meninos para cada 1000 meninas. Isto é evidência de mutações genéticas.
A razão para isso é que meninas têm dois cromossomas X, enquanto os meninos têm apenas um. Assim, se um dos cromossomos X de uma menina sofre mutação genética, ela ainda tem outra cópia funcional. Entretanto, se o cromossoma X de um menino sofre mutação genética, ele não tem cópia funcional do mesmo gene, e isso pode causar a morte do menino. Todavia, a taxa de nascimentos distorcida por também ser (parcialmente ) causada por outro efeito que os cientistas não mencionaram em seu estudo: o efeito de paralisação endócrina do urânio.
Aos níveis baixos dos padrões do EPA (Environmental Protection Agency, Agência de Proteção Ambiental), o urânio é um potente interruptor endócrino . Interruptores endócrinos são agentes químicos que têm efeito hormonal em seres humanos, e o urânio funciona como um estrogênio (hormônio feminino) no corpo humano. Isso faz com que nasça um número menor de bebês do sexo masculino . Assim, a taxa de nascimentos distorcida poderia ser também resultante do efeito hormonal do urânio empobrecido, além de ter sido causada por um aumento das mutações genéticas.
Ainda outro fato descoberto pelos pesquisadores deve ser mencionado. Seu estudo descobriu que houve um declínio abrupto nas taxas de nascimento. Como eles mencionam: "É claro que a população de 0 a 4 anos, nascida no período 2004 a 2008, após a guerra, é significativamente 30% menor que nas populações nas faixas de 5-9, 10-14 e 15-19 anos". Isso é o que eu chamo de despovoamento em ação.
Infelizmente também há uma epidemia de câncer em Faluja. Isso era esperado, mas não recebeu até agora atenção suficiente. Há 4,2 mais vezes casos de câncer do que se esperaria para a região. Para o câncer infantil, há um risco relativo de 12,6 vezes. Câncer cerebral, câncer mamário e linfoma são todos particularmente mais altos do que se esperaria, mas o pior de tudo é a epidemia de leucemia, num risco relativo de 22,2 vezes, e de 38,5 na categoria etária entre 0 e 25 anos. Esses são exatamente os tipos de câncer que esperaríamos como causa de exposição à radiação. Veteranos expostos ao urânio empobrecido também sofrem de epidemias de leucemia, por exemplo. Crianças são mais sensíveis aos efeitos da radiação devido a suas células estarem em rápida divisão.
Todas as evidências mostram que o desastre é causado pelo urânio empobrecido. Não se pode detê-lo, e ele apenas piora, e continuará a piorar. Estamos agora em 2010, e o combate mais intenso ocorreu em 2004. Em Bassorá, o combate intenso ocorreu em 1991. Em 1998, o aumento nos defeitos congênitos tornou-se seriamente notável, e em 2001, dez anos depois, tinha-se tornado alarmante. Em 2005, a taxa de câncer estava ainda em elevação em Bassorá . Desta forma há pouca razão para acreditar que a situação melhorará num futuro próximo, infelizmente.
Eu não desejaria isso ao meu pior inimigo. Então certamente não o desejo para o grande povo do Iraque, que conseguiu construir um país do primeiro mundo no deserto, onde pessoas de crenças diferentes se casavam entre si, e muçulmanos e cristãos geriam juntos o governo secular. Mulheres frequentavam as universidades e não precisavam esconder sua beleza. Hoje elas cobrem seus corpos para esconder as feridas do câncer e de defeitos congênitos que ainda serão a praga do Iraque nas próximas décadas. Durante os próximos 50 anos, aqueles que tiverem câncer ainda se perguntarão se o urânio empobrecido teria sido o responsável. Eles sofrem da mesma forma que eu e você se isso nos tivesse acontecido. Portanto, não vejo os sobreviventes deste genocídio nos perdoando tão cedo.
Não acho que perdoaríamos e quereríamos a amizade de povos que mandaram seus soldados invadir nossos países, destruíram nosso DNA com suas armas radioativas, e não mostraram um grama de arrependimento ou culpa. Quando víssemos o que fizeram às nossas crianças, que nasceram deformadas e tiveram câncer, lutaríamos com os invasores até que estivessem todos mortos, ou tivessem todos deixado o nosso país. Não interpretem isso como um chamado à violência, estou apenas afirmando o óbvio: se você fere os filhos de alguém, eles lutarão contra si até a morte, sem um momento sequer de dúvida. Quando você chora os 4.400 veteranos americanos mortos, ou as centenas de outros países, pense nisso. Eles não podem apontar para seus comandantes, eles têm sua própria responsabilidade em não causar dano a outros, e eles falharam em viver de acordo com isso. A qualquer momento, diga a algum militar que você conhece para desertar quando ele tiver oportunidade. Nunca é tarde demais para abandonar o mal.
E esse mal infelizmente está solto por aí. Quando Israel bombardeou Gaza, chamaram a isso "Operação Chumbo Derretido", uma descrição poética do urânio empobrecido (o urânio é geralmente descrito como mais denso que o chumbo, e é supostamente por isso que é usado). Quando os americanos tomaram Faluja, denominaram a sua carnificina de Operação Fúria Fantasma. Eu novamente chamaria isso de descrição poética do que fizeram ao povo de Faluja. Os militares americanos estavam furiosos com a morte de quatro dos seus guerreiros de elite, os contratados da Blackwater cujos corpos foram pendurados numa ponte. Assim, desencadearam sua "fúria fantasma". A radiação invisível que os sentidos humanos não podem detectar, que destrói toda vida em que toca. Se o envenenamento de uma cidade inteira com radiação não é uma forma de "Fúria Fantasma", então eu não sei o que é.
Qualquer possibilidade de reconciliação não é favorecida pela reação que eu vejo das pessoas na Internet a essas histórias. "Uau, tudo isso por terem pendurado os corpos queimados de contratados americanos nas pontes e os terem profanado. Não sinto muito por eles". Foi o que uma pessoa respondeu. Quando foram reveladas as notícias sobre uma epidemia de câncer no sangue na Faixa de Gaza durante a Operação Chumbo Derretido, alguém respondeu com: "Com um pouco de sorte eles param de se reproduzir na faixa". O Dr. Daud Miraki postou algumas imagens de crianças nascidas no Afeganistão e escreveu em um email para Jeff Rense sobre a resposta que conseguiu: "Nos últimos dias, vivi no inferno recebendo emails podres e cheios de ódio de algumas pessoas doentes e estúpidas na América. Elas caçoam das crianças... e amaldiçoam o Islão, a mim e à minha família."
Não sei que tipo de indivíduo doente diria coisas assim. Parecem ser predominantemente aqueles no meio do espectro político, as pessoas que acreditam que os Democratas e Republicanos lhes dão uma escolha, e que acreditam no que vêem na TV.
Comunistas, anarquistas, nacionalistas brancos, nacionalistas negros, islamitas, todos estão chocados com o uso de urânio empobrecido e se opõem a isso. Essas são as pessoas a quem a imprensa chama de extremistas, porque não se enquadram na oposição controlada, e de quem somos ensinados a ter medo. Ao contrário, as pessoas que encontro que ignoram ou, pior ainda, encorajam esse genocídio são aquelas da corrente política majoritária. Se existe alguém que eu tema, são aqueles na corrente política majoritária, composta de pessoas assustadas demais para pensar por si mesmas e que acham que nada lhes acontecerá se aplaudirem os que estão no poder. São tais pessoas que tornam possível este genocídio.
Ver também:
  • Uma questão de integridade, Doug Rokke, Ph.D.
  • Os bárbaros e os civilizados, Chandra Muzaffar
  • O urânio e a guerra, John Williams
  • Queixa-crime contra o general Franks, Jan Fermon e Nuri Albala
  • O original encontra-se em: Fallujah: Anatomy Of An Atrocity
    Tradução de RMP.
    Este artigo, traduzido para o português, encontra-se em; Faluja: Anatomia de uma atrocidade
    *GilsonSampaio
  • quarta-feira, setembro 19, 2012

    Deputado Rogério Correia sai em defesa de Lula e contra a revista Veja


    Tecnologia de Tesla aplicada por Norberto Keppe Terraviva Sustentável destaca conceitos, produção e economia de energia


    Dilma e a tempestade no horizonte

    Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

    Se os republicanos voltarem ao poder nos EUA, a América Latina será varrida por uma onda de tentativas de golpes (“constitucionais” ou não) de Estado que buscará eliminar a independência política e econômica que, ao fim do século XX, fechou aos norte-americanos a porta do “quintal” onde colhiam boa parte dos lucros astronômicos que aprofundaram a desigualdade entre aquela nação e o resto do mundo.

    Com Obama no poder, há hoje certo recato dos EUA em promover derrubada de governos em democracias mais estáveis como a brasileira, a venezuelana ou a argentina, ainda que democracias em estágio menos adiantado, como a paraguaia ou a hondurenha, já tenham tombado por ação ou omissão dos setores ultraconservadores que os democratas norte-americanos mantém na inteligência e nas forças armadas, entre outros setores.

    Ao golpismo brasileiro ainda falta o apoio decidido e garantido do grande irmão nortista. Agora, porém, imagine, leitor, se os setores que estão tentando criminalizar centenas de milhares de adversários políticos com o julgamento do mensalão pudessem contar com o incentivo e o apoio propagandístico e diplomático dos Estados Unidos…


    O último fim de semana marcou uma nova etapa do processo desencadeado a partir da subida do julgamento do mensalão à agenda política do país. A acusação da revista Veja a Lula através de uma matéria obscura, cheia de furos e desmentidos – e, ainda assim, comprada acriticamente, até aqui, pelos maiores jornais do país e pela oposição demo-tucana – mostra que uma tempestade político-institucional se avizinha.


    Os setores politizados da cidadania que simpatizam com o projeto político-administrativo que venceu eleições em 2002 e não parou mais – e que, hoje, conta com o apoio decidido da esmagadora maioria dos brasileiros, conforme as pesquisas de opinião – estão sendo literalmente acusados por um dos muitos casos de corrupção que envolvem a qualquer grupo político.


    Este blogueiro, bem como milhares de leitores desta página, em algum momento certamente já foram acusados pelo que pesa contra algumas dezenas de réus do julgamento do mensalão. Um dos pistoleiros recrutados pelos impérios de comunicação alinhados ao projeto conservador escreve, sem parar, livros que disseminam a tese da corrupção coletiva dos seus adversários políticos.


    O maior líder político brasileiro, agora mesmo, é acusado de crimes gravíssimos por grandes meios de comunicação sem que nenhuma prova seja apresentada além da palavra dos acusadores, e um julgamento complexo na Suprema Corte, até aqui maculado por decisões inéditas em termos de severidade e de critérios, é vendido como julgamento de mais de um milhão de militantes políticos.


    O julgamento do mensalão está muito longe de ser apenas um processo judicial. É um processo absolutamente político que, para inquietação da democracia brasileira, conta com a conivência da mais alta magistratura nacional, pois seu uso político, inclusive no processo eleitoral, vem crescendo junto a um noticiário formatado para estender a candidatos que nada têm que ver com o julgamento a responsabilidade que pesa sobre os réus oficiais.


    Só para não ficar sem exemplo: o candidato a prefeito de São Paulo José Serra está acusando formalmente seu principal adversário hoje, Fernando Haddad, pelo que pesa contra o mal-chamado “núcleo político” do processo do mensalão. Ou seja: com o apoio de grandes meios de comunicação, entre os quais concessões públicas de rádio e televisão, Haddad se torna o 39º réu daquele processo.


    Haddad, pois, é apenas um exemplo de todos os outros candidatos do PT que estão sendo relacionados pela mídia e pelos partidos de direita a um escândalo com o qual não têm relação alguma.


    Em uma democracia que funcionasse normalmente, a peça de Serra envolvendo o adversário político em um processo com o qual nada tem que ver seria motivo, ao menos, de suspensão e de concessão de direito de resposta do atingido no horário eleitoral do agressor. Em vez disso, a Justiça Eleitoral pune a campanha de Haddad por contar a verdade, que o tucano descumpriu promessa de não deixar o cargo de prefeito para o qual se elegeu em 2004.


    Ainda que, de uns tempos para cá, militares de alta patente não tenham mais dado declarações de viés golpista – que, até há pouco, davam sem parar – ameaçando derrubar o governo, um eventual “sinal verde” da máquina de guerra norte-americana, nos moldes do sinal que foi dado em 1964, bastaria para desencadear um golpe a partir de alguma chicana jurídica como a do mensalão.


    A permeabilidade da Justiça brasileira à pressão dos meios de comunicação, por sua vez, permite acreditar que qualquer iniciativa que vise derrubar o governo a partir de alguma denúncia sem provas pode prosperar naquele Poder. Não se pode esquecer que é da Procuradoria-Geral da República a atribuição de processar o presidente – ou a presidenta – da República no Supremo Tribunal Federal…


    As forças políticas que se opõem a rupturas institucionais, por sua vez, estão divididas, como sói acontecer com a esquerda desde sempre. Os setores mais ideológicos, como PSOL ou PSTU, formaram um núcleo que não faz distinção entre a centro-esquerda e a direita, atuando, muitas vezes, como linha auxiliar desta. Os sindicatos, há pouco, quase chegaram às vias de fato com o governo petista.


    O principal aliado do PT no Congresso, o PMDB, comporta-se, muitas vezes, como adversário. Na CPI do Cachoeira, o partido do vice-presidente Michel Temer serviu de blindagem do esquema Veja-Cachoeira, cujas evidências já chegam a gravações de propostas criminosas de jornalista daquela publicação ao chefe criminoso goiano.


    O conluio que vai se formando contra o Partido dos Trabalhadores e o governo Dilma Rousseff, pois, é composto pelo que há de mais experimentado em termos de violação da democracia. Os meios de comunicação que se aliaram à direita têm longa trajetória de atentados contra a vontade popular expressa por eleições, e se mostram dispostos a usar know-how que o país bem conheceu nos idos de 1964.


    Charge do Dia