Páginas
Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
quarta-feira, outubro 20, 2010
Cabeça dura e oca no santo do pau oco
Serra é atingido na cabeça por factóide
Felizmente o cérebro do elemento fica bem protegido dentro da impenetrável massa de falsidade e baixaria:
*esquerdopata
Serra deu xilique: E no caminho do Serra tinha um mastro de bandeira ou.... uma bobina de adesivos de papel
Como é fresco esse José Serra hein!O candidato do PSDB José Serra, disse ter se sentido "grogue" após alguém sem muita paciência com as baixarias do Serra, ter encostado em sua cabeça o mastro de uma bandeira ou uma bobina de adesivos de papel (isso é o que relata a Folha).
Mas claro que o jornal não deixaria de mencior que hoje confronto entre militantes do PSDB e do PT quando o tucano participava de caminhada em Campo Grande, na zona oeste do Rio.
Serra que se esondeu dentro de uma loja, saiu depois de algum tempo para declarar aos jornalistas: "O PT tem tropa de choque. Não sei se foi previsto ou não, mas eles fazem no piloto automático. Lembra a tropa dos nazistas? É típico de movimentos fascistas", disse Serra.
Serra chegou a colocar gelo na cabeça para amenizar a "dor" quem nem chegou a sangrar.Mas ele pediu para ser levado para o Hospital para avaliação. O tucano se deslocou até o hospital num helicóptero. Após ser atendido no local, seguiu para o Maracanã para cumprir agenda de campanha.Ou seja, golpe publicitário. Puro merchandising.Quem não tem votos conta história
*amigosdoPresidenteLula
Bonitinha, mas ordinária.
Aparelhamento à moda tucana
Bonitinha, mas ordinária.
*TERROR DO NORDESTE
Redação Carta Capital
Jornal da Tarde revela que Soninha e ex-parlamentares de partidos que apóiam Serra tiveram ou têm função em empresas estatais de SP
A ex-vereadora e ex-subprefeita da Lapa Soninha Francine (PPS), coordenadora da campanha de José Serra (PSDB) na internet, está na lista de ex-parlamentares de partidos que apoiam Serra que têm cargo acumulado em conselhos administrativos de estatais paulistas. A informação é do Jornal da Tarde publicado nesta quarta-feira 20.
Soninha faz parte do conselho de administração da Companhia Ambiental de São Paulo (Cetesb), apesar de não ter currículo que a gabarite para participar de um conselho de um órgão com este. Soninha nega haver favorecimento político na indicação e diz não ver problema em acumular a função com a coordenação da campanha do tucano José Serra à Presidência.
Além dela, a reportagem do JT aponta que ao menos 10 ex-parlamentares de partidos políticos que apóiam o tucano tiveram ou têm função em empresas estatais de São Paulo como o DEM, PMDB (diretório estadual/SP) e PTB. Segundo o jornal, todos recebem salários entre 3,5 mil reais e 4,4 mil reais que podem chegar a 7 mil e 8,8 mil reais caso ocorra o acúmulo de duas reuniões por mês.
Com Soninha na Cetesb estão os ex-deputados federais Koyu Iha (PSDB-SP) e Ney Lopes de Souza (DEM-RN). Na lista, há ainda seis políticos que já deixaram os conselhos para sair nas eleições como candidatos ou trabalhar nas campanhas. Um deles é Eduardo Graeff, ex-secretário-geral da presidência no governo FHC e tesoureiro do PSDB e um dos principais responsáveis pela articulação da campanha tucana na internet, ocupando o cargo de “auxiliar de comunicação”.
No conselho da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), João Faustino (PSDB-RN), que foi subsecretário da Casa Civil, recebia 3,5 mil reais até julho. Ele também recebia 4,4 mil reais por participar de reuniões do conselho da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU). Márcio Fortes (PSDB-RJ), que é um dos arrecadadores da campanha de Serra também esteve no conselho da Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano (Emplasa) até março deste ano, quando saiu para ser vice de Fernando Gabeira (PV) na disputa ao governo do Rio de Janeiro.
O governo estadual enviou uma nota por e-mail à reportagem do JT afirmando que não existe loteamento de cargos e diz que “75% dos cargos dos conselhos são ocupados por representantes ligados diretamente ao governo”.
O governo afirma que existem hoje 223 conselheiros em 21 empresas paulistas. Os dados mostram que há 16 secretários de governo ocupando a presidência das estatais, 98 servidores graduados do Executivo, 7 acionistas minoritários, 35 “representantes da sociedade civil com perfil técnico, econômico ou político” e outros.
O preenchimento de cargos em empresas estatais é, como se sabe, um dos principais artifícios – nada éticos, diga-se – usado por governantes para “completar salários” de ocupantes de cargos de confiança, que não passaram por concursos públicos. Aboletados nestes cargos que lhes exige apenas a participação em esporádicas reuniões para fazer jus ao devido “jetom”, os “conselheiros” ganham um atrativo a mais para se “sacrificar pela vida pública”.
Também é usado este expediente para agradar políticos aliados que não puderam ser acomodados em cargos fixos no aparelho de Estado. Para quem tem feito campanha eleitoral acusando diretamente o governo federal de contratar “amigos e companheiros” para inchar a máquina pública, a revelação do JT cai como uma bomba.
Jornal da Tarde revela que Soninha e ex-parlamentares de partidos que apóiam Serra tiveram ou têm função em empresas estatais de SP
A ex-vereadora e ex-subprefeita da Lapa Soninha Francine (PPS), coordenadora da campanha de José Serra (PSDB) na internet, está na lista de ex-parlamentares de partidos que apoiam Serra que têm cargo acumulado em conselhos administrativos de estatais paulistas. A informação é do Jornal da Tarde publicado nesta quarta-feira 20.
Soninha faz parte do conselho de administração da Companhia Ambiental de São Paulo (Cetesb), apesar de não ter currículo que a gabarite para participar de um conselho de um órgão com este. Soninha nega haver favorecimento político na indicação e diz não ver problema em acumular a função com a coordenação da campanha do tucano José Serra à Presidência.
Além dela, a reportagem do JT aponta que ao menos 10 ex-parlamentares de partidos políticos que apóiam o tucano tiveram ou têm função em empresas estatais de São Paulo como o DEM, PMDB (diretório estadual/SP) e PTB. Segundo o jornal, todos recebem salários entre 3,5 mil reais e 4,4 mil reais que podem chegar a 7 mil e 8,8 mil reais caso ocorra o acúmulo de duas reuniões por mês.
Com Soninha na Cetesb estão os ex-deputados federais Koyu Iha (PSDB-SP) e Ney Lopes de Souza (DEM-RN). Na lista, há ainda seis políticos que já deixaram os conselhos para sair nas eleições como candidatos ou trabalhar nas campanhas. Um deles é Eduardo Graeff, ex-secretário-geral da presidência no governo FHC e tesoureiro do PSDB e um dos principais responsáveis pela articulação da campanha tucana na internet, ocupando o cargo de “auxiliar de comunicação”.
No conselho da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), João Faustino (PSDB-RN), que foi subsecretário da Casa Civil, recebia 3,5 mil reais até julho. Ele também recebia 4,4 mil reais por participar de reuniões do conselho da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU). Márcio Fortes (PSDB-RJ), que é um dos arrecadadores da campanha de Serra também esteve no conselho da Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano (Emplasa) até março deste ano, quando saiu para ser vice de Fernando Gabeira (PV) na disputa ao governo do Rio de Janeiro.
O governo estadual enviou uma nota por e-mail à reportagem do JT afirmando que não existe loteamento de cargos e diz que “75% dos cargos dos conselhos são ocupados por representantes ligados diretamente ao governo”.
O governo afirma que existem hoje 223 conselheiros em 21 empresas paulistas. Os dados mostram que há 16 secretários de governo ocupando a presidência das estatais, 98 servidores graduados do Executivo, 7 acionistas minoritários, 35 “representantes da sociedade civil com perfil técnico, econômico ou político” e outros.
O preenchimento de cargos em empresas estatais é, como se sabe, um dos principais artifícios – nada éticos, diga-se – usado por governantes para “completar salários” de ocupantes de cargos de confiança, que não passaram por concursos públicos. Aboletados nestes cargos que lhes exige apenas a participação em esporádicas reuniões para fazer jus ao devido “jetom”, os “conselheiros” ganham um atrativo a mais para se “sacrificar pela vida pública”.
Também é usado este expediente para agradar políticos aliados que não puderam ser acomodados em cargos fixos no aparelho de Estado. Para quem tem feito campanha eleitoral acusando diretamente o governo federal de contratar “amigos e companheiros” para inchar a máquina pública, a revelação do JT cai como uma bomba.
"ss erra é versão empobrecida de FHC"
Marilena Chauí: "Serra é versão empobrecida de FHC"
Claudio Leal
Do Rio de Janeiro
A professora de Filosofia, Marilena Chauí, 69 anos, foi uma das intelectuais mais entusiasmadas no ato de apoio à candidatura de Dilma Rousseff (PT), no Teatro Oi Casa Grande, no Rio de Janeiro, segunda-feira à noite (18). No púlpito, puxou um santinho do adversário José Serra (PSDB) e criticou o uso de uma mensagem religiosa ("Jesus é a verdade e a justiça") na propaganda política. "É religiosamente obscena", atacou.
Militante histórica do PT, Marilena retornou aos verbos de campanha depois que a sua candidata passou a rebater ataques morais e religiosos. Nesta entrevista a Terra Magazine, após a manifestação de artistas e de intelectuais, ela afirma que Serra é uma "versão empobrecida" do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
- Esse discurso religioso foi uma maneira de desconversar. Ele não tem um projeto para o Brasil. Ele é a versão empobrecida do horror que foi Fernando Henrique Cardoso e, por falta de um projeto real para o Brasil, eles encontraram uma maneira de desconversar.
Para Marilena Chauí, o governo Lula não se distanciou dos intelectuais petistas. O manifesto pró-Dilma, sustenta a professora da USP, "é a retomada do vigor da esquerda". Só não se reuniram antes porque "não tinham que gritar contra nada".
- A nossa presença foi difusa no interior nas várias áreas institucionais do governo. O que eu diria, é: o que nós tivemos hoje foi uma coisa que fazia tempo que a gente não fazia. Mas é porque fazia tempo que não tinha que gritar contra nada, reunir toda essa lindíssima história brasileira.
Confira a entrevista.
Terra Magazine - Ao discursar no ato de artistas e intelectuais que apoiam Dilma, a senhora mostrou e criticou um santinho de Serra, com a frase "Jesus é a verdade e a justiça". Como a senhora avalia a entrada de temas religiosos na campanha?
Marilena Chauí - Olha, esse discurso religioso foi uma maneira de desconversar. Ele não tem um projeto para o Brasil. Ele é a versão empobrecida do horror que foi Fernando Henrique Cardoso e, por falta de um projeto real para o Brasil, eles encontraram uma maneira de desconversar. Primeiro, foi "Dilma é guerrilheira". Não deu certo. Depois foi "Dilma e Erenice". Não deu certo. Agora é Dilma e o aborto. E ele, protetor da sociedade brasileira. É um escândalo, um escândalo. Sobretudo, o que eu acho mais grave, ele está fazendo essa operação através da TFP (Tradição, Família e Propriedade) e da Opus Dei. Nós temos uma pessoa que foi de esquerda, trazendo pela porta da frente aqueles que fizeram a ditadura no Brasil. Trazendo os produtores, os autores da ditadura brasileira. Trazendo pela porta da frente essa conversa religiosa. Isso é inadmissível. Isso é um escárnio. É tripudiar as nossas lutas. É tripudiar a memória. É tripudiar os mortos, os desaparecidos, os torturados. Isso é um escárnio, é um deboche!
Mas o PSDB acusa o PT de fazer também terrorismo com o tema das privatizações, já que Dilma afirma que eles querem privatizar o pré-sal. Não ocorre isso?
Ah, não, não, eles não têm um caráter privatista... A política econômica neoliberal, você sabe, não tem nada a ver com privatização... A ideia do Estado mínimo, a ideia do enxugamento, a ideia de que o Estado não tem que se encarregar dos direitos, mas apenas de serviços, e que o Estado não tem nenhuma obrigação de intervir diretamente na economia, não são princípios neoliberais... Não são princípios que foram adotados pelo PSDB... Não são os princípios que regeram a política do FHC e do Serra em São Paulo, no pouquinho que ele ficou na Prefeitura, no pouquinho que ele ficou no governo do Estado! Ele tem essa peculiaridade. Um homem que foi eleito senador e não cumpriu o mandato. Eleito prefeito, não cumpriu o mandato. Eleito governador, não cumpriu o mandato. Ele é o homem dos desmandatos.
O que esse ato de intelectuais e artistas representa para a campanha de Dilma?
Ele é a retomada do vigor da esquerda, do vigor de uma trajetória histórica de lutas pela democracia, de lutas pela vida republicana, de lutas pelos direitos, de lutas pelas igualdades, pela justiça. É o coroamento de um processo de dignidade dos brasileiros.
Pode significar uma retomada da participação dos intelectuais dentro do PT? Há essa sensação de que eles não estiveram tão integrados ao governo de Lula e deveriam estar, pelo que representaram na história do PT.
Não acho que houve distância entre os intelectuais e o governo. É que os intelectuais participaram de setores importantes da participação popular. Nas câmaras de direitos humanos, nas câmaras de economia solidária, nas câmaras de ecologia, no Bolsa Família nem se fala, no Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar)... Por exemplo, eu participei do Conselho Nacional de Educação - e, como eu, inúmeros petistas, professores... A nossa presença foi difusa no interior das várias áreas institucionais do governo. O que eu diria, é: o que nós tivemos hoje foi uma coisa que fazia tempo que a gente não fazia. Mas é porque fazia tempo que não tinha que gritar contra nada, reunir toda essa lindíssima história brasileira.
A senhora sempre faz críticas às posições da imprensa. Como ela se comporta no processo eleitoral?
Eu sou crítica da mídia como um todo. Em primeiro lugar, o fato de ela ser um monopólio de quatro famílias e que identifique a liberdade de pensamento e de expressão com os lucros dessas famílias no mercado. É uma destruição da noção de liberdade de pensamento e de expressão. Eu tenho dito que aqueles que defendem, verdadeiramente, a liberdade de pensamento e de expressão têm como obrigação fazer a crítica da mídia e recusar a imposição que a mídia nos faz. E eu acho a coisa mais maravilhosa, mais perfeita, o que aconteceu com a (psicanalista) Maria Rita Kehl. Quer dizer, foi esse jornal, o Estado de S. Paulo, que iniciou a cruzada contra o "partido autoritário, totalitário, que impedia a liberdade de expressão". Ele encabeçou essa campanha. E na hora que Maria Rita Kehl escreve uma opinião que discorda da linha editorial do jornal, eles demitem a Maria Rita! Em nome do quê? Então, é preciso fazer a crítica.
*TERROR DO NORDESTE
Claudio Leal
Do Rio de Janeiro
A professora de Filosofia, Marilena Chauí, 69 anos, foi uma das intelectuais mais entusiasmadas no ato de apoio à candidatura de Dilma Rousseff (PT), no Teatro Oi Casa Grande, no Rio de Janeiro, segunda-feira à noite (18). No púlpito, puxou um santinho do adversário José Serra (PSDB) e criticou o uso de uma mensagem religiosa ("Jesus é a verdade e a justiça") na propaganda política. "É religiosamente obscena", atacou.
Militante histórica do PT, Marilena retornou aos verbos de campanha depois que a sua candidata passou a rebater ataques morais e religiosos. Nesta entrevista a Terra Magazine, após a manifestação de artistas e de intelectuais, ela afirma que Serra é uma "versão empobrecida" do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
- Esse discurso religioso foi uma maneira de desconversar. Ele não tem um projeto para o Brasil. Ele é a versão empobrecida do horror que foi Fernando Henrique Cardoso e, por falta de um projeto real para o Brasil, eles encontraram uma maneira de desconversar.
Para Marilena Chauí, o governo Lula não se distanciou dos intelectuais petistas. O manifesto pró-Dilma, sustenta a professora da USP, "é a retomada do vigor da esquerda". Só não se reuniram antes porque "não tinham que gritar contra nada".
- A nossa presença foi difusa no interior nas várias áreas institucionais do governo. O que eu diria, é: o que nós tivemos hoje foi uma coisa que fazia tempo que a gente não fazia. Mas é porque fazia tempo que não tinha que gritar contra nada, reunir toda essa lindíssima história brasileira.
Confira a entrevista.
Terra Magazine - Ao discursar no ato de artistas e intelectuais que apoiam Dilma, a senhora mostrou e criticou um santinho de Serra, com a frase "Jesus é a verdade e a justiça". Como a senhora avalia a entrada de temas religiosos na campanha?
Marilena Chauí - Olha, esse discurso religioso foi uma maneira de desconversar. Ele não tem um projeto para o Brasil. Ele é a versão empobrecida do horror que foi Fernando Henrique Cardoso e, por falta de um projeto real para o Brasil, eles encontraram uma maneira de desconversar. Primeiro, foi "Dilma é guerrilheira". Não deu certo. Depois foi "Dilma e Erenice". Não deu certo. Agora é Dilma e o aborto. E ele, protetor da sociedade brasileira. É um escândalo, um escândalo. Sobretudo, o que eu acho mais grave, ele está fazendo essa operação através da TFP (Tradição, Família e Propriedade) e da Opus Dei. Nós temos uma pessoa que foi de esquerda, trazendo pela porta da frente aqueles que fizeram a ditadura no Brasil. Trazendo os produtores, os autores da ditadura brasileira. Trazendo pela porta da frente essa conversa religiosa. Isso é inadmissível. Isso é um escárnio. É tripudiar as nossas lutas. É tripudiar a memória. É tripudiar os mortos, os desaparecidos, os torturados. Isso é um escárnio, é um deboche!
Mas o PSDB acusa o PT de fazer também terrorismo com o tema das privatizações, já que Dilma afirma que eles querem privatizar o pré-sal. Não ocorre isso?
Ah, não, não, eles não têm um caráter privatista... A política econômica neoliberal, você sabe, não tem nada a ver com privatização... A ideia do Estado mínimo, a ideia do enxugamento, a ideia de que o Estado não tem que se encarregar dos direitos, mas apenas de serviços, e que o Estado não tem nenhuma obrigação de intervir diretamente na economia, não são princípios neoliberais... Não são princípios que foram adotados pelo PSDB... Não são os princípios que regeram a política do FHC e do Serra em São Paulo, no pouquinho que ele ficou na Prefeitura, no pouquinho que ele ficou no governo do Estado! Ele tem essa peculiaridade. Um homem que foi eleito senador e não cumpriu o mandato. Eleito prefeito, não cumpriu o mandato. Eleito governador, não cumpriu o mandato. Ele é o homem dos desmandatos.
O que esse ato de intelectuais e artistas representa para a campanha de Dilma?
Ele é a retomada do vigor da esquerda, do vigor de uma trajetória histórica de lutas pela democracia, de lutas pela vida republicana, de lutas pelos direitos, de lutas pelas igualdades, pela justiça. É o coroamento de um processo de dignidade dos brasileiros.
Pode significar uma retomada da participação dos intelectuais dentro do PT? Há essa sensação de que eles não estiveram tão integrados ao governo de Lula e deveriam estar, pelo que representaram na história do PT.
Não acho que houve distância entre os intelectuais e o governo. É que os intelectuais participaram de setores importantes da participação popular. Nas câmaras de direitos humanos, nas câmaras de economia solidária, nas câmaras de ecologia, no Bolsa Família nem se fala, no Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar)... Por exemplo, eu participei do Conselho Nacional de Educação - e, como eu, inúmeros petistas, professores... A nossa presença foi difusa no interior das várias áreas institucionais do governo. O que eu diria, é: o que nós tivemos hoje foi uma coisa que fazia tempo que a gente não fazia. Mas é porque fazia tempo que não tinha que gritar contra nada, reunir toda essa lindíssima história brasileira.
A senhora sempre faz críticas às posições da imprensa. Como ela se comporta no processo eleitoral?
Eu sou crítica da mídia como um todo. Em primeiro lugar, o fato de ela ser um monopólio de quatro famílias e que identifique a liberdade de pensamento e de expressão com os lucros dessas famílias no mercado. É uma destruição da noção de liberdade de pensamento e de expressão. Eu tenho dito que aqueles que defendem, verdadeiramente, a liberdade de pensamento e de expressão têm como obrigação fazer a crítica da mídia e recusar a imposição que a mídia nos faz. E eu acho a coisa mais maravilhosa, mais perfeita, o que aconteceu com a (psicanalista) Maria Rita Kehl. Quer dizer, foi esse jornal, o Estado de S. Paulo, que iniciou a cruzada contra o "partido autoritário, totalitário, que impedia a liberdade de expressão". Ele encabeçou essa campanha. E na hora que Maria Rita Kehl escreve uma opinião que discorda da linha editorial do jornal, eles demitem a Maria Rita! Em nome do quê? Então, é preciso fazer a crítica.
*TERROR DO NORDESTE
O Brasil não é caranguejo. não andará para tráz
Sai pra lá, FMI. O Brasil agora é outro
Houve um tempo, quando Serra estava no governo federal, em que o FMI abria boca e o Brasil dizia amém. Não só porque concordava com o receituário do fundo, como era grande devedor e não podia discordar.Mas nos últimos oito anos, o Brasil não só pagou sua dívida e prescinde do FMI, como passou a emprestar ao fundo. Por isso, soam anacrônicas as recomendações contidas num relatório publicado hoje pelo FMI de restringir os gastos públicos e o crédito.
Parece mais programa econômico do Serra e não serve para a nova realidade do país. Se não tivesse elevado os gastos públicos com seus programas de distribuição de renda e nem aberto o crédito através dos bancos estatais, o Brasil estaria de pires na mão após a crise de 2008/2009, como passou durante os oito anos do governo de Fernando Henrique Cardoso, que reapareceu na campanha de Serra, depois de um tempo escondido, mostrando a ligação visceral entre os dois.
Segundo matéria da BBC Brasil, o documento do FMI, chamado Perspectivas Econômicas das Américas, o Brasil deve estar atento para os riscos de superaquecimento da economia, inflação e deterioração das contas externas. É exatamente o discurso do Brasil da roda presa. Segurar os gastos, crescer pouco e que se danem os brasileiros que melhoraram de vida com a política oposta à recomendada pelo fundo.
O melhor é não dar ouvidos ao FMI, como foi feito nos últimos oito anos e seguir com a política de crescimento com distribuição de renda que mudou a face do país. O emprego está em alta, todos os setores da economia estão otimistas e a inflação continua sob controle.
O governo tem sabido combater a entrada excessiva de capital estrangeiro, como voltou a fazer ao elevar novamente a alíquota do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) para quem vem aqui apenas especular sem investir na produção. Como disse Lula, hoje, em Goiás, o Brasil quer se tornar a quinta economia mundial em 2016. “Adoramos americanos e europeus mas gostamos mais de brasileiros e tomamos conta das nossas decisões. O Brasil está determinado a se tornar a 5ª economia mundial até 2016. Esse país não tem mais possibilidade de voltar ao passado. Não tem mais possibilidade de ser um país que pensa pequeno.”
Já foi o tempo em que cada recomendação do FMI era ouvida sem contestação. O Brasil recuperou a sua soberania e sabe tomar suas decisões econômicas. Esse é mais um dos motivos para que os tucanos não voltem jamais ao comando do país. Para eles, o FMI é uma espécie de tribunal e o que ele determina não se discute. Cumpre-se.
*Tijolaço
Professores consideram um retrocesso métodos de Serra
Professores universitários, educadores e pesquisadores lançaram um manifesto nesta terça-feira (19) onde defendem "a educação pública" e atacam o candidato do PSDB à presidência, José Serra. A nota, assinada por professores universitários, intelectuais e juristas conhecidos como Antônio Cândido, Fábio Konder Comparato, Marilena Chauí e Alfredo Bosi, busca assinaturas de outros profissionais da área contra o que chama de "propostas e os métodos políticos da candidatura Serra".
"Nós, professores universitários, consideramos um retrocesso as propostas e os métodos políticos da candidatura Serra. Seu histórico como governante preocupa todos que acreditam que os rumos do sistema educacional e a defesa de princípios democráticos são vitais ao futuro do país", diz a nota.
Segundo os professores, diante das reivindicações por melhores condições de trabalho, "Serra costuma afirmar que não passam de manifestação de interesses corporativos e sindicais, de tró-ló-ló de grupos políticos que querem desestabilizá-lo".
Os professores citam incidentes que aconteceram durante a gestão de Serra em São Paulo, como a greve na Universidade de São Paulo, "invadida por policiais armados com metralhadoras, atirando bombas de gás lacrimogêneo", em junho de 2009. A nota ainda cita decreto assinado por Serra "que revogava a relativa autonomia financeira e administrativa das Universidades estaduais paulistas".
Os professores também criticam o salário - "sistematicamente achatados, mesmo com os recordes na arrecadação de impostos" - e o Secretário da Educação de São Paulo, Paulo Renato, que, quando ministro do governo FHC, "sucateou" as universidades públicas federais "ao ponto em que faltou dinheiro até mesmo para pagar as contas de luz, como foi o caso na UFRJ."
Postado por Blog do Celso Jardim
O neolacerdismo de Serra busca sua Tonelero
Quem nasceu para Serra não chega a Carlos Lacerda, eu já disse. O episódio da suposta agressão ao candidato tucano deve ser deplorado e não tem razão alguma quem jogar nem um grão de areia em qualquer pessoa. Mas fazer um escarcéu com a história com o possível fato de ter sido atingido por um rolo de papelão atirado por um manifestante e, segundo a Folha de S. Paulo, fazer uma tomografia computadorizada por causa disso é dose para leão.A manifestação hostil contra sua passagem pelo Rio foi organizada por agentes de saúde com cartazes que chamavam Serra de “presidengue” e o “pior ministro da Saúde” por ter demitido mais de cinco mil agentes de saúde e ter contribuído para a proliferação da dengue no país.
Houve confronto entre os manifestantes e correligionários de Serra. Assessores do tucano disseram que ele levou uma bandeirada na cabeça, mais tarde corrigindo para um rolo de papelão.
O Estadão afirma que não havia ferimento aparente, mas segundo a Folha, que também não viu sangue, Serra foi levado de helicóptero para uma clínica para ser examinado.
Serra já comparou os manifestantes aos nazistas e vai explorar isso ao máximo numa analogia pobre e vergonhosa do atentado a Carlos Lacerda na rua Tonelero, que acentuou a crise que levou ao suicídio de Vargas, em 1954. Mas como a história não se repete nem como farsa, só cai no ridículo.
Claro que condeno todo tipo de violência, e Serra também devia agir assim. Não me consta que tenha se solidarizado com os professores feridos pela ação da tropa da polícia que despachou contra eles quando governador de São Paulo. Olhem a foto de cima, de hoje, e as de baixo, do ano passado, com o que sofreram os professores que protestavam contra os baixos salários que pagava no estado.
Ninguém se surpreenda se Serra aparecer com um curativo na cabeça, haja ou não ferimento. Se ele simula ser até apóstolo, não custa para ser Lázaro.
*Tijolaço
Jatene: Serra foi o inimigo #1 da Saúde
O meu amigo Emiliano José deve ter sido o único espectador de um programa de “debates” na TV Bandeirantes, no domingo à noite.
Não é de debates, porque os entrevistadores, todos, sejam quais forem, fazem sempre as mesmas perguntas ao entrevistado – seja ele quem for.
Sempre, com o invariável objetivo de demolir o Lula, a Dilma, o MST (é um tema de predileção da Casa) e enaltecer o Serra.
Domingo passado, o Emiliano assistiu aos entrevistadores que tentavam desmontar o indesmontável e inatacável Adib Jatene.
Vejam o que Jatene fez com os neo-liberais da UDR:
Jatene x Serra
Emiliano José
Adib Jatene, na Bandeirantes, no domingo, deve ter surpreendido a quem não o conhecia. E deve ter desagradado especialmente ao mundo tucano-demoníaco. Por segundos, quem sabe, aquele mundo pode ter perdido muito de sua arrogância e presunção. E o pior, para tucanos e demoníacos, é que Jatene não pode ser chamado de petista, e contra ele não se poderá utilizar o recurso, já gasto, de trololó. Uma preciosa entrevista dada no programa Canal Livre.
Jatene, sabe-se, foi ministro da Saúde de FHC até que não agüentou mais e saiu. Disse, com todas as letras, que quando ministro do Planejamento de FHC – ele foi, não foi? e eu pergunto porque de repente ele desmente – Serra não aceitou qualquer proposta que vinculasse verba à Saúde, como ele, Jatene, queria. Disse que se ele, Jatene, quisesse lutar por isso, que fosse à luta sozinho.
Foi desmontando, passo a passo, as perguntas fundadas no senso comum neoliberal feitas pelos jornalistas. Não, para ele a carga tributária no Brasil não constitui nenhum escândalo. O que o escandalizava, disse, era ouvir pessoas dizendo que era preciso diminuir a carga tributária no País. Como diminuir a carga tributária se com o que recolhemos de impostos não conseguimos sequer atender às necessidades de saúde do nosso povo? Ele é que perguntava. E os jornalistas sem resposta, embora muito educados face à autoridade do entrevistado.
Só não disse, talvez porque não seja característica dele o combate político direto, que a proposta de Serra, continuador de Fernando Henrique Cardoso, é reduzir impostos e diminuir, portanto, a qualidade de saúde oferecida ao nosso povo. O PSDB e o DEM vociferam diariamente contra a carga tributária no Brasil, a mesma carga tributária que cresceu dez pontos durante o governo Fernando Henrique, e para fazer o governo desastrado que fez.
E o PSDB e o DEM acabaram com a CPMF, menina dos olhos de Jatene. Cometeram esse crime contra o povo brasileiro. Jatene sabe disso. Mas, prefere caminhos mais sinuosos. Não disse que Serra foi patrocinador do fim da CPMF. Jatene mete o dedo na ferida, mas é elegante, polido, diplomático. Deixa que o espectador reflita sobre o que fala.
Mas, os jornalistas, que metabolizaram profundamente a ideologia neoliberal, iam e vinham com as perguntas, aquelas de sempre. Mas, não é um problema de gestão, ministro? Será mesmo carência de recursos? Jatene é calmo, não se irrita, e fala de forma quase pedagógica, como que pretendendo convencer os jornalistas.
Em primeiro lugar, os melhores gestores são os gestores públicos, ensinou. Mas, por quê? reagiram os entrevistadores. São os melhores porque lidam com recursos escassos e fazem um trabalho admirável. Fez elogios rasgados ao SUS. E insistiu, na contramão do demo-tucanato, que o problema central da Saúde no Brasil é de recursos mesmo. E fez um cotejamento detalhado entre os gastos públicos de países desenvolvidos e o Brasil para mostrar o quanto estamos distantes de padrões ideais quanto a recursos para o setor.
Nada disso é trololó. E o pior é que não pode dizer que é agitação de petista, insista-se. Jatene já serviu a vários governos, e sempre levou a sério a função pública. É um médico, dos mais respeitados do País, com notoriedade que ultrapassa as fronteiras nacionais. E que sempre demonstrou que tem o que podemos chamar de espírito público. Quando percebeu que o jogo tucano não era a favor da Saúde, pegou o boné e foi embora. E continua a levar a vida com seu elevado espírito de bem servir a nossa gente.
*conversaafiada
Assinar:
Postagens (Atom)