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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, janeiro 01, 2011

O retrato dos novos tempos

gosto muito desta foto... traduz o espírito, a consciência da década...
inaugura a nova era global pautada pelo terrorismo e o crime organizado...
e uma certa indiferença e cinismo blasé no ar hedonista...
e, creio que o WikiLeads acabou de se inaugurar uma nova era da informação.


Thomas Hoepker, da Magnum Photos
EUA. Brooklyn, Nova Iorque. 11 setembro de 2001.  Os jovens relaxam durante a sua pausa para o almoço ao longo do East River, enquanto uma enorme nuvem de fumaça sobe de Lower Manhattan após os ataques ao World Trade Center.
*nassif

Presidente Dilma sobe a rampa

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Por um mundo sem fronteiras







Definitivamente é preciso acabar com as fronteiras geográficas. Elas, e somente elas, resistem a separar a humanidade.
O fim das fronteiras é o início da evolução humana.
Nada, absolutamente nada, justifica a existência desses currais. Não fossem as fronteiras e não haveria a invasão de nações.
Fronteiras são a confirmação da segregação, do preconceito e da incompreensão.
Fronteiras remetem ao medo do outro.
Alguém conhece algo mais contagioso do que o medo?
Fronteiras interessam apenas à indústria bélica, que faz do sangue humano o seu combustível.
Fronteiras servem apenas para as guerras.
E quem é a principal vítima das guerras? Generais? Banqueiros? Empresários? Nenhum deles.
Guerras servem para acabar com o “excedente humano”, os excluídos, os trabalhadores e todos aqueles que vivem de sua força de trabalho.
Este maltratado planeta é muito pequeno para ser dividido em fronteiras.
Está tudo errado, a começar pela educação. É nos bancos escolares que começamos a “amar” nosso país.
E o que representa esse “amor” senão o “ódio” contra o vizinho? Subliminar, é verdade, mas implantado desde a mais tenra idade e lapidado com o passar dos anos.
Não podemos esquecer que o ser humano é o ponto de partida e de chegada.
O ser humano é criador, não pode ser produto e vítima da própria cultura.
Viver neste planeta é viver num eterno círculo. Alguém pode imaginar um círculo com fronteiras?
Somos escravos de nossos hábitos.
Até quando?
Ou aprendemos a conviver ou o Universo não derramará uma lágrima pelo nosso fim.

quinta-feira, dezembro 30, 2010

Presidente eleita convidou 11 ex-companheiras de cela para a posse

Do cárcere para a posse: amigas de cela


Da cadeira do dragão* para a cadeira presidencial

* Maria Frõ
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Lugar de honra para as amigas de cárcere


Um grupo de 11 antigas militantes de esquerda e ex-companheiras de cela de Dilma Rousseff na ditadura militar está entre os convidados especiais da presidente eleita e acompanhará sua posse no sábado, no Palácio do Planalto. Juntas com Dilma, elas estiveram presas na década de 70 na Torre das Donzelas, como era chamado o conjunto de celas femininas no alto do Presídio Tiradentes, em São Paulo. Para o local eram levados os presos políticos, depois de passarem por órgãos da repressão como o Dops e o DOI-Codi.
Entre as convidadas, que também estarão no coquetel no Itamaraty, está a economista Maria Lúcia Urban, que, na época, chegou grávida ao presídio e recebeu todos os cuidados de Dilma.
- A Maria Lúcia e a Dilma tinham uma relação muito forte, que se manteve – disse a socióloga Lenira Machado, outra integrante do grupo e responsável pelo convite da posse às outras colegas do Tiradentes.
Maria Lúcia hoje é diretora do Centro de Formação Estatística do Paraná. Lenira trabalha com projetos e programas do Ministério do Turismo.
Dilma ficou presa, foi condenada e passou três anos na cadeia. Antes de seguir para o Tiradentes, foi torturada durante 22 dias seguidos. A chegada da companheira à Presidência da República é motivo de orgulho para as colegas de militância política, ainda que atuassem em grupos de esquerda distintos e com pensamentos diferentes sobre como enfrentar o regime militar.
- Éramos de diferentes organizações, mas ocupávamos o mesmo espaço. Se não fosse a cadeia, jamais teríamos nos encontrado. Essa coisa nos unia – disse Rita Sipahi, que atuou na Ação Popular.
Dilma era da Var-Palmares. Rita é advogada e integra a Comissão de Anistia do Ministério da Justiça.
Os grupos de esquerda divergiam em especial sobre a adesão ou não à luta armada. Lenira e Dilma tinham uma posição idêntica e defendiam o confronto com os militares.
- Eu e ela concordávamos com a luta armada, embasada na formação de quadros. Não para ser uma simples aventura – disse Lenira, que foi torturada no DOI-Codi e, em 2008, reconheceu seu torturador e o denunciou publicamente.
Ela comemora a eleição de Dilma.
- Não tenho postura feminista, mas é uma vitória ter uma mulher presidente. E nem em sonho imaginava que alguém da luta armada chegaria um dia a esse posto – disse Lenira.
A jornalista Rose Nogueira, que também estará na festa da posse, ficou alguns meses no presídio e tem muitas lembranças de Dilma. Ela se recorda do apego da petista aos livros. De todos os tipos, de teorias da economia aos clássicos da literatura universal. Nos trabalhos manuais na cela, Dilma tinha predileção, segundo Rose, pelo crochê. Fazia bordados em pano.
- Naquela época, Dilma já tinha uma presença forte. Era naturalmente uma líder e muito solidária. Quando a vi num cargo importante no governo Lula, não tinha dúvida que chegaria a presidente do Brasil – disse Rose, que lembrou ainda do gosto de Dilma pela música.
- Ela gostava de cantar “Chico mineiro” – contou Rose, citando uma música caipira que fez sucesso com a dupla Tonico e Tinoco.
As outras colegas de cela que estarão na posse são: a arquiteta Maristela Scofield; a uruguaia Maria Cristina de Castro, que trabalha no Ministério das Minas e Energia; a psicóloga Lúcia Maria Salvia Coelho; a arquiteta Ivone Macedo; Francisca Eugênia Soares e as irmãs Iara de Seixas Benichio e Ieda de Seixas, de uma família que atuou na oposição aos militares.
*comtextolivre


“Um dia, lá no mundão, uma das donzelas da torre será presidente”

por Luiz Carlos Azenha
Rose Nogueira comprou uma camélia vermelha, para usar na posse de Dilma Rousseff. Com a camélia, pretende levar para a festa todas e todos que não puderam estar lá.
Rose e Dilma foram colegas de presídio Tiradentes, em São Paulo, durante o regime militar.
Naquela época, elas costumavam sonhar com a liberdade dizendo: “Um dia, lá no mundão…” vou fazer isso ou aquilo. “Um dia, lá no mundão…” serei assim ou assado.
“Um dia, lá no mundão”, diz Rose Nogueira por telefone, de Brasília, com seu tradicional bom humor, “uma das donzelas da torre será presidente”.
Ela ri de uma notícia que leu a bordo do avião, em O Globo, que fala nas 11 ex-companheiras de cela de Dilma, todas convidadas para a posse. Talvez estivesse se referindo a esta notícia.
Fica sem saber se o jornal tentou ser irônico ao falar em Grupo das Onze, já que os Grupos dos Onze foram os famosos “comandos nacionalistas” criados por Leonel Brizola, nos anos 60, para resistir ao golpe.
O fato é que Rose é uma mulher extraordinária da mesma forma que muitas mulheres o são. Extraordinária com as pequenas conquistas do dia-a-dia, consciente de que é o elo de uma corrente e que, portanto, é preciso persistir. Persistência não é o forte das mulheres?
“Se não fosse a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho, legislação trabalhista implantada pelo governo Vargas) do Getúlio, ela teria se matado de tanto trabalhar”[Rose sobre a avó, a tecelã Maria Ghilardi Guerra, exemplo de mulher batalhadora]
“Eu apanhava porque eu estava fedida de leite azedo” [Rose sobre a tortura. Quando ela foi presa, o filho era recém-nascido]
“Ela contribuiu mais do que qualquer outra para a mudança do Brasil” [Rose sobre a atuação de Dilma no ministério de Lula]
“Quando a gente tava lá na cadeia ficava muito claro que todas tinham vocação política. A Dilma era a pessoa onde mais isso aparecia. Porque ela tinha uma presença muito forte, ela tinha um equilíbrio nas análises das coisas que, embora ela tivesse 20, 21 anos, impressionava, francamente” [Rose, explicando depois que Dilma defendeu na cadeia a ampliação do mar territorial brasileiro de 12 para 200 milhas, uma proposta dos militares]
“Eu considero que quem fez a luta armada contra o povo brasileiro foi a ditadura” [Rose ao lembrar que milhões de brasileiros se opuseram ao regime militar e que os oportunistas costumam repetir, nos dias de hoje, o bordão usado no passado pelos militares, de que a resistência ao regime queria implantar no Brasil uma ditadura de esquerda]
“A gente naquela época era tratada como coisa” [Rose, sobre as mulheres nos anos 60]
Durante nossa conversa Rose Nogueira lembra que a classe operária brasileira se formou nos anos 30, especialmente com a chegada de imigrantes. E que nos anos 60, na geração dela, os filhos de imigrantes começaram a chegar à universidade. Razão pela qual havia muitos filhos de imigrantes na resistência ao regime militar. Gente que tinha ascendido socialmente mas mantinha sua solidariedade com os de baixo. Como foi, aparentemente, o caso dela.
A jornalista perdeu o pai aos 4 anos de idade. Foi morar com a avó, a Maria “que tinha guerra no nome”. Aliás, a avó de Rose não queria saber de batizar ninguém com o próprio nome. Dizia, “Maria tá condenada ao sofrimento”.
Maria contava que, para não perder o emprego, tinha “atrasado” o parto da mãe de Rose. Escondeu a gravidez com a cumplicidade do chefe. A mãe de Rose nasceu no domingo de Carnaval. Na quinta, dona Maria Guerra estava de volta ao emprego.
A vida de dona Maria foi tocada pela implantação, no governo Vargas, da CLT, quando a jornada de trabalho dela caiu de 14 para 8 horas diárias.
Mais tarde a maternidade assumiria ares dramáticos para a própria Rose. Quando ela foi presa o filho tinha 33 dias de vida. Ela narrou o episódio num livro. O Viomundo, faz algum tempo, reproduziu parte do texto de Rose, em que ela descreve a vida no presídio Tiradentes.
Foi deste período, também, a patética demissão de Rose Nogueira do jornal Folha da Tarde. Ela foi demitida por abandono de emprego quanto até as árvores da Barão de Limeira sabiam que a jornalista do Grupo Folha estava na cadeia. Aqui ela tratou do assunto.
Um caso sobre o qual a Folha ainda nos deve explicações, sem falar no empréstimo de viaturas para a Operação Bandeirantes.
O fato é que a geração de Rose subirá a rampa com Dilma Rousseff, no sábado, em Brasília. Junto com a memória da dona Maria Ghilardi Guerra, que faleceu aos 90 anos de idade. E, de certa forma, com todas as mulheres batalhadoras do Brasil, do passado e do presente.
Terminada a entrevista, Rose liga de novo, para complementar: diz que com a avó aprendeu a importância de combater as injustiças, mas que a militância mesmo começou aos 18 anos, quando se apaixonou por um militante do PCB. Amor + luta. Rima com mulher.




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*viomundo

Petrobras faz o que a Chevron do Cerra não faz: uma revolução no fundo do mar


Já imaginou isso tudo nas mãos da Chevron ?
A Petrobras descobre que o campo de Tupi é espetacular.

E dá a ele o nome de um molusco, Lula …

Não foi isso que impressionou este ordinário blogueiro.

Mas, notícia que saiu na capa do Valor de terça feira.

(O Valor que se notabiliza por dar más  noticias sobre a Petrobras …)

A Petrobras realiza nesse momento pesquisas para realizar uma revolução tecnológica.

Em lugar das plataformas que exploram o petróleo lá embaixo, ela vai instalar cidades no fundo do mar, a mais de 2 mil metros da superfície.

Essas Atlântidas – observaram os repórteres Claudia Schuffner e Francisco Goes – farão lá no pré-sal o que as plataformas fazem, só que menores, mais leves e o que é mais importante, mais baratas.

As Atlântidas serão habitadas por máquinas e administradas à distancia por computadores.

O alvo é não precisar mais das plataformas daqui a dez anos, diz Carlos Fraga, gerente-executivo do Centro de Pesquisas da Petrobras, o Cenpes.

Navalha

Imagine, caro amigo navegante, se o Padim Pade Cerra ganha a eleição.

Ele entregava tudo isso à Chevron.

À Chevron.

O pré-sal e o Cenpes, um dos mais sofisticados centros de pesquisas de petróleo do mundo.

Ia entregar como entregou (com o Farol de Alexandria) a Vale do Rio Doce: por 1/10 do verdadeiro valor.

Essa eleição foi sobre o pré-sal.

Essa e a próxima.

Paulo Henrique Amorim

Lula conseguiu fazer com que o coração da política brasileira voltasse a bater


"Lula, a potência do sensível"




Lula - A potência do sensível

O primeiro operário a chegar à presidência da república é, também, o maior governante da história do Brasil. A afirmação pode, sim, parecer audaciosa, precipitada e - como muitos dizem por aí - vulgar. Ora, mas o “vulgar” em questão, é um termo adotado por uma elite microscópica que há oito anos tenta impor termos desproporcionais e descabidos para macular a imagem do “ex”-operário que tornou-se, democraticamente,  presidente do Brasil. A suma maioria – ou seja, o povo – prefere a afirmação de um fato concreto, o fato de Luís Inácio Lula da Silva ter sido sim o melhor, mais sensível e,  por isso, mais popular presidente da história desse país.  

A história é conhecida e demonstra as varias facetas de um homem que dedicou a vida a um país, a um povo, a causas que, em comum, tiveram (e ainda têm) a vontade de tornar digna a existência dos que estão a margem dos processos que ao longo da história – por motivos diversos, sejam eles contingentes ou intencionais - fizera inúmeras vítimas. Vítimas de um processo de esquecimento dos afetos, do sensível, de sentimentos que devem ser (e são), sim, próprios também à política e seus modos de atuação.  Lula tem por mérito maior não apenas o fato de ser o primeiro presidente operário, ou ainda o fato de ter conseguido eleger a primeira mulher presidenta da história do Brasil - fatos esses que são em si, obviamente, significativos e de importância simbólica enorme e desempenham funções efetivas. O maior legado deste homem é, no entanto, ter despertado a potência do sensível e não tê-la feito fracassar. Governar com destreza é saber tratar cada questão de acordo com as particularidades que a envolvem, é sentir-se próximo e afetado pelos problemas mais urgentes dessa questão. Lula mostrou-se grande por mostrar-se afetuoso. A potência de agir foi um imperativo, uma escolha e uma maneira pela qual procurou conduzir sua existência de homem do povo, que é e sempre foi. Lula deu sentido às idéias e as trabalhou, em grande parte, com alegria. A alegria de quem soube potencializar ações para distribuir afetos. E aqui, chamamos “afeto” o que Deleuze definiu a partir de Espinosa; o que, em termos gerais, significa que

(...) há o tempo todo idéias que se sucedem em nós, e de acordo com essa sucessão de idéias, nossa potência de agir ou nossa força de existir é aumentada ou é diminuída de uma maneira contínua, sobre uma linha contínua, e é isso que nós chamamos afeto [affectus], é isso que nós chamamos existir. (DELEUZE,Gilles)

Espinosa nos mostrou o quanto os afetos estão vinculados ao corpo político, e mais ainda, mostrou, também, como as mudanças provenientes desses estados afetivos podem nos levar a situações distintas. A força da existência política se dá em grande parte a partir dos bons encontros, mas, sobretudo, a partir das boas escolhas. Lula conseguiu fazer com que o coração da política brasileira voltasse a bater, e deu vida sensível a um corpo-político marcado pelo horror e ferido gravemente por uma elite assassina, covarde e cruel que sempre teve nojo do povo. A elite do embrutecimento, dos moralismos degradantes e conservadores.
Esse país aprendeu importantes lições nesses últimos oito anos. Lições buscadas, por Lula, no seio dos grandes setores populares, em meio a trabalhadores, ao povo. Essas lições, no entanto, são apenas os primeiros passos para a incessante aprendizagem que seguirá. O Brasil, agora, parece mais possível do que antes.