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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, outubro 26, 2010

ss Erra ja era







*osinimigosdejosesserra



26
Oct
Caso Serra-Gregorio: para a Folha não ter trabalho de apurar

Como estamos aqui para ajudar a nossa valorosa e imparcial imprensa, faço questão de ajudar a Folha de S.Paulo a explicar aos seus leitores quais são as ligações entre José Serra, Gregório Marin Preciado e Ricardo Sérgio de Oliveira, personagens citados nos documentos da CPI do Banestado divulgados ontem pelo jornalista Amaury Ribeiro, após seu indiciamento na Polícia Federal.

Portanto, republico abaixo a reportagem de Fernando Rodrigues, na Folha de 10 de maio de 2002.

EXCLUSIVO

Ex-caixa de campanha de tucano participou da operação que concedeu R$ 73,719 milhões de redução de dívida a duas empresas

No BB, Ricardo Sérgio ajudou empresário

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O empresário e economista Ricardo Sérgio de Oliveira ajudou a favorecer no Banco do Brasil, em 1995, empresas de um dos doadores de campanha do pré-candidato tucano a presidente, José Serra. A pessoa favorecida também mantinha um terreno em sociedade com o tucano.
Segundo documentos do BB, a ajuda contou com “operações heterodoxas” e “atípicas” de empréstimo e de redução de dívidas. Ricardo Sérgio foi diretor da Área Internacional do banco de 95 a 98.
O beneficiário foi Gregorio Marin Preciado, um empresário espanhol naturalizado brasileiro que atua na região do ABC, na Grande São Paulo. À época da operação, ele tinha um terreno no Morumbi, bairro nobre da cidade de São Paulo, em sociedade com José Serra. A mulher de Marin, Vicencia, é prima em primeiro grau do tucano. A mãe de Vicencia é irmã da mãe de Serra.
O BB concedeu a Marin uma redução de dívida de, pelo menos, R$ 73,719 milhões resultantes de juros e encargos acumulados sobre empréstimos. Esse benefício foi dado a duas firmas de Marin, a Gremafer e a Aceto, que estavam em situação de inadimplência crônica com o banco.
Em 25 de julho de 95, quando as empresas Gremafer e Aceto continuavam inadimplentes, houve uma tentativa do Banco do Brasil de arrestar bens pessoais de Marin. Depois de fazer uma pesquisa em cartório, o Banco do Brasil elaborou lista de bens pertencentes ao empresário.
Um desses bens foi o terreno que Marin possuía em sociedade com Serra no Morumbi. Vários documentos do banco citam o caso, alguns mencionando o nome do tucano.
Antes que a Justiça pudesse agir, Marin foi mais rápido. Vendeu, junto com Serra, o terreno do Morumbi em 19 de setembro de 95, menos de dois meses depois de o banco ter decidido entrar na Justiça. Impediu assim que a ordem de arresto fosse cumprida, driblando a tentativa do Banco do Brasil de recuperar parte da dívida. (Nota: Serra, no dia seguinte, disse que só tinha registrado a venda em setembro por ter vendido o terreno a prestação)
O valor oficial de venda do imóvel foi de R$ 140 mil, segundo registro no 15º Cartório de Registro de Imóveis de São Paulo. O comprador, a construtora Alfons Gehling & Cia Ltda., projetou para o local um prédio de 12 andares e dois subsolos, depois de ter comprado um lote vizinho e aumentado a área para 1.620 m2.

Primeiro empréstimo
O negócio da Gremafer e da Aceto com o Banco do Brasil começou em 93. O primeiro empréstimo foi equivalente a US$ 2,5 milhões, em agosto daquele ano. Era denominado em dólar porque saía por meio da Resolução 63, um instrumento que os bancos têm no Brasil para captar dinheiro no exterior e repassá-lo a tomadores no país.
O segundo empréstimo saiu no final de 95. Foi equivalente a US$ 2,8 milhões. No total, a Gremafer e a Aceto receberam em reais um valor correspondente a US$ 5,3 milhões do BB. A dívida disparou por causa dos juros altos e da falta de pagamento. Chegou a passar de R$ 61 milhões em novembro de 98, quando o Banco do Brasil finalmente desistiu de ajudar as empresas -uma data que coincide com a saída de Ricardo Sérgio da instituição.
Apesar de lhe faltar dinheiro para pagar em dia o Banco do Brasil, Marin encontrou fundos para fazer doações de campanha a Serra em 94. Ao todo, a Gremafer e a Aceto doaram R$ 62.442,82, segundo a prestação de contas do tucano. No começo de 95, as empresas estavam com dívidas de mais R$ 20 milhões.

Ricardo Sérgio e charutos
A Folha entrevistou sete funcionários do Banco do Brasil que participaram formalmente das decisões a respeito da Gremafer e da Aceto. Em reserva, dois confirmaram inteiramente a influência de Ricardo Sérgio na aprovação da redução de dívidas. Dois disseram que não sabiam. E três se recusaram a falar sobre o assunto, alegando sigilo bancário.
O próprio Marin não esconde que Ricardo Sérgio teve participação na aprovação das operações de empréstimos. “Estive com ele algumas vezes nesse período”, disse o empresário ontem, usando um celular na Espanha, onde se encontra no momento.
Marin faz a ressalva de que as operações não lhe foram favoráveis, e que Ricardo Sérgio esteve presente em reuniões sempre com outros funcionários do Banco do Brasil. A Folha apurou, porém, que as relações do empresário com o ex-arrecadador de fundos do tucano foi mais próxima do que isso.
Em um determinado momento, durante a negociação do empréstimo e da recomposição das dívidas da Gremafer, Marin mandou de presente uma caixa de charutos para Ricardo Sérgio. Confrontado com essa informação, o empresário ficou em silêncio alguns segundos e disse: Eu fumo charutos”. E a Folha: “E daí?”. Ao que o empresário concluiu: “Daí, pronto. Já estou te respondendo. Não vamos entrar nesse nível de detalhes”.
Em seguida ao diálogo sobre o charuto, a ligação caiu. Até o final da tarde de ontem Marin não telefonou novamente para a Folha, embora o jornal tivesse insistido com seu filho, Gregorio Marin Junior, que desejava continuar a entrevista.

Diretores do BB
O superintendente do BB em São Paulo à época da operação com a Gremafer e com a Aceto era Wolney Ferreira. Ele escreveu uma correspondência contundente a respeito do episódio.
Arquivada em meio a centenas de papéis desse caso, a carta de Wolney dá a impressão de que seu autor se precavia contra futuros problemas -afinal, apesar da influência de Ricardo Sérgio, eram funcionários de escalão inferior que tinham de assinar os relatórios favoráveis.
A preocupação de Wolney era com a operação aprovada em 8 de novembro de 95 pela diretoria do BB. Nessa data, foi aprovada uma redução de R$ 16,453 milhões na dívida das empresas de Gregorio Marin Preciado. Além disso, a Gremafer e a Aceto receberam um novo empréstimo no valor equivalente a US$ 2,8 milhões.
Ao comentar essa operação, Wolney redigiu sua carta em 27 de novembro de 95. Endereçou-a ao então presidente do BB, Paulo César Ximenes. Wolney, hoje aposentado e vivendo em Nova York, começava dizendo que a redução de R$ 16,453 milhões e o dinheiro novo se tratavam de “operações em curso anormal”. Eis alguns trechos do documento:

- “Essas soluções heterodoxas e atípicas e, como tais, não ajustadas às normas têm sido invariavelmente submetidas ao Conselho Diretor, com vista ao seu exame e decisão a respeito” (…);
- “Buscou-se dar total transparência sobre a situação dos capitais mutuados, abrangendo desde a sua origem até a eventual decisão de continuidade de cobrança judicial -implementada para pressionar os devedores-, passando, obviamente, por detalhada análise da realidade patrimonial das empresas e coobrigados e, principalmente, posição mercadológica e possibilidade de recuperação econômica dos devedores” (…);
- “No caso da Gremafer e da Aceto, foi efetuado, inclusive pela Diretoria, completo exame de todas as variáveis, tendo sido adotada opção por solução heterodoxa, compreendendo programa de desimobilização [arresto de imóveis”, inclusive com concessão de crédito novo para retomada das atividades produtivas dos devedores (…)”.

Parte do BB foi contra
Segundo a Folha apurou, em novembro de 95 havia divergência dentro do Banco do Brasil sobre se essa era a melhor opção a ser adotada. Mas a decisão final foi a de reduzir a dívida e dar mais dinheiro a Marin.
Quem lê as páginas do processo da Gremafer e da Aceto nota que tudo tramitou pelas instâncias normais do Banco do Brasil. Não há nos documentos nenhuma indicação clara de pressão política. Mas fica evidente que as duas empresas tinham situação muito delicada para serem agraciadas em 95, com redução de dívida e mais dinheiro novo.
A descrição do esquema está em um documento de outubro de 95. A conclusão formal é que o BB deveria aprovar a proposta formal de redução de dívida e oferecimento de dinheiro novo. Apesar dessa decisão favorável, o corpo do texto de 14 páginas traz inúmeros argumentos contrários.
Por exemplo, depois que Gregorio Marin Preciado recebeu seu primeiro empréstimo em 93, diz o documento, “houve considerável saldo financeiro remanescente que passou a ser renovado sem nenhuma amortização”.
E mais: “Para fazer frente aos inúmeros investimentos idealizados pelo sócio majoritário do grupo, a administração da agência optou por continuar assistindo as duas empresas, acatando expressivos valores em cheques em conta corrente”.
Depois de fazer uma primeira recomposição de dívida em maio de 94, “em vista das expressivas obrigações assumidas pelas empresas junto ao banco e a terceiros que oneravam toda a sua capacidade de pagamento, foi realizada uma única quitação de uma única parcela, em outubro de 94″.
Ou seja, as empresas de Gregorio Marin Preciado estavam em situação de inadimplência crônica em 95. Há também uma acusação contra o empresário. O documento do BB de outubro de 95 dizia: “Destaca-se que os recursos captados em nome do grupo possivelmente foram utilizados em diversos negócios pessoais do sr. Gregorio. (…) Tais investimentos não obtiveram o retorno esperado (…) provocando total descasamento entre a capacidade de geração de receitas e fluxos de desembolso das obrigações assumidas”.

Desconto de R$ 57,3 mi
Ainda assim, com toda a depauperação da situação financeira da Gremafer e da Aceto, o Banco do Brasil optou em 95 por dar mais um empréstimo e conceder uma redução de dívida. O argumento básico era que o caminho por via judicial resultaria na obtenção de “créditos em valores inferiores aos apurados” na proposta de recomposição.
A maior redução de dívida ainda estava para acontecer. Em 1998, o Banco do Brasil resolveu liquidar as operações e fazer uma nova recomposição.
Infladas pelos encargos e juros altos, a dívida da Gremafer e da Aceto estava em R$ 61,380 milhões. Conseguiram um abatimento de R$ 57,266 milhões e passaram a dever apenas R$ 4,114 milhões e novas condições de pagamento.
Não adiantou. A Gremafer e Aceto nunca saldaram suas dívidas. Hoje, a Gremafer deve R$ 3.142.937,30, valor que consta na contabilidade do BB no último dia 25 de abril. A Folha não obteve o valor atualizado do débito da Aceto. As duas empresas lutam na Justiça para não pagar. Querem receber de volta algum dinheiro, pois acham que os imóveis que cederam como penhora foram subavaliados.

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Postado por Brizola Neto Comentar
26
Oct
Caso Amaury: conspiração do silêncio?

Não conheço o senhor Amaury Ribeiro. Sei, apenas, que tem uma trajetória profissional que passou pelo jornal O Globo, JB, Estado de Minas, Istoé e vários outros veículos. Não me cabe, mas à polícia, determinar se ele cometeu crime de violação de sigilo fiscal. Nem jurar que o que ele diz é verdade ou mentira. Mas, como qualquer pessoa, Amaury não pode ser reduzido ao silêncio.

E foi isso que a imprensa fez, não obstante ele ser um jornalista e, dentro da profissão, ter tido alguns dos maiores prêmios profissionais que poderia obter: o Prêmio Esso (três vezes) e o Valdimir Herzog (quatro).

Ontem, ao sair do depoimento na Polícia Federal, ele distribuiu documentos que integrariam a CPMI do Banestado, aos quais obteve acesso legal. Não se tratava de declarações de renda ou bens obtidos criminosamente. Os documentos foram xerocopiados no próprio Tribunal de Justiça de São Paulo e trazem este registro de presunçao de autenticidade.

Nada foi publicado.

Nem mesmo a carta com que Amaury Ribeiro encaminhou o documento a seus colegas, que reproduzo abaixo, obtida no Blog do Nassif , onde também podem ser baixados os documentos oferecidos por Amaury, em .pdf, aqui e aqui.

Leia e veja o que os jornais de hoje dizem ser “uma papelada” e deixam de apurar se é verdadeiro.

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Postado por Brizola Neto 5 comentários
26
Oct
E a “Conexão Serra”, não vão publicar?

Os jornais estão cheios de Erenice Guerra. Mas ninguém, exceto a Record, publicou coisa alguma sobre os documentos distribuídos por ele, não oriundos de quebras de sigilo, mas da CPI do Banestado, que revelam a movimentação financeira entre Ricardo Sérgio Oliveira, “bam-bam-bam” das privatizações no Governo FHC e Gregorio Marin Preciado, casado com a prima e amigo do candidato tucano José Serra.

É coisa grossa, de milhões de dplares, enviados para paraísos ficais.

A Folha se refere ao assunto como “papelada”. Decerto acha que os documentos devem servir apenas para fazer bolinhas de papel.

O jornalista Luís Carlos Azenha publicou a matéria da Record no Viomundo, no vídeo que posto aí em cima
*Tijolaço

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