Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Do ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, hoje, sobre a declaração da secretária de Estado americana, Hillary Clinton, de que Brasil e Estados Unidos possuem “sérias divergências” em relação ao Irã, assunto de que tratei na madrugada de hoje.
“Cada um é livre para ter sua opinião. Se ela define isso como sérias divergências, tudo bem, é a opinião dela. Para mim, o importante é o seguinte, foi sério o nosso esforço em encontrar uma solução pacífica, e isso é o compromisso de Brasil e Turquia”
“Acho que tem muita gente decepcionada porque [o acordo com o Irã] produziu resultados. Porque a expectativa deles era de que não produzisse. Como eles estão insistindo em continuar na mesma linha, eles estão nervosos, nós estamos calmos”o chanceler brasileiro criticou a postura norte-americana e defendeu a autonomia da diplomacia nacional. “Mas você não pode adotar uma política de que quem não está comigo é contra mim. Isso não existe. Nós temos que agir segundo a nossa consciência e segundo as nossas convicções.”
Diz o UOL que, perguntado se a divergência entre os dois governos acerca do Irã prejudicaria a ambição brasileira em tornar-se membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, Amorim foi taxativo: “Se for para ser membro permanente do Conselho de Segurança e ter postura subserviente, é melhor deixar pra lá.”
É isso aí: nem sapato atirado, nem sapato tirado. E lembremos que Mme. Clinton foi parar à frente do Departamento de Estado como solução de compromisso no Partido Democrata, depois de ter sido vencida nas prévias por Obama. Deve estar poderosa, a Dona Hillary.
"Sem forma revolucionária não há arte revolucionária",
ESCÁRNIOS
Desatarei a fantasia em cauda de pavão num ciclo de matizes, entregarei a alma ao poder do enxame das rimas imprevistas. Ânsia de ouvir de novo como me calarão das colunas das revistas esses que sob a árvore nutriz es- cavam com seus focinhos as raízes.
Hillary está uma fera com o Brasil.
E o Brasil com ela
O PiG (*) anda preocupadíssimo com a “profunda divergência” que separa o Brasil dos Estados Unidos, no Irã.
O Editorial do Estadão, na página 3 de hoje, é uma demonstração disso: a Colônia com medo da Metrópole.
É o pessoal “pequenininho”, diria a Dilma; o do “complexo de vira-latas”, para o Nelson Rodrigues.
“Quando todas as coisas tiverem sido ditas e feitas”, como gostava de dizer o sábio George W. Bush, se verá quem tem razão.
Vamos ver se a Hillary tem guts para invadir o Irã.
Até lá, o PiG (*) e seus “embaixadores de pijama”, como diz o Mauro Santayana, vão usar a aposentadoria paga pelo Erário para falar mal do Brasil na Globo News.
Amigo navegante, não perca o seu tempo com o PiG e seus colonistas (**).
O Brasil não precisa de aval da Hillary para fazer política externa.
“Esse pessoal ainda não percebeu que as coisas mudaram”, diz o Mino Carta. “Não sei se para melhor, mas mudaram”.
Por exemplo: o Brasil detém uma das maiores reservas de urânio do mundo.
Só três países no mundo têm urânio e sabem beneficiá-lo: Estados Unidos, Rússia e Brasil.
Sorry, periferia, diria o Ministro Samuel Pinheiro Guimarães.
Amigo navegante, vá ao Blog do Planalto (clique aqui e visite o blog), e leia sobre o III Fórum da Aliança de Civilizações, que se realizou no Museu de Arte Moderna do Rio (sob a inspiração do Pão de Açúcar, plantado na Baia de Guanabara - sorry periferia).
(Isso você não lerá no PiG (*) )
Sexta-feira, 28 de maio de 2010
Acreditamos que a energia nuclear deve ser um instrumento para a promoção do desenvolvimento, não uma ameaça
Durante discurso por ocasião da abertura do III Fórum da Aliança de Civilizações, nesta sexta-feira (28/5), no Museu de Arte Moderna (MAM), no Rio, o presidente Lula enfatizou que “a energia nuclear deve ser um instrumento para a promoção do desenvolvimento, não uma ameaça”. Segundo ele, “são absurdas as teses sobre uma suposta fratura de civilização no mundo, que conduziria inexoravelmente a conflitos. Essas teorias são criminosas quando utilizadas como pretexto para ações bélicas ditas “preventivas”.”
“O Brasil aposta no entendimento, que faz calar as armas. Investe na esperança, que supera o medo. Faz da democracia política, econômica e social sua única arma. Minha experiência como líder sindical ensinou-me que posições inflexíveis só ajudam a confrontação e afastam a possibilidade de soluções de paz, que as maiorias aspiram. Com esses princípios viajei a Tel Aviv e Ramalá buscando paz. Com esse propósito o primeiro-ministro Erdogan [Turquia]e eu fomos a Teerã buscar, com o presidente Ahmadinejad, uma solução negociada para um conflito que ameaça muito mais do que a estabilidade de uma região importante do planeta”, afirmou.
Paulo Henrique Amorim
Em tempo: o Conversa Afiada, porém, acha que o Brasil deve ter tantas bombas atômicas quanto Israel. Mas, não acha que o Brasil, se tivesse, devesse vender bomba atômica ao regime do apartheid da África do Sul, como tentou fazer o presidente de Israel, Shimon Peres. Como demonstrou o jornal inglês The Guardian (clique aqui e leia)
(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.
(**) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG (*) que combatem na milícia para derrubar o presidente Lula. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse pessoal aí.
“Aprendemos com nossa própria história que a tolerância e a igualdade de oportunidades são fundamentais para um ambiente de concórdia e de paz. Ela nos ensinou que a exclusão, o preconceito e a pobreza alimentam cenários de tensão e de conflito, fomentam situações de dominação e de injustiça, que impedem povos e nações de construírem um futuro digno e pacífico. Não haverá encontro fraternal de civilizações enquanto não forem enfrentadas as raízes profundas dos conflitos, enquanto houver fome e desemprego, mas também enquanto persistir a intolerância étnica, religiosa, cultural e ideológica. A promoção de uma cultura de paz deve ser um dos pilares centrais deste Fórum. Para tanto, precisamos renovar mentalidades. Para renová-las é necessário oferecer oportunidade de crescimento econômico com justiça social aos milhões de homens e mulheres que vivem nas margens da Humanidade, humilhados e ofendidos, sem esperança. São absurdas as teses sobre uma suposta fratura de civilizações no mundo que conduziria, inexoravelmente, a conflitos. Essas teorias são criminosas quando utilizadas como pretexto para ações bélicas, ditas preventivas. O Brasil aposta no entendimento que faz calar as armas, investe na esperança que supera o medo, faz da democracia política, econômica e social sua única e melhor arma.”
Em momento de descontração logo após a foto oficial de chefes de Estado no 3.º Fórum Mundial da Aliança de Civilizações, no saguão do Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio, o presidente Lula saiu abraçado ao boliviano Evo Morales e fez piada com o pré-candidato do PSDB à Presidência, José Serra, que, na quarta-feira, afirmara que o governo da Bolívia “é cúmplice” do tráfico de cocaína para o Brasil. “Vamos posar aqui; vamos fazer inveja no Serra”, disse Lula ao colega, rindo bastante, em frente aos fotógrafos. De mãos dadas como presidente do Brasil, Evo também riu, mas não comentou a declaração.
Pouco depois, a entrevista coletiva de Morales, que estava agendada para as 16 horas, foi cancelada. A jornalistas, o boliviano se recusou a responder a perguntas e deu um palpite sobre a Copa do Mundo: “O Brasil será campeão.” Antes, em discurso na reunião plenária de cúpula, no início da tarde, Morales foi muito aplaudido: “Precisamos salvar a humanidade e a natureza do capitalismo”, defendeu. Para ele, criou-se uma “anticivilização” em que tudo vira mercadoria. “Essa anticivilização está levando à destruição do planeta”, discursou.
O presidente boliviano comparou a colonização da América a um “genocídio” e afirmou que a riqueza de civilizações europeias foi construída à custa de “sangue e ouro do nosso continente”. “Uma civilização não se faz com guerras, balas e bases militares. Não haverá paz enquanto não tiver justiça social.