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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, novembro 13, 2011


Blair e Bush julgados por crimes de guerra

wakeup-world, Tradução de F. Macias
Fonte: wakeup-world.com
Nos dias 19 a 22 de Novembro 2011, realiza-se o julgamento de George W Bush (ex-Presidente dos EUA) e Anthony L. Blair (ex-primeiro ministro Inglês) em Kuala Lumpur. É a primeira vez que se ouvirá falar de acusações de crimes de guerra contra os dois ex-chefes de estado em conformidade com os procedimentos legais adequados.
As acusações contra os acusados são movidas pela Comissão de Crimes de Guerra de Kuala Lumpur (KLWCC) seguindo os devidos procedimentos da legislação. A Comissão, tendo recebido queixas de vítimas da guerra do Iraque em 2009, levou a cabo uma investigação completa e em pormenor durante quase dois anos e em 2011, proclamou acusações formais de crimes de guerra contra Bush, Blair e seus aliados.
A invasão do Iraque em 2003 e a sua ocupação resultaram na morte de um milhão e quatrocentos mil Iraquianos. Muitos outros suportaram a tortura e sofrimentos incalculáveis. Até agora, os gritos dessas vítimas têm sido ignorados pela comunidade internacional. O direito humano fundamental de ser escutado tem-lhes sido negado.
Daí resultou que a KLWCC tivesse sido fundada em 2008, para preencher essa lacuna e actuar como uma iniciativa de povos para darem a oportunidade a essas vítimas de apresentar as suas queixas e conseguirem levá-las a tribunal.
A primeira acusação contra George W. Bush e Anthony L Blair é por Crimes Contra a Paz, na qual:
- Os Acusados cometeram Crimes contra a Paz, porque planearam, prepararam e invadiram o Estado soberano do Iraque em 19 de Março de 2003, em violação à Carta das Nações Unidas e ao Direito Internacional.
- A segunda acusação é de Crimes de Tortura e Crimes de Guerra contra oito cidadãos dos E.U.A., a saber, George W Bush, Donald Rumsfeld, Dick Cheney, Alberto Gonzalez, David Addington, William Haynes, Jay Bybee e John Yoo, em que:
- Os Acusados cometeram Crimes de Tortura e Crimes de Guerra, por terem participado deliberadamente na decisão e formulação de ordens e directivas para não se aplicar nenhuma das convenções e leis internacionais, designadamente a Convenção de 1984 contra a Tortura, a 3ª Convenção de Genebra de 1949, a Declaração Universal dos Direitos Humanos e a Carta das Nações Unidas, em relação à guerra lançada pelos EUA e outros no Afeganistão (em 2001) e no Iraque (em Março 2003). Além disso, e/ou com base e em prol do mesmo, os Acusados autorizaram, ou foram coniventes, com a incumbência de actos de tortura e no tratamento cruel, degradante e desumano contra as vítimas, em violação do direito internacional, tratados e convenções incluindo a Convenção de 1984 contra a Tortura e as Convenções de Genebra, incluindo a 3ª Convenção de Genebra de 1949.
O julgamento será realizado no Tribunal de Crimes de Guerra de Kuala Lumpur, que é constituído por eminentes personalidades com formação jurídica.
O júri do Tribunal, que é presidido pelo juiz jubilado do Tribunal Federal Malaio Dato’ Abdul Kadir Sulaiman, inclui também outros nomes notáveis como Mr. Alfred Lambremont Webre, diplomado em Yale, que é autor de vários livros sobre política. Dato’ Zakaria Yatim, juiz jubilado do Tribunal Federal Malaio, Tunku Sofiah Jewa, advogado em exercício e autor de numerosas publicações sobre Direito Internacional, o Prof. Salleh Buang, ex-Conselheiro Federal da Procuradoria-Geral e proeminente autor, o Prof. Niloufer Bhagwat, especialista em Direito Constitucional, Direito Administrativo e Direito Internacional, e o Prof. Emeritus Datuk e o Dr. Shad Saleem Faruqi, um proeminente académico e professor de Direito.
O Tribunal irá adjudicar e avaliar as provas apresentadas como em qualquer tribunal de justiça. Os juízes devem ficar convencidos que as acusações são comprovadas acima de qualquer dúvida razoável para proferirem uma sentença fundamentada.
No caso de o tribunal dar como culpado qualquer dos acusados, a única sanção é a de que o nome da pessoa acusada será inscrito no Registo da Comissão dos Criminosos de Guerra e divulgado em todo o mundo. O Tribunal é um tribunal de consciência e uma iniciativa de povos.
A acusação para o julgamento será conduzida pelo Prof Gurdial S Nijar, proeminente professor de Direito e autor de várias publicações sobre Leis e o Prof. Francis Boyle, um importante professor norte-americano, advogado em exercício de Direito Internacional, e assistido por uma equipa de juristas.
O julgamento será realizado em audiência pública de 19 a 22 de Novembro 2011, na sede da Fundação Al-Bukhary em Jalan Perdana, Kuala Lumpur.
 
USP: Um Foco Golpista?
BRASIL, NOTÍCIAS — POR DESACATO.INFO EM 12 NOVEMBER 2011 ÀS 5:10 PM
Por Carlos A. Lungarzo.
A Universidade de São Paulo (USP) possui dúzias de excelentes especialistas nas ciências e nas áreas humanas, que conseguem resistir a tendência a transformar a universidade num mercado, só graças ao seu forte impulso vocacional, especialmente dos mais jovens. Mas, seu trabalho é uma ilha no meio a um mar de politicagem, de tramoias financeiras, de repressão e de fascismo enrustido.
Com efeito, essa enorme estrutura universitária, a mais cara da América Latina (cujo orçamento é várias vezes maior que o de alguns estados), cujos altos escalões estiveram sempre ligados ao mais sórdido da politicagem paulista (e, até 2002, da federal), tem como principal meta a formação de medíocres burocratas e tecnocratas ao serviço do lucro das empresas, das tácticas das corporações militares e confessionais, da política externa de chantagem contra países pequenos, dos truques sócio-políticos para desestabilizar a democracia, de formação de políticos que controlem a faxina social, etc.
Para dar um exemplo recente, a USP é a única universidade que contribuiu na campanha de difamação do escritor italiano Cesare Battisti, com o fim de ajudar seu linchamento. “Especialistas” em direito e relações internacionais deram, no total, pelo menos 17 entrevistas à grande mídia, contando versões falsas, distorcidas e absurdas sobre as leis de refúgio e extradição, e até fornecendo dados falsos sobre as estatísticas de asilo no Brasil.
Dos 25 reitores de toda a história da USP, apenas 3 mereceram comentários em centros científicos de qualidade internacional. Em compensação, muitos outros foram (e alguns ainda são) muito apreciados em instituições burocráticas, repressoras ou de negócios, e em organismos internacionais destinados a manter o poder das elites sobre os setores populares. Alguns deles foram grandes ideólogos da ditadura, coordenadores do AESI (ou ASI, um escritório de espionagem, censura, repressão e terrorismo, que operou na USP entre 1972 e 1982), e até assessores “científicos” da Operação Condor, uma coordenadora de sequestro político, tortura e assassinato criada em 1976 por Chile, Argentina e Brasil.
Um desses “heróis” da cultura, duas vezes reitor, foi grande amigo de Mussolini e de vários outros ditadores, dos quais se tornou valioso bajulador. Mas, não quero exagerar. Houve outros, talvez quatro, que eram razoáveis professores, segundo contam os velhos alunos e escreveram alguns artigos com um número pequeno de erros.
A USP ficou menos conhecida por seus excelentes cientistas, humanistas e artistas, que pelas fraudes econômicas, como a célebre importação de material de Israel na década de 90, no meio a um escândalo abafado com tanta violência que hoje as páginas da Internet onde se falava deles já não existem. O responsável da fraude foi poupado e virou “marajá” de uma fábrica privada de diplomas universitários.
Em fim, a história da repressão, da corrupção e do “terror acadêmico” na USP requer muito espaço e tempo, e estou dedicando a esse tema um artigo futuro. Agora quero me concentrar no mais grave e imediato: o que foi denunciado por alguns jornalistas independentes como uma ameaça de golpe de Estado. (Vide)
O Ataque à USP
Em situações de enorme fascistização, um golpe de estado pode ser lançado sem nenhum problema, e ser aplaudido com grande fervor pelas ralés de classe média. Entretanto, quando o país possui, como atualmente o Brasil, uma democracia formal bastante estável, e a situação das classes populares mostra certo progresso em relação com governos anteriores, a necessidade de encontrar consenso para um golpe obriga a estratégias mais refinadas. É evidente para todos a campanha doentia de denuncismo, e até as declarações públicas de dirigentes da ultradireita que fazem autocríticas: “Nos descuidamos ao permitir que este governo avançasse. Devemos voltar ao poder”.
Não é excecional que um golpe de estado aconteça usando como pretexto um fato truculento ocorrido numa Universidade. O golpe de 28 de junho de 1966 na Argentina encontrou um pretexto nas denuncias, durante os 6 meses anteriores, por libelos fascistas, confessionais e militares que consideravam as faculdades guaridas de terroristas e armazém de armas, o que, obviamente, era falso. Após o golpe militar, a gangue fardada invadiu a universidade em 29 de julho, provocando dúzias de vítimas.
O incidente dos estudantes fumando maconha na USP não merece comentário. Apenas prova que a universidade, tanto como o estado está sob o controle de higienistas e “purificadores” do mais velho estilo inquisitorial, que, aliás, usaram este fato como pretexto para colocar o campus sob o terror policial.
Quem é Rodas?
João Grandino Rodas estudou em diversos lugares na década de 60 e seguintes. Nessa época, já não era comum a figura do “acadêmico” caçador de títulos que fazia uma meia dúzia de graduações, vários mestrados e doutorados para ter “conhecimento” de tudo. Isso era um hábito semifeudal que entrou em decadência com a Revolução Industrial no século 19.
Mas, apareceu outro novo estilo de especialista em generalidades. Aquele que tinha vários diplomas que lhe permitissem atuar em diversas áreas, vinculadas com o poder, e com órgãos internacionais de controle social e exploração financeira. A Argentina, América Central e os EEUU têm superlotação destes personagens, úteis para diversas formas de lobby, pressão, barganha, etc..
O mínimo que se poderia esperar de um reitor de uma universidade é ter feito alguma atividade de pesquisa, que não deve confundir-se com fazer discursos, balancetes, proferir sentenças, ou escrever colunas de jornal. Também nos assuntos jurídicos é possível trabalhar com critério científico e, embora isto seja raríssimo, o Brasil tem alguns casos honrosos. No caso de Rodas, sugiro ao leitor ver o curriculum Lattes (vide). Você vai perceber várias condecorações de tipo militar, não apenas brasileiras, mas de alguns outros países da região, mas ficaríamos gratos se você encontrasse algum trabalho profissional relevante, publicado em algum periódico internacionalmente reconhecido.
Mas, essa “modéstia” de não querer parecer um “acadêmico” não é a única virtude do reitor. Vejamos alguns fatos do “curriculum sigiloso” da sua Magnificência.
1. Sendo Diretor da Faculdade de Direito pediu em 22 de agosto de 2007, o assalto da PM àquela faculdade, para expulsar violentamente estudantes e membros dos movimentos sociais.
2. Em janeiro de 2010, baixou portarias sigilosas (de conteúdo desconhecido), como nos melhores tempos do Conselho dos Dez na República de Veneza, em 1335. Essas portarias foram conhecidas muito depois
3. Deu a duas salas os nomes “doadores” privados, que assim compraram a imortalidade (ou quanto a USP durar) por alguns reais. O fato contraria o regimento da USP ou parecer da Consultoria Jurídica, e outras coisas.
4. Transferiu 150.000 livros de bibliotecas locais a um edifício decadente e sem condições de preservar o acervo. Afinal, para que serve ler?
NOTA: Ambos os atos foram revogados pela Congregação da Faculdade. Houve uma grande mobilização que incluiu assembléias de mais de 1000 pessoas e greve de estudantes.
5. Em novembro de 2009 foi nomeado pelo governador ao cargo de reitor. Ele era o segundo colocado, mas sua grande afinidade com os políticos paulistas foi mais forte. (Veja a seção A Turma do Cilício, mais na frente)
Estes fatos são bem conhecidos e o leitor encontrará centenas de locais na Internet onde se fala disso.
Pessoa non Grata
Devido a sua política de “terra arrasada” com seus inimigos, aos que perseguiu incansavelmente dentro da faculdade, foi declarado pessoas non grata pela Faculdade de Direito. Nunca um reitor tinha sido qualificado assim.
Num ato insolente, outros diretores que nada tinham a ver com direito, apoiaram o reitor contra a Faculdade. O fato é normal, já que quase todos os cargos de 1º ou 2º escalão estão ocupados por alcoviteiros dos poderes estaduais. O que sim merece surpresa é a digna reação da Faculdade de Direito, o que abre certa esperança na luta contra o fascismo universitário.
Uma Mãozinha para os Carrascos
Em dezembro 1995, foi criada no Brasil a Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP)(vide), com base na lei 9140, para investigar as desaparições forçadas e os homicídios cometidos pelo Estado durante a ditadura.
Estas Comissões foram formadas nos países que tinham saído de tiranias sangrentas, para reunir informação sobre as pessoas mortas, torturadas e desaparecidas pelos militares, policiais e seus patrões civis. Em toda a América Latina, salvo na Nicarágua, os governos não tinham interesse em fazer justiça, mas queriam diminuir a pressão feitas pelos familiares das vítimas, e por governos de outros países, para dar alguma resposta sobre os massacres. A primeira dessas comissões foi a CONADEP, instalada na Argentina em 1984, pelo governo de Raul Alfonsín. Entretanto, a classe política, que tinha vivido bajulando e legitimando os crimes dos militares, não queria que o processo se radicalizasse. O jurista e filósofo argentino e “homem forte da CONADEP”, Eduardo R. (falecido em 2005) me disse um dia: “é melhor uma Comissão que encontre 1000 desaparecidos, que deixar os familiares soltos, pois eles poderiam encontrar 30.000”.
Embora nunca ouvi uma confidência tão clara no Brasil, a criação do CEMDP parece ter seguido a mesma linha. O presidente desta comissão em sua 1ª rodada foi Miguel Reale Jr., e entre os outros 6 membros haviaum representante dos militares e estava o futuro reitor Rodas, que, naquela encarnação, era membro do MRE. (Vide)
Grandino Rodas interveio no caso do filho da estilista Zuzu Angel, no qual votou contra a culpabilidade da ditadura no assassinato do rapaz. Além disso, indeferiu outros 45 pedidos com diversos pretextos (falta de provas, esgotamento do prazo, etc.). Embora a Comissão conseguiu algumas vitórias até o dia de hoje, os partidários da ditadura colocados nela foram fundamentais para retrasar o processo durante décadas. Talvez, apesar de todos os esforços atuais das vítimas da ditadura, o dia de fazer uma moderada justiça demore muito.
A Turma do Cilício
Em junho e 2009, o Estado de São Paulo entrevistou o candidato a reitor Grandino Rodas. Veja a versão em pdf. aqui. Na terceira coluna da p. A27 da edição do 20/06/2009, o repórter pergunta ao candidato sobre sua tão falada vinculação a Tradição, Família e Propriedade (TFP), e ao Opus Dei, e sua colaboração em ações contra o movimento estudantil durante a ditadura.
Para esclarecer, TFP é uma rede interamericana fundada por famílias neonazistas das altas elites Argentina e Chilena, que recrutam agressivos vândalos das juventudes católicas para difundir o terror entre setores liberais e de esquerda. Nesses dois países, eles já cometeram assassinatos de judeus, jovens de esquerda, gays e outros. No Brasil, ela é mais pacífica e se limita a mensagens de ódio delirantes e a imprecações contra os “pecadores”, incluindo os católicos mais liberais. Já o Opus Dei (vide) é a famigerada prelacia do Vaticano que ficou célebre no filme O Código da Vinci.
Na reportagem da jornalista Renata Cafardo, o professor Rodas desconversou. Disse que como estudante (de direito, filosofia e outras coisas) não teve tempo para fazer política universitária. Como católico diz que não se filiou a nenhum grupo específico, mas esclareceu que respeitava todos eles.
Na mesma entrevista, Rodes mostra simpatia pelo projeto Inclusp, um arremedo de inclusão social inventado na USP para neutralizar a luta por ações afirmativas.
Ações em Andamento
O único membro do governo federal que reagiu à brutalidade “rodante” foi o ministro da Educação, porém de uma maneira fraquíssima, com um comentário sem sentido. Ele disse que não se pode tratar a USP como se fosse a Cracolândia. Então, será que quando a polícia aplica sua política de prende a arrebenta na Cracolândia e não na USP, isso seria admissível?
O Ministério Púbico de São Paulo empreendeu uma ação interessante, motivada por uma denúncia anônima contra a reitoria da USP com base em possível…
“…violação aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, burla ao acesso de cargo mediante concurso público, lesão aos cofres públicos e improbidade administrativa”.
Rodas é o principal investigado, mas ação se desenvolve em sigilo, o que impede que a opinião pública e os setores interessados tenham acesso. (Vide).
O motivo desta acusação é a nomeação de duas pessoas em altos cargos em arrepio aos regulamentos, num cenário que parece ser de clientelismo e nepotismo. Uma delas é o filho da antecessora de Rodas, Suely Vilela, outra especialista em convocação de tropas quebra-cabeças. Mas, sejamos justos, Vilela apenas fazia suas primeiras letras numa ciência na qual Rodas é grande mestre.
O MP acusa ainda Rodas de criar cargos ad hoc para promover amigos, designações ilegais, e acumulações proibidas de cargos públicos localizados em cidades bem distantes.
É importante destacar que estes delitos foram denunciados pela ADUSP e que só tomaram estado público graças à divulgação dos veículos da ADUSP. A grande mídia, é claro, protege estes preclaros heróis.
Proposta
Nos últimos 50 anos, na Europa e na América Hispânica, as universidades livraram fortes batalhas pela democracia, a política social, o secularismo e contra o fascismo, colocando em xeque poderosos governos como os da Itália e da França. No Brasil, a coragem dos funcionários, e de estudantes e professores não pôde, no entanto, conseguir resultados radicais. O problema é que, num país onde o espírito escravista está absolutamente vivo, não há limites para a repressão. E sabemos que, se a repressão é total, a força bruta vence à razão, pois cortará até a última cabeça.
É por isso que as lutas dos estudantes, professores e funcionários devem ser reforçadas com ações de esclarecimento nacional e internacional. Não pode ser exposta a vida de pessoas esclarecidas apenas para matar bactérias.
Este caso, embora seja um modelo de exacerbação, não é único. Nas últimas décadas, as universidades da América Latina deveram lutar contra o terrorismo de estado, contra o obscurantismo, as chacinas intelectuais e (por que não?) às vezes físicas, a corrupção de suas autoridades, o macartismo, a censura, etc. Lembremos, por exemplo, que, durante o massacre aéreo de Israel sobre o Líbano, a USP proibiu a realização de uma palestra pública sobre o problema.
De todo esse histórico de repressão, podem tirar-se algumas lições, que funcionam com efetividade diversa em diferentes casos. Devemos ser cientes que a USP talvez ofereça o caso mais difícil na América Latina para lutar pela democracia universitária. Devemos ser conscientes que, além do ranço escravista, elitista e, sobretudo, racista, dos altos quadros, hoje nos encontramos também com a herança da ditadura. Os reitores que, por sua idade, não puderam ser úteis aos militares, pelo menos foram fiéis discípulos de outros que o foram, como o inesquecível Luís Antônio da Gama e Silva, cuja vocação repressora chegou ao extremo de demitir professores que teriam sido bons colaboradores.
Como se tudo isto fora pouco, se acrescenta o que Paul Samuelson chamou “fascismo de mercado”, ou seja, o neoliberalismo, com sua política darwinista, e a transformação da universidade num balcão de comércio. Mas, o pior, neste caso, é que as autoridades são burocratas polivalentes ao serviço de qualquer causa rendosa, dominados por um obscurantismo que já tinha gerado revoluções universitárias no século 16 (e antes).
Entretanto, eis algumas medidas que foram aplicadas em outros países, em caso de repressão exorbitada, e que tiveram certo sucesso:
1. Redação de um folheto detalhado (neste caso pode ter umas 100 páginas), contando o histórico recente da repressão e descrevendo as figuras dos algozes.
2. Traduzir este relatório às principais línguas e distribuir através das organizações que defendem a democracia nas Universidades, e nos centros culturais. Há várias na Europa e na América Latina.
3. Pedir solidariedade a Uniões Nacionais de Estudantes e de Professores, e a autoridades universitárias progressistas (que, em alguns países existem), bem como às outras universidades brasileiras.
4. Pressionar os organismos internacionais, aos quais os mentores da repressão possam estar filiados, para boicotar estas figuras. Isto é, geralmente, o mais difícil, porque repressores não pertencem a organismos que tenham interesses progressistas. Para grupos de empresários, alianças militares ou políticas, estas pessoas são úteis, e todos seus atos de barbárie mostram sua utilidade.
Finalmente, neste caso, a comunidade da USP deve apoiar, se houver oportunidade, o MP em sua ação contra o Reitor.
Entre estas medidas, deve aparecer sempre um interrogante que todos temos: Isto é apenas uma ação autoritária, típica do espírito neo-fascista, ou é o embrião de um golpe? Não temos suficientes elementos para saber, mas a hipótese deve ser pelo menos considerada. Hoje a situação mundial não é como a de 1964, e embora um golpe de estado seja possível, como prova Honduras, também é verdade que as correntes internacionais desconfiam de novas ditaduras.
*GrupoBeatrice
 

Um roteiro para democratizar a mídia

Por Marcel Gomes, no sítio Carta Maior:

Um bom projeto, mobilização da sociedade e vontade política do governo. Esses foram os três itens que permitiram à Argentina aprovar, em 2009, um novo marco regulatório para a comunicação, superando a lei de 1980, promulgada em plena ditadura militar. A avaliação é do professor Damian Loreti, da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Buenos Aires, e integrante da comissão que elaborou a chamada “Ley de Medios”.

Era uma vez uma vovozinha ...


. ... que dormia sozinha todas as noites e esperava a visita da netinha que trazia biscoitos feitos pela mamãezinha...

. E o lobo mau veio e ... crau!, comeu a vovozinha.

. Quem não conhece a historinha da Chapeuzinho Vermelho, hein?

. Pois bem.

. As vovós estão se modernizando em virtude da pobreza que os ventos enxofrados do neoliberalismo está trazendo sobre a Europa e do qual a Alemanha não escapa.

. No caso da historinha que vou contar não se trata de uma menininha que usa um chapéu vermelho, mas de um menininho de 43 aninhos.

. O netinho descobriu pelo jornal Bild e foi um choque.

. Sua vovozinha de 80 primaveras tem se prostituído em virtude da baixa pensão - 225 euro - que recebe e que não tem dado para o gasto.

. Quando o netinho telefonou - ele não foi besta de cruzar a floresta - para esclarecer o fato, a vovozinha disse-lhe:

"Dennis, tenho 80 anos. O que tenho a perder? Por que eu devo vegetar? Eu assumo.“
*Brasilmostraatuacara

E agora, Ophir?

Presidente da OAB, que organiza “marcha contra corrupção” é acusado de receber R$ 1,5 mi em salário ilegal
O presidente nacional da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Ophir Filgueiras Cavalcante Júnior, aparece constantemente nas cameras de TVs discursando contra a corrupção, ou entregando documentos contra políticos no STF, pede impeachment de prefeito, e também foi um dos idealizadores da "Marcha contra a corrupção" em setembro deste ano. No entanto, notícia publicado na Folha deste domingo, mostra que Ophir Filgueiras, também tem laços e participa da corrupção que ele diz combater.
Presidente da OAB é acusado de receber R$ 1,5 mi em salário ilegal
Ação pede retorno de licença remunerada paga pelo Pará por 13 anos
ELVIRA LOBATO
DO RIO
O presidente nacional da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Ophir Filgueiras Cavalcante Júnior, é acusado de receber licença remunerada indevida de R$ 20 mil mensais do Estado do Pará. A ação civil pública foi proposta na semana passada por dois advogados paraenses em meio a uma crise entre a OAB nacional e a seccional do Pará, que está sob intervenção.
Um dos autores da ação, Eduardo Imbiriba de Castro, é conselheiro da seccional. Segundo os acusadores, Ophir Cavalcante, que é paraense, está em licença remunerada do Estado há 13 anos - o que não seria permitido pela legislação estadual -, mas advoga para clientes privados e empresas estatais. Eles querem que Cavalcante devolva ao Estado os benefícios acumulados, que somariam cerca de R$ 1,5 milhão.
Cavalcante é procurador do Estado do Pará. De acordo com os autores da ação, ele tirou a primeira licença remunerada em fevereiro de 1998 para ser vice-presidente da OAB-PA.
Em 2001, elegeu-se presidente da seccional, e a Procuradoria prorrogou o benefício por mais três anos. Reeleito em 2004, a licença remunerada foi renovada. O fato se repetiu em 2007, quando Cavalcante se elegeu diretor do Conselho Federal da OAB, e outra vez em 2010, quando se tornou presidente nacional da entidade. Segundo os autores da ação, a lei autoriza o benefício para mandatos em sindicatos, associações de classe, federações e confederações. Alegam que a OAB não é órgão de representação classista dos procuradores. Além disso, a lei só permitiria uma prorrogação do benefício.
Intervenção
Em 23 de outubro, o Conselho Federal da OAB afastou o presidente e os quatro membros da diretoria da seccional do Pará após acusações sobre a venda irregular de terreno da OAB em Altamira.
 *osamigos do Presidente Lula

As “folhices” da Folha

 

Afora a “casquinha” manipulatória da capa, colocando uma caricatura de Dilma  com “cara de repreensão” do lado da manchete que afirma que “58% dos alunos da USP aprovam a PM do campus”, a matéria de hoje da Folha é um livrinho ilustrado para crianças,  daqueles que faz lembrar a piada sobre Assis Chateaubriand dizendo a um diagramador “moderninho”: “meu filho, você sabe quanto custa um centímetro no meu jornal?”.
São sete historinhas que demonstrariam ao leitores como Dilma é autoritária, grosseira e intolerante. E sete conselhos para quem for tratar com ela.
Vejam: ela teve o desplante de reclamar de um dos militares que funciona na ajudância de ordens por não haver um guarda-chuva quando saía para a abertura da Assembléia Geral da ONU. Ou de querer que, sobre economia, fale o Ministro da Economia. O ministro das Relações Exteriores é colocado na posição de alguém que estaria mais preocupado com a “adaptação da família” de um representante diplomático brasileiro a Washington  do que com a posição do país na OEA.
Os “conselhos” aos interlocutores da presidente são um primor: “conheça o tema do qual vai tratar”…Jesus, será possível o contrário? Será que o Dr. Frias chama seus auxiliares para ou vir um “ah, chefe, eu pedi uma reunião com o senhor mas não tive tempo de estudar o que ia dizer-lhe”…
Tem mais: aconselha os ministros a não darem palpite sobre outras áreas de governo. Já imaginaram o que aconteceria com todos mundo falando o que quer sobre os outros? Nem precisa imaginar um governo, pense apenas num time de futebol onde os atacantes saem dando entrevistas dizendo como deve jogar a defesa ou criticando o goleiro. Ou um zagueiro dizendo que a defesa está bem, mas os atacantes jogam mal…
Enfim, duas páginas destinadas, exclusivamente, a firmar uma impressão de pessoa rude.
E que a condição feminina faria com que, na presidência, uma mulher pudesse ser considerada  uma dispersiva e deixasse de lado os temas de governo para ficar se preocupando com futilidades e que isso precisa ser “midiaticamente” anulado por uma imagem autoritária.
O pior é que, pelo tipo de historinhas selecionado, tem toda a pinta de ser escrito com a “ajuda luxuosa” de quem acha que os fatos são nada e a imagem na mídia é tudo. Ou que pensa que um Governo é algo como “A Fazenda” ou o “Big Brother Brasil”.
Não sei porque, mas tive a impressão de estar lendo duas páginas daquela antiga seção de anedotas  que as “Seleções do Reader´s Digest” usava para completar os espaços vazios no final de alguma matéria.
*Tijolaço

Uma eleição paulistana que fugirá da mesmice

O eleitorado de centro-direita de São Paulo está dividido. PSDB e Kassab disputam na mesma faixa. Kassab acaba de fundar o PSD e seria vantajoso para a nova legenda ter um candidato próprio. Alckmin pode ser um bom eleitor no Estado, mas não é tão bom na capital. Haddad está melhor servido: neste momento, estar com Lula é mais negócio.
Por fadiga de material, as eleições do próximo ano na capital paulista deverão ocorrer obrigatoriamente sob o signo da renovação. A excessiva polarização entre o PT e o PSDB no Estado e a dificuldade de trânsito de novos nomes pelas máquinas dos dois partidos produziram efeitos semelhantes nas duas legendas.
Do lado do PT, a visibilidade eleitoral era a de Marta Suplicy, eleita deputada, prefeita e senadora e derrotada em duas disputas para a prefeitura e uma para o governo do Estado. Marta mantém, de início, um terço dos votos na capital, mas com uma rejeição semelhante. No PSDB, revezam-se como candidatos, desde a morte de Mário Covas, Geraldo Alckmin (hoje governador) e José Serra (eleito prefeito em 2004 e governador em 2006, e derrotado na disputa pela Presidência em 2010). Os postulantes tucanos à prefeitura - os secretários Bruno Covas e José Anibal - não têm grande visibilidade; Serra, se quiser começar tudo de novo, tem exposição até excessiva, o que faz com que seus índices de rejeição sejam, hoje, maiores do que os de Marta.
Não fosse apenas pelo desgaste dos nomes disponíveis nos dois partidos para à prefeitura, contam ainda as pesquisas feitas até agora, que indicam uma inclinação do eleitor paulistano pela renovação. Foi essa percepção do eleitorado (aliás, desde a eleição do ano passado para governador) que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva trabalhou com tanto afinco para sair dos impasses criados pela falta de renovação de quadros. No ano passado, chegou a sondar o mesmo Fernando Haddad sobre a possibilidade de se candidatar ao governo. A articulação não colou nem no candidato, nem no partido.
A segunda tentativa do presidente Lula foi, então, a de emplacar o deputado Ciro Gomes, cearense do PSB, como candidato ao governo por São Paulo. Ciro transferiu o título mas não se convenceu de que essa era a alternativa para ele; e o PT não se convenceu que Ciro era a alternativa para o partido. A legenda atrasou a definição do candidato e, numa situação eleitoral já desfavorável, diante do favoritismo do candidato tucano, Geraldo Alckmin, foi para a eleição com Aloyzio Mercadante. E perdeu.
Haddad torna-se o candidato do PT com vantagens em relação à disputa
eleitoral no Estado nos últimos anos. Em primeiro lugar, tem o incondicional apoio de Lula - e isso, no mínimo, ameniza dissensões internas. É um candidato novo, de fato, mas isso traz a vantagem de não ter sofrido processos anteriores de desgaste, como de alguma forma comprovou a eleição de Dilma Rousseff para a Presidência no ano passado. Numa situação em que os partidos todos estão desgastados, a falta de exposição eleitoral anterior pode ser vantajosa. Haddad, o neófito, leva para o palanque um baixo índice de rejeição. O processo de debate interno para a definição da candidatura não foi agressivo e as prévias não chegaram a acontecer, o que aponta para um PT unido em torno das eleições. Ou menos dividido do que resultaria num processo de prévia mais dramático.
O PSDB carrega desde as eleições de 2008 o "racha" entre os partidários de Geraldo Alckmin (que foi candidato a prefeito com o apoio de parcela do seu partido) e os de José Serra (que apoiaram a reeleição de Gilberto Kassab, então no DEM). Embora Alckmin já tenha trazido de volta parte dos quadros do partido antes aliados a Serra, a divisão permanece um dado. E, de alguma forma, reflete a divisão do eleitorado de centro-direita da capital: PSDB e Kassab disputam na mesma faixa; Kassab acaba de fundar um partido, o PSD, e seria vantajoso para a nova legenda ter um candidato próprio. Alckmin pode ser um bom eleitor no Estado, mas não é tão bom na capital. Haddad está melhor servido: neste momento, estar com Lula é mais negócio.
Maria Inês Nassif
Colunista política, editora da Carta Maior em São Paulo.
 
 

E agora, como explicar as críticas incoerentes a Cuba?

Ignorando fatos concretos, os críticos de Cuba alardeiam que a Ilha vive na miséria. Mas o país tem elevado Índice de Desenvolvimento Humano e excelentes indicadores sociais.
Cuba é um país inviável, no qual a população vive na miséria e passa fome. As cidades cubanas estão caindo aos pedaços, está tudo sucateado. Enfim, tudo em Cuba é ruim e o país é o mais claro exemplo do fracasso do socialismo.
Essa é a imagem de Cuba passada aos brasileiros por jornalistas, articulistas e curiosos que se baseiam em suas convicções ideológicas – principalmente – em fontes internas e externas contrárias ao governo cubano e ao sistema socialista (sempre ouvidas) e em rápidas e superficiais viagens ao país.
Mas então é preciso que esses analistas – que gostam tanto de números – expliquem como é que Cuba está em 51º lugar, entre 187 países, no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da ONU. E como pode ser considerada pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) uma nação de “desenvolvimento humano elevado”.
Não é muito coerente que os cubanos vivam na miséria e esfomeados, como se diz, e o país tenha elevado Índice de Desenvolvimento Humano, obtido a partir de indicadores nas áreas de saúde, educação e renda. E esteja entre os 51 países com o maior índice, dos 187.
O mais alto IDH é o da Noruega (0,943), seguido de Austrália, Holanda, Estados Unidos e Nova Zelândia. O primeiro grupo, de 47 países com “desenvolvimento humano muito elevado” termina com Argentina, Croácia e Barbados, esse com índice 0,793. O da Argentina é 0,797. Nesse grupo, só tem outro país latino-americano, o Chile, em 44º lugar com 0,805.
Entre os primeiros países de “desenvolvimento elevado”, estão o Uruguai (em 48º com 0,783) e Cuba, em 51º e índice de 0,776. Nesse grupo de 46 nações estão mais os seguintes latino-americanos: México (57º), Panamá (58º), Costa Rica (69º), Venezuela (73º), Peru (80º), Equador (83º), Brasil (84º) e Colômbia (87º). Os demais estão entre os que têm médio desenvolvimento humano, com exceção do Haiti, que tem baixo IDH.
O que coloca Cuba em 51º lugar e no segundo grupo é o baixo rendimento bruto per capita de sua população, que, ao contrário do que pensam ou querem que pensemos os analistas neoliberais, não significa necessariamente uma qualidade de vida muito menor. Em Cub,a a renda é mesmo muito baixa, quase a metade da brasileira, mas com pouca diferença entre o mais baixo e o mais alto rendimento. Há um sistema de subsídios – que está sendo revisto, mas com compensações – à alimentação, ao transporte, à cultura; a saúde e a educação são gratuitas em todos os níveis, do curativo à quimioterapia, da creche ao doutorado.
O “IDH de não rendimento” de Cuba – ou seja, o IDH sem o indicador de renda – é de 0,904, o que coloca o país em 25º lugar, ultrapassando 26 países que tem o IDH maior por causa da renda. O maior IDH de não rendimento é o da Austrália (0,975), seguido de Nova Zelândia, Noruega, Coreia do Sul, Holanda e Canadá. Os Estados Unidos estão em 13º lugar (0,931). Cuba está na frente, dentre outros, do Reino Unido, da Grécia, de Portugal, de Israel e dos riquíssimos Emirados Árabes Unidos, Brunei e Qatar, sendo que esse último que tem rendimento bruto per capita 20 vezes maior do que a de Cuba.
Os números do PNUD mostram que não há muita diferença entre os indicadores sociais dos países com mais alto IDH e os de Cuba. Ou seja, o baixo rendimento per capita tem baixa influência sobre a educação e a saúde dos cubanos.
Basta comparar alguns índices:
País
Esperança de
vida
Anos de
escolaridade
Escolaridade
esperada
Noruega
81,1
12,6
17,3
Austrália
81,9
12,0
18,0
Holanda
80,7
11,6
16,8
EUA
78,5
12,4
16,0
Nova Zelândia
80,7
12,5
18,0
Canadá
81,2
12,1
16,0
Cuba
79,1
9,9
17,5

A título de curiosidade, uma comparação entre Argentina, Uruguai, Venezuela e Brasil:

País
Esperança de
vida
Anos de
escolaridade
Escolaridade
esperada
Argentina
75,9
9,3
15,8
Uruguai
77,0
8,5
15,5
Venezuela
74,4
7,6
14,2
Brasil
73,5
7,2
13,8

Um indicador bem revelador é o índice de mortalidade infantil da Organização Mundial de Saúde, com base em crianças de menos de um ano de idade mortas entre mil. Dos países citados – os de melhor IDH, de alta renda e alguns sul-americanos –, a classificação é a seguinte:

Noruega
2,8
Holanda
3,6
Austrália
4,1
Coreia do Sul
4,2
Cuba
4,6
Nova Zelândia
4,8
Canadá
5,2
Brunei
5,8
Emirados Árabes Unidos
6,1
Estados Unidos
6,5
Qatar
6,7
Chile
7,7
Uruguai
9,2
Argentina
12,3
Venezuela
13,7
Brasil
17,3

Pode-se gostar ou não gostar do sistema social que vigora em Cuba há 52 anos, pode-se considerar que Raul e Fidel Castro fazem as coisas certas ou as coisas erradas. Cuba tem enormes problemas econômicos, sociais e políticos e há muita coisa que precisa e pode ser mudada. A população tem enormes carências, reconhecidas pelo governo cubano. Mas não há o caos que se pinta e a fome que se alardeia, nem é o país à falência que desejam seus críticos que se guiam pela ideologia, e não pelos fatos.
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