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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, dezembro 07, 2014

Um ano depois, o picolé da filha de Serra ainda é mistério


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No início do ano passado, uma transação surpreendeu o mercado: o Fundo Innova, gerido por Verônica Serra, filha do ex-presidenciável tucano José Serra, investiu R$100 milhões para ter 20% de uma pequena fábrica de sorvetes de Cotia (SP), a Diletto. A promessa era ganhar o mundo e transformá-la na nova Häagen-Dazs. De lá pra cá, absolutamente nada aconteceu, como atesta o site da própria empresa, deixando no ar algumas perguntas intrigantes: de onde realmente veio o dinheiro para um investimento tão sem sentido e o que foi feito com os recursos trazidos de paraísos fiscais para o Brasil?
Via Brasil 247
Um ano atrás, o fundo de investimentos Innova, gerido por Verônica Serra, filha do ex-governador e ex-presidenciável tucano José Serra, anunciou um dos investimentos mais estranhos da história do capitalismo brasileiro. O fundo decidira aportar R$100 milhões para adquirir 20% de uma pequena fábrica de sorvetes em Cotia (SP), chamada Diletto (relembre aqui).
À época, foi montada uma pesada operação de marketing para dar ar de normalidade à transação. Entre as peças promocionais, houve até uma capa da Forbes Brasil, sobre os planos do empreendedor Leandro Scabin, que fundara a Diletto. Dizia-se, à época, que os recursos do Fundo Innova estariam sendo aportados pelos empresários Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles, da Ambev, e que a pequena sorveteria seria transformada na nova Häagen-Dazs.
No entanto, no mercado, sempre houve a suspeita de que os recursos geridos por Verônica Serra pertenciam à própria família – e não ao trio de bilionários da Ambev, que não costumam rasgar dinheiro aportando R$100 milhões numa sorveteria.
De lá pra cá, o que realmente aconteceu? Uma visita ao site da Diletto é esclarecedora. No campo “Diletto na mídia” (confira aqui), descobre-se que nada de importante sucedeu na história da empresa depois do aporte de R$100 milhões. Depois da entrada do Innova, a empresa conseguiu emplacar uma nota no Valor Econômico, sobre um picolé especial de dia das mães (leia aqui) e uma pequena reportagem naGazeta do Povo sobre sorvetes (leia aqui).
Muito pouco para quem levou uma bolada tão grande. O que deixa no ar algumas questões: (1) de onde realmente veio o dinheiro do aporte na Diletto? (2) o que foi feito com esses recursos?

A crise do picolé assusta Scabin, Verônica Serra e Lemann


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Tem sorvete derretendo na mão de gente famosa; divulgação de pagamento de “um valor superior a R$100 milhões” por entre “14% e 21%” da sorveteria Diletto, de Leandro Scabin, por fundo Innova de Verônica Serra, filha de José Serra, e Jorge Paulo Lemann, maior bilionário do Brasil, desperta suspeitas no mercado. O valor admitido por Scabin à revista Forbes, agora é negado por assessores; nenhum outro número foi divulgado.
Marco Damiani, via Brasil 247
Tem picolé derretendo em praça pública: os nervos dos donos estão quentes. Pertencente, até o final de janeiro, ao fundador Leandro Scabin, a Fábio Pinheiro, ex-sócio do banco Pactual, e ao publicitário Fábio Meneghini, da W/McCann, a sorveteria Diletto está na ponta da língua do mercado. Por “um valor superior a R$100 milhões”, segundo afirma a prestigiada revista Forbes Brasil em reportagem destacada em sua capa deste mês, entre 14% e 21% da empresa foram vendidos ao fundo Innova Capital, criado pelos titulares do 3G Capital Jorge Paulo Lemann, o maior bilionário do Brasil, e Marcel Telles. O Innova, com capital estimado em US$190 milhões, tem a filha do ex-governador e sempre presidenciável tucano José Serra, Verônica Serra, como sócia e comandante em chefe.
“Todo o dinheiro pago será reinvestido na empresa”, admitiu à Forbes, em entrevista na qual aparece com um sorriso, como se diz, de orelha a orelha, o empreendedor Scabin. “Nós não vamos embolsar nada”, insistiu ele à publicação especializada em negócios, interessada em questionar quais eram as “extravagâncias financeiras planejadas após levantar uma bolada milionária”. Scabin, em nenhum momento, negou o valor da venda, por, repita-se, mais de R$100 milhões por cerca de 20% da Diletto. Pelo tamanho do sorriso na foto ilustrativa da reportagem, bem pode ter sido mesmo até mais.
Agora, no entanto, dada a estranheza que percorre o mercado em razão do investimento feito por Lemann, Verônica e seu Innova Capital numa companhia que, no ano passado, faturou R$30 milhões, Scabin parece ter recolhido a comemoração. Estranho. Com o negócio na boca do mercado, a primeira providência da Diletto foi trocar sua área terceirizada de comunicação. A assessoria de imprensa Índex, que até a repercussão do negócio cuidava diligentemente da divulgação dos valores de seus sorvetes, foi substituída pela Máquina da Notícia, de forte influência do publicitário Nizan Guanaes, e que administra, entre outras contas, a imagem da Ambev diante da mídia. Como se sabe, a Ambev é a primeira pérola na coroa de brilhantes participações acionárias de Lemann.
Não há coincidência. A compra de uma participação numa sorveteria, mesmo sendo feita pelo bilionário Lemann e a filha de Serra, Verônica, poderia ter sido encarada como um negócio normal, não fosse pelo valor divulgado inicialmente. Diante do faturamento da companhia, qualquer conta de precificação não o sustenta. Há um consenso econométrico, mercadológico e político de que “um valor superior a R$100 milhões” pela Diletto extrapola até a última barreira de um investimento de bom senso. Não há notícia, ainda, de que Jorge Paulo Lemann goste de perder dinheiro – ou admita prazos de décadas para obter seu retorno. O mesmo vale para Verônica, sua protegida desde que foi beneficiada por uma bolsa de estudos bancada por ele para a Universidade de Harvard, nos Estados Unidos.
Os novos titulares da comunicação midiática da Diletto informam que o valor pago por cerca de 20% da empresa não é de R$100 milhões. Scabin, porém, não negou o montante antes de o negócio se tornar de conhecimento público. Dando-se crédito, ok, à versão do novo momento, quanto foi pago pelo Innova de Lemann e Verônica à Diletto de Scabin, Pinheiro e Meneghini? Mais ainda? Um pouco menos, muito menos? Não, a informação é a de que não há informação sobre isso.
Enquanto nenhum dos envolvidos na aquisição minoritária mais comentada da semana aceita, ainda, falar em on a respeito, o certo é que os multicoloridos Diletto, cujo slogan é “La felicità è un gelatto”, vão se degelando sob a alta temperatura de um negócio mal explicado.
Leia também:

 Lançamento de satélite sino-brasileiro é um sucesso

 Miguel do Rosário
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Lançado com sucesso o satélite sino-brasileiro Cbers-4
Brasília, 7 de dezembro de 2014 – O lançamento do satélite Cbers-4, quinto exemplar do programa de satélites de sensoriamento remoto desenvolvido em parceria entre Brasil e China, foi realizado com sucesso às 1h26 (no horário de Brasília, 11h25 em Pequim) deste domingo (7) a partir do Taiyuan Satellite Launch Center, na China.
O evento foi acompanhado pelo ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Clélio Campolina, pelo presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), José Raimundo Braga Coelho, pelo diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Leonel Perondi, pelo ex-ministro da Ciência e Tecnologia, Marco Antônio Raupp, e outras autoridades brasileiras.
O lançamento também foi monitorado em tempo real pelo Centro de Controle de Satélite do Inpe, em São José dos Campos (SP), por técnicos, engenheiros e pelo diretor de Política Espacial e Investimentos Estratégicos da AEB, Petrônio Noronha de Souza.
Iniciado nos anos 1980, o programa Cbers (sigla em inglês para China-Brazil Earth Resources Satellite) é coordenado pela AEB e desenvolvido pelo Inpe. O Cbers-4 é o quinto satélite do Programa, exemplo bem-sucedido de cooperação em alta tecnologia e um dos pilares da parceria estratégica entre o Brasil e a China.
Sua ida ao espaço, inicialmente programada para dezembro de 2015, foi antecipada em um ano devido à falha ocorrida no lançamento do Cbers-3, em dezembro de 2013. Antes, foram lançados com sucesso o Cbers-1 (1999), Cbers-2 (2003) e Cbers-2B (2007).
Coordenação de Comunicação Social (CCS-AEB)
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*Tijolaço


O Nióbio é Nosso! Antônio Roberto Vigne (video)

Bomba! DEA - Órgão para o Controle/Combate das Drogas dos EUA investiga Aécio Neves por tráfico de drogas e ainda delação da Lava-Jato cita o playboy.


Xeque - Marcelo Bancalero

De quadrilha Aécio Neves entende bem!
Cenas inéditas de Dom Aécio Corleone Neves
o Poderoso Chefão de Minas  Gerais.
E denuncias sobre seu envolvimento com drogas, assassinatos ( , carteis  tudo mais, fazem a máfia mineira liderada por Aécio Neves e a quadrilha do PSDB, ofuscam a famosa "Cousa Nostra", máfia italiana.
Assistam aos vídeos reveladores e as dicas by Eliezer Rocha e Wilson Maejima 


https://www.youtube.com/watch?v=tUDEv2ET_mA&index=65&list=PLTbsXQND8wl3eFpJm6gLhNt8V2RY7PCXc


https://www.youtube.com/watch?v=yUgJZALkY2g&index=58&list=PLTbsXQND8wl3eFpJm6gLhNt8V2RY7PCXc
 


O que é DEA? "Drug Enforcement Administration" (DEA; em tradução livre seria Órgão para o Controle/Combate das Drogas) é um órgão de polícia federal do Departamento de Justiça dos Estados Unidos encarregado da repressão e controle de narcóticos. O órgão foi criado em 1973. Seu mandato inclui a repressão doméstica ao narcotráfico e crimes relacionados às drogas em geral, dividindo responsabilidades com o FBI, além de ser o único órgão dos Estados Unidos encarregado de investigações do narcotráfico no exterior conforme tratados na ONU e OEA, com e em apoio com as polícias federais de outros países.




Aécio é investigado pelo Departamento Antidrogas dos Estados Unidos por tráfico...PLANTAOBRASIL.COM.BR

Aécio é investigado pelo Departamento Antidrogas dos Estados Unidos por tráfico...PLANTAOBRASIL.COM.BR













Aécio é investigado pelo Departamento Antidrogas dos Estados Unidos por tráfico internacional de drogas 


https://www.youtube.com/watch?v=Na0_xDXvMuo&index=63&list=PLTbsXQND8wl3eFpJm6gLhNt8V2RY7PCXc
Depois das denúncias a respeito das irregularidades em relação ao aeroporto de Cláudio (MG) envolvendo a polêmica pista de pouso com o tráfico de drogas, a Drug Enforcement Administration (DEA) esteve no Brasil no mês de novembro.

Depois da repercussão nacional e internacional envolvendo o nome do senador Aécio Neves (PSDB) com helicóptero pertencente, a Agropecuária Limeira, preenchido com 450 quilos de cocaína, no qual foi divulgado amplamente pelo canal Telesur e um dos sites mais famosos dos EUA, o TMZ. O juiz federal Marcus Vinícius Figueiredo de Oliveira Costa do Espirito Santo, recebeu em seu gabinete o agente da Polícia Federal Rafael Pacheco. Ele estava acompanhado de dois homens que falavam português com sotaque.

Apresentaram-se ao juiz como agentes da DEA – a agência antidrogas americana. Os investigadores estrangeiros queriam saber o local do pouso do helicóptero que trouxe de Pedro Juan Caballero, no Paraguai, pelo menos 445 quilos de pasta base de cocaína. O local do pouso estava registrado no GPS da aeronave.

A conversa era informal e se alongou. Os agentes da DEA contaram ao juiz que, assim como o México é a rota da droga para os Estados Unidos, o Brasil se transformou no principal corredor da cocaína exportada para a Europa, e assim como no México o tráfico de drogas alimenta a política, no Brasil não seria diferente, e essa especulação que envolve o nome do Senador Aécio Neves, "os interessa e muito"!.

Telesur é um dos maiores canais de televisão da America Latina, já TMZ ganhou notoriedade quando o artista Michael Jackson faleceu. O TMZ foi a primeira mídia a divulgar sua morte superando grandes redes de notícias mundiais. 4 Horas mais tarde, a informação foi confirmada e o TMZ se tornou oficialmente uma referência de informações sobre celebridades.



Foco da investigação do DEA

A policia investiga se o aeroporto de Cláudio foi utilizado como rota para o tráfico de drogas, uma vez que já é pública a informação de que o helicóptero da empresa Limeira Agropecuária, da família do senador Zezé Perrela, apreendido no Espírito Santo transportando 445 quilos de cocaína em novembro passado, chegou a pousar antes em um ponto do povoado de Sabarazinho (apenas 14 km de distância do aeroporto mineiro de Cláudio), três horas antes de seguir viagem para um sítio na cidade capixaba de Afonso Cláudio. A PF chegou a tal confirmação baseando-se no rastreamento do GPS do helicóptero, assim como nas anotações do plano de voo dos pilotos. e apreendido pela Polícia Federal do Espírito Santo, no sudeste do país, no último ano.


A organização criminosa que apoiou Aécio Neves

O Senador Aécio Neves (PSDB-MG) terá que engolir a sua afirmação de que foi derrotado por uma organização criminosa nas eleições deste ano.


Antonio Lassance

Arquivo


O Senador Aécio Neves terá que engolir sua afirmação de que foi derrotado por uma organização criminosa. 



Grande parte dos políticos corruptos que receberam propina do esquema que saqueou a Petrobrás, citados por um dos delatores, apoiou sua campanha, desde o primeiro turno.
 

Ainda conforme os próprios delatores, o envolvimento de cada um deles com essa organização criminosa data do governo do presidente Fernando Henrique. 

Já basta desse lenga-lenga de Paulo Roberto Costa, Nestor Cerveró e Roberto Duque. 

Os brasileiros querem saber os nomes dos políticos que receberam dinheiro de propina do esquema que assaltou a Petrobrás. 

O que se espera agora é que as informações já vazadas sejam confirmadas no inquérito da Polícia Federal, se os delegados fizerem o trabalho de delegados e não de cabos eleitorais de distintivo.

O que se quer é que todos sejam imediatamente julgados pelo STF ou fujam logo de seus mandatos para serem processados em primeira instância, como fizeram os acusados Eduardo Azeredo e Clésio Andrade, mensaleiros amigos de Aécio Neves.

Quando os nomes ligados a Aécio nas eleições de 2014 e que constam da delação premiada forem qualificados como parte do esquema, Aécio terá uma organização criminosa para chamar de sua.

No PP, o senador Francisco Dornelles (PP-RJ), ao que consta, um dos citados na delação, organizou o apoio de todo o Diretório do Partido Progressista do Rio de Janeiro ao presidenciável tucano.

Outro citado, João Pizzolatti, presidente do PP de Santa Catarina, articulou o apoio desse diretório a Aécio e ao chapão em aliança com o PSDB no estado, incluindo o apoio à candidatura do tucano Paulo Bauer, a governador, e de Paulo Bornhausen ao Senado, pelo PSB - também apoiador de Aécio.

Mesmo no PMDB, muitos dos nomes citados estiveram oficialmente associados à oposição, como o atual presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), o senador Romero Jucá, de Roraima, e o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

A recomendação ética de Aécio aos membros prediletos dessa que acusa de ser uma organização criminosa foi: "suguem mais um pouquinho e depois venham para o nosso lado".

A consequência da baixaria do senador e presidente do PSDB é que ele próprio, ao nivelar por baixo o debate político, ao invés de agir como líder da oposição, incorporou o discurso e vestiu a camisa de chefe de um bando desqualificado de extrema direita que pretende levar a disputa política para as vias de fato.

A partir de agora, Aécio torna-se responsável direto por qualquer ato que fuja do controle do processo democrático e revele a face não apenas golpista e autoritária, mas violenta desse bando.

O que se viu nas galerias do Congresso (terça, dia 2) é apenas o começo de algo que, na República, sempre teve um fim triste e personagens obtusos. 

Aécio acaba de entrar para a essa galeria de personagens obtusos.


(*) Antonio Lassance é cientista político. 
Chegamos

São Pedro não tem ações da Sabesp, água de São Paulo, empresa deve chegar ao fim de 2014 com lucro perto de R$ 1,9 bilhão

São Pedro não tem ações da Sabesp

No meio de uma crise sem precedentes no abastecimento de água de São Paulo, empresa deve chegar ao fim de 2014 com lucro perto de R$ 1,9 bilhão
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Arnaldo Pagano, da Ponte, no Conta D’água
Diz a máxima que o capitalismo privatiza os lucros e socializa os prejuízos. No caso da Sabesp, a frase é ainda mais verdadeira: a privatização dos lucros e a socialização dos prejuízos ocorre simultaneamente.
No ano de 2014, marcado por uma crise sem precedentes no abastecimento de água no Estado de São Paulo, a Sabesp apresentou no segundo trimestre um lucro líquido de R$ 302,4 milhões e deve chegar ao fim do ano com um montante próximo do R$ 1,9 bilhão de lucro de 2013.
Isso mesmo! Enquanto parte da população da região metropolitana vê as torneiras secas há meses (como mostra o site colaborativo faltouagua.com), os acionistas da Sabesp têm um faturamento nada escasso. Diante desse quadro, o governo estadual tenta convencer a população de que a culpa é da falta de chuvas. Não é!
Culpar São Pedro pela crise hídrica em São Paulo é brigar com os fatos e desconhecer — ou querer esconder — a ineficiência da gestão da Sabesp, em grande parte provocada pela forma como a empresa é constituída economicamente e pelos interesses que tem de atender.
Dentre alguns pontos discordantes aqui e ali, pode-se tomar essa conclusão do debate realizado na USP na terça-feira (11/11) com acadêmicos especializados em urbanismo e gestão de recursos hídricos. No encontro promovido pelo CENEDIC (Centro de Estudos dos Direitos da Cidadania), discutiram o tema Gabriel Kogan, arquiteto mestre em gerenciamento hídrico no IHE (Institute for Water Education), Antonio Carlos Zuffo, professor do Departamento de Recursos Hídricos da Unicamp, Luis Antonio Venturi, professor da USP na área de Geografia dos Recursos Naturais, e Nabil Bonduki, professor na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, vereador pelo PT e membro da CPI da Sabesp.
Propaganda da Sabesp veiculada no site da Revista Veja na semana de 17 de Novembro de 2014.
Propaganda da Sabesp veiculada no site da Revista Veja na semana de 17 de Novembro de 2014.
A questão político-econômica
Para entender a crise da água em 2014 é preciso voltar 20 anos no tempo. Em 1994, a Sabesp deixou de ser 100% estatal, tornando-se uma empresa de economia mista e capital aberto. Até 1997, ela era negociada no mercado de ações de balcão, com o governo dono de 95% da empresa.
Em 1997, as ações foram transferidas à Bovespa e, em 2002, passam a ser negociadas também na Bolsa de Valores de Nova York. Hoje, o Governo de São Paulo detém 50,3% das ações. O restante, 49,7%, é negociado nos mercados financeiros brasileiro e norte-americano.
Para Gabriel Kogan, essa configuração já é um problema. “Água é algo muito estratégico para ser gerido de maneira privada”, analisa. Para ele, o que ocorreu desde a abertura do capital foi uma maximização dos lucros dos acionistas ao mesmo tempo em que os investimentos que poderiam ter evitado a crise atual, como ampliação da rede de captação e saneamento, foram minimizados.
Agora, a crise é enfrentada com a externalização dos custos. O governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) pediu ao Governo Federal uma verba de R$ 3,5 bilhões para combater a crise hídrica com projetos a longo e médio prazo. Gabriel Kogan lembra que a quantia equivale a dois anos de lucros dos acionistas.
Ou seja, a Sabesp terá mais dinheiro público, agora da União, sendo que seus acionistas têm esse dinheiro. Mas a externalização de custos pode ser ainda mais cruel. Nós estaremos financiando a Sabesp e seus acionistas, mas e o prejuízo do dono de restaurante da região periférica, que fecha as portas porque falta água quase diariamente porque a Sabesp não investiu no passado? Quem o indenizará?
Para Nabil Bonduki, esse tipo de gestão da Sabesp é totalmente incompatível com o uso sustentável da água. “A água virou objeto de lucro. A Sabesp vive de vender água. Quanto mais água usarmos, maior vai ser a lucratividade da empresa”, comentou.
Para o vereador, a conscientização sobre o uso racional deve ocorrer, inclusive na época de abundância da água, para que os reservatórios estejam sempre cheios, já que, uma vez que eles estejam vazios, a recuperação torna-se muito mais difícil, devido ao chamado “efeito esponja” (com as represas esvaziadas, parte do solo argiloso que antes ficava submersa fica exposta e seca. Quando a chuva acontece, o solo absorve a água como uma esponja, antes de ser capaz de armazenar o líquido precioso).
Diante da lógica da maximização dos lucros, a Sabesp não tomou as medidas necessárias para conter a crise já em 2013, quando o nível dos reservatórios estava baixando. Políticas de racionamento, com penalização de quem desperdiçasse água, e de informação não foram feitas.
Ao contrário, o governo decidiu dar um bônus a quem economizasse. Para Nabil, essa foi a única medida séria, mas totalmente ineficiente, já que gerou uma economia “pífia” de 5%. Muito mais poderia ser obtido se houvesse um investimento da Sabesp na redução de perdas com vazamentos.
Integrante da CPI da Sabesp na Câmara Municipal de São Paulo, Nabil Bonduki diz que é preciso investigar como a redução de perdas de 2009 a 2014 foi de 0,6% (de 20,4% para 19,8%) sendo que o contrato estabelecia um investimento nada modesto de R$ 1,1 bilhão — um investimento bilionário para um resultado insignificante.
Mas a Sabesp não teve apenas um ano para tomar medidas que evitassem o problema atual. O esgotamento do sistema Cantareira já era previsto no ano de 2001 por Aldo Rebouças, professor emérito do Instituto de Geociências da USP, falecido em 2011. À época, Aldo Rebouças disse que o problema era seriíssimo, porque o nível estava perto do limite do sistema.
A Sabesp poderia ter feito um planejamento para “salvar” o Cantareira, mas optou por outra medida, como mostra a reportagem “Sabesp maquia crise no sistema Cantareira”, de Mariana Viveiros, da “Folha de S.Paulo”, em 29 de março de 2001. A repórter obteve um documento interno produzido pela Superintendência de Comunicação da empresa. A orientação era esconder a crise.
E não é de hoje que a influência do capital prejudica o abastecimento sustentável da Grande São Paulo. Em uma entrevista à Agência Fapesp em 2012, a geógrafa Vanderli Custódio, do Instituto de Estudos Brasileiros da USP, disse que a vazão do Tietê quando atravessa a região metropolitana é de 82 metros cúbicos por segundo. A Sabesp, com todos os seus sistemas em capacidade máxima, produz aproximadamente 67 metros cúbicos de água por segundo.
O Tietê, portanto, abasteceria São Paulo inteira e ainda sobraria água, mas isso hoje é totalmente inviável dada a poluição do rio, que tem origem na concessão feita na década de 1920 pelo governo paulista à Light, quando se permitiu a inversão do curso do Rio Pinheiros visando à exploração dos recursos hídricos da Bacia do Alto Tietê para a geração de energia.
Tais problemas levam à questão central pela qual passam as possíveis soluções para a crise: a reestatização da Sabesp. Como uma empresa sem controle público e sob a lógica do capital poderia gerir um recurso essencial à vida? Para Gabriel Kogan, essa mudança será impossível “sem o povo nas ruas”.
Protesto contra a falta de água e má gestão hídrica em frente a sede da Sabesp, em São Paulo. Foto: Mídia NINJA
Protesto contra a falta de água e má gestão hídrica em frente a sede da Sabesp, em São Paulo. Foto: Mídia NINJA
A questão natural
Só a água do Aquífero Alter do Chão, na Amazônia, abasteceria a humanidade inteira por três séculos. A água do Aquífero Guarani, mais 150 anos. O dado impressionante foi um dos exemplos utilizados pelo professor Luis Antônio Venturi para ilustrar o fato de que a água é, numa perspectiva geográfica dos recursos naturais em escala planetária, o recurso mais abundante do planeta. É praticamente inesgotável.
Tendo em vista que a fonte das águas continentais são os oceanos, enquanto eles existirem, enquanto o sol aquecê-los, enquanto a Terra girar para levar a umidade aos continentes e enquanto a lei da gravidade permitir as precipitações – o que deve acontecer “por um certo tempo”-, não é possível pensar na finitude da água.
Mas, e numa escala local? Segundo Venturi, o mapa hidrográfico de São Paulo é de dar inveja a qualquer região. Por que estamos nessa crise, então? Venturi estabelece sete motivos:
1- Os sistemas não são equilibrados em relação à oferta e demanda. O sistema Rio Grande estava com o dobro de água do Cantareira para atender uma população cinco vezes menor.
2- Os sistemas não estão eficientemente articulados em rede. Deste modo, toda a água que temos não está disponível para todos.
3- Problemas de perdas na rede de distribuição. A média mundial de perdas é de 11%, enquanto em São Paulo é de 19,8% (segundo os dados oficiais, embora especialistas acreditem que essa porcentagem seja maior; na Holanda é de 0%).
4- Algumas represas, como Atibainha, são em formato de pires, com grande superfície de evaporação e baixo armazenamento (o formato ideal seria de uma xícara, por exemplo).
5- Os sistemas só estão sendo equipados agora para usar o volume morto, necessário em planos emergenciais. Sem planejamento, estamos correndo atrás do prejuízo.
6- Você já reparou que a água que bebemos é a mesma água limpíssima que usamos para dar descarga? Sem a utilização da água de reúso, ocorre uma perda qualitativa da água. Metade da água usada em casa poderia ser não-potável.
7- Estiagem natural.
De acordo com Luis Antônio Venturi, o governo de São Paulo, ao falar com a população sobre a crise, inverte a ordem, colocando a estiagem natural como primeira causa, sem assumir as outras causas, que refletem erros da Sabesp. E mais: essa estiagem não é a maior, já que a falta de chuvas foi mais grave nos anos de 1963 e 1984. Além disso, a estiagem era previsível. São Paulo possui uma ampla base estatística que permite saber quando haverá períodos de mais ou menos chuva.
O professor Antônio Carlos Zuffo revelou alguns fatos que mostram que o atual período não é excepcionalmente seco em São Paulo. Vemos em 2014 seca em São Paulo e na Califórnia, e enchentes na Amazônia e na Europa (na Croácia é a pior da história).
No ano de 1953 o quadro foi rigorosamente o mesmo, com direito a grave estiagem em São Paulo e a maior enchente do Amazonas. Zuffo ainda recordou uma reportagem do jornal O Estado de S. Paulo de 27/11/1953, com o título “Mudanças Climáticas ameaçam a produção de café no Brasil”.
O curioso, segundo Zuffo, é que em 53 não havia nem Transamazônica. Para o professor, a ação humana (antrópica) é ínfima perto da influência dos ciclos solares no clima global. Esse assunto ainda gera mais discussão entre os especialistas, mas o fato mostra que a estiagem em São Paulo não é sem precedentes e que era previsível.
“Como São Paulo fica à mercê de chuva como as sociedades primitivas?”, questiona Luis Antônio Venturi. O professor ainda nota que o governo de São Paulo pode ficar em uma situação desconfortável em breve.
Quando começar a chover, o problema da água não será resolvido, dada a situação dramática do Cantareira. Haverá alagamentos, como já houve há algumas semanas. O governo certamente colocará a culpa das inundações na chuva, não no assoreamento ou impermeabilização do solo.
Surgirá, então, a incômoda questão: Como é possível faltar água pela escassez de chuvas e ao mesmo tempo haver enchente pelo excesso de chuvas?
São Pedro merece ser poupado dessa. Ele não está no mercado de ações.
*GilsonSampaio

Quem é Esse Crápula Eduardo Cunha

Eduardo Cunha, líder com ramificações por toda a República

Ele mantém aliados às custas de doações de campanhas, é íntimo de setores do empresariado que defende com unhas e dentes e tem no currículo processos ainda em tramitação na Justiça





por Hylda Cavalcanti

O ano de 2015 começará com um novo fator de risco nas costas da chamada base aliada do governo: o “risco Eduardo Cunha”, como tem sido chamado o período tenso que antecede a eleição para a presidência da Câmara dos Deputados, em fevereiro. O risco se dá não apenas para o governo, como também para alguns setores da oposição que têm pé atrás com o político de estilo agressivo e bem articulado que há anos figura como um dos mais poderosos do país. Cunha, líder do PMDB na Câmara e candidato ao comando da Casa, é um dos mais polêmicos a sentar na cadeira de deputado federal nos últimos tempos e foi o quinto mais votado do Rio de Janeiro, com 150.616 votos.

Declarações não comprovadas de colegas do mesmo estado são de que seus gastos de campanha teriam chegado a perto de R$ 9 milhões (embora tenha declarado R$ 6,8 milhões à Justiça Eleitoral). Talvez por isso seja defensor do financiamento privado de campanhas – considerado por muitos a principal raiz dos defeitos que atrapalham o atual sistema político e eleitoral brasileiro.

Cunha é alvo de processos judiciais por improbidade administrativa e crimes contra a ordem financeira e coleciona um sem número de desafetos. Parlamentares de seu estado, em conversas reservadas (e pelas costas, é claro) o tratam pelo apelido de “coisa-ruim”. Ao mesmo tempo, reúne uma espécie de “séquito” no Congresso, onde costuma ser chamado por colegas para opinar com antecedência sobre a votação de temas diversos e dar conselhos sobre as posturas a serem adotadas. Em parte por conhecer como poucos os meandros do Congresso. Em parte por ser um dos principais captadores – e distribuidores – de doações feitas por empresas ao PMDB. Motivos que já o levaram a bater de frente com Michel Temer, por diversas vezes, e até mesmo a disputar poder com o atual vice-presidente da República dentro do partido.

O estilo do líder peemedebista de fazer política foi alvo de inúmeras reuniões no Palácio do Planalto e nos gabinetes do anexo (sede da vice-presidência) por atitudes tidas como chantagem, durante sessões onde foram discutidas votações de matérias importantes – casos da Medida Provisória (MP) dos portos, que regulamentou o setor no país, e do Marco Civil da Internet. “Não há mais o que dizer sobre isso. Eduardo Cunha é oposição e precisamos apresentar um candidato para combater essa oposição, seja um nome do PT ou apoiando o candidato de outro partido”, afirmou o ex-líder do PT na Câmara, José Guimarães (PT).

Em tom mais indignado, o ex-ministro Ciro Gomes, atual secretário de Saúde do Ceará, já apresentou outra definição. “Esse cara deve ser assim, entre mil picaretas, o picareta mor. Eu conheço esse cara desde o governo Collor. Ele operava no escândalo do PC Farias na Telerj. Depois no fundo de pensão da Cedae (empresa de saneamento) do governo Garotinho e aí vem vindo. Depois com Furnas e agora está enrolado até o gogó em tudo quanto é quanto. É cara que banca seus colegas. Antigamente, o picareta achava a sombra, procurava ali o bastidor, ia fazendo as picaretagens escondido. Agora não. O picareta quer ser o presidente da Câmara”, afirmou Ciro Gomes em entrevista recente.

Collor e PC

Aos 56 anos, Eduardo Cosentino da Cunha tem trajetória incomum. Casado com a jornalista carioca Cláudia Cruz, pai de quatro filhos, formado em Economia, vinculado à bancada evangélica, é dono da rádio evangélica Melodia FM, em sociedade com o deputado e pastor Francisco Silva (tido como guru que introduziu na política Cunha e Garotinho). Cunha começou em 1982, ao trabalhar para a campanha de Eliseu Resende, então candidato ao governo de Minas Gerais pelo extinto PDS. Em 1986, trabalhou para a campanha de Moreira Franco, que se elegeu governador do Rio. E em 1989, Paulo César Farias, tesoureiro de Fernando Collor, o convidou para fazer parte do estafe. Ele participou ativamente da campanha e em 1991 foi indicado para presidir a Telerj, extinta empresa de telefonia do Rio de Janeiro.

O jornalista Xico Sá, que acompanhou por muito tempo Paulo César Farias para suas reportagens, publicou em sua conta do Twitter que “era comum encontrar Cunha esperando PC no intervalo de reuniões”. O objetivo da indicação de Cunha na Telerj, onde ficou até 1993, foi preparar a empresa para a privatização, mas não foi bem assim que sua gestão ficou marcada. O Tribunal de Contas da União (TCU) encontrou várias irregularidades.

Em 1999 ele foi subsecretário de Habitação do Rio de Janeiro e, pouco tempo depois, presidiu a companhia de habitação do estado (Cehab-RJ). Em 1994 filiou-se ao PPB, na ocasião aliado do ex-governador Anthony Garotinho, hoje deputado (PR-RJ), de quem tornou-se desafeto. Em 2003, migrou para o PP e no mesmo ano ao PMDB. Em 2002, foi eleito deputado federal.
Intrincadas relações

A movimentação de processos que têm Eduardo Cunha como parte é outro ponto nevrálgico de sua biografia. No Supremo Tribunal Federal (STF) – para onde vão todas as ações que o envolvem, em razão de ter foro privilegiado – ele aparece em 22 processos: uns como autor, outros como réu. Alguns dos mais emblemáticos foram os inquéritos 2.123, 2.984 e 3.056, que apuraram crimes denunciados na época em que presidiu a Cehab. Envolvem casos de falsificação de documentos referentes a contratos da companhia que teriam levado ao arquivamento de processo no Tribunal de Contas do Rio de Janeiro (TC-RJ).

Ocorre que alguns inquéritos com incompatibilidade entre informações bancárias de Cunha, obtidas pela quebra de sigilo pela receita federal, e a sua movimentação financeira, bem como bens e rendimentos declarados no período entre 1999 e 2000, o procurador-geral da República, Cláudio Fonteles, considerou, no início de 2000, que as provas eram insuficientes para levar as investigações à frente e pediu o arquivamento dos inquéritos. O que foi acatado em julho de 2004 por decisão colegiada do STF.

Num outro caso, a Corte se manifestou pela abertura de inquérito para a apuração de fatos denunciados pelo procurador geral do Rio de Janeiro, Roberto Monteiro Gurgel Santos: exames grafotécnicos teriam constatado falsidade de documentos e da assinatura de promotores públicos estaduais. Este último processo ainda não foi concluído. Os demais, também envolvendo o deputado, tramitam no mesmo tribunal e correm em segredo de Justiça.

Não é preciso pesquisa muito longa para descobrir alguns deles: inquérito do Tribunal Regional Federal da 1ª Região apura crimes contra a ordem tributária supostamente cometidos por Cunha; ação civil pública movida pelo Ministério Público Federal no Rio de Janeiro; ação por improbidade administrativa movida pelo MP/RJ; representação movida pelo Ministério Público Eleitoral por captação ilícita de sufrágio; ação de investigação judicial eleitoral movida pelo MPE por abuso de poder econômico; e recurso contra expedição de diploma apresentado pelo MPE por captação ilícita de sufrágio.

Fundos de pensão

Também é bastante comentada a ligação do deputado com fundos de pensão de estatais. No caso de Furnas, por exemplo, a intimidade é relacionada ao órgão de previdência complementar Real Grandeza. Cunha ainda é acusado por adversários de ter imposto, em 2007, para a então ministra Dilma Rousseff, que comandava a pasta de Minas e Energia, o nome do ex-prefeito carioca Luiz Paulo Conde à presidência da Eletrobras. O deputado nega até hoje, mas a articulação, ou chantagem, como definem seus opositores, teria se dado da seguinte forma: ele era na época relator do projeto que pedia a prorrogação da CPMF e prometeu só apresentar seu parecer depois de confirmada a nomeação.

Na Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara, foi acusado pelo deputado Nelson Pellegrino (PT-BA) de pressionar dirigentes de companhias de petróleo pela votação de matérias. E foi citado pela deputada estadual Cidinha Campos, no Rio de Janeiro, de ter feito em 2007 uma operação cruzada de venda e recompra de um imóvel em Angra dos Reis com o traficante colombiano Juan Carlos
Abadia. Eduardo Cunha também teve seu nome ligado a denúncias de desvio de recursos da Prece, fundo de pensão dos funcionários da Companhia de Água e Esgoto do Rio de Janeiro.

Como se não bastasse, foi noticiado pela imprensa seu suposto envolvimento com o doleiro Lucio Funaro, também investigado na CPI dos Correios, e participação em esquema de sonegação fiscal liderado pela Refinaria de Manguinhos, pertencente ao empresário Rogério Andrade Magro. Conforme ele costuma avisar, todas estas denúncias estão sendo discutidas judicialmente, em processos por calúnia e difamação. Já moveu 51 deles. Destes, em 28 perdeu em primeira instância, em três ganhou, enquanto os demais permanecem em tramitação. “É natural que quem se destaque incomode muita gente, mas todas as pessoas que inventaram inverdades pagarão por isso na Justiça. Se me atacam com mentiras, eu processo. O ônus da prova é de quem acusa”, afirmou.

Distribuição de recursos

Mas é na distribuição de recursos de campanha que a postura de Cunha mais atrai atenção. Informações de bastidores são de que o deputado atuou fortemente no sentido de formar uma espécie de “bancada própria”, com quem possa vir a contar na Casa, o que teria contribuído para o financiamento de campanha de perto de 30 deputados. Conforme dados declarados ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ele recebeu doações que passam pela indústria de mineração, bebidas, medicamentos e setor financeiro, tais como Rima Industrial (R$ 1 milhão), Vale (R$ 700 mil), ­CRBS, controladora da AmBev (R$ 1,25 milhão) e da Recofarma, fabricante da Coca-Cola (R$ 250 mil). Do setor financeiro, amealhou R$ 500 mil do Bradesco, R$ 500 mil do BTG Pactual, R$ 300 mil do Santander e R$ 50 mil do Safra. Além dos R$ 900 mil doados pela Telemont já mencionados, Cunha também recebeu mais R$ 700 mil da Líder Taxi Aéreo, R$ 500 mil do Shopping Iguatemi e R$ 300 mil da Rio de Janeiro Refrescos.

Criador no ano passado do “blocão”, grupo partidário que procura ser independente do governo nas votações do Congresso, o líder peemedebista afirmou que já conta com o apoio de 152 deputados à sua candidatura, integrantes do PTB, PR, PSC e Solidariedade (SD). “Há um grande entusiasmo com a candidatura dele e estamos trabalhando para garantir o apoio de todos do PTB”, confirmou o líder da legenda, Jovair Arantes (GO). “Acreditamos que se mantivermos o foco, ganharemos a eleição. Será muito bom para a Câmara ter um presidente independente do Palácio do Planalto”, completou o líder do SD. Paulo Pereira da Silva (SP), o Paulinho da Força. O atual presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), embora evite dar declarações, tem feito vários contatos em busca de votos para Cunha.

Nos últimos dias, porém, o peemedebista, que já afirmou que sua candidatura é “irremovível”, teve seu nome voltado para a mira dos holofotes, mas por outros motivos. Foi mencionado entre os parlamentares que teriam sido denunciados pelos investigados da Petrobras em delação premiada. Ele foi apontado por ter ligações com Fernando Soares, o Fernando Baiano, citado como operador do PMDB em esquema de propinas na estatal. Como sempre, destacou que não conhece Soares e caso as denúncias não sejam comprovadas, vai processar os responsáveis. Mas o desenrolar do caso pode vir a dar novos contornos à disputa pelo comando da Câmara. Até lá, Eduardo Cunha tem feito o que mais sabe fazer: articular e formar conchavos durante as votações dos itens inseridos na pauta do Congresso até o último dia do ano.

Trancador de pautas

No segundo governo Lula, Eduardo Cunha passou a exibir mais sua forma de trabalhar. Já havia sido presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara e se comportou como aliado do Executivo durante a CPI que investigou o apagão aéreo. Ao mesmo tempo, começou a se destacar como nova liderança do PMDB. “Ele sabe como adiantar ou atrasar uma votação, articular de forma a atrapalhar os planos da base aliada e trancar a pauta”, contou um peemedebista que pediu para não ser identificado.

Na MP dos Portos, apresentou obstáculos e se reuniu com parlamentares para conseguir atrasar a apreciação. E no Marco Civil da Internet atuou a favor das empresas de telecomunicações tentando derrubar a neutralidade da rede.A Telemont, uma das empresas do setor de telecomunicações, operadora de sistemas de internet de banda larga, doou R$ 900 mil para sua última campanha. “Cunha atua como um lobista do setor privado dentro do Congresso”, afirmou outro parlamentar, do PTB. O deputado aparenta estar sempre bem informado. Durante reuniões das lideranças, tem por hábito se gabar sobre como votarão os deputados do PMDB em relação ao tema. Em geral, seu prognóstico se confirma.

Foi Eduardo Cunha um dos principais articuladores, em 2013, da manobra que levou o pastor evangélico Marco Feliciano (PSC-SP) à presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Casa, derrubando uma hegemonia de mais de dez anos por parte de parlamentares progressistas que atuam junto ao setor. A iniciativa provocou retrocesso na votação de projetos, fortaleceu a bancada evangélica e levou integrantes do PSC a terem dívida de gratidão com o líder peemedebista. Outro apoio que ele conta como certo é dos parlamentares ligados ao pastor Silas Malafaia, do PSC, com quem mantém boas relações. E, também, dos integrantes do Solidariedade, que já anunciaram voto nele para a presidência da Câmara.

sexta-feira, dezembro 05, 2014

PF INDICIA PRESIDENTE E DIRETOR DO METRÔ DE SP POR CARTEL



O presidente e o diretor de operações da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), respectivamente Mário Bandeira e José Luiz Lavorente, estão entre os 33 indiciados pela Polícia Federal no inquérito que investigou o cartel no setor metroferroviário que operou em São Paulo entre 1998 e 2008, nos governos de Mário Covas, José Serra e Geraldo Alckmin.

Lavorente e Bandeira são os únicos servidores públicos que constam da lista de indiciados, entre doleiros, empresários e executivos das multinacionais que teriam participado de conluio para obtenção de contratos no Metrô e na CPTM.

A PF também indiciou funcionários e ex-funcionários das multinacionais Alstom, Siemens, Bombardier, Mitsui, CAF e TTrans. A lista dos 33 indiciados pela PF foi obtida pelo jornalista José Roberto Burnier, da Rede Globo.

Todas as pessoas indiciadas pela PF são investigados pelos crimes de corrupção passiva, ativa, formação de cartel, crime licitatório, evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Cerca de R$ 60 milhões dos alvos estão bloqueados. O inquérito chegou à Justiça Federal na segunda-feira. Segundo a PF, as duas estatais “foram vítimas do ajuste das empresas”.

O nome do ex-diretor da CPTM, José Roberto Zaniboni, também está entre os 33 indiciados pela PF. Ele é acusado de receber propina das empresas via lobistas. O esquema foi revelado em outubro de 2013, pelo ex-diretor da Siemens, Everton Rheinheimer, em delação premiada à PF.

Em seu depoimento, Rheinheimer relatou sobre suposto pagamento de propina de multinacionais a deputados e funcionários públicos.

Zaniboni mantinha conta secreta na Suíça com saldo de US$ 826 mil. O dinheiro, segundo seu advogado, Luiz Fernando Pacheco, já foi repatriado pelo próprio Zaniboni, com recolhimento de impostos. Ontem, uma delegação de procuradores e promotores brasileiros iniciou em Berna reuniões com o Ministério Público da Suíça. A meta é identificar o percurso do dinheiro encontrado em contas em Zurique.
*PlantãoBrasil