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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, maio 19, 2010

Liberdade de expressão para quem?






quarta-feira, 19 de maio de 2010
Liberdade de expressão para quem?
Reproduzo artigo do professor Venício A. de Lima, publicado no Observatório da Imprensa:

O recente episódio da demissão do jornalista Felipe Milanez, editor da revista National Geographic Brasil, publicada pela Editora Abril, por ter criticado, via Twitter, a revista Veja, é revelador da hipocrisia geral que envolve as posições públicas dos donos da mídia sobre liberdade de expressão e liberdade de imprensa.

As relações de trabalho nas redações brasileiras, é sabido, são hierárquicas e autoritárias. Jornalistas editores são considerados, pelos patrões, como ocupando "cargos de confiança" e devedores de lealdade incondicional. Mas não se trata aqui da expressão de opinião contrária à posição editorial em matéria jornalística publicada no mesmo veículo. Isso, não existe. Trata-se, na verdade, da liberdade de expressão individual "sob qualquer forma, processo ou veículo".

Segundo matéria publicada no Portal Imprensa, o redator-chefe da National Geographic Brasil, Matthew Shirts, confirmou que Felipe Milanez "foi demitido por comentário do Twitter com críticas pesadas à revista. A Editora Abril paga o salário dele e tomou a decisão".

Pode um jornalista profissional expressar sua posição pessoal sobre o jornalismo praticado por outro veículo cujo proprietário é o mesmo daquele em que trabalha, sem correr o risco de perder o emprego? A liberdade de expressão se aplica quando estão envolvidas relações empregatícias? Ela é ou não é um direito individual universal?

Nota oficial do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, em defesa do jornalista Felipe Milanez, afirma: "Nos últimos anos, junto com outras grandes empresas do ramo, a Editora Abril tem se notabilizado pelo combate a todo tipo de regulamentação social da área de comunicações. Em suas ações sistemáticas contra a constituição de um Conselho Nacional de Jornalistas, pela derrubada total da Lei de Imprensa e pelo fim da obrigatoriedade de diploma de nível superior para o exercício do jornalismo, o argumento mais utilizado é o da `defesa da liberdade de expressão´. Nesses embates, o Sindicato dos Jornalistas no Estado de São Paulo – comprometido com a defesa da democracia e da liberdade de expressão – tem alertado a sociedade para o fato de que as grandes empresas posicionam-se de maneira cínica, pois, na prática, não permitem a liberdade de expressão de seus jornalistas, sobretudo quando contrariam interesses empresariais."

De onde vem a ameaça autoritária?

Temos assistido, nos últimos meses, a uma escalada crescente, na qual a grande mídia, diretamente ou através de suas entidades representativas – ANJ, ANER e Abert – tenta convencer a população brasileira de que existe uma ameaça autoritária, partindo do governo, no sentido de cercear a liberdade de expressão e a liberdade de imprensa no país.

A violenta e bem sucedida campanha contra a diretriz relativa ao direito à comunicação contida na terceira versão do Plano Nacional de Direitos Humanos é apenas o exemplo mais recente.

Os representantes da Editora Abril são parte ativa desta tentativa, onde a grande mídia se apresenta como defensora intransigente da liberdade.

Como, no entanto, conciliar a posição libertária dos grupos de mídia com a relação trabalhista autoritária que mantêm com seus empregados jornalistas? Quais as implicações éticas dessa relação autoritária para com a verdade e o interesse público?

Episódios como a demissão de Felipe Milanez nos obrigam a perguntar, uma vez mais, para quem é a liberdade de expressão que a grande mídia defende?

OS EUA






OS EUA
O GRANDE MAL DO IMPÉRIO É QUE ELE QUER , SEMPRE , FAZER SUA PROPAGANDA SE APRESENTANDO COMO UMA DEMOCRACIA E QUE É SOLIDÁRIO AOS OUTROS PAÍSES E ESTÁ PREOCUPADO COM A PAZ MUNDIAL.
MELHOR SERIA SE ELE RETIRASSE SUA PELE DE CORDEIRO E MOSTRASSE A REALIDADE DE SER UM LOBO FAMINTO DISPOSTO , ÀS ÚLTIMAS CONSEQUÊNCIAS , A MANTER SEU MODO DE VIDA CONSUMINDO TUDO NO PLANETA E DEIXANDO AS MIGALHAS PARA AS OUTRAS NAÇÕES.
OUTRO DIA VI UM INGLÊS , CAPACHO DOS ESTADUNIDENSES , DIZENDO QUE NÃO É POSSÍVEL AO MUNDO VIVER COMO OS OCIDENTAIS E QUE AS OUTRAS NAÇÕES TINHAM QUE SE CONFORMAR COM ISSO.
É EXATAMENTE COMO PENSA A "ELITE" BRASILEIRA.

Frases






Ativismo com atavismo sem saudosismo - mas com um toque de pragmatismo

O Brasil, último país a acabar com a escravidão tem um perversidade intrínseca na sua herança, que torna a nossa classe dominante enferma de desigualdade, de descaso.
Darcy Ribeiro

Só há duas opções nesta vida: se resignar ou se indignar. E eu não vou me resignar nunca.
Darcy Ribeiro

Mestrado é só para mostrar que o sujeito é alfabetisado, pois a metade dos que estão na universidade não sabem ler.
Darcy Ribeiro

“Fracassei em tudo o que tentei na vida.
Tentei alfabetizar as crianças brasileiras, não consegui.
Tentei salvar os índios, não consegui.
Tentei fazer uma universidade séria e fracassei.
Tentei fazer o Brasil desenvolver-se autonomamente e fracassei.
Mas os fracassos são minhas vitórias.
Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu"
Darcy Ribeiro

Ultimamente a coisa se tornou mais complexa porque as instituições tradicionais estão perdendo todo o seu poder de controle e de doutrina. A escola não ensina, a igreja não catequiza, os partidos não politizam. O que opera é um monstruoso sistema de comunicação de massa, impondo padrões de consumo inatingíveis e desejos inalcançáveis, aprofundando mais a marginalidade dessas populações
Darcy Ribeiro

"Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma."

(Joseph Pulitzer - 1847/1911)

"acreditava que o jornalismo era um serviço público, destinado às pessoas “pequenas” e não servindo os interesses do grande poder; um defensor do lado das pessoas e um porta-voz da democracia”.
Enquanto um povo é constrangido a obedecer e obedece, faz bem; tão logo ele possa sacudir o jugo e o sacode, faz ainda melhor;
porque, recobrando a liberdade graças ao mesmo direito com o qual lha arrebataram, ou este lhe serve de base para retomá-la ou não se prestava em absoluto para subtraí-la.

Jean-Jacques Rousseau
- Do Contrato Social
"Fala-se tanto da necessidade de deixar um planeta melhor para os nossos filhos, e esquece-se da urgência de deixarmos filhos melhores para o nosso planeta."
"Se tiver que amar, ame hoje.
Se tiver que sorrir, sorria hoje.
Se tiver que chorar, chore hoje.
O ontem já se foi e o amanha talvez nao venha".
André Luiz
“Se você tem uma maçã e eu tenho uma maçã e nós trocamos as maçãs, então você e eu ainda teremos uma maçã. Mas se você tem uma idéia e eu tenho uma idéia e nós trocamos essas idéias, então cada um de nós terá duas idéias”.
Bernard Shaw

Esta noite milhões de crianças dormirão na rua, mas nenhuma delas é cubana.
Fidel Castro

"Como é meu intento escrever coisa útil para os que se interessarem, pareceu-me mais conveniente procurar a verdade pelo efeito das coisas, do que pelo que delas se possa imaginar."
Maquiavel, O Príncipe

Uma questão diplomática






Uma questão diplomática

O iconoclasta Nelson Rodrigues, cujo verbo ácido a ninguém poupava, amava o povo brasileiro a ponto de espicaçá-lo com falso desdém: era a sua forma de despertar os nossos brios esmaecidos. Dele é a cáustica observação de que “o brasileiro tem complexo de vira-lata”. Não há dúvida de que muitos brasileiros, principalmente nas elites, guardam o deslumbramento dos nativos diante do estrangeiro que chegava do mar. Não fomos os únicos: os bravos guerreiros astecas viram nos invasores espanhóis, montados em portentosos cavalos – que eles não conheciam – centauros invencíveis.

Se Nelson estivesse vivo, provavelmente repetiria o constrangido epíteto: a reação de alguns brasileiros ao acordo obtido por Lula e pelo primeiro-ministro turco Erdogan, com Ahmadinejad, do Irã, é a de que não temos credenciais para nos metermos “em assuntos que não nos concernem”. O raciocínio parte de uma dúvida intimidadora: se o entendimento não der certo, perderemos credibilidade internacional. É um raciocínio que cambaleia, do ponto de vista moral. Ninguém pode desgastar-se por procurar a paz. Não caminha tampouco o argumento de que a situação no Oriente Médio não nos interesse. Com o surgimento da América, as divergências, direta ou indiretamente, começaram a atravessar o oceano. Disso fomos vítimas quando a Holanda, em conflito com a Espanha – a que Portugal estava então unido – invadiu a Bahia e Pernambuco. A partir de 1914, todas as guerras passaram a ser planetárias, mesmo quando o teatro de operações se limite na geografia.

O problema do Oriente Médio nos toca profundamente. Fomos corresponsáveis, com a decidida posição de Oswaldo Aranha – que presidia a Assembléia Geral da ONU em São Francisco – pela criação do Estado de Israel, e de um Estado palestino no mesmo território. Se as nações fossem movidas de mauvaise conscience, estaríamos hoje avaliando se fizemos o melhor em 1948. Concluiríamos que não agimos mal, porque obedecíamos às circunstâncias históricas. E porque não agimos mal naquele momento, agimos bem, agora, quando tentamos esvaziar as tensões entre o Irã e Israel. O confronto não nos interessa, embora possa interessar ao lobby sionista dos Estados Unidos e da Europa. E atuamos com o mesmo sentimento de justiça quando cobramos o cumprimento de todas as resoluções da ONU que exigem a independência e soberania do povo palestino em fronteiras seguras.

É irrelevante saber se a senhora Clinton está atendendo mais aos eleitores sionistas e ao lobby da indústria de armamentos do que aos interesses profundos de seu país, que o presidente Obama parece identificar. Há, desde a campanha eleitoral, diferença de approach com relação ao Oriente Médio entre a bem sucedida advogada de Chicago e o mestiço nascido no Havaí com o inquietante sobrenome Hussein. Cada pessoa é também a sua circunstância, de acordo com o achado do jovem Ortega y Gasset, e a ela sempre pagará algum tributo. A circunstância de Lula fez dele, desde a infância, um negociador. Homens que não nascem com o futuro assegurado pelos bens de família devem negociar o seu destino com os percalços da vida, e Lula soube fazê-lo, e bem, pelo menos até agora.

Desde outubro passado, o governo americano manifestou publicamente seu interesse em uma solução de compromisso pela qual o Irã enviasse seu urânio, parcialmente trabalhado, para enriquecimento completo em outro país. Na época se falou na Rússia, mas os falcões americanos provavelmente a isso se opuseram, em memória da Guerra Fria. Lula se entendeu com a Turquia, membro temporário, como o Brasil, do Conselho de Segurança, a fim de negociar a saída diplomática e honrosa para o impasse.

O Brasil não necessita da licença de terceiros para conduzir sua política externa. Cabe-lhe exercê-la com o respeito que o governo deve ao Estado e, o Estado, à soberania do povo. Entre os que contestam a importância do acordo há os nostálgicos de um tempo em que Otávio Mangabeira beijava a mão de Eisenhower e Vernon Walters dava ordens aos golpistas de 64.

Queiram, ou não, os xenófilos deslumbrados, o compromisso de Teerã é uma vitória diplomática do Brasil e do metalúrgico Luiz Inácio, que chefia o Estado.

Mauro Santayana

Onde anda o Prêmio Nobel da Paz?






Onde anda o Prêmio Nobel da Paz?


Hillary Clinton, agora fardada de falcão neocon, é quem está dando as cartas na Casa Branca?

Vocês notaram que o presidente Obama sumiu? Quem está dando as cartas e jogando de mão é a secretária de Estado, Hillary Rodham Clinton, que não é presidente e nem Nobel da Paz. Cumpre, muito plasticamente, o papel de cão de guarda de Obama, que por sua vez, dá satisfações aos interesses econômicos do combinado industrial-militar, bem como uma ação de sabotagem à multipolaridade diplomática de um possível entendimento Sul-Sul, incluindo Brasil, Turquia, Irã, Japão, China, Índia, etc.

O boicote ao acordo com o Irã visa dois claros objetivos:

1) Bater na mesa para ratificar o mandarinato mundial dos Estados Unidos, junto aos seus aliados;

2) Desestimular o deslocamento do eixo hegemônico da diplomacia internacional para players outros que não aqueles controlados pela Casa Branca e o Departamento de Estado estadunidense.

Editorial de hoje do Guardian londrino - um diário de centro-esquerda, é verdade - confirma que o Irã não tem ainda condições de cumprir com as piores expectativas que o Ocidente lhe atribui. Portanto, o jogo dos EUA é tão sincero quanto o foi o de Bush ao mentir sobre as armas de destruição de Sadam.

Em outubro passado, a mesma proposta acertada domingo em Teerã, foi sugerida pelos EUA e aliados. Se em outubro valia, porque em maio deixa de valer? Só porque foi protagonizada pelo Brasil e Turquia? E não teve o dedo da Casa Branca?

De qualquer forma, intriga é a concordância da China com a sanha sabotadora da Casa Branca. O Wall Street Journal de hoje lembra que "a China tem sido o membro mais resistente do Conselho de Segurança da ONU com relação a sanções ao Irã". Claro, em parte isso se deve à sua dependência do petróleo iraniano, mas continua estranho que os chineses fiquem caudatários passivos do perigoso capricho de madame Clinton - que está se pintando para a guerra.

Mas, a pergunta permanece no ar, todos querem saber: onde anda o Prêmio Nobel da Paz?

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