Páginas
Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
quinta-feira, abril 10, 2014
Gleisi e Jucá levam CCJ a derrotar CPI exclusiva
Oposição bateu em retirada; senadora Gleisi
Hoffmann na CCJ leva a aprovação de parecer de Romero Jucá (PMDB) para
que CPI em discussão no Senado investigue não apenas a Petrobras, mas
também contratos estaduais de trens e portos.
João Capiberibe (PSB) saiu
da sala em protesto; "Eu trabalho com o regimento", lembrou,
calmamente, a petista; iniciando sem gritar, líder tucano Aloysio Nunes
quis suspender votação; "Não há matéria a ser votada", mas perdeu por 10
a 13; "Me retiro", saiu gritando, acompanhado pela oposição inteira; "A
votação é simbólica, está aprovado o parecer", afirmou presidente da
mesa, Vital do Rêgo (PMDB-PB); Senado tem alternativa oficial à CPI
exclusiva sobre a estatal
247 – Mais uma vez com atuação direta da
senadora Gleisi Hoffmann, sentada na primeira fila do sala da Comissão
de Constituição e Justiça do Senado, o governo conseguiu uma vitória que
parecia improvável.
Por 13 votos a 10, a CCJ aprovou parecer do senador Romero Jucá para
que a CPI em debate no plenário não inclua apenas investigações sobre a
Petrobras, mas também a respeito de contratos de trens e metrôs em
Estados governados pelo PSDB e do porto de Suape, em Pernambuco. A
iniciativa visa nivelar as atenções da CPI entre a estatal controlada
pelo governo e sobre administrações do PSDB e do PSB, ligadas aos
presidenciáveis Aécio Neves e Eduardo Campos.
Ontem, parecia certo que a oposição não teria problemas na CCJ sobre a
CPI, mas uma ação coordenada entre o PT de Gleisi e de Humberto Costa e
o PMDB de Romero Jucá foi mais forte que a articulação comandada por
Aloysio Nunes, líder do PSDB. No comando da oposição, ele saiu da sala
"em protesto"após perder votação de questão de ordem por 10 a 13. Na
sequência, parecer de interesse do governo foi aprovado pelas mesa.
Depois da oposição, base diz que vai ao STF contra CPI da Petrobras
Um dia depois que a oposição se mobilizou para a criação de uma CPI
exclusiva sobre a Petrobras no Supremo Tribunal Federal, parlamentares
aliados ao governo anunciaram, nesta quarta-feira 9, que também
recorrerão à corte alegando que não há "fato determinado" que justifique
a instalação de uma comissão parlamentar de inquérito para investigar a
estatal.
O mandado de segurança entregue ontem no STF pedia a suspensão do
requerimento da base do governo sobre a ampliação da CPI para outros
casos, ponto defendido pelo presidente do Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL), que mandou a questão para a Comissão de Constituição e
Justiça (CCJ) da Casa. O grupo aprovou nesta manhã o requerimento do
relator Romero Jucá (PMDB-RR), em defesa da ampliação da CPI.
"Apresentaremos um mandado e segurança com base nos mesmos argumentos
[da oposição] para que se conceda uma liminar para suspender a comissão
por não atendimento de requisito constitucional", defendeu a senadora
Gleisi Hoffmann (PT-PR), que lidera o movimento da base. Segundo ela, o
recurso apresentado pelo governo para investigar outros casos, como o
cartel do metrô e o Porto de Suape, visto como manobra pela oposição, é
"legítimo".
O pedido de mandado de segurança da oposição foi protocolado nesta
terça com as presenças dos presidentes do DEM, senador Agripino Maia, e
do Solidariedade, deputado Paulinho da Força, os senadores Pedro Simon
(PMDB), Aloysio Nunes (PSDB), Álvaro Dias (PSDB), Rodrigo Rollemberg
(PSB), Ranfolfe Rodrigues (PSOL), Jarbas Vasconcelos (PMDB), Cristovam
Buarque (PDT) e Pedro Taques (PDT) e os deputados Antônio Imbassahy
(PSDB), Domingos Sávio (PSDB) e Mendonça Filho (DEM).
Abaixo, notícia da Agência Senado a respeito da sessão da CCJ:
Aprovada na CCJ CPI ampla para a Petrobras
Sob protestos da oposição, a Comissão de Constituição, Justiça e
Cidadania (CCJ) aprovou, em votação simbólica, o relatório do senador
Romero Jucá (PMDB-RR) favorável a uma CPI da Petrobras ampla, que
investigue não apenas a compra da refinaria de Pasadena (EUA) e outras
denúncias de má gestão da estatal, mas também denúncias de
irregularidades nos metrôs de São Paulo e do Distrito Federal e no porto
de Suape, em Pernambuco.
A manifestação da CCJ foi resultado de consulta do presidente do
Senado, Renan Calheiros, com base em entendimento da Mesa de que seria
possível a criação de uma única CPI com investigação ampla. Esse
entendimento contraria demanda da oposição para criação de uma CPI
exclusiva da Petrobras, pois permite a inclusão de outros fatos
apresentados em requerimento assinados por senadores da base do governo.
A comissão acatou entendimento do relator, de que uma CPI pode tratar
de fatos diversos e de que haveria jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal (STF) e na Lei das CPIs (Lei 1.579/1952) determinando que, "se forem diversos os fatos investigados, a comissão dirá, em separado, sobre cada um".
Com a decisão da CCJ, vai ao Plenário parecer favorável a uma CPI ampla.
A CCJ seguiu voto de Romero Jucá e rejeitou um outro fato proposto
pelos governistas, prevendo investigação de superfaturamento de
convênios firmados por órgãos estaduais e municipais para compras com
recursos da União, por considerar que não se trata de fato determinado, o
que impede que seja objeto de investigação da CPI.
Também foi acatada sugestão de Jucá para envio de consulta ao STF,
para orientar decisões futuras do Congresso, sobre a constitucionalidade
de requerimento que contenha múltiplos fatos determinados para criação
da Comissão Parlamentar de Inquérito.
A reunião da CCJ transcorreu em clima tenso. Enquanto a oposição
argumentava que a inclusão de fatos fora da esfera da estatal fere o
direito da minoria de fiscalizar o governo, a base de apoio da
presidente Dilma Roussef alegava que os fatos determinados para apuração
no pedido de CPI protocolado pelos oposicionistas são desconexos,
apesar de se referirem todos à Petrobras.
- Não vou me submeter a essa votação porque o direito não está mais
aqui, o direito agora está no Supremo Tribunal Federal - afirmou o
senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), por volta das 10h30, referindo-se
ao mandado de segurança impetrado na manhã de terça-feira (8) para
garantir a CPI exclusiva, já que um adendo apresentado pela base do
governo incluiu no rol das investigações denúncias de irregularidades
nos metrôs de São Paulo e do Distrito Federal e no porto de Suape, em
Pernambuco.
A reunião de hoje da CCJ é a continuação da iniciada ontem e suspensa
em razão de votações no Plenário. Formalmente o que se está discutindo é
o recurso à decisão do presidente do Senado, Renan Calheiros, que
permitiu a instalação de uma CPI ampla. O recurso à comissão é do
próprio Renan e está sendo relatado pelo senador Romero Jucá (PMDB-RR),
favorável à inclusão de outros temas além das suspeitas de má gestão e
desvio de recursos na Petrobras, como, por exemplo, a compra da
refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, pelo valor total de U$ 1,2
bilhão. Há estimativas de que a refinaria foi comprada por valor muito
acima do que realmente vale.
Durante o debate, a senadora Gleisi Hofmann (PT-PR) acusou a oposição
de usar a CPI "com objetivos eleitorais", ou seja, com o fim de
provocar o desgaste político do governo com vistas à eleição
presidencial em outubro, já que Dilma Rousseff era a presidente do
Conselho de Administração da Petrobras quando o negócio de Pasadena foi
aprovado.
Ela adiantou que os governistas vão entrar igualmente com mandado de
segurança no Supremo pedindo a anulação do pedido de CPI feito pela
oposição, por entender que os fatos determinados não guardam relação
entre si. Além da compra da refinaria, a oposição quer investigar
denúncias de pagamento de propinas a dirigentes da Petrobras, o
lançamento de plataformas ao mar sem equipamentos de segurança e
irregularidades nas obras da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.
- A verdade é que o PT e o governo não querem investigar nada. Se for
aprovada uma CPI para investigar e misturar Petrobras, porto e metrô, é
não querer fazer nada - disse o senador Pedro Simon (PMDB-RS) disse
durante o debate hoje na CCJ. Ele criticou ainda a decisão de Renan, que
ao invés de instalar a CPI mandou o processo à CCJ.
Simon lembrou a história e a trajetória do PT na oposição, e destacou
que “é um erro político”, impedir a investigação da compra bilionária
de uma refinaria nos Estados Unidos pela Petrobras, posição
compartilhada pelo senador Roberto Requião (PMDB-PR).
- Não devemos abandonar a votação. Devemos ficar e votar porque não
há sentido em deixar de investigar a Petrobras - recomendou o
parlamentar peemedebista.
Simon recordou as explicações da presidente da República que admitiu
ter autorizado o negócio de Pasadena porque se baseou em documento falho
do ponto de vista técnico e político. O diretor responsável pelo
documento foi demitido há poucos dias, enquanto outro está preso acusado
de lavagem de dinheiro.
*militanciaviva
A VEZ DE DONETSK - RESPEITEM AS VOZES QUE VEM DAS RUAS!
Por Mauro Santayana
Manifestantes que ocupam, há 48 horas, instalações públicas em Donetsk, na Ucrânia, proclamaram, unilateralmente, ontem, uma República Popular, na província em que se fala russo. E querem convocar um referendo para sua anexação à Rússia, para o próximo dia 11 de maio, nos moldes do que foi feito na Crimeia no mês passado.
As autoridades policiais não resistiram nem tentaram conter os manifestantes.
Em outra cidade, Lugansk, manifestantes favoráveis à Rússia ocuparam a sede dos órgãos de segurança, e fizeram o chefe de polícia — que também não resistiu — libertar dezenas de prisioneiros favoráveis a Moscou que estavam detidos há alguns dias.
Em Kharkov, segunda maior cidade ucraniana e centro industrial do país, houve enfrentamento entre habitantes de língua russa, que ocuparam a sede do governo local, e manifestantes fiéis ao golpe desfechado contra o presidente Yanukovitch em março.
Embora as novas “autoridades” ucranianas estejam acusando o serviço secreto russo pelos tumultos, a verdade é que o apoio ao governo golpista é cada vez menor, e boa parte do território ucraniano é ocupado por habitantes de origem russa, que se recusam a se aproximar do Ocidente e se sentem ameaçados pelos golpistas de extrema direita que estão no poder em Kiev.
Eles viram que, ao contrário do que ocorreu na “libertação” do Iraque, do Egito, da Líbia, do Afeganistão, pela Otan, onde morreram — e continuam perdendo a vida — centenas de milhares de pessoas, a “russianização” da Crimeia foi feita em poucos dias, e quase sem violência.
O fato é que, assim como fez, em muitos outros lugares, supostamente em nome da “democracia”, o Ocidente desestruturou completamente uma nação que se encontrava institucionalmente unificada, funcionava razoavelmente dentro da lei, com um presidente eleito diretamente pela população, e aguardava pacificamente as próximas eleições, porque não queria que a Ucrânia “caísse” sob a influência de Moscou.
Como demonstra a situação em Donestk e em Kharkov, a influência russa na Ucrânia, do ponto de vista político, econômico, cultural, já existia, é muito maior do que se pensa na Europa e nos EUA, e permeia vastas regiões e milhões de habitantes, que se sentem russos.
A Rússia está em seus corações e mentes. Eles vivem como russos há séculos. E é mais fácil que a Ucrânia se divida a partir da fragmentação irresponsavelmente iniciada em Maidan, do que eles virem a se inclinar para o lado contrário, o dos golpistas neofascistas, que tomaram o poder de assalto em Kiev há poucas semanas.
Manifestantes que ocupam, há 48 horas, instalações públicas em Donetsk, na Ucrânia, proclamaram, unilateralmente, ontem, uma República Popular, na província em que se fala russo. E querem convocar um referendo para sua anexação à Rússia, para o próximo dia 11 de maio, nos moldes do que foi feito na Crimeia no mês passado.
As autoridades policiais não resistiram nem tentaram conter os manifestantes.
Em outra cidade, Lugansk, manifestantes favoráveis à Rússia ocuparam a sede dos órgãos de segurança, e fizeram o chefe de polícia — que também não resistiu — libertar dezenas de prisioneiros favoráveis a Moscou que estavam detidos há alguns dias.
Em Kharkov, segunda maior cidade ucraniana e centro industrial do país, houve enfrentamento entre habitantes de língua russa, que ocuparam a sede do governo local, e manifestantes fiéis ao golpe desfechado contra o presidente Yanukovitch em março.
Embora as novas “autoridades” ucranianas estejam acusando o serviço secreto russo pelos tumultos, a verdade é que o apoio ao governo golpista é cada vez menor, e boa parte do território ucraniano é ocupado por habitantes de origem russa, que se recusam a se aproximar do Ocidente e se sentem ameaçados pelos golpistas de extrema direita que estão no poder em Kiev.
Eles viram que, ao contrário do que ocorreu na “libertação” do Iraque, do Egito, da Líbia, do Afeganistão, pela Otan, onde morreram — e continuam perdendo a vida — centenas de milhares de pessoas, a “russianização” da Crimeia foi feita em poucos dias, e quase sem violência.
O fato é que, assim como fez, em muitos outros lugares, supostamente em nome da “democracia”, o Ocidente desestruturou completamente uma nação que se encontrava institucionalmente unificada, funcionava razoavelmente dentro da lei, com um presidente eleito diretamente pela população, e aguardava pacificamente as próximas eleições, porque não queria que a Ucrânia “caísse” sob a influência de Moscou.
Como demonstra a situação em Donestk e em Kharkov, a influência russa na Ucrânia, do ponto de vista político, econômico, cultural, já existia, é muito maior do que se pensa na Europa e nos EUA, e permeia vastas regiões e milhões de habitantes, que se sentem russos.
A Rússia está em seus corações e mentes. Eles vivem como russos há séculos. E é mais fácil que a Ucrânia se divida a partir da fragmentação irresponsavelmente iniciada em Maidan, do que eles virem a se inclinar para o lado contrário, o dos golpistas neofascistas, que tomaram o poder de assalto em Kiev há poucas semanas.
Postado por
EDUARDO BUERES institucionalmente unificada,
funcionava razoavelmente dentro da lei, com um presidente eleito
diretamente pela população, e aguardava pacificamente as próximas
eleições, porque não queria que a Ucrânia “caísse” sob a influência de
Moscou.
Como demonstra a situação em Donestk e em Kharkov, a influência russa na Ucrânia, do ponto de vista político, econômico, cultural, já existia, é muito maior do que se pensa na Europa e nos EUA, e permeia vastas regiões e milhões de habitantes, que se sentem russos.
A Rússia está em seus corações e mentes. Eles vivem como russos há séculos. E é mais fácil que a Ucrânia se divida a partir da fragmentação irresponsavelmente iniciada em Maidan, do que eles virem a se inclinar para o lado contrário, o dos golpistas neofascistas, que tomaram o poder de assalto em Kiev há poucas semanas.
Como demonstra a situação em Donestk e em Kharkov, a influência russa na Ucrânia, do ponto de vista político, econômico, cultural, já existia, é muito maior do que se pensa na Europa e nos EUA, e permeia vastas regiões e milhões de habitantes, que se sentem russos.
A Rússia está em seus corações e mentes. Eles vivem como russos há séculos. E é mais fácil que a Ucrânia se divida a partir da fragmentação irresponsavelmente iniciada em Maidan, do que eles virem a se inclinar para o lado contrário, o dos golpistas neofascistas, que tomaram o poder de assalto em Kiev há poucas semanas.
Assinar:
Postagens (Atom)