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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, março 05, 2011

Ventos de guerra









“Cabe aos povos impedir que o imperialismo norte-americano e europeu, no seu declínio historicamente inevitável, afundem a Humanidade na catástrofe.”
Queimando o "Livro Verde". Fotografia de BERNARDO PÉREZ
As revoltas no mundo árabe reflectem, e por sua vez agravam, a grande crise do capitalismo global. Um dos pilares do imperialismo norte-americano – o seu controlo dos recursos energéticos do Médio Oriente – está a ser abalado em profundidade. O imperialismo investe todo o seu arsenal para travar os acontecimentos, ou canalizá-los em direcções «aceitáveis». E procura retomar a iniciativa.
É também nesta óptica que se deve analisar a acção do imperialismo relativamente à Líbia. As reacções oficiais e mediáticas são claramente diferentes das registadas nos casos da Tunísia ou Egipto. Não há análises cautelosas sobre «transições ordeiras». Não há a «ameaça do fundamentalismo islâmico». Entrou em cena a máquina de propaganda e desinformação que antecede as intervenções políticas e militares imperialistas. Numa só semana revivemos as patranhas dos «3 mil mortos em Timisoara», dos «bebés arrancados das incubadores no Kuwait pelos soldados de Saddam», do «genocídio dos albano-kosovares», das «armas de destruição em massa». O MNE inglês entrou nos anais da diplomacia (e da provocação) declarando ter informações de que Kadafi estava a caminho da Venezuela. O imperialismo, responsável por centenas de milhares de mortos só nas guerras dos últimos anos, derrama lágrimas de crocodilo pelos mortos da repressão do regime líbio, para abrir caminho a um novo crime.
Longe vai o tempo em que o regime líbio se caracterizava pelo anti-imperialismo.
Há anos que predomina a colaboração económica, mas também política e entre serviços secretos, com as potências imperialistas. Hoje Kadafi colecciona inimigos entre as forças progressistas do mundo árabe e Médio Oriente. Mas a sua colaboração com o imperialismo não impede que este o sacrifique. A intervenção imperialista – já em curso – não resulta apenas dos enormes recursos energéticos da Líbia, que detém as maiores reservas petrolíferas em África. São também a tentativa do imperialismo retomar a iniciativa, instalando-se militarmente num país que faz fronteira com o Egipto e a Tunísia, lançando um aviso a outros levantamentos populares em curso no mundo árabe (do Iémene ao Bahrain, sede da V Esquadra Naval dos EUA), aliviando a pressão sobre os seus aliados em perigo (daí o entusiasmo da Al Jazeera e da Al Arabiya pela Líbia), a começar pela Arábia Saudita, uma das mais bárbaras ditaduras pró-EUA e peça central da dominação imperialista da região, centro promotor do fundamentalismo mais retrógrado e reaccionário, mas sempre poupada pelos «comentadores» de serviço. E, quem sabe, encontrar finalmente uma sede em África para o AFRICOM... A comunicação social fez grande alarido da viagem do primeiro-ministro inglês ao Cairo, «a primeira após a queda de Mubarak». Mas foi um acerto de última hora numa viagem «a estados do Golfo não democráticos, acompanhado de oito dos principais produtores de armas britânicos». Em simultâneo, «o Ministro da Defesa britânico está na maior feira de armamentos da região, no Abu Dhabi, onde 93 outras empresas britânicas promovem os seus produtos» (Guardian, 21.2.11). Os lucros de mão dada com o apoio aos seus serventuários.
É sinal dos tempos que o principal comentador político do jornal conservador inglês Daily Telegraph escreva (24.2.11): «Os impérios podem colapsar no decurso duma geração […] Hoje, é razoável perguntar se os Estados Unidos, aparentemente invencíveis há uma década, não seguirão essa trajectória. A América sofreu dois golpes profundos nos últimos três anos. O primeiro foi a crise financeira de 2008, cujas consequências ainda não se fizeram realmente sentir [!]. […] agora parece que 2011 irá assinalar a queda de muitos dos regimes ao serviço da América no mundo árabe. É pouco provável que os acontecimentos venham a seguir o rumo asseado que a Casa Branca gostaria de ver. […] A grande questão está em saber se a América irá aceitar a redução do seu estatuto com graciosidade, ou se irá responder com violência, como os impérios em apuros têm tendência histórica a fazer». Os acontecimentos destes dias estão a dar resposta à interrogação. Cabe aos povos impedir que o imperialismo norte-americano e europeu, no seu declínio historicamente inevitável, afundem a Humanidade na catástrofe.
Texto de Jorge Cadima

Câmara quer informações do MP sobre denúncias contra deputada Jaqueline Roriz

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Agência Brasil

Brasília – O presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS), disse nesta sexta-feira 4 que vai pedir informações ao Ministério Público sobre as denúncias envolvendo a deputada federal Jaqueline Roriz (PMN-DF). A parlamentar está sendo acusada de receber dinheiro, em 2006, do então delator do mensalão do Distrito Federal (DF), Durval Barbosa.

O P-SOL, que tradicionalmente entra com processo por quebra de decoro parlamentar, ainda não tem uma posição definida se recorrerá ou não ao Conselho de Ética da Câmara. O líder do partido, deputado Chico Alencar (RJ), informou que o seu partido irá analisar o caso e verificar como ele se desenvolve para adotar as medidas necessárias. “Não vamos nos omitir”.

De acordo com Chico Alencar, a primeira medida a ser tomada é pedir o afastamento da deputada da Comissão da Reforma Política, onde ela é titular. “O afastamento deve se dar pelo menos até que se apure as denúncias. O ideal seria que ela mesmo pedisse para sair da comissão, ou o seu partido fizesse a sua substituição na comissão”.

Em relação ao Conselho de Ética, Chico Alencar informou que ele ainda não está constituído e que parte dos antigos conselheiros tem posição de que como o fato ocorreu antes do mandato não haveria quebra de decoro.

Jaqueline Roriz é filha do ex-governador Joaquim Roriz e sua herdeira política. Ela foi flagrada juntamente com o seu marido, Manoel Neto, recebendo um pacote contendo R$ 50 mil das mãos de Durval Barbosa.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) confirmou nesta sexta-feira que recebeu novo material relativo às investigações do Mensalão do DEM. Entretanto, não disse qual seria o material nem quando teria recebido, apenas que ele está em análise.

Caso a prova seja anexada ao inquérito relativo aos resultados da Operação Caixa de Pandora e Jaqueline Roriz indiciada pelo Ministério Público, a investigação do mensalão do DF pode ir para o Supremo Tribunal Federal (STF), uma vez a política tem foro privilegiado por ser deputada federal.

O inquérito está no STJ desde setembro de 2009 aguardando oferecimento de denúncia pelo Ministério Público. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, já afirmou em outras ocasiões que não pode oferecer denúncia enquanto o relatório apresentado em agosto do ano passado pela Polícia Federal (PF) não estiver completo. A PF, por outro lado, diz que já cumpriu a sua parte e que não restam diligências a fazer.


Agência Brasil


O polêmico beijo do padre e da freira


© Foto de Oliviero Toscani. Imagem de um padre beijando uma freira foi utilizada num anúncio da empresa italiana Benetton. Itália, 1992.
Essa é uma das mais polêmicas fotografias do italiano Oliviero Toscani. A imagem de uma freira beijando um padre utilizada na campanha publicitária da empresa italiana Benetton em 1992, causou furor na Igreja Católica, que protestou duramente contra a veiculação dessa imagem.
*imagens&Visions

Polícia proíbe o uso de remédio pra soluço...


*umpoucodetudodetudoumpouco

Nunkassab manézão





Baile de Máscaras: Os camaleões políticos


Desfeito o namoro com o PMDB, praticamente selado o divórcio com o DEM e acertado um noivado com promessa de casamento com o PSB, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, já começa a reunir adesões ao partido que pretende criar a partir dos idos de abril próximo.
No dia 19 de março Kassab irá a Manaus a convite do governador Omar Aziz (PMN), que na oportunidade pretende anunciar seu apreço à criação da legenda e anunciar filiação tão logo se concretize o projeto. Junto com ele, o prefeito de Manaus, Amazonino Mendes (PTB), e o senador pelo Acre Sérgio Petecão (PMN).
No dia seguinte, Gilberto Kassab estará em Salvador para ouvir o mesmo, em público, do vice-governador Otto Alencar (PP) e mais cinco deputados federais.
O vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos (DEM), também seguirá Kassab, mas outras figuras de destaque de seu atual partido, como o governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo, e a senadora Kátia Abreu (TO), se mudarem para o PDB será mais adiante.
Quem vai brincar o carnaval com tudo esse ano é o folião Kassab. Só não se sabe com qual abadá ainda, mas isso não importa.
O que importa é que Kassab já tem autorização para subir no trio elétrico de todos os partidos, e a pegação vai ser geral. Afinal de contas (e bota contas nisso), ideologias à parte (e bota à parte nisso), o mundo é dos camaleões políticos e dos oportunistas, não é mesmo?
Para o cidadão paulistano, restou tomar um Engov e um Sal de frutas, porque aguentar essa ressaca não vai ser moleza…
E pior é que no momento pelo estado de abandono da cidade o prefeito Kassab passa a concorrer com o ex-Celso Pitta, o título de pior prefeito de São Paulo das últimas décadas.
*CelsoJardim

Lei Maria da Penha “As pedras no caminho à justiça”

“As pedras no caminho à justiça”

 SEMANA DA MULHER 

Em decisão inédita, o ex-juiz Marcelo Colombelli Mezzomo foi demitido dos quadros da justiça gaúcha, por assediar atendente de lanchonete no Rio Grande do Sul. Esta é uma das manchetes que circularam desde o dia 07 de fevereiro, data que o Tribunal de Justiça exonerou o juiz Marcelo Colombelli Mezzomo. A alegação da exoneração teria sido “atitudes impróprias” ou “procedimento incompatível com a dignidade e o decoro das funções”.
O fato que deve servir de exemplo é também uma constatação de que a cultura machista e patriarcal, que permeia inclusive as instâncias judiciárias no país, constitui-se como verdadeiro óbice a realização da igualdade entre homens e mulheres e a promoção da justiça.
Dos fatos:
“Na manhã do sábado, 29 de maio de 2010, o então juiz de direito da vara de Três Passos – cidade 478 km distante de Porto Alegre – comprou um pastel no estabelecimento de Wilson e Maria Lori Neuhaus. Quem o atendeu foi Daniela, de 21 anos, casada há cinco com o filho do casal.
A garota se sentiu constrangida diante do olhar de Mezzomo, classificado por sua sogra como “atrevido”.
- Ele falou que ela era muito bonita para estar atrás de um balcão – relata Lori Neuhaus.
Mesmo depois de Daniela ter dito que era casada, o homem insistiu no assédio. Nem a intervenção de Lori o fez recuar.
- Ele me pediu licença para ficar cobiçando a moça enquanto falava comigo – prossegue a senhora, que assustada, pediu que o magistrado se retirasse.
O homem chegou a dizer que Daniela era “muito bonita e gostosa” e que a familia deveria tomar cuidado com o assédio de estranhos.
- Ele falou que cafajestes como ele poderiam aparecer e provocar problemas – descreve a proprietária do estabelecimento.
Antes de ir embora, Mezzomo pediu ainda que Lori lhe desse um tapa na cara para que ele a deixasse em paz.
- Ele não estava no seu estado normal – acredita a senhora.
Na interpretação do desembargador Túlio Martins, o ex-titular da vara de Três Passos estava “visivelmente embriagado”. “Não sei se não estava sob o efeito de drogas também”, complementa.” (fonte: O Globo).
Do direito – A mulher é sujeito de direitos, e nestes devem ser garantidas a viabilidade de uma vida digna, livre de opressões, violências e dos constrangimentos exercidos pelos homens sobre elas.
As negações e obstáculos a esses direitos são comumente naturalizados pela cultura dominante patriarcal e androcêntrica, que historicamente culpabiliza as mulheres atribuindo a violência e violações ao próprio destino, cuja resposta deve ser a resignação delas diante de tais abusos.
É de fundamental importância compreender que as práticas e concepções machistas não são involuntárias, pelo contrário são fortemente carregadas de sentido que objetivam manter e sustentar a opressão das mulheres e sua invisibilidade ante o Estado de Direitos e a sociedade como um todo.
Desta lógica, decorrem-se múltiplas distorções que transformam assédio em uma mera cantada; violência, como forma de manifestação de amor; assassinatos como extremos de descontrole emocional; e repudio a aceitação das desigualdades e diferentes formas de violência como fenômeno social, que só tem espaço nos discursos feministas.
Queremos dizer com isso, que a naturalização das desigualdades e da violência, perpetuada nas diversas instâncias sociais, é um subterfúgio para legitimar um anti-direito e afastar cada vez mais as mulheres, da realização plena de uma vida digna como direito fundamental de todos os seres humanos.
Neste sentido, o Brasil consolidou em 2006, uma legislação especifica, de tutela especial às mulheres, através da denominada Lei Maria da Penha. Como forma de combate a esta violência especifica, e como reconhecimento, que pela Lei geral, esta forma de violência não seria vencida. Assim, a Lei Maria da Penha, fez assumir, o problema da violência contra mulher, como questão de interesse publico, e não restrito a esfera privada, (“onde não se metia a colher”).
A Lei, que completa agora cinco anos de vigência, bem como as mulheres que dela se utilizaram, foram menosprezadas, questionadas, atacadas, pelos próprios operadores do direito, que saíram prontamente invocando a sua inconstitucionalidade e negando a sua aplicação e necessidade. Fato que conduz a compreensão, de que, um dos principais desafios a serem enfrentados para sua eficácia é sim, a urgente e necessária superação da cultura machista entranhada na própria estrutura de aplicação do direito no país. Deste modo, uma transformação na prestação da tutela jurisdicional, que deve estar a serviço de garantir os direitos da mulher e não da legitimação das desigualdades entre eles e elas naturalizada no conjunto da nossa sociedade.
Além do ex-juíz Mezzomo, Edílson Rumbelsperger Rodrigues, juiz titular da 1ª Vara Criminal de Sete Lagoas (MG), considerou a Lei Maria da Penha inconstitucional e suas decisões foram integralmente reformadas pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Neste caso, o juiz declarou que a Lei Maria da Penha tem “regras diabólicas” e que as “desgraças humanas começaram por causa da mulher”, além de outras frases igualmente polêmicas. Na ocasião da abertura do processo, declarou à imprensa que combate o feminismo exagerado, como está previsto em parte da lei. Para ele, esta legislação tentou “compensar um passivo feminino histórico, com algumas disposições de caráter vingativo”.
A gota d’água – O desligamento do Sr. Marcelo Colombelli, é fruto da reincidência em uma série de “procedimentos incompatíveis” que ele vinha procedendo desde quando foi nomeado juiz. Sabe-se que ele já estava respondendo a outros procedimentos por conduta inadequada e havia sido penalizado com uma censura, que é uma advertência relativamente grave.
É também, uma demonstração, de que a sensibilização necessária da estrutura judicial para o fenômeno da violência sexista, já surte efeitos, embora, haja um longo caminho a ser trilhado para que a justiça, realmente se perfectibilize para as mulheres.
Diante de tudo, não estranhamos que para este ex-juíz a Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06) é considerada inconstitucional e que furtava-se a aplicar a Lei, pois não aceitava julgar processos tendo ela como norma única. Além de não cumprir com sua obrigação enquanto magistrado ele escrevia e publicava artigos sobre suas posições. Chegou a defender que a Lei trata as mulheres com o olhar da vitimização e publicou num sitio de Direito que “Partir do pressuposto de que as mulheres são pessoas fragilizadas e vitimizadas, antes de protegê-las, implica fomentar uma visão machista. Não há em todo o texto constitucional uma só linha que autorize tratamento diferenciado a homens e mulheres na condição de partes processuais ou vítimas de crime”.
Quando juiz titular da 2ª Vara Criminal de Erechim, nunca aplicou a Lei Maria da Penha por considerá-la inconstitucional e violadora da igualdade entre homens e mulheres. Escrevia em suas sentenças que o “equívoco dessa lei foi pressupor uma condição de inferioridade da mulher, que não é a realidade da região Sul do Brasil, nem de todos os casos, seja onde for“, e que “perpetuar esse tipo de perspectiva é fomentar uma visão preconceituosa, que desconhece que as mulheres hoje são chefes de muitos lares e metade da força de trabalho do país“.
Ora, só uma justiça míope, pode pretender tratar desiguais como iguais, promovendo assim maiores injustiças. Fazendo valer suas convicções pessoais, e afastando uma norma legitimamente vigente, fez o ex-juiz as mulheres duplamente vitimas: quando vitimas da violência e ao isentar de responsabilização criminal os agressores.
Assim, identificamos que em diversas situações, o Ministério Público tem recorrido contra as sentenças de juízes em relação às medidas protetivas, haja vista que não são poucos os magistrados que se negam a reconhecer na Lei Maria da Penha sua legalidade e potencial de realização de justiça. Todos os recursos foram concedidos pelas Câmaras Criminais do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul.
Assim, passo a passo, o próprio direito vai afastando as pedras do caminho da justiça. O Sr. Marcelo Colombelli Mezzomo, ex-juiz, é uma pedra a menos, nesta longa jornada que temos para consolidar a justiça para as mulheres, efetivando-se para além da lei e sua forma abstrata.
É imprescindível considerar que a (descom)postura do Sr. Marcelo enquanto no exercício da magistratura, expôs o seu machismo pessoal e todo o seu preconceito contra as mulheres, valendo-se de forma irresponsável da distorção dos instrumentos e dispositivos legais. Já em julho de 2008 a Marcha Mundial das Mulheres repudiou os comentários do ex-juiz afirmando que este, reproduzia o machismo e o patriarcado existente nas estruturas de direito da sociedade. Passados 2 anos e 7 meses o próprio Sr. Marcelo corrobora nossa afirmativa assumindo-se como infrator potencialmente enquadrado pela Lei Maria da Penha. Dessa forma fica nítida e materializada a sua irresponsabilidade e improbidade cometidas no ato de emitir interpretação falsa e pessoalizada de tal legislação em detrimento da aplicação justa e igualitária do Direito.
Permanecem algumas questões. Quantas mulheres serão vítimas duplamente da violência sexista praticada em casa e nos tribunais? Quantos Colombellis utilizarão da deturpação da Justiça para sustentar a invisibilidade e os crimes cometidos contra as mulheres? Quantas Danielas levantarão a voz exigindo seus direitos? Quantas notas, textos, artigos os movimentos feministas terão de escrever reafirmando e combatendo as mesmas práticas, machismo, misoginia e sexismo? Até quando?
Ações do Movimento de Mulheres – A Marcha Mundial das Mulheres, em sua Ação 2010, definiu 4 eixos de intervenção sendo um deles é a violência contra as mulheres. E fala justamente desta violência naturalizada, que faz parte do cotidiano da maioria das mulheres brasileiras e em todos os países e precisa ter um fim. Mas de que forma as mulheres estão se organizando para isto? Dando visibilidade a todas as formas de violência e sua origem. Sabemos que a raiz está no machismo que trata todas as mulheres como objeto e se manifesta de diferentes formas na sociedade capitalista, discriminadora e misógina.
Sabemos que é senso comum que a violência tem sua maior expressão dentro de casa e os agressores estão entre as pessoas conhecidas da mulher, e mais que isso, compõem suas relações de afeto. Mas também sabemos que é violência sermos tratadas como mercadoria, como objetos de desejo dos homens.
Uma vitória foi obtida com a exoneração deste juiz e esperamos que outros juízes também tenham suas condutas avaliadas. A sociedade precisa assumir um compromisso com a tolerância, a paz, e com a igualdade substancial. Para isto cabe ao movimento de mulheres, dar cada vez mais visibilidade às lutas das mulheres contra a violência sexista, a partir da sensibilização das pessoas, através da pressão para que o Estado elabore e execute políticas públicas e o judiciário seja de fato uma instituição ética na qual depositamos nossa confiança e respeito.
Precisamos lutar contra a padronização e por mudanças culturais urgentes. As novas relações sociais serão construídas a partir destes paradigmas, rumo a um projeto global de transformação da vida das mulheres e da sociedade.
Mudar o mundo para mudar a vida das mulheres para mudar o mundo!
Analine Specht é do Coletivo Brasil Autogestionário; Claudia Prates e Sirlanda Selau são militantes fiministas da Marcha Mundial das Mulheres do RS.
*comtextolivre

Obama pode anunciar fim de vistos para brasileiros






O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, desembarca no Brasil na noite da sexta-feira (18) com uma agenda cronometrada. Cercado por uma comitiva com quase mil pessoas, entre seguranças, assessores e secretários, Obama vem fechar uma série de acordos com o governo brasileiro e visitar pontos turísticos no Rio de Janeiro. Na pauta, pode entrar também o fim da obrigatoriedade de vistos prévios para brasileiros que queiram entrar nos EUA.
O primeiro compromisso está marcado para o sábado (19), quando será recebido pela presidente Dilma Rousseff em um almoço no Itamaraty (Ministério das Relações Exteriores) com a presença de dez grandes empresários brasileiros.

Estão na lista as construtoras Camargo Corrêa e Odebrecht; a Coteminas, maior empresa têxtil do país; a Cutrale, gigante na produção de suco de laranja; a fabricante de aviões Embraer; a siderúrgica Gerdau; a mineradora Vale; a Stefanini, que atua na área de tecnologia da informação; a Aracruz, produtora de papel e celulose; e a Votorantim, conglomerado com braços nas áreas de cimento, mineração e metalurgia, siderurgia, celulose e papel, entre outros.

A intenção dos empresários é buscar canais de aproximação com o mercado americano e aprofundar as relações comerciais justamente num momento em que a China ultrapassa os EUA como principal parceiro do Brasil.

O Itamaraty não esconde que poderá haver algum tipo de pressão da delegação americana para que o Brasil escolha os caças F/A-18 Super Hornet, da Boeing, no processo de renovação da FAB (Força Aérea Brasileira).

Fim do carimbo no passaporte

Durante o evento, Obama deve fazer seu principal discurso durante toda a visita. De acordo com assessores da embaixada americana em Brasília, o presidente vai reforçar a visão de que o Brasil não é apenas mais um país na América Latina, mas sim um grande parceiro que tem atuado como protagonista nas grandes questões mundiais.

Diplomatas brasileiros dizem acreditar que o os elogios não ficarão apenas nas palavras. É esperado que Obama coloque em pauta o fim da obrigatoriedade de visto para brasileiros que viajam aos Estados Unidos.

De acordo com Roger Dow, presidente da US Travel Association, quando a rejeição de vistos recua a menos de 5%, o país se habilita a entrar no Visa Waiver Program, que dispensa a necessidade de carimbo no passaporte.

Em 2009, 890 mil brasileiros gastaram R$ 4,4 bilhões nos Estados Unidos, dando ao Brasil a 7ª posição no ranking dos maiores visitantes. No ano passado, o número de brasileiros saltou para 1,2 milhão. O fim da exigência do visto poderia gerar R$ 10,3 bilhões de receitas extras aos americanos, pelos cálculos da US Travel Association. Em tempos de crise, relatam os diplomatas, esse dinheiro é extremamente importante.

Dentre outros acordos que serão assinados, um é especialmente importante para os cerca de 1 milhão de brasileiros que trabalham nos EUA. É que eles deverão ser beneficiados pelo acordo de cooperação na área de Previdência Social. Por esse programa, aquele que paga a Previdência nos EUA e resolver voltar para o Brasil, poderá resgatar o que pagou no território americano.

Turismo no Rio

No domingo (20), Obama terá uma dia mais à vontade, ainda mais porque estará na companhia da mulher, Michele, e das filhas Sasha, de 11 anos, e Malia, de 9 anos. Apesar de a programação ainda não estar fechada, espera-se que a família visite o Pão de Açúcar, o Cristo Redentor e uma praia.

Um dos programas que está definido é a visita a uma comunidade que conte com uma UPP (Unidade de Polícia Pacificadora). É nesse local que Obama dará um tom mais popular à sua visita.

A ideia, previamente acertada com o governo brasileiro, é de fazer propaganda para os eventos internacionais que virão por aí, como a Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016, no Rio.R7
*osamigosdopresidentelula

Hage diz que STF facilita corrupção. Gilmar vestiu a carapuça




STF facilita a corrupção, diz ministro da CGU


Na posse de Luiz Fux como novo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro-chefe da Controladoria Geral da União (CGU), Jorge Hage, acusou a Corte de, indiretamente, acabar por beneficiar criminosos de colarinho branco.


“O STF tem alguns entendimentos a meu ver extremamente conservadores na linha de um garantismo exagerado que facilita a vida dos réus de colarinho branco. Espero que o STF evolua em alguns entendimentos, especialmente naqueles relacionados ao princípio da presunção da inocência… Não pode ser a presunção da inocência a presunção da versão do réu. Depois de duas versões dadas pelo Poder Judiciário (…) ainda assim prevalece a versão do réu”


Hage deposita esperança em Fux, como defensor da diminuição de recursos e sobre a celeridade em condenações judiciais:


“É um magistrado de carreira que sabe da importância de se reduzirem os obstáculos para os processos chegarem ao final para que os corruptos possam afinal ir para a cadeia”, declarou.


Gilmar Mendes destoa e diz que tribunal é “garantista” com os corruptos


“Sempre há esse juízo sobre tal ou qual tema. Não estou seguro que o Tribunal seja bonzinho com o réu de colarinho branco. O Tribunal é garantista. O Tribunal não permite terrorismo, não permite um Estado policial” – disse Gilmar Mendes, na contra-mão das críticas.


Mendes foi “garantista” ao extremo quando fez cerão até meia-noite no STF para garantir, no mesmo dia, um habeas-corpus de soltura do banqueiro Daniel Dantas da prisão. (Com informações do Terra)

*PHA

Bruna Surfistinha bate recorde de público e renda no Brasil

Por Redação, com FilmeB - de São Paulo
Bruna Surfistinha
A atriz Deborah Secco vive a personagem da prostituta Bruna Surfistinha no cinema
A grande expectativa do ano, diante da reação inesperada do público diante do tema polêmico que a produção aborda, Bruna Surfistinha fez a festa dos produtores. Assinado pela TV Zero, com a coprodução da rede Telecine e da RioFilme, e lançado pela Imagem em mais de 340 salas por todo o país, o drama sobre a jovem de classe média que se torna garota de programa, estrelado por Deborah Secco, foi visto por 400,4 mil espectadores em seu fim de semana de estreia, alcançando bilheteria de R$ 4,2 milhões. O filme também obteve a melhor média do ranking, superior a mil espectadores por sala.
Os números dão a Bruna Surfistinha o posto de segunda maior abertura de 2011 (atrás apenas de Enrolados, da Disney) e o sétimo lugar, em público, no ranking de aberturas nacionais dos últimos 20 anos. Dessa forma, Bruna já se posiciona como um dos sucessos nacionais de 2011. Trata-se, ainda, de um raro caso de blockbuster nacional sem parceria ou apoio da Globo Filmes.
*CorreiodoBrasil


"Bruna Surfistinha": um programa e tanto


Muita gente diz que a história de Bruna Surfistinha não tem nada de especial. Concordo plenamente. Porém, o que estas pessoas não percebem é que não ter nada de especial é justamente o que a história dela tem de especial.

Em si mesma, a profissão do sexo não torna ninguém melhor ou pior do que os outros. É, ou devia ser, uma constatação óbvia, mas no cinema e na mídia de uma forma geral não é isso o que se vê. A prostituição costuma ser tratada como atividade abjeta de pessoas imorais, ou mazela social a ser extirpada em uma futura sociedade justa, ou, ainda, um mundo de glamour e prazeres intermináveis, que lembra a enferrujada imagem da "vida fácil".

Num caso, a prostituta é uma degenerada a ser posta fora do convívio social. Em outro, uma vítima, que tem que ser resgatada. No terceiro, uma heroína, digna da nossa admiração (ou inveja).

O maior acerto de Bruna Surfistinha, de Marcus Baldini, é fugir desses pré-juízos. Sua Bruna (aliás, Raquel, nome de batismo) é uma menina com dificuldades de socialização, o que não a leva a "cair" no meretrício. Este aparece como uma opção entre outras, a melhor para aquela moça específica, que precisa sair de casa e ter uma renda que lhe permita algum grau de independência. Ela faz uma escolha e assume a responsabilidade por ela, ou seja: não se trata da jovem "iludida" ou "aliciada".

É esse o assunto central na tela: o custo/benefício da liberdade, os ônus e os bônus de se mandar no próprio nariz. A protagonista não tem dúvidas: por mais caro que seja, o preço vale a pena. Portanto, esqueçam qualquer possibilidade de uma "redenção": esse filme não pretende redimir ninguém, muito pelo contrário: ao final, em off, Bruna declara: "Foi como garota de programa que aprendi a não julgar, a aceitar as pessoas como elas são, como elas conseguem ser."

Não me entendam mal: o glamour está no filme, as mazelas também (Bruna se vicia em cocaína), mas nenhum dos dois se transforma em ferramenta para condenar, absolver ou glorificar as profissionais do sexo ou sua atividade. Inserem-se na realidade das meninas, que também inclui paixões, baladas, famílias e um esplêndido momento "puta pride" em um salão de beleza grãfinoide. As companheiras de Bruna podem ser amigas leais como Gabi, ou aproveitadoras inconsequentes, como Carol, mas acima de tudo são humanas.

Sem apelar para a sacanagem gratuita, Baldini fez um filme descarado, sem vergonha no melhor sentido da expressão e desprovido de qualquer pretensão de chocar o espectador ou lhe ensinar sociologia (embora acabe caindo na tentação de desnecessárias justificativas psicológicas para o homem que procura a zona - a gente vai lá para transar, é só isso). Não é genial, não é obra prima, é um filme bom e honesto, como sua personagem principal.

Personagem, aliás, interpretada com entrega, coragem e competência por Deborah Secco. Alguém precisa obrigar essa moça a fazer mais cinema, nem que seja amarrada (sem fantasias, tarados). Ela conseguiu criar um leque de diferentes tipos para a protagonista, aparentemente aproveitando sua experiência anterior. A menina Raquel remete à adolescente meio machona Carol, de Confissões de Adolescente, enquanto Bruna, em certos momentos, lembra a doce Moema de Caramuru, e em outros aquelas adoráveis vadias que Deborah interpreta em algumas novelas.

Respeitando a inteligência de seu espectador, abstendo-se de elucubrar sobre o bem e o mal e tratando o sexo como uma dimensão a mais da vida, que não deve causar vergonha nem obsessão, o filme agrada também pelos personagens plausíveis, bem construídos, e pela narrativa sem invencionices.

Em tempos nos quais o cinema brasileiro, em sua vertente dominante, tem tratado seu público como criança, como alguém a ser entretido com bobagens e instruído sobre como se comportar, essa postura dissonante de Bruna Surfistinha o credencia como alvissareira surpresa.
*canalfofão

Bruna Surfistinha


Sinopse:

Aos 17 anos, Raquel se sente desajustada na escola, onde é ridicularizada pelos colegas, e em casa, onde vive em conflito com a família. Um dia, a menina de classe média toma uma decisão surpreendente: virar garota de programa. Ela foge de casa e vai viver num privê, onde as garotas moram e recebem clientes. Adota o nome de Bruna e fica amiga daquelas mulheres, como a intempestiva Janine. Ali conhece Huldson, que vai se empenhar em tirá-la da prostituição. De ingênua e desajeitada, Bruna se torna a garota de programa mais disputada do lugar e a que mais ganha dinheiro. Conhece a sofisticada Carol, que lhe mostra a prostituição de alto luxo, e aluga um flat para receber seus próprios clientes. A fama nacional vem quando, com o nome de Bruna Surfistinha, passa a contar num blog suas aventuras sexuais e afetivas como garota de programa. Mas Bruna vê seu dinheiro e sua saúde serem consumidos pela cocaína e, quando chega ao fundo do poço, é hora de dar uma nova guinada em sua vida.

Elenco:

Deborah Secco ... Raquel / Bruna
Cassio Gabus Mendes ... Huldson
Drica Moraes ... Larissa
Fabíula Nascimento ... Janine
Cris Lago ... Gabi
Erika Puga ... Mel
Simone Illiescu ... Yasmim
Brenda Ligia ... Kelly
Guta ... Carol
Juliano Cazarré ... Gustavo
Clarisse Abujamra ... Celeste
Luciano Chiroli ... Otto
Sérgio Guizé ... Rodrigo
Gustavo Machado ... Miguel

Ficha Técnica:

Gênero: Drama
Classificação etária: 16 anos
Tempo de Duração: 109 minutos
Ano de Lançamento: 2011
Estréia no Brasil: 25/02/2011
Estúdio/Distrib.: Imagem Filmes
Direção: Marcus Baldini


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*acervonacional