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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, julho 26, 2011

Venezuela registra menor taxa de desigualdade da América Latina

 

Com 0,38 pontos, a Venezuela é o país que registra a menor porcentagem de desigualdade social no continente, informou nesta segunda-feira (25) o presidente do Instituto Nacional de Estatística (INE), Elías Eljuri.

Em uma entrevista com a emissora local YVKE Mundial Rádio, o funcionário afirmou que esse dado será avaliado pela Comissão Econômica para a América Latina e Caribe, responsável por promover o desenvolvimento socioeconômico da região.

O presidente do instituto fez referência a diminuição da pobreza extrema – que, de 21%, em 1999, passou para 6,9%, quando o presidente Hugo Chávez assumiu o mandato. A tendência, segundo o governo, é de continuar diminuindo.

Eljuri destacou também o incremento nos últimos 12 anos de trabalhadores formais – que antes representavam 46% e agora são 57%. Enquanto que, os empregos informais diminuíram de 53 para 42%.

*esquerdopata

Deleite

Medíocre

A mediocridade grassa.
E não é de se achar a menor graça!
 *milfacesdeluiza

O que a mídia sionista, que domina a grande parte da imprensa brasileira e mundial, não quer mostrar.

(França, Venezuela, 2011, 74min - Direção:
Tocante, Sensível, Chocante! 

O que a mídia sionista, que domina a grande parte da imprensa brasileira e mundial, não quer mostrar.

Você ainda acha que Israel é vítima dos palestinos? Assista a esse estupendo documentário e tire suas conclusões.

Comentários Jair de Souza: Documentário que trata do ataque efetuado em águas internacionais pelos comandos militares do Estado de Israel contra a frota humanitária que pretendia dirigir-se a Gaza para entregar ajuda com bens de primeira necessidade aos cerca de um milhão e meio de pessoas que sobrevivem há vários anos a um ferrenho bloqueio imposto pelas forças de ocupação de Israel. Neste ataque aos pacifistas desarmados, os comandos israelenses conseguiram assassinar a nove deles e ferir gravemente quase uma centena de outros.

“Que tipo de pessoa eu seria ao ver pessoas sendo massacradas sem que eu fizesse nada?”

"Devemos proteger as crianças palestinas como se fossem nossos próprios filhos e filhas"

"O Sionismo para os palestinos é mesmo que o nazismo para os judeus, o 'nunca mais' relacionado ao holocausto deveria ser para toda a humanidade e não somente para estes".


*docverdadedocumentariosdeverdade

Somália: as reais causas da fome

Há 20 anos a Somália se vê envolvida em uma "guerra civil", em meio à destruição de suas economias tanto rural quanto urbana.

O país enfrenta agora uma fome generalizada. De acordo com as últimas informações, dezenas de milhares de pessoas morreram de desnutrição nos últimos meses. As vidas de milhões de pessoas estão ameaçadas.

A mídia hegemônica atribui a fome casualmente a uma forte seca sem examinar questões de fundo.

Uma atmosfera de "ilegalidade, brigas de gangues e anarquia" também é apontada como uma das maiores causas por detrás da fome.

Mas quem está por trás da ilegalidade e das gangues armadas?

A Somália é categorizada como um "estado falido", um país sem governo.

Mas como ela se tornou um "estado falido"? Há ampla evidência de intervenção estrangeira, assim como apoio às milícias armadas. Criar "estados falidos" faz parte da política externa dos EUA. É parte de sua agenda de inteligência militar.

De acordo com a ONU, a situação de fome prevalece em Bakool e Shabelle, áreas parcialmente controladas pela Al Shahab, uma milícia jihadista afiliada à Al Qaeda.

Tanto a ONU quanto a administração Obama acusaram a Al Shahab de impor uma "proibição de agências de ajuda estrangeiras em seus territórios em 2009". O que as notícias não mencionam, no entanto, é que a Jarakat al-Shabaab al-Mujahideen (HSM) ("Movimento da Juventude em Luta") foi fundada pela Arábia Saudita e financiada por agências de inteligência ocidentais.

O suporte ocidental de milícias islâmicas é parte de um padrão histórico mais amplo de suporte a organizações jihadistas e afiliadas à Al Qaeda em vários países, incluindo, mais recentemente, a Líbia e a Síria.

A grande questão é: que forças externas precipitaram a destruição do Estado Somali no início da década de 1990?

A Somália foi autosuficiente em alimentos até o final dos anos 1970 apesar de recorrentes secas. No início da década de 1980, sua economia nacional foi desestabilizada e a agricultura alimentar destruída.

O processo de desarticulação econômica precedeu a guerra civil em 1991. O caos econômico e social resultante da "economia de recuperação" do FMI preparou o terreno para a guerra civil financiada pelos EUA.

Todo um país com uma rica história de comércio e desenvolvimento econômico foi transformado em um mero território.

Ironicamente, este território possui uma significante reserva de petróleo. Quatro gigantes petroleiras estadunidenses já estavam alertas antes mesmo do começo da guerra civil em 1991.

O início dos anos 1980 foi um ponto decisivo.

O programa de ajuste estrutural do FMI e do Banco Mundial foi imposto na África subsaariana. As fomes recorrentes de 1980 e 1990 são em grande parte as consequências da "economia de recuperação" do FMI e do Banco Mundial.

Na Somália, dez anos de economia de recuperação do FMI jogaram o país numa economia desarticulada e no caos.

No final dos anos 1980, depois de recorrentes "medidas de austeridade" impostas pelo consenso de Washington, os salários no setor público caíram a três dólares mensais.

Tradução e edição de Glauber Ataide
Fonte: Global Reserach
Fonte:
*palavraseimagens 

Lula recebe três títulos Honoris Causa em Pernambucana



22/07/2011

Três universidades pernambucanas outorgaram títulos de Doutor Honoris Causa ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta sexta-feira (22). As deferências foram feitas pela Universidade de Pernambuco (UPE), pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).

Durante a cerimônia, que ocorreu no teatro Santa Isabel, no Recife, Lula se revelou emocionado. “Vocês não podem imaginar o que ele significa para um pernambucano retirante como eu, que não teve as oportunidades escolares que todo jovem deveria ter, mas que sempre acreditou no potencial libertador da educação”, disse.

Blog do Lula
*Brasilmostraatuacara

Viva a disfuncionalidade do Brasil!

O assassino em massa norueguês Anders Behring Breivik cita o Brasil, no manifesto racista que divulgou na internet, como um exemplo do que a “mistura de raças” produz em uma nação.
Segundo sua mente transtornada pelo ódio, seríamos assim “por causa da “revolução marxista brasileira”, o Brasil teria se tornado uma mistura de raças o que se mostrou uma “catástrofe” para o país que é “de segundo mundo” com um baixo nível de coesão social. Os resultados seriam os altos níveis de corrupção, baixa produtividade e conflitos entre as diferentes culturas”.
Breivik é um doente, mas a forma que sua doença assume é moldada por um caldo de cultura que existe aqui também, embora nem todos os que pensam como ele vão sair fuzilando dezenas de jovens. Mas ele existe e tem muita gente que está mergulhada nele e, mesmo sem verbalizar ou escrever isso, acha que o Brasil negro, mestiço, cafuzo, mulato, é a praga e o atraso deste país.
Cheios de dedos, para não explicitar seu racismo social, o que eram os que reclamavam daquela “gente diferenciada” que uma estação do Metrô traria a Higienópolis?
Mas deles a gente está cansado de falar.
Nós também temos culpa nisso.
Porque paramos de celebrar, por nos agarrarmos – usando a expressão do próprio terrorista, em seu manifesto – à idéia de tribo, de grupo fechado por alguma razão: etnia, gênero, ideologia, a riqueza da diversidade.
A maior perversidade da discriminação é essa: a de nos cegar para vermos a riqueza de nossa igualdade humana.
Estamos, com razão e por dever, tão presos a afirmar os direitos de grupos – e todos eles os têm e são invioláveis – que descuidamos de proclamar a maravilha de nossa grande – por que não assumir a palavra – disfuncionalidade.
Porque o ser humano não é uma função. Não é uma peça, um produto, algo feito em série, para cumprir um papel.
O milagre do povo brasileiro não é apenas respeitar a diversidade, mas ter forjado nela uma unidade nessa tão rica e una diferença.
Disfuncional, para aquele lunático terrorista.
Desprezível, para nossas elites, que nos consideram, por isso, inferiores, embora não tenham mais coragem de afirma-lo com todas as letras, o que não os impede de colocar cercas eletrificadas, insulfilme e, sobretudo, de aderir e aplaudir a ideia de que este país seja de todo o seu povo.
Que falta nos faz um Darcy Ribeiro agora – e como nossa intelectualidade se empobreceu por não os produzir às centenas – que proclame nossa miscigenação como virtude e avanço, e não esqueça dela porque tenha medo de dizer que ela é boa, porque soma todos os que somos iguais: negros, brancos, amarelos, índios e até nossos noruegueses.
Como debocharam da ideia generosa do “socialismo moreno” que ele, Darcy, e Leonel Brizola, apregoaram diante de seus narizes torcidos, tentando dizer que, numa sociedade justa, aberta e igualitária, todos nós em algumas gerações, seríamos da mesma cor, feita de todas as cores.
Como zombaram da ideia de uma “civilização dos trópicos”, por acharem boa, mesmo, aquelas frias e funcionais, que produzem desvios assim. E não é de hoje, vide as barbaridades coloniais, depois o nazismo e estes seus filhos tardios.
Não temos de ser funcionais, o que nada tem a ver com não sermos racionais.
Um país, como ser humano, vive em busca da felicidade.
E felicidade é um estado de alegria coletiva, de aceitação, do que o Frei Leonardo Boff dizia ser a festa, onde as pessoas dizem sim a todas as coisas.
É, porque a gente precisa entender e sentir que o não só tem sentido, quando se nega o sim para alguém. Nós não temos ódio, mas não descuidamos de lutar pelo direito – e o dever – de amar.
É isso: só o que temos contra nossas elites é não aceitar que o povão seja gente. É não entender o verso do Tom que diz que é impossível ser feliz sozinho.
O Rolex e a futilidade a gente aceita e tolera.
E ainda pergunta que horas são.
*tijolaço

Testemunhas de ação contra
coronel Ustra serão ouvidas AMANHÃ

A propósito do artigo de Luiz Claudio Cunha – Sarney e Ustra – e de Vladimir Safatle sobre o fantasma que ronda a Europa (e o Brasil), este Conversa Afiada reproduz e-mail que recebeu de Tatiana Merlino:

O Tribunal de Justiça de São Paulo marcou a audiência da ação movida pela família do jornalista Luiz Eduardo Merlino no dia 27 de julho, AMANHÃ às 14h30, no Fórum João Mendes, centro da capital paulista.


O Tribunal de Justiça de São Paulo ouvirá as testemunhas que presenciaram a tortura e morte do jornalista Luiz Eduardo Merlino, em audiência da ação movida por sua família contra o coronel reformado do Exército Brasileiro, Carlos Alberto Brilhante Ustra – como o ex-ministro da Secretaria Especial de Direitos Humano Paulo de Tarso Vanucchi.


Do outro lado, entre as testemunhas arroladas por Ustra está o senador e ex-presidente José Sarney.


Merlino foi torturado e assassinado em São Paulo, em julho de 1971, nas dependências do Doi-Codi, centro de tortura comandado por Ustra entre outubro de 1969 e dezembro de 1973.


A audiência acontece no mês em que se completam 40 anos do assassinato do jornalista.


Além de Vanucchi, devem depor sobre o crime o historiador e escritor Joel Rufino dos Santos e ex-militantes do POC (Partido Operário Comunista), organização na qual Merlino militava, como Eleonora Menicucci de Oliveira, Laurindo Junqueira Filho, Leane de Almeida e Otacílio Cecchini.


Entre as testemunhas de defesa arroladas por Ustra, que serão ouvidas por carta precatória, estão ainda o ex-ministro Jarbas Passarinho, um coronel e três generais da reserva do Exército Brasileiro, Gélio Augusto Barbosa Fregapani Paulo Chagas, Raymundo Maximiano Negrão Torres e Valter Bischoff.


A ação por danos morais está sendo movida pela irmã do jornalista, Regina Maria Merlino Dias de Almeida, e sua ex-companheira, Angela Mendes de Almeida e é subscrita pelos advogados Fábio Konder Comparato, Claudineu de Melo e Aníbal Castro de Souza.


Em 2008, Ustra foi declarado torturador pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, em ação movida pela família Teles. Esta é a segunda ação movida pela família de Merlino contra o coronel da reserva do Exército.


Merlino era jornalista. Trabalhou nas publicações Jornal da Tarde e Folha da Tarde. Era militante do Partido Operário Comunista (POC).


Quando: Dia 27 de julho, às 14h30

Onde: Fórum João Mendes,

Pça. João Mendes, s/n – Centro, São Paulo

Informações: (11) 8327-5319 / Tatiana

*PHA


Sarney é testemunha da defesa de Ustra, o chefe da tortura




O Conversa Afiada publica artigo de Luiz Claudio Cunha, que, recentemente, defendeu a extinção da Lei da Anistia:

Sarney e o torturador, Ustra e o presidente


Luiz Cláudio Cunha*

O próximo desatino de José Sarney já tem hora, dia e local definidos: às 14h30 desta quarta-feira, dia 27, no Fórum João Mendes do Tribunal de Justiça de São Paulo, no centro da capital paulista.


Ali, na inesperada condição de testemunha de defesa, o senador Sarney, presidente do Congresso Nacional, vai louvar e enaltecer o maior ícone vivo da repressão mais feroz da mais longa (1964-1985) ditadura da história brasileira — o coronel reformado do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra.


É o homem que montou e comandou, na fase mais sangrenta do Governo Médici (1970-1974), o centro de tortura mais notório do regime, o DOI-CODI do II Exército, na rua Tutóia, a cinco quadras do ginásio do Ibirapuera, no coração de São Paulo. Sarney vai tentar livrar Ustra de uma nova condenação como torturador (a primeira foi em 2008), agora acusado pelo assassinato em 1971 do jornalista Luiz Eduardo Merlino, que sucumbiu após quatro dias de tortura brutal no DOI-CODI paulista.


As unidades de Destacamento de Operações de Informações (DOI) do Centro de Operações de Defesa Interna (CODI) instaladas nos principais comandos da força terrestre no país se converteram em sinônimo de morte e terror. Poucos saíam vivos dali. Quem sobrevivia carregava na carne e na memória as marcas do suplicio. José Sarney sempre soube disso, na comprometedora condição de um dos caciques nacionais da ARENA, o partido inventado pelos militares para apoiar politicamente a ditadura sustentada pelo terror metódico das masmorras de Ustra e seus comparsas.


Sarney será o único civil no banco de defesa, que ele vai dividir com um coronel e três generais da reserva. Serão confrontados, pelo lado da acusação, com o testemunho de cinco ex-presos políticos e ex-militantes — como Merlino — do Partido Operário Comunista (POC), e de dois ex-torturados do DOI-CODI: o ex-ministro de Direitos Humanos do Governo Lula, Paulo Vanucchi, e o historiador e escritor Joel Rufino dos Santos.


É sempre saudável reavivar a mambembe memória de Sarney para a sórdida natureza do ofício de Ustra e para a macabra sina de seu local de trabalho. No Rio de Janeiro, o DOI-CODI do I Exército operava no sinistro endereço da rua Barão de Mesquita, sob a direção do major Adyr Fiúza de Castro, versão carioca de Ustra. O comandante do I Exército era o general Sylvio Frota, que dizia não tolerar a tortura. Mas, nos 21 meses em que exerceu seu comando, entre julho de 1972 e março de 1974, Frota teve o dissabor de lamentar a morte de 29 presos no seu DOI.


No DOI-CODI paulista — o maior do país, que chegou a ter 400 beleguins selecionados por Ustra na barra mais pesada da PM paulista, da polícia e do Exército —, o ar também era insalubre. Nos 40 meses em que ali reinou sob o codinome de ‘Major Tibiriçá’, Ustra amargou 40 mortes e uma denúncia de tortura a cada 60 horas, segundo a Comissão de Justiça e Paz do cardeal Paulo Evaristo Arns. Em depoimento oficial ao Exército, o major camarada de Sarney contabiliza em São Paulo, no período de 100 meses entre janeiro de 1969 e maio de 1977, a prisão de 2.541 “subversivos” e o fim violento de 51 “terroristas” — como sempre, “mortos em combate” contra as equipes carcará de Ustra.


Luiz Eduardo Merlino, repórter do Jornal da Tarde, entrou como preso no DOI-CODI e, quatro dias depois, estava irremediavelmente morto, antes de completar 23 anos.  Na noite de 15 de julho de 1971, ele dormia na casa da mãe, em Santos, quando foi despertado por três homens em trajes civis, armados com metralhadoras. “Logo estarei de volta”, disse Merlino, tentando tranqüilizar a mãe e a irmã. Nunca mais voltou. 


Merlino passou a madrugada e o dia seguinte na sala de tortura. Ao lado ficava a solitária, conhecida como “X-Zero”, uma cela quase totalmente escura, com chão de cimento, um colchão manchado de sangue e uma privada turca. O único preso do lugar, Guido Rocha, ouvia os gritos e gemidos de Merlino, submetido a sessões continuadas de tortura pelas três turmas de agentes que se revezavam em turnos de oito horas no DOI-CODI para preservar o ritmo da pancadaria ao longo do dia. Horas depois, arrastado pelos torturadores, ele foi jogado na “X-Zero”. Estava muito machucado, as duas pernas dormentes pelas horas pendurado no pau-de-arara. Para ir à privada, Merlino precisava ser carregado por Guido. Estava tão debilitado que, no lugar da usual acareação com outro preso na sala de tortura ao lado, Merlino teve o ‘privilégio’ de ser acareado na própria “X-Zero”.


Na manhã do dia 17, o enfermeiro da Equipe A de Ustra arrastou uma mesa até o pátio para onde se abriam sete celas. O carcereiro carregou Merlino até a mesa improvisada, onde o enfermeiro, com bata branca, calças e botas militares, colocou-o de bruços para massagear as pernas. Quando lhe tiraram o calção, os presos viram que as nádegas de Merlino estavam esfoladas. Os presos das celas 2 e 3 o ouviram dizer que fora torturado toda a noite e que suas pernas não o obedeciam mais. Um dos detidos, Rui Coelho, seria anos depois vice-diretor da Faculdade de Filosofia da USP. De volta ao “X-Zero”, Merlino foi submetido pelo enfermeiro ao teste de reflexo no joelho e na planta do pé. Nenhum respondeu.


Tudo o que ele comia, vomitava. Havia sangue no vômito. Guido deu uma pêra a Merlino, que lhe fez um apelo: “Chame o enfermeiro, rápido! Eu estou muito mal”, disse Merlino, agora com os braços também dormentes. O companheiro bateu na porta, gritou por socorro.  O enfermeiro voltou, com outras pessoas, identificadas por Guido como torturadores. Merlino foi transferido para o Hospital Geral do Exército. No dia 20, pela manhã, o PM Gabriel contou aos presos do DOI-CODI de Ustra que Merlino morrera na véspera. “Problemas de coração”, disse.  Às 20h daquele mesmo dia, dona Iracema Merlino recebeu um telefonema de um delegado do DOPS com uma versão menos caridosa: seu filho, contou o policial, matou-se ao se jogar embaixo de um carro na BR-116, ao escapar da escolta que o levava a Porto Alegre. O corpo do jornalista foi entregue à família num caixão fechado.


Dois anos depois, ainda preso no DOI-CODI, o historiador Joel Rufino dos Santos ouviu de um de seus torturadores, o agente Oberdan, esta versão: “O Merlino não morreu como vocês pensam. Ele foi para o hospital passando mal. Telefonaram de lá para dizer: ‘Ou cortamos suas pernas ou ele morre’. Fizemos uma votação. Ganhou ‘deixar morrer’. Eu era contra. Estou contando porque sei que vocês eram amigos”.


O laudo do IML, assinado por dois médicos legistas, apontava como causa da morte “anemia aguda traumática por ruptura da artéria ilíaca direita”, e finalizava com uma suposição nada científica: “Segundo consta, foi vítima de atropelamento”. Amigos de Merlino acorreram ao local do suposto atropelamento, e não encontraram nenhum vestígio do acidente. Não houve registro policial, o atropelador não deixou pistas. A censura impediu a notícia da morte de Merlino. Só no dia 26 de agosto de 1971 é que O Estado de S.Paulo conseguiu vencer a barreira, publicando o anúncio fúnebre para a missa de 30⁰ dia na Catedral da Sé. Quase 800 jornalistas compareceram ao culto na Sé, cercada por forte aparato policial, que incluía agentes com metralhadoras infiltrados até no coro da igreja. 


Esta é a história que José Sarney vai ouvir no tribunal. A estória que o coronel Ustra contará é a mesma de sempre e foi antecipada por ele, no início do mês, num site de ex-agentes da repressão e nostálgicos da treva, o Ternuma, abreviatura de ‘Terrorismo Nunca Mais’.


Esta é a delirante, cândida versão de Ustra: “Ao voltar [da França, Merlino] foi preso e, depois de interrogatórios, foi transportado em um automóvel para o Rio Grande do Sul, a fim de ali proceder ao reconhecimento de alguns contatos que mantinha com militantes. Na rodovia BR-116, na altura da cidade de Jacupiranga, a equipe de agentes que o transportou parou para um lanche ou um café. Aproveitando uma distração da equipe, Merlino, na tentativa de fuga, lançou-se na frente de um veículo que trafegava pela rodovia. Se bem me lembro, não foi possível a identificação que o atropelou. Faleceu no dia 19/7/1971, às 19h30, na rodovia BR-116, vítima de atropelamento”. Um parágrafo adiante, Ustra concede: “Hoje, quarenta anos depois, se houve ou não tortura, é impossível comprovar”.


Assim, só cuspindo marimbondos de fogo para confiar na versão de uma equipe tão distraída do mais temido DOI-CODI do país e para acreditar na repentina agilidade física de um preso capaz de correr para uma rodovia federal e incapaz de alcançar a privada da masmorra pela paralisia das pernas destroçadas no pau-de-arara.  Nem o imortal José Sarney, autor de 22 livros, três deles romances, conseguiria produzir ficção tão ordinária, tão sórdida, tão indecente.  


No Tribunal de Justiça de São Paulo, a partir desta semana, um ex-presidente da República poderá apressar (ou não) o seu melancólico final de carreira. Acreditando no inacreditável e defendendo o indefensável, José Sarney encontrou, enfim, o roteiro e o personagem que podem levá-lo definitivamente ao brejal da desmemória, da inverdade e da injustiça.


Pensando bem — pensando no presidente e no torturador, no ‘coronel’ e no coronel —, Sarney e Ustra bem que se merecem!


O Brasil e os brasileiros é que não mereciam isso.


*Luiz Cláudio Cunha é jornalista.
cunha.luizclaudio@gmail.com

Ustra e Merlino. Ustra e Sarney. O Ustra é o mesmo
 *PHA

Aborto: 10 razões para legalizar

 Você pode ser contra o aborto sem ser contra a legalização do aborto!!! 
Se te disseram que legalizar o aborto vai fazer todas as mulheres “saírem abortando” bebês de até 9 meses todos os dias em hospitais públicos e fazendo com que o números de abortos aumente drasticamente gerando um caos social, você foi enganad@ porque:
1) Os números já são drásticos: aproximadamente mil mulheres morrem por ano ao realizarem abortos na clandestinidade. Fora essas, estima-se que 2 milhões de abortos clandestinos são realizados por ano. Essa soma é apenas aproximada porque é ilegal. Se o aborto fosse legalizado, o governo teria oficialmente o número de abortamentos, poderia controlá- los e saberia onde tem mais ou menos abortos para tentar diminuir este número. Se o aborto é crime não se tem controle, o número de abortos não diminui, mais mulheres morrem, mais pessoas são presas e o governo não pode fazer nada para mudar isso.
2) Em todos os países ocidentais em que o aborto foi legalizado há anos, observa-se cada vez mais uma diminuição do número de abortos. Quando se legaliza, fala-se mais sobre o assunto aumentando a informação para poder evitar.
3) Em quase nenhum país ocidental em que o aborto é legalizado, ele pode ser feito após 3 meses de gestação. Portanto, essas fotos que mostram abortamentos de bebês grandes e formados são enganadoras. Não será permitido aborto após 3 meses de gestação!
4) As clínicas clandestinas lucram muito no comércio ilegal de abortamentos, que é sustentado por pessoas ricas que fazem o aborto num dia e saem no outro sem problemas e ainda dizendo publicamente que são a favor da vida. O problema fica com as mais pobres, na maioria negras. Criminalização aumenta a hipocrisia e os bolsos de muita gente.
5) Se o aborto for legalizado nenhuma mulher será obrigada a abortar. Quem é contra poderá manter sua opinião.
6) Legalizar o aborto não é incentivar o aborto. Junto com a legalização, o Estado vai reforçar campanhas de educação sexual, direitos sexuais e reprodutivos, aumentar o acesso de mulheres e homens para os métodos contraceptivos, como também aos métodos de uma gravidez saudável. Abortar não é algo prazeroso, mas se alguma mulher precisar fazer, que ela não seja presa e tenha assistência para isso.
7) Se você pensa que a legalização do aborto vai encher os hospitais de milhares de mulheres querendo abortar, não sobrando espaço para as que querem dar à luz, isso é mentira. Os hospitais já estão cheios e gastando com mulheres que abortaram na clandestinidade e quase morreram por causa disso. Isso sai muito mais caro para os hospitais.
8) Se você pensa que com a legalização do aborto, você mata 1 vida, com a criminalização do aborto você mata mais vidas: a do feto e a de milhares de mães que morrem tentando o processo de abortamento.
9) A legalização não defende que abortar é bom. Se você pensa que abortar é ruim, abortar na clandestinidade, ser presa ou até morrer é muito pior.
10) Ser contra o aborto é decidir por você. Ser contra a legalização do aborto é decidir por todas. Ser contra o aborto é não achar certo fazer um aborto. Ser contra a legalização do aborto é ser a favor da morte de milhares de mulheres.
*comtextolivre