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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, dezembro 11, 2020

E faMILÍCIA acima de tudo!

 

Genocídio brasileiro

Por Luiz Fernando Leal Padulla*


Não são “apenas” mais de 151.000 mortos

Eram vidas que se foram

Pais, mães, avós, filhos, filhas, netos…

Eram o amor de alguém

“Apenas” famílias destruídas, talquei?

Pessoas perdendo suas vidas

Mas “e daí?”

Vamos distrair, tirar o foco

Fazer lives com piadas

Enquanto isso, mais de 5 milhões de cidadãos se infectam

Afinal, você não é médico, talquei?

Mas é um genocida

Um ecocida

Que aproveita para passar a boiada com o apoio do gado

Pois é “Deus acima de todos”

E faMILÍCIA acima de tudo!

Queimem a Amazônia e o Pantanal

Destruam os biomas e vamos culpar o clima seco

Ou ainda, defender o “boi bombeiro”

Agradando a bancada ruralista

E o Agro (que mata, que é tóxico e que não é nada pop)

Fácil enganar a boiada, talquei?

Enquanto isso, seguimos defendendo as armas

A matança de pretos, pobres

Cortando ajuda aos mais necessitados

Vendo mais de 14 milhões de brasileiros e brasileiras passando fome

Em nome do crescimento econômico

Dinheiro, capital, lucro, sionismo…

Que valores temos?

O que nos torna humanos?

Com certeza falta-lhe amor

Caráter, honestidade, hombridade

Coisas que você não tem

Um ser abjeto, racista, repugnante, lesa-pátria

E daí? Não é mesmo?

*Professor, Biólogo, Doutor em Etologia, Mestre em Ciências, Especialista em Bioecologia e Conservação.

(Poesia publicada originalmente no canal “Toda Poesia”, em 06/11/2020, disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=nhjybqv1JY4

Dados atualizados do Brasil  em 10/12/2020: 6.728.452 casos e 178.996 mortes)


Genocídio brasileiro



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