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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
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domingo, agosto 30, 2020
sábado, agosto 07, 2010
Evo Morales lembra a Obama origem migratória de seus pais
Contrário à Lei do Arizona, presidente da Bolívia envia documento a Barack Obama em que critica a nova medida adotada pelo estado americano contra os imigrantes do país, lembrando-o de sua origem.
Por Tatiana Félix
[06 de agosto de 2010 - 18h48]
Em dura crítica à Lei Arizona (SB 1070), que criminaliza a presença de imigrantes no Arizona, Estados Unidos, o presidente da Bolívia, Evo Morales, publicou uma carta ontem (5), dirigida ao presidente estadunidense Barack Obama, na qual ressalta a origem migrante dos pais de Obama. Na carta, Morales também acusa a norma de promover um tipo de apartheid.Classificando esta como a mais dura lei migratória do território norte-americano, Evo Morales fez questão de relembrar ao presidente Obama, que como defensor de políticas sociais, ele não deve esquecer a "origem migrante de seus pais". "Você não pode permitir que o racismo se mantenha em seu país", enfatizou.
O líder boliviano segue descrevendo a história da família Obama, já que os pais do atual presidente estadunidense iniciaram sua vida "em um país que não era deles", onde puderam ter oportunidades para se desenvolver. "Eu não sei o que pensaria seu pai, que foi migrante, se sentisse que agora não poderia viver e trabalhar nos Estados Unidos", disse.
Morales criticou o discurso do governo estadunidense, ressaltando que o país "prega a justiça social, fala de livre circulação, negócios e mercado, no entanto, castiga aos seres humanos, neste caso aos latino-americanos, que tanto esforço e trabalho oferecem para contribuir e apoiar o desenvolvimento de seu país".
"Os Estados Unidos é um país de migrantes", afirmou Morales, defendendo ainda que foram os migrantes quem contribuíram para a prosperidade e o desenvolvimento da nação mais forte do planeta. O chefe da Bolívia acusou a Lei Arizona de ser uma tentativa de promover o "apartheid da discriminação política, econômica, cultural, social e racial contra os irmãos latino-americanos".
Para Evo Morales, a vigência da Lei Arizona, somada à diretiva do retorno voluntário, promovida pela União Europeia, submete a uma situação difícil, milhões de pessoas que se esforçaram para estabilizar uma condição de trabalho. "Senhor presidente, está em suas mãos evitar que em seu país retorne os dias obscuros de perseguição por cor de pele e de origem racial", finalizou.
Lei anti-imigração
A Lei Arizona entrou em vigor no último dia 29 de julho. Por conta de uma decisão judicial, alguns de seus pontos mais polêmicos foram retirados, como a permissão para que policiais detivessem pessoas suspeitas de estarem sem documentos e a abordagem a pessoas suspeitas de estarem ilegais.
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