Marconi Perillo quintuplica patrimônio e omite bens
Marconi Perillo (PSDB/GO), foi denunciado por Improbidade Administrativa, Formação de quadrilha, Peculato, Caixa Dois, Uso da máquina pública, Utilização de notas frias, Laranjas para fraudar a eleição de 2006. |
Marconi Perillo quintuplica patrimônio e omite bens
Declarações de governador de GO à Justiça Eleitoral ignoram imóveis como chácara em sociedade com ex-sócio de Cachoeira
Desde que assumiu o governo de
Goiás pela primeira vez, em 1998, Marconi Perillo (PSDB) multiplicou por
cinco seus bens declarados. De R$ 299,5 mil em 1998, saltou para R$
1,503 milhão em 2010. Mas Perillo, que foi convocado para prestar
depoimento na CPMI do caso Cachoeira, possui um patrimônio que vai além
do que está escrito. Em pesquisas nos cartórios goianos, O Globo
identificou pelo menos cinco imóveis que não constam das declarações
entregues à Justiça Eleitoral. Um deles, adquirido em 7 de janeiro de
2008, é uma área de mais de um milhão de metros quadrados, que tem entre
os compradores Marcelo Henrique Limiro Gonçalves, ex-sócio de Carlinhos
Cachoeira na ICF, empresa que faz teste de medicamentos em Anápolis
(GO).
Escritura de terreno é assinada pela mulher
O negócio está registrado no
cartório de imóveis de Pirenópolis, cidade onde Perillo tem fazenda. A
primeira-dama Valéria Jayme Peixoto Perillo juntou-se a um grupo de 12
pessoas e duas construtoras para adquirir um terreno denominado Chácara
José Leite. A área, segundo os registros, foi adquirida por R$ 800 mil,
pagos em duas parcelas. O nome de Perillo consta na escritura, mas quem
assina é sua mulher. Eles detêm 22%, o que daria uma contribuição de R$
176 mil na ocasião.
Entre os demais sócios no
empreendimento estão as empresas R. Diniz Construções e Construtora
Central do Brasil. Marcelo Henrique é um grande empresário na cidade,
ligado a Carlinhos Cachoeira. Ele também é sócio do senador Demóstenes
Torres (sem partido) em uma universidade em Minas Gerais e foi doador
das campanhas do governador e do senador.
Em 2010, segundo atestam
documentos a que O Globo teve acesso, Perillo fez um negócio que, pelo
que está registrado, foi quase um presente do irmão dele, Antonio Pires
Perillo. Em 14 de maio de 1998, Antonio adquiriu uma área de 43,75
hectares em Pirenópolis por R$ 30 mil. E, 12 anos depois, em 24 de
fevereiro de 2010, revendeu o imóvel para o governador por R$ 13 mil. Ao
invés de se valorizar, o terreno teria se desvalorizado. A Prefeitura
de Pirenópolis, porém, fixou em R$ 120 mil o valor venal da área para
efeito de Imposto de Transmissão de Bens Intervivos (ITBI). A alíquota
do imposto é de 2% - Perillo pagou R$ 2,4 mil.
O governador também omitiu de
sua declaração o fato de ser coproprietário de um apartamento de 86,70
metros quadrados no edifício Jardins de Versailles. Ele foi adquirido em
20 de fevereiro de 2001 e, de acordo com o Cartório de Registro de
Imóveis da 1 Circunscrição de Goiânia, 55% estão em nome de Marly Jayme
Peixoto, sogra do governador. Os outros 45% são divididos entre Perillo e
a mulher dele, Valéria. Na época, o imóvel custou R$ 49 mil. Hoje, está
avaliado em cerca de R$ 300 mil.
Dono de propriedades rurais em
Pirenópolis, o governador deixou de registrar ainda a aquisição de 91,96
hectares. A terra foi comprada em 30 de maio de 2003 de sua sogra e dos
cunhados. Mais uma vez, quem assina é a primeira-dama, citada como
compradora ao lado do marido, com quem vive em regime de comunhão
parcial de bens. Ou seja, tudo o que é comprado após o casamento é do
casal. Pelas terras, foram pagos R$ 70 mil.
Omissões relevantes podem levar à inelegibilidade
Além de omitir bens, Perillo
incluiu em declarações enviadas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) bem
que, legalmente, ainda não lhe pertencia. Embora o governador
declarasse, desde 2006, ser proprietário de dois lotes em Alphaville
Flamboyant, somente em 7 de julho do ano passado é que ele passou a ser o
dono, de fato, dos terrenos. Documento do Cartório de Registro de
Imóveis da 4 Circunscrição atesta que a escritura pública foi registrada
em 9 de setembro de 2011, com a venda datada de 7 de julho do mesmo
ano.
Consultada pelo Globo sobre como
os candidatos devem proceder em relação à declaração de bens, a
procuradora eleitoral Sandra Cureau informou que todo o patrimônio deve
ser informado à Justiça Eleitoral. O candidato só não precisa incluir na
declaração bens que vendeu antes do prazo para apresentar o registro de
sua candidatura. Segundo ela, omissões revelantes podem levar à
rejeição da prestação de contas e até mesmo à inelegibilidade do
político. Com informações do jornal tucano O Globo
*osamigosdopresidentelula