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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, fevereiro 12, 2012

Os “não-pessoas” da ministra francesa

Uma Europa que não é mais a mesma


Não, não é engraçado, mas é um tanto irônico. Quando a ministra da Saúde da França, Nora Berra, comete um “lapso” e diz para os sem-teto não saírem de casa durante o inverno, ela sem querer evidencia essa grande transformação por que passa o mundo e explicita que a sua França já não é mais a mesma. Foi um lapso. Mas um lapso de quem: a) não está acostumada a lidar com esse tipo de problema; b) não costuma considerar muito importante essa gente pobre que normalmente não vota. O problema é ter quem comete esse tipo de lapso no poder.
A letra ‘a’ diz respeito ao empobrecimento da Europa. À crise. A uma França diferente da de alguns anos atrás, uma França diante de problemas de “terceiro mundo”. Fui a Paris pouco tempo atrás, na metade de janeiro. Sabia da crise, sabia do desemprego, sabia do empobrecimento. Mas não imaginava a quantidade de sem-teto que eu veria por lá. Às 2h da madrugada, hora em que o metrô fecha nos fins de semana, todos os bancos de uma estação da periferia serviam de cama. Em Londres, naquela Inglaterra onde a crise também está pegando, é nítido o aumento de moradores de rua a cada mês, pelo menos pelos últimos seis meses. É o retrato de uma Europa que há séculos não existia desse jeito. Pobreza houve muitas vezes. Gente na rua, também. Desigualdade, muita. Mas nunca antes no mundo capitalista a Europa se via deixando de ser a referência, perdendo importância, vendo-se obrigada a pedir ajuda a países do Sul. Nunca antes ela via inverter o cenário da geopolítica mundial como agora, tendo que buscar alternativas em exemplos do Sul. E principalmente, vendo que esse “Sul” de que a gente fala não é um país, mas vários. Um momento em que o mundo fica cada vez mais multipolar.
Vamos com calma, o Brasil ainda não é mais importante que a Europa como referência mundial, e possivelmente não venha a ser. Mas o importante do que está acontecendo agora é que os países do Sul, especialmente da América Latina, crescem com uma política de inclusão enquanto os europeus encolhem ao mesmo tempo em que excluem. São movimentos inversos, e isso é fundamental para entendermos o que está acontecendo. E, apesar de nossa desigualdade ainda ser enorme, aqui, ao contrário da Europa, o Estado funciona, como testou a Katarina Peixoto em Porto Alegre.
O lapso da ministra não é simplesmente uma gafe, o que nos leva à letra ‘b’. É o lapso da ministra de um governo conservador, reacionário, que fala nas classes mais baixas apenas por obrigação, para não ficar feio, e não porque realmente se importe com elas. Um governo que não pensa de verdade em como as pessoas se sentem na rua no frio. Há quase um mês, quando estive em Paris, o frio já era considerável, com temperaturas não muito distantes de zero. Para mim, protegida com um casaco carésimo que comprei com medo do inverno europeu e hospedada em um hostel pra lá de ruim, mas com calefação, já era difícil. Agora imagina pra quem tem pouca roupa e nenhum teto e com um frio muitos graus mais cruel do que aquele, com neve.
Os sem-teto se multiplicam na Europa não só porque ela está em crise, mas porque ela está recheada de governos conservadores. Governos cujas medidas fazem aumentar a crise, o que leva a que se elejam governos ainda mais conservadores (pelo medo que o povo lá tem mostrado sentir, a exemplo recente das eleições espanholas). Mas mesmo em tempos sem crise, ou pelo menos sem uma crise tão grave, é normal a desigualdade crescer durante governos de direita, como nos mostra o Reino Unido. Aumenta o desemprego, fica ainda mais difícil subir de classe social e mais fácil cair. É a tendência natural de governos que governam para o mercado, para as elites de que fazem parte, e não para o povo, para o país. O que assusta é que a direita ganha cada vez mais força. E não é só uma direita moderada. Muitas vezes extrema, ela ganha espaço na França (Marine Le Pen é ameaça nas próximas eleições), na Espanha, na Itália, no Reino Unido etc. etc. À medida que ela ganha espaço, aumentam os os índices negativos dos países, mas ninguém parece perceber muito a relação entre as duas coisas. Não é tão óbvia?
P.S: A foto, da agência AFP, é na Itália, onde o frio está castigando e o governo é ainda pior, tendo passado de um conservador maluco pra um indicado do mercado financeiro alçado ao cargo por um golpe de Estado.
Noam Chomsky: Um mundo cheio de ‘não-pessoas
*Gilsonsampaio

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O que não te contam na igreja


Eles escandalizaram o templo do racismo em São Paulo

Afrontar a elite branca e racista de São Paulo foi a estratégia de centenas de manifestantes – em maioria, negros – que, no sábado (11), saíram com bandeiras e faixas do largo Santa Cecília, subiram a avenida Higienópolis e ousaram entrar naquele que é o mais genuíno templo do racismo da cidade.
O Shopping Pátio Higienópolis foi inaugurado no dia 18 de outubro de 1999. Instalado no coração do bairro de Higienópolis, região de alto poder aquisitivo em que vive o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, é composto por mais de 245 lojas distribuídas em seis pisos.
Ano passado, o shopping foi alvo de outro ato público, o Churrascão da Gente Diferenciada, levado a cabo em protesto contra abaixo-assinado de 3 mil moradores “higienopolitanos” que pedia ao governo do Estado que não construísse ali uma estação de metro para não atrair gente pobre – ou, como preferiram chamar, “diferenciada”.
A escolha desse shopping para um ato público dessa natureza fez todo sentido porque não há outra parte da cidade em que o racismo hipócrita e visceral que encerra é tão evidente. Só quem conhece o local é capaz de entender. A mera visita a ele desmonta a teoria de que não existe racismo no Brasil.
No Pátio Higienópolis, a sensação que se tem é a de estar em algum país nórdico. Só o que lembra que se está no Brasil são os empregados negros ou mestiços, tais como faxineiros, seguranças e alguns poucos funcionários das lojas. A clientela do shopping é quase que exclusivamente branca.
A manifestação foi convocada pelo “Comitê Contra o Genocídio da Juventude Negra” e protestou contra a reintegração de posse do bairro Pinheirinho, em São José dos Campos, contra a ação truculenta da PM na Cracolândia e contra o caso de uma funcionária negra da escola Anhembi Morumbi que alega que a direção a pressionou a alisar os cabelos.
Em um momento solene e apoteótico da manifestação dentro do shopping um refrão cheio de simbolismo, extraído do poema “Negro Homem, negra poesia”, de José Carlos Limeira, 56, um dos autores baianos de maior destaque na comunidade negra, foi entoado por centenas de vozes, para horror daquela elite perplexa.
Por menos que conte a história
Não te esqueço meu povo
Se Palmares não existe mais
Faremos Palmares de novo
Ver um pequeno exército de negros altivos entoando palavras de ordem enquanto enveredavam por um local em que são raros de se ver e, quando aparecem, estão sempre cabisbaixos e servis, escandalizou e intimidou a clientela habitual. Lojas fechavam as portas e madames debandavam, esbaforidas, rumo ao estacionamento.
A Folha de São Paulo colheu depoimentos das indignadas madames habitués do shopping sobre a “invasão” de sua praia. Suas declarações revelam toda a burrice do racismo.
“Fiquei com medo que saqueassem a loja, podia ter tiros, morte. São uns vândalos, vagabundos”
“Achei ridículo esse negócio de racismo. Onde é que está? Veja a quantidade de seguranças e empregados negros”
Dois depoimentos, duas provas incontestáveis de racismo e burrice. Será que se fosse uma manifestação de estudantes branquinhos da USP haveria medo de saques, tiros e mortes? Será que o fato de só haver funcionários negros, mas não consumidores, não prova o racismo e a desigualdade racial que infecta a sociedade?
Esse é só mais um dos capítulos da guerra contra o racismo, contra o preconceito e contra o higienismo racial e social do governo e de parte da sociedade de São Paulo. Foi travada onde deveria, em Higienópolis (bairro cujo nome não poderia ser mais apropriado). E, desta vez, as forças da igualdade racial e social venceram.
Veja, abaixo, vídeo da manifestação:


Eduardo Guimarães

Nunca antes nesse país, se delicie: Rede Globo foi expulsa pelo povo hoje, na manifestação pacifica e ordeira dos Policiais e Bombeiros. Eu achei ótimo.


*Mariadapenhaneles

Cerca de 25 mil protestam em Atenas contra plano de ajuste

Policiais gregos enfrentam foco de incêndio provocado por manifestantes em Atenas
Policiais gregos enfrentam foco de incêndio provocado por manifestantes em Atenas
Foto: Reuters

Cerca de 25 mil manifestantes protestam no centro de Atenas contra o plano de ajustes que será votado pelo Parlamento na noite deste domingo, de acordo com dados da polícia local. A polícia está usando bombas de gás lacrimogêneo para conter os manifestantes, apurou um repórter da AFP.Às 18h local (14h de Brasília), a polícia contabilizava 25 mil pessoas no centro de Atenas, que foi fechado pelas autoridades. Um grupo de manifestantes exerceu pressão para romper o cordão policial disposto em torno da Assembleia Nacional e a polícia reagiu de imediato lançando gás lacrimogêneo."Não é fácil viver nestas condições. De agora até 2020 seremos escravos dos alemães", disse à AFP o engenheiro Andréas Maragoudakis, 49 anos.Os manifestantes se dirigiram à Praça Sintagma pela tarde, convocados pelas duas grandes centrais sindicais do país, a GSEE para o setor privado, e Adedy, do público, assim como pela esquerda radical.De acordo com os líderes, o objetivo é expressar sua rejeição à adoção prevista para a meia-noite local de um novo plano de ajuste, exigido pela UE e pelo FMI para manter a ajuda financeira ao país e assegurar sua permanência na zona do euro.Entenda
A Grécia gastou bem mais do que podia na última década, pedindo empréstimos pesados e deixando sua economia refém da crescente dívida. Nesse período, os gastos públicos foram às alturas, e os salários do funcionalismo praticamente dobraram. Enquanto os cofres públicos eram esvaziados pelos gastos, a receita era afetada pela evasão de impostos - deixando o país totalmente vulnerável quando o mundo foi afetado pela crise de crédito de 2008. O montante da dívida deixou investidores relutantes em emprestar mais dinheiro ao país.Se o país não fosse membro da zona do euro, talvez fosse tentador declarar a moratória, o que significaria deixar de pagar os juros das dívidas ou pressionar os credores a aceitar pagamentos menores e perdoar parte da dívida. Contudo, uma moratória grega, além de estimular países como Irlanda e Portugal a fazerem o mesmo, significaria um aumento de custos para empréstimos tomados pelos países menores da União Europeia, sendo que alguns deles já sofrem para manter seus pagamentos em dia. Se Irlanda e Portugal seguissem o caminho do calote, os bancos que lhes emprestaram dinheiro seriam afetados, o que elevaria a demanda por fundos do Banco Central Europeu. Por isso, enquanto a Europa conseguir bancar a ajuda aos países com problemas e evitar seu calote, é provável que continue fazendo isso.Neste cenário, Alemanha e França lideram os esforços para evitar a quebra dos gregos e, além de arrecadar fundos junto a governos e ao Fundo Monetário Internacional (FMI), conseguiram inclusive que os bancos privados europeus também entrassem na ajuda.Os sinais mais agudos dos problemas financeiros começaram no final de 2009, quando em 7 de dezembro a agência de classificação de risco Standard & Poor's rebaixou a qualificação da dívida grega e a Fitch Ratings fez o mesmo um dia depois. A Comissão Europeia chamou a atenção da Grécia por sua possível repercussão na zona do euro e o Banco Central Europeu pediu que o país tomasse medidas.Em janeiro de 2010, o governo grego apresenta um plano para reduzir o déficit público de 12,7% do PIB, em 2009, para 2%, em 2013. Em 3 de fevereiro, a Comissão Europeia aprova este plano de austeridade grego, mas anuncia que exercerá uma vigilância sem precedentes sobre seu cumprimento.Em 23 de abril de 2010, o primeiro-ministro grego, George Papandreou, pede a ativação de um pacote de ajuda da União Europeia e do FMI, que visava retirar o país da crise de dívida. O plano de ajuda à época, da zona euro e do FMI, previa a concessão de empréstimos de 45 bilhões de euros (US$ 60 bilhões) com juros de cerca de 5%.Em maio, os países do euro e o FMI aprovam um novo plano de ajuda, ainda maior, de 110 bilhões de euros (a zona do euro oferece 80 bilhões de euros, enquanto 30 bilhões de euros viriam do FMI). Os financiamentos a Atenas foram condicionados a progressos na reforma fiscal e a medidas de austeridade prometidas pelo governo grego, que seriam revisadas trimestralmente. A quantia, que foi acordada a ser paga em prestações, seria paga após cada revisão trimestral, até 2012.Pressionado, o governo grego aprovou em 29 de junho um novo pacote de austeridade para poder receber uma nova parcela de ajuda - de 12 bilhões de euros. O pacote incluía corte de gastos, de empregos, de salários, aumentos de impostos e vendas de ativos estatais. As medidas de austeridade foram altamente impopulares entre os gregos. A polícia entrou em confronto com manifestantes em algumas ocasiões nas ruas próximas ao parlamento.Apenas dois meses depois, em agosto de 2010, uma missão da União Europeia, do Banco Central Europeu e do FMI pedia que a Grécia acelerasse suas reformas e privatizasse parte de seu setor energético para poder continuar recebendo ajuda externa. Entre as 13 recomendações da missão internacional, destacava-se a exigência de que a Grécia acelerasse a liberalização dos setores monopolizados em sua economia - como o de transportadoras, por exemplo, - até o final do ano, com o objetivo de reduzir as pressões inflacionárias. Outra delas exigia a abertura do mercado energético, privatizando pelo menos 40% de suas unidades estatais de produção.O país segue com dificuldades durante os meses seguintes e, em 15 de novembro de 2010, admite ter quebrado as condições do resgate econômico posto em prática para evitar a quebra. Um dos indicadores - o déficit público em 2010 foi previsto para 9,4% do Produto Interno Bruto (PIB), mais do que os 7,8% acordados com os credores.Depois de seis meses de revoltas populares e desencontros o que foi acordado com credores, em 23 de junho de 2011 o primeiro-ministro grego, Giorgos Papandreou, solicita à Europa e ao FMI o segundo plano de ajuda financeira em um ano para tentar evitar a bancarrota de seu país.A fim de desbloquear mais uma parcela do pacote de ajuda original (de 110 bilhões de euros), o Parlamento aprova em 29 de junho um novo pacote de austeridade que inclui 28,4 bilhões de euros em medidas de economia e altas de impostos, além da arrecadação de 50 bilhões mediante privatizações. Com a aprovação de plano de ajuste até 2015, o governo desbloqueia os 12 bilhões de euros do quinto aporte do empréstimo do FMI e da União Europeia. As principais medidas foram corte das despesas do Estado em 14,3 bilhões de euros e arrecadar outros 14,1 bilhões de euros até 2015, a fim de situar o déficit abaixo de 3% do PIB nesse ano; adotar o "imposto solidário" entre 1% e 4% às rendas mais altas. Para ministros, parlamentares e outros cargos públicos com rendimentos superiores o imposto é de 5%; subir para 300 euros anuais os impostos para profissionais que trabalham por conta própria, como advogados, encanadores e taxistas; reduzir o mínimo isento de taxação de 12 mil euros para 8 mil euros, embora fiquem de fora os trabalhadores menores de 30 anos e os aposentados, e criar o imposto imobiliário especial para os proprietários de bens de mais de 200 mil euros; aumentar impostos sobre bens de luxo como iates, piscinas e carros potentes; abre-se a possibilidade de legalizar imóveis construídos fora da lei após o pagamento de penalizações e eliminação do grande número de isenções fiscais; suprimir 150 mil empregos públicos, 25% do total, para o qual não serão prolongados os contratos temporários e só será substituído um de cada dez funcionários aposentados. Os salários, cortados em média de 12% no ano anterior, voltarão a ser reduzidos; suprimir as diversas prestações sociais para economizar 4 bilhões de euros até 2015. Cortar também de 500 milhões de euros em 2011 em conceito de subvenções e outros 855 milhões de euros até 2015, com a fusão de escolas, hospitais e quartéis da polícia; reduzir a despesa de saúde até 2015 em 2,1 bilhões de euros mediante a racionalização das prescrições e com remédios mais baratos; reduzir a despesa militar, o mais alto percentual dos países europeus da Otan com cerca de 4% do PIB, embora muitos analistas considerem que é maior pelo uso de verbas ocultas. No total, corte de 1,2 bilhão de euros até 2015 e cancelamento dos pedidos de armamento por 830 milhões de euros; arrecadar 5 bilhões de euros com a venda do monopólio de apostas e loterias OPAP, o Postbank, a empresa de gestão de águas de Salônica, a segunda cidade do país, e as empresas de gestão portuárias do Pireo e Salônica; entre 2012 e 2015, o Estado ingressar outros 45 bilhões de euros com a privatização da empresa de gestão de água de Atenas, refinarias, empresas elétricas, o ATEbank, especializado no setor agrícola, assim como a gestão de portos, aeroportos, estradas, direitos de exploração de minas e bens móveis e imóveis estatais.Com a aprovação do plano, os ministros das Finanças da Eurozona autorizaram, em 2 de julho, a liberação de nova parcela do empréstimo para a Grécia e acertam que definirão um novo plano de resgate para o país.Os problemas financeiros da Grécia não diminuem e, em 21 de julho de 2011, as principais autoridades da zona do euro decidem em uma reunião de emergência conceder amplos poderes ao fundo de resgate da região para ajudar a Grécia a superar a crise da dívida e evitar que aumente a instabilidade do mercado. O presidente da França, Nicolas Sarkozy, afirma que os líderes da região de 17 países concordaram em abrandar os termos dos empréstimos para Grécia, Irlanda e Portugal. Ao mesmo tempo, investidores privados trocariam voluntariamente bônus gregos por títulos de prazo mais longo com juros mais baixos para ajudar Atenas. O juro dos empréstimos seria reduzido para cerca de 3,5%, de 4,5% a 5,8% anteriormente, e os vencimentos dos empréstimos seriam ampliados de 7,5 anos para no mínimo 15 anos e no máximo 30 anos.Em 11 de outubro, medidas econômico-financeiras são acertadas entre Atenas e o trio de organismos multilaterais (FMI, União Europeia e Banco Central Europeu) que têm em mãos a decisão de se o país está apto a receber novos empréstimos para pagar suas dívidas e evitar uma moratória iminente.Em comunicado, o trio indica que a Grécia receberá mais 8 bilhões de euros - de um total de 110 bilhões de euros de seu pacote de resgate aprovado em maio de 2010 -, após o aval dos ministros das Finanças da zona do euro e da diretoria executiva do FMI.Liderados pelo presidente francês, Nicolas Sarkozy, e pela chefe de governo alemã, Angela Merkel, os países da zona do euro anunciam em 27 de outubro de 2011 ter conseguido com os bancos credores uma redução de 50% na dívida da Grécia. Em contrapartida, a Grécia deveria colocar em prática um novo pacote de cortes de gastos.Em 1º de novembro, o mundo acorda com a notícia de que, ao contrário do que vinha ocorrendo com as medidas anteriores adotadas pelos gregos, o primeiro-ministro do país, George Papandreou, disse que desta vez as discussões deixariam a esfera do Parlamento e gabinetes de ministros e, por precisar de maior apoio político para adotar as medidas fiscais e as reformas estruturais exigidas pelos credores internacionais, iria convocar um referendo público para aprová-las. A decisão foi criticada pelos credores e até mesmo por parte dos políticos na Grécia, enquanto Papandreou mantinha a decisão de consultar a população. A ideia foi abandonada oficialmente pouco depois, no dia 4 de novembro.Em dezembro, o FMI aprovou o sexto lote de ajuda financeira à Grécia, avaliado em 2,2 bilhões de euros, pertencente ao pacote de resgate estipulado em 2010 em conjunto com a União Europeia (UE).Pressionada pelos demais países europeus e pelo FMI, a Grécia começou 2012 em negociações para acertar um novo acordo com credores - principalmente os bancos privados - para evitar a insolvência.
AFP
*Terra

algumas amizades podem ser cancerigenas e tormentas solares, + irresponsáveis no poder


*mundodesconecido

Yoani Sánchez: Diga-me com quem tu andas, que direi quem tu és...

Blogueira Yoani Sánchez vira colaboradora do Instituto Millenium

Blogueira cubana passa a integrar grupo de colaboradores do instituto financiado pelos grupos midiáticos Estado de São Paulo, Abril e RBS, entre outras empresas, para defender valores liberais no Brasil. Yoani Sánchez passa a desfrutar a companhia de articulistas como Reinaldo Azevedo, Denis Rosenfield, Ali Kamel, Merval Pereira, Marcelo Madureira, Carlos Alberto Sardenberg e Carlos Alberto Di Franco, um dos integrantes mais ilustres da Opus Dei no Brasil.

- da Agência Carta Maior


A blogueira cubana Yoani Sánchez é uma das mais recentes colaboradoras do Insituto Millenium, entidade financiada por um grupo de grandes empresas de comunicação (Estado de São Paulo, Abril e RBS) e de outros setores (Gerdau, Vale, Suzano, entre outras), para defender os valores liberais no Brasil. Entre eles, segundo informa o site da entidade, destacam-se a eficiência, a economia de mercado, a responsabilidade individual, a propriedade privada e a meritocracia.

Apresentada como webmaster, articulista, editora do portal “Desde Cuba” e criadora do site “Generación Y”, Yoani Sánchez passa a fazer parte do seleto grupo de colaboradores do Millenium que reúne nomes como Reinaldo Azevedo, Denis Rosenfield, Ali Kamel, Merval Pereira, Marcelo Madureira, Carlos Alberto Sardenberg e Carlos Alberto Di Franco, um dos integrantes mais ilustres da Opus Dei no Brasil.

Apesar de se apresentar como “apartidário”, o Instituto Millenium teve uma participação ativa na campanha presidencial de 2010 no Brasil. Em março daquele ano, em seminário promovido pelo instituto em São Paulo, representantes de grandes empresas de comunicação do país afirmaram que o PT é um partido contrário à liberdade de expressão e à democracia e que, se Dilma fosse eleita, o “stalinismo seria implantado no Brasil”. “Então tem que haver um trabalho a priori contra isso, uma atitude de precaução dos meios de comunicação. Temos que ser ofensivos e agressivos, não adianta reclamar depois”, disse na época o ex-cineasta Arnaldo Jabor.
*Tudoemcima

Por que é preciso criminalizar a homofobia

Entrevista com Willian do Santos, vítima de atentado que repercute intensamente nas redes sociais. Agredido em Porto Alegre no domingo, garoto perdeu quatro dentes, mas garante que não deixará caso passar em branco.

- Por Rachel Duarte, no Sul21 | Fotos: Daniela Bitencourt

“Tudo que aconteceu comigo é reversível. O que permanecerá em mim é a lembrança da tragédia. Esta eu levarei para o resto da vida”, disse ao Sul21 o jovem Willian dos Santos, vítima de agressão por homofobia no último domingo (5), em Porto Alegre. Com dificuldades na fala, em razão da perda de quatro dentes e deslocamento da mandíbula, por conta da violência sofrida ao sair do cinema no bairro Cidade Baixa, o estudante de 20 anos está disposto a não deixar o caso passar em branco. “O que aconteceu comigo, aconteceu com outras pessoas e pode acontecer de novo. Estou a disposição do estado para novos esclarecimentos”, disse.

Com voz e jeito de rapaz muito humilde, William conta que embarca no próximo domingo (12) para Natal (RN) onde dará continuidade na faculdade de Relações Internacionais que cursava no Rio Grande do Sul. “Eu não estou indo embora por causa da agressão, já tinha esta oportunidade. Vou sentido em deixar os amigos, ainda mais nesta hora que todos estão me apoiando pelo que me aconteceu”, fala. O jovem chegou a aparecer no Sul21 dias antes da agressão, por conta de sua participação na marcha de abertura do Fórum Social Temático.

O coordenador do Grupo Somos, Alexandre Boer, foi procurado pelo jovem no dia da agressão e conta que ele já prestou trabalhos voluntários na ONG. “Ele é muito espontâneo, agilizado. Ele é daqueles que podemos dizer que tem o jeito de ‘bichinha’. Mas para tu seres agredido no Brasil hoje nem precisa ter cara de gay. Qualquer um confundido com homossexual está apanhando na rua”, comenta.

Willian mora com um amigo em Novo Hamburgo e ao deixar a última sessão do cinema no último domingo voltava sozinho em direção ao Centro de Porto Alegre. Na Rua Sarmento Leite, próximo a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), ele foi agredido verbalmente por dois homens. Os agressores, ambos jovens, um branco e outro negro, atacaram fisicamente William sem ele ter manifestado qualquer reação ao xingamento de “veado”.

“Achei que fosse pela minha forma comportamental ou vestimenta. Mas, neste dia eu estava ‘fantasiado de heterossexual’, como eu costumo dizer. Ainda estou costurado por dentro e por fora da boca. Minha gengiva ainda sangra. Também levei quatro pontos na testa e outros no supercílio. Mas os edemas e o inchaço estão passando. O dano estético eu vou poder recuperar”, afirma o jovem que saiu da sedação e voltou a comer apenas nesta quarta-feira (08)

“Ele chegou a ficar desacordado e ao retomar a consciência conseguiu ligar para amigos que o levaram ao HPS. Os homens levaram alguns bens pessoais e a bolsa dele, deixando o celular dele no bolso”, conta Alexandre Boer.

Assim que retomou a consciência, Willian fez uma foto da própria face. “Eu não queria parecer nojento. Foi a forma que encontrei de mostrar para as pessoas o que tinha me acontecido. Eu tentei abordar policiais na rua naquela hora, mas, com todo o sangue que eu tinha, eles não me deram bola. Acho que pensaram que eu era um bêbado qualquer”, revela.

No dia seguinte, com auxílio da ONG Somos e da Secretaria Estadual de Justiça e Direitos Humanos, Willian fez o registro da ocorrência. “Levei ele no Palácio da Polícia porque lá já fazem o exame de corpo de delito. Como homofobia não é crime, o registro vai da sensibilidade da polícia. E no boletim dele o atendente percebeu que era caso de homofobia. Agrediram só o rosto dele e deixaram o telefone pra ele. Foi uma agressão gratuita”, defende o coordenador da Somos.

Casos de agressões por homofobia crescem no RS

De acordo com a diretora estadual de Direitos Humanos, Tâmara Biolo Soares, que foi avisada do caso na noite de domingo e realizou o transporte da vítima para o registro do boletim de ocorrência, infelizmente a agressão de Willian é mais comum do que se divulga. “Vamos publicar uma nota de repúdio, com base neste episódio, contra este tipo de violência, que tem acontecido como muita frequencia em Porto Alegre e aumentado a incidência também no interior do estado”, lamenta.

Segundo Tâmara, a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos está atenta aos desdobramentos judiciais que serão dados ao caso de Willian. “Registramos a queixa na Ouvidoria de Segurança Pública que abriu inquérito para identificar os agressores e entrar com processo judicial no Ministério Público. Estamos acompanhando também as investigações do delegado que está com o caso”, explica.

“As pessoas não fazem o tipo de registro por constrangimento, por isso que parece que só acontecem casos fora do RS. Eles muitas vezes dizem que foi só roubo. Os índices estão crescentes e assustadores e esta população está cada vez mais vulnerável, além de estar sendo impedida de usufruir o direito de ir e vir livremente. Por isso que defendemos o projeto de criminalização da homofobia”, defende o coordenador da Somos, Alexandre Boer.
*Tudoemcima