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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, outubro 20, 2010

O Brasil não é caranguejo. não andará para tráz

Sai pra lá, FMI. O Brasil agora é outro

Houve um tempo, quando Serra estava no governo federal, em que o FMI abria boca e o Brasil dizia amém. Não só porque concordava com o receituário do fundo, como era grande devedor e não podia discordar.
Mas nos últimos oito anos, o Brasil não só pagou sua dívida e prescinde do FMI, como passou a emprestar ao fundo. Por isso, soam anacrônicas as recomendações contidas num relatório publicado hoje pelo FMI de restringir os gastos públicos e o crédito.
Parece mais programa econômico do Serra e não serve para a nova realidade do país. Se não tivesse elevado os gastos públicos com seus programas de distribuição de renda e nem aberto o crédito através dos bancos estatais, o Brasil estaria de pires na mão após a crise de 2008/2009, como passou durante os oito anos do governo de Fernando Henrique Cardoso, que reapareceu na campanha de Serra, depois de um tempo escondido, mostrando a ligação visceral entre os dois.
Segundo matéria da BBC Brasil, o documento do FMI, chamado Perspectivas Econômicas das Américas, o Brasil deve estar atento para os riscos de superaquecimento da economia, inflação e deterioração das contas externas. É exatamente o discurso do Brasil da roda presa. Segurar os gastos, crescer pouco e que se danem os brasileiros que melhoraram de vida com a política oposta à recomendada pelo fundo.
O melhor é não dar ouvidos ao FMI, como foi feito nos últimos oito anos e seguir com a política de crescimento com distribuição de renda que mudou a face do país. O emprego está em alta, todos os setores da economia estão otimistas e a inflação continua sob controle.
O governo tem sabido combater a entrada excessiva de capital estrangeiro, como voltou a fazer ao elevar novamente a alíquota do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) para quem vem aqui apenas especular sem investir na produção. Como disse Lula, hoje, em Goiás, o Brasil quer se tornar a quinta economia mundial em 2016. “Adoramos americanos e europeus mas gostamos mais de brasileiros e tomamos conta das nossas decisões. O Brasil está determinado a se tornar a 5ª economia mundial até 2016. Esse país não tem mais possibilidade de voltar ao passado. Não tem mais possibilidade de ser um país que pensa pequeno.”

Já foi o tempo em que cada recomendação do FMI era ouvida sem contestação. O Brasil recuperou a sua soberania e sabe tomar suas decisões econômicas. Esse é mais um dos motivos para que os tucanos não voltem jamais ao comando do país. Para eles, o FMI é uma espécie de tribunal e o que ele determina não se discute. Cumpre-se.
*Tijolaço



Professores consideram um retrocesso métodos de Serra
Professores universitários, educadores e pesquisadores lançaram um manifesto nesta terça-feira (19) onde defendem "a educação pública" e atacam o candidato do PSDB à presidência, José Serra. A nota, assinada por professores universitários, intelectuais e juristas conhecidos como Antônio Cândido, Fábio Konder Comparato, Marilena Chauí e Alfredo Bosi, busca assinaturas de outros profissionais da área contra o que chama de "propostas e os métodos políticos da candidatura Serra".
"Nós, professores universitários, consideramos um retrocesso as propostas e os métodos políticos da candidatura Serra. Seu histórico como governante preocupa todos que acreditam que os rumos do sistema educacional e a defesa de princípios democráticos são vitais ao futuro do país", diz a nota.
Segundo os professores, diante das reivindicações por melhores condições de trabalho, "Serra costuma afirmar que não passam de manifestação de interesses corporativos e sindicais, de tró-ló-ló de grupos políticos que querem desestabilizá-lo".
Os professores citam incidentes que aconteceram durante a gestão de Serra em São Paulo, como a greve na Universidade de São Paulo, "invadida por policiais armados com metralhadoras, atirando bombas de gás lacrimogêneo", em junho de 2009. A nota ainda cita decreto assinado por Serra "que revogava a relativa autonomia financeira e administrativa das Universidades estaduais paulistas".
Os professores também criticam o salário - "sistematicamente achatados, mesmo com os recordes na arrecadação de impostos" - e o Secretário da Educação de São Paulo, Paulo Renato, que, quando ministro do governo FHC, "sucateou" as universidades públicas federais "ao ponto em que faltou dinheiro até mesmo para pagar as contas de luz, como foi o caso na UFRJ."

Postado por Blog do Celso Jardim




O neolacerdismo de Serra busca sua Tonelero

Quem nasceu para Serra não chega a Carlos Lacerda, eu  já disse. O episódio da suposta agressão ao candidato tucano deve ser deplorado e não tem razão alguma quem jogar nem um grão de areia em qualquer pessoa.  Mas  fazer um escarcéu com a história com o possível fato de ter sido atingido por um rolo de papelão atirado por um manifestante e, segundo a Folha de S. Paulo, fazer uma tomografia computadorizada por causa disso é dose para leão.
A manifestação hostil contra sua passagem pelo Rio foi organizada por agentes de saúde com cartazes que chamavam Serra de “presidengue” e o “pior ministro da Saúde” por ter demitido mais de cinco mil agentes de saúde e ter contribuído para a proliferação da dengue no país.
Houve confronto entre os manifestantes e correligionários de Serra. Assessores do tucano disseram que ele levou uma bandeirada na cabeça, mais tarde corrigindo para um rolo de papelão.
O Estadão afirma que não havia ferimento aparente, mas segundo a Folha, que também não viu sangue, Serra foi levado de helicóptero para uma clínica para ser examinado.
Serra já comparou os manifestantes aos nazistas e vai explorar isso ao máximo numa analogia pobre e vergonhosa do atentado a Carlos Lacerda na rua Tonelero, que acentuou a crise que levou ao suicídio de Vargas, em 1954. Mas como a história não se repete nem como farsa,  só cai no ridículo.
Claro que condeno todo tipo de violência, e Serra também devia agir assim. Não me consta que tenha se solidarizado com os professores feridos pela ação da tropa da polícia que despachou contra eles quando governador de São Paulo. Olhem a foto de cima, de hoje, e as de baixo, do ano passado, com o que sofreram os professores  que protestavam contra os baixos salários que pagava no estado.
Ninguém se surpreenda se Serra aparecer com um curativo na cabeça,  haja ou não ferimento. Se ele simula ser até apóstolo, não custa para ser Lázaro.
*Tijolaço

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