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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, outubro 25, 2010

O Nordeste não trocou o voto pelo miolo do pão








    Bacelar pensa o Brasil


    É com esta frase que Mauricio Dias, na coluna “Rosa dos Ventos”, da Carta Capital desta semana, conclui o artigo “Desconstrução do preconceito – não resulta do Bolsa Família o voto nordestino pró-Dilma, ainda maior no segundo turno.

    Trata-se de observação exata, para este momento de mistificação generalizada, quando, segundo Boff, finalmente, a verdade vencerá a mentira.

    Foi a Folha (*), sempre a Folha, de apropriadas ambiguidades, que, outro dia, ao dedicar 158 páginas a um resultado do Datafalha – nenhum país do mundo leva pesquisa eleitoral tão a sério quanto o Brasil do PiG (**) – , denunciou que a Dilma só existe por causa do Nordeste.

    É o que, uma vez ouvi do Caio T. (de “Tartufo”) Costa, ao analisar a vitória do Lula (por 61% a 39%) contra o Alckmin: Lula não ganhou no Brasil, mas no Nordeste.

    É assim a elite branca e separatista, no caso da elite paulista – e seus fâmulos – , uma espécie de Liga Norte do Berlusconi.

    A doutrina da Revolução de 1932 voltará no dia 1º. de Novembro, quando a Folha “analisar” o resultado.

    Cabe, então, preventivamente, ler o que o Mauricio Dias escreveu, a partir de considerações da respeitada professora Tânia Bacelar, da Universidade Federal de Pernambuco.

    Os beneficiários do Bolsa Família – que mereceu tantos elogios de Mônica Serra – não são suficientes para explicar a votação da Dilma.

    Há outros produtos da administração Lula para explicar o fenômeno da adesão do Nordeste a Lula e a Dilma, lembra a professora Bacelar.

    O comércio varejista cresceu no Nordeste mais do que no Brasil inteiro.

    A Petrobrás investiu maciçamente na região, a começar pela refinaria Abreu e Lima, em Suape.

    Clique aqui para ler “Suape – Pernambuco faz uma revolução”.

    Os investimentos do PAC.

    A Transnordestina.

    Pecem.

    Os estaleiros.

    Lula, segundo a professora Bacelar, quebrou o mito de que a “a agricultura familiar era inviável”.

    Ela é responsável por três de quatro empregos gerados no meio rural de todo o Brasil.

    “O Nordeste liderou  o crescimento do emprego formal no País, com 5,9% ao ano, entre 2003 e 2009, taxa superior à de 5,4% do Brasil como um todo e do Sudeste, que foi de 5,2%.”

    A elite branca (e separatista, no caso de São Paulo), como diz outro pernambucano sábio, Fernando Lyra, “não pensa o Brasil”.

    Basta ver o Serra na televisão.


    Paulo Henrique Amorim

    Com Serra, refinarias do Nordeste e indústria naval vão para o ralo, e pré-sal será entregue a estrangeiros

    Um dos tucanos mais próximos de José Serra na área econômica, Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB/ES), concedeu entrevista à Folha (aqui), onde entrega os planos do PSDB para a Petrobras:

    Para tucanos, refinarias do Nordeste são mau investimento.

    Declaração de Vellozo Lucas: "A Petrobras está desviando recursos para investimentos de rentabilidade duvidosa, como as refinarias do Nordeste".

    Tradução: Refinarias são menos lucrativas do que outros investimentos, então as refinarias do Nordeste não seriam mais construídas, se Serra ganhasse.

    Em tempo: mesmo menos lucrativas, refinarias são necessárias ao país, senão tem que exportar petróleo e importar gasolina, diesel, etc. Ou seja, exporta-se commodities (matéria-prima, mais barata) e importa-se produto industrializado, mais caro.

    Plataformas e navios voltariam a ser encomendados no exterior

    Declaração de Vellozo Lucas: "A empresa contrata serviços e equipamentos pagando três, cinco vezes mais caro que as concorrentes. É isso o que o mercado olha."

    Tradução: Se Serra ganhar vai encomendar plataformas e navios da Petrobras no exterior, gerando desemprego e crise na industria naval nacional. Até 2002, os tucanos encomendavam plataformas e navios no exterior, mesmo quando a diferença de preço no mercado nacional era muito pequena (abaixo de 5%), desconsiderando o efeito que uma encomenda no Brasil traz para o emprego, para a engenharia e tecnologia nacional, para a economia e para o mercado interno.

    Em tempo: O tucano exagera ao extremo, quando diz que a empresa paga muito mais caro que as concorrentes.

    Repare na declaração: "É isso o que o mercado olha"... Os tucanos serristas, acham que uma empresa como a Petrobras deve submeter-se cegamente ao que o mercado financeiro quer.

    Pré-sal seria leiloado e entregue para empresas estrangeiras

    Declaração de Vellozo Lucas: "A mudança da lei é o maior erro estratégico de política econômica da nossa história." - referindo-se ao modelo de partilha modificado agora, comparado ao modelo de concessão de FHC.

    Tradução: Com Serra, as jazidas de petróleo do pré-sal voltariam a ser leiloadas e entregues para empresas estrangeiras explorarem na forma de concessão.

    Em março, tucano disse que "não tinha como dar certo a capitalização da Petrobras"

    Em 22 de março de 2010, Vellozo Lucas atacou a capitalização da Petrobras no jornal Valor Econômico: “Não há como essa operação dar certo. As ações da Petrobras não se valorizam na expectativa da capitalização. Se os minoritários forem prejudicados na avaliação das reservas, o valor da empresa desaba diz".

    Pois a Petrobras fez a maior capitalização da história do capitalismo mundial, com pleno êxito.

    Naquela entrevista o tucano dizia que "Programa do PSDB trará revisão do pré-sal" (aqui para não assinantes).
    *amigosdoPresidenteLula

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