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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
terça-feira, julho 28, 2015
O RASTRO DESUMANO DOS USA
ONU suspende programas de saúde no Iraque por falta de verbas
© AFP 2015/ SAFIN HAMED
As Nações Unidas decidiram suspender diversos programas de saúde no Iraque que atendiam a mais de um milhão de pessoas por conta de sérios problemas de financiamento, segundo anunciou o serviço de imprensa da organização nesta segunda-feira.
"Mais de 80% dos programas gerais de saúde apoiados por parceiros humanitários estão agora fechados, impactando diretamente um milhão de pessoas".
Segundo a coordenadora humanitária das Nações Unidas para o Iraque, Lise Grande, justo no momento em que o povo iraquiano mais necessita de ajuda, ele está sendo deixado de lado.
A previsão oficial é a de que a suspensão de tantos serviços implicará imediatamente sobre o estado de saúde de 500 mil crianças, que deixarão de ser imunizadas e ficarão expostas a surtos de sarampo e ao ressurgimento da poliomielite.
No último dia 4 de junho, a ONU lançou um apelo para arrecadar pelo menos meio bilhão de dólares para reduzir as consequências da crise humanitária provocada pelos conflitos no Iraque, onde mais de 3 milhões de pessoas já foram deslocadas desde o início de 2014. De acordo com a organização, vários programas para fornecimento de água, comida, saneamento e itens de higiene já foram interrompidos, mas os cortes devem prosseguir nas próximas semanas, atingindo outras áreas, como a de assistência às mulheres e crianças que foram vítimas de violência sexual durante os conflitos.
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