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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
domingo, julho 01, 2012
Um relampejo na memória social latino-americana
Em cartaz no Brasil, o filme “Violeta se fue a los cielos” debruça-se sobre a trajetória da artista chilena Violeta Parra
Deni Ireneu Alfaro Rubbo no BRASIL DE FATO
Representar
avatares de personagens históricos, ainda mais aqueles de vida e obra
carregadas de explosão e tortuosidade, na tela do cinema sempre trará
incontornáveis riscos. Aplausos, vaias. Ainda mais quando o campo social
contemporâneo está completamente dominado pela cultura da imagem e do
visual. Por exemplo, em Bird (1987), de Clint Eastwood, que procura dar
luz e imagem ao percurso rebelde do músico Charlie Parker, a
preocupação parece ter se centrado mais na reconstituição e recuperação
estética dos lugares e objetos da época, expressando, no fim das contas,
uma repetição do que é meramente representado, contemplação resignada,
ou melhor – para ficarmos na expressão do crítico marxista Fredric
Jameson –, um “pastiche nostálgico”, típico de uma época sedenta pelo
espetáculo da estética.
Mas talvez seja exatamente o conteúdo do
perigo dessa empreitada, da possibilidade da experiência vivida do
contrassenso, que instigue ainda alguns (poucos) autores à sua
realização. Porque apresentar e trazer à tona qualquer trajetória
herética de um aventureiro(a), no sentido amplo e positivo da palavra, é
também rememorar e sacudir o pensamento e a sociedade de determinada
época. Assim, abrem-se fendas, bifurcações que buscam (re)colocar
utopias e projetos da memória social coletiva e atualizá-la,
transformando cinzas em fogo. Trata-se de uma preocupação, a um só
tempo, que envolve a dimensão estética e política, forma e conteúdo.
“Violeta
se fue a los cielos”, de Andre Wood (diretor do filme Machuca), em
cartaz no Brasil, vem estimular esse terreno debruçando-se sobre a
trajetória de Violeta Parra, uma querida personagem ainda pouco
difundida no Brasil. Mulher. Chilena. Latino-americana. Mãe. Poetisa.
Comunista. Índia. Pobre. Rebelde. Violeta nasce em 1917, no mês da
revolução de Outubro. As marcas que leva no rosto a vida inteira são
frutos deixados pela varíola contagiada durante a infância, que nutre
para sempre insegurança com sua beleza. Vestia-se com a mesma
simplicidade de uma camponesa, conservando os cabelos compridos e quase
despenteados, em qualquer lugar que estivesse. Fez arte do bordado, da
pintura, da cerâmica e, sobretudo, cantou: “a criação é um pássaro sem
plano de voo que nunca vai chegar em linha reta”. Nas décadas de 1950 e
1960, sua criação barroca ecoou, continentalmente e universalmente, em
meio a gerações vencidas que entoaram seu grito em diversas contestações
nos países em que triunfava o partido dos vencedores provisórios, tanto
em regimes de terror burocrático quanto em regimes de acumulação
capitalista fordista.
Andarilha, como Che Guevara, Violeta viajou
para muitas regiões, sempre junto de seus filhos, buscando e coletando a
riqueza da música folclórica chilena e latino-americana, parte de
extrema sensibilidade do filme de Wood. Certamente, foi pioneira em sua
busca por uma música de raiz genuinamente popular, semelhante a muitos
sambistas no Brasil. Considerava pertencer à linha musical da tradição
camponesa, cantava sem artifícios, rusticamente, e quando sua doce voz
se entrecruzava com os dedilhados no violão, como as mãos que se juntam
de casais na primeira vez, parecia brotar da terra como um vulcão.
Seguindo a estirpe dos românticos, amou loucamente e, por isso mesmo,
jamais seus relacionamentos tiveram um curso sereno. Seu suicídio não
foi exclusivamente amoroso, mas também por ter visto a dificuldade da
universalização de uma cultura milenar relegada (“o mundo é maior do que
eu imaginava”, diz à sua filha) ao passado em nome da técnica e do
progresso que jamais evitaram os grandes desastres na periferia do
capitalismo.
É preciso dizer, por fim, que o filme também contém
suas fragilidades. As tensões entre vida privada e contexto político e
social que vivia o país chileno, sem contar as mutações do mundo da
Guerra Fria, são excessivamente suavizadas. Como se fossem secundários
os cruzamentos dos ritmos sociais e culturais regionais e mundiais que
eivavam à época, e como se isso não tivesse significado na formação da
visão de mundo da folclorista chilena. É imperativo, no entanto, juntar
os pedaços – ou os cacos, como preferem alguns – que fizeram sua
materialização. É difícil também entender como o filme conseguiu
simplesmente ignorar personagens que tiveram uma aproximação – inclusive
pessoal – tão íntima com Parra como, por exemplo, o músico e diretor de
teatro Victor Jara, assassinado pela contrarrevolução chilena, e o
poeta Pablo Neruda.
Nesses casos, contudo, as músicas e os poemas
sempre parecem salvar qualquer dificuldade que o filme supostamente
apresenta. Talvez seja aquele paradoxal caso, mas não tão raro, de
desencontro entre ritmo da protagonista e do filme – evidentemente, com a
primazia do primeiro em relação ao segundo. Amamos Violeta, mas
titubeamos se temos o mesmo sentimento apaixonado sobre o filme.
Em
todo caso, o expectador brasileiro terá a oportunidade de conhecer essa
artista tão autêntica e multifacetada, tão perigosa quanto uma
guerrilheira. Para mais do que nunca, costurar, cantar e lutar pela
radical diversidade na radical unidade latino-americana dos subalternos,
nos milhares de “notas de pé de página”, como poderia dizer o escritor
argentino Rodolfo Walsh, de ontem e hoje, dos sem-teto, dos sem-terra,
dos camponeses, dos indígenas, dos operários, enfim, do conjunto
heterogêneo da classe trabalhadora. Gracias Violeta.
*Turquinho
Outro exemplo de manipulação jornalística: a foto de José Dirceu no Estadão em sua covarde campanha contra o ex-ministro
Estadão baba com julgamento do "mensalão"
de O Esquerdopata
Só a escolha patética e
vergonhosa da foto que ilustra a matéria já dá ideia da seriedade de
quem a escreveu. Segundo os degenerados do Estadão, o MP liderado pelo
Engavetador-Geral das Cachoeiras quer ou pretende ampliar, não amplicar,
a investigação a dias do julgamento. Se em sete anos faltou alguma a
ser investigada, o sósia do Jô Soares deveria pedir demissão ao invés de
amplicar seja lá o que for.
Fonte: http://esquerdopata.blogspot.com.br/2012/06/estadao-baba-com-julgamento-do-mensalao.html
*Opensamentodaaldeia
Kassab contra a solidariedade
Não vai longe certa visão sanitarista abraçada
pelas autoridades municipais da cidade de São Paulo, que se fez manifesta em
vistosas placas verdes que determinavam a proibição de atrair pombos nas praças
públicas.
Os termos do alerta não fazia referência ao ato de alimentar
aves, porque proibi-lo traria implícita consigo a admissão da naturalidade da
presença delas nos espaços públicos, como fora durante o longo tempo em que não
se imaginava uma área verde sem os agitados tico-ticos e pombos brancos
trazidos pela corte de D. João VI.
Afastados os pombos, ainda que o retardasse a teimosia
recalcitrante de idosos e crianças cuja sensibilidade não entendia quais as ameaças
oferecidas pelos pequenos animais que tanta vida traziam à praça, o imperativo
da higiene alcançou os próprios seres humanos.
Não da forma enviesada como pretenderam os alertas
destinados aos amantes de aves 30 anos antes, mas de maneira direta, explícita,
chocante como jamais o imaginaria aquele que sendo humano conviva entre homens, e não entre feras,
na ambiência da cidade.
É proibido alimentar pessoas, decretou há poucos dias o prefeito Kassab. Da
mesma forma como décadas antes confiscavam os fiscais da prefeitura as migalhas
de pão em mãos de aposentados nas manhãs de domingo,
homens armados da prefeitura tem ordens agora de confiscar pratos de sopa das mãos
de quem os receba de caridosos concidadãos.
Apressam-se as autoridades em atribuir a insólita ordem à
busca de eficiência dos serviços municipais voltados à população em situação de
rua. Julgam-na uma decisão administrativa como qualquer outra, que regra as
atividades desenvolvidas na cidade e as coisas que lhe são próprias.
Ao dar primazia aos inexistentes serviços prestados pelo
governo municipal, pelo menos na escala e amplitude necessária, o que se
assiste é ao Estado interferir na relação solidária entre pessoas, obstar o
exercício de práticas humanitárias que nunca se pensou pudesse qualquer
governo visar.
Dá-se com a iniciativa passo ousado para criminalizar a
solidariedade humana dirigida à mitigação da pobreza, à ação individual que
permite ao ser humano enxergar-se como tal. Manifestar humanidade e fazer
aquilo que o Estado tarda a fazer está prestes a tornar-se crime. A crueldade
está aponto de virar política de governo, para espanto daqueles que pensavam
não chegar a tanto a insensibilidade de tecnocratas de governo.
Rebelar-se contra essa ignomia é mais que um direito, é uma
imposição do sentimento humano. Que sejam estilhaçados, pois, os vidros do
gabinete do Sr Prefeito, para lembrar a todos os governantes que ninguém está obrigado
a perder sua humanidade em razão de regras municipais.
*Brasilquevai
Unesco aprova título de Patrimônio Mundial para a Paisagem Cultural do Rio
Domingo histórico para o Brasil: a cidade do Rio de Janeiro tornou-se a primeira do mundo a receber o título da Unesco de Patrimônio Mundial como Paisagem Cultural Urbana. A candidatura, apresentada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), foi aprovada durante a 37ª Sessão do Comitê do Patrimônio Mundial, que está reunido em São Petersburgo, na Rússia, desde o dia 25.A ministra da Cultura, Ana de Hollanda, e o presidente do IPHAN, Luiz Fernando de Almeida, que acompanharam os trabalhos, comemoraram a decisão que resultou na inclusão de mais um bem brasileiro na Lista de Patrimônio Mundial.
Para a ministra Ana de Hollanda, o resultado vem “coroar um belíssimo trabalho que evidencia a cidade que nasceu e cresceu entre o mar e a montanha e, com criatividade e talento criou paisagens - hoje mundialmente conhecidas - que a tornaram excepcional e maravilhosa”.
O presidente do IPHAN explicou que “a paisagem carioca é resultado da utilização intencional da natureza que, atendendo aos interesses econômicos dos colonizadores portugueses, formou espaços únicos no mundo que destacam a originalidade do Rio de Janeiro expressa pela troca entre diferentes culturas associadas a um sítio natural”.
A partir de agora, os locais da cidade valorizados com o título da Unesco serão alvo de ações integradas visando à preservação da sua paisagem cultural. São eles o Pão de Açúcar, o Corcovado, a Floresta da Tijuca, o Aterro do Flamengo, o Jardim Botânico e famosa praia de Copacabana, além da entrada da Baía de Guanabara. As belezas cariocas incluem o forte e o morro do Leme, o forte de Copacabana e o Arpoador, o Parque do Flamengo e a enseada de Botafogo.
Patrimônios Mundiais no Brasil
Além da Paisagem Cultural do Rio de Janeiro, o Brasil conta hoje com outros 18 bens culturais e naturais na lista de 911 bens reconhecidos pela Unesco.
Os bens culturais estão compostos por: Conjunto Arquitetônico e Urbanístico de Ouro Preto, Minas Gerais (1980); Centro Histórico de Olinda, Pernambuco (1982); Ruínas de São Miguel das Missões, Rio Grande do Sul (1983); Santuário do Bom Jesus de Matosinhos em Congonhas, Minas (1985); Centro Histórico de Salvador, Bahia (1985); Conjunto Urbanístico de Brasília, Distrito Federal (1987); Centro Histórico de São Luís, Maranhão (1997); Centro Histórico de Diamantina, Minas (1999); Centro Histórico de Goiás, Goiás (2001); Praça de São Francisco em São Cristovão, Sergipe (2010).
Já os bens naturais são: Parque Nacional do Iguaçu, Paraná (1986); Costa do Descobrimento, Bahia e Espírito Santo (1997); Parque Nacional Serra da Capivara, Piauí (1998); Reserva Mata Atlântica, São Paulo e Paraná (1999); Parque Nacional do Jaú, Amazonas (2000); Pantanal Mato-grossense, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul (2000); Reservas do Cerrado: Parque Nacional dos Veadeiros e das Emas, Goiás (2001); e Parque Nacional de Fernando de Noronha, Pernambuco (2001).
*JB
Vereadores de SP registram presença sem estar em Plenário
Vereadores de São Paulo estão
fraudando o painel eletrônico da Câmara para garantir votos e presença
quando estão fora do plenário, revela o jornal O Estado de S. Paulo, que
nas últimas três semanas flagrou pelo menos 17 dos 55 parlamentares
praticando a irregularidade, ao longo das 20 sessões realizadas no
período. Funcionários da mesa da Presidência utilizam um terminal de uso
exclusivo dos parlamentares para marcar os nomes dos envolvidos e
evitar descontos na folha de pagamento. Cada falta custa R$ 465. Até
quem está na Casa comete a fraude, usando um dispositivo instalado ao
lado do elevador exclusivo dos parlamentares, que permite a marcação
secreta.
A fraude na marcação da presença
de vereadores ainda possibilita a formação de quóruns falsos e,
consequentemente, a aprovação irregular de projetos de lei por meio de
votações simbólicas - procedimento adotado quando não é exigido o
registro do voto nominal. O presidente da Câmara, José Police Neto
(PSD), não quis comentar o assunto. Responsável pela compra do painel e
pelo sistema de marcação de presença digital, o ex-presidente da Casa
Antonio Carlos Rodrigues (PR), não esconde que fica pouco no plenário.
Em 2008, o painel custou R$ 1 milhão aos cofres da Câmara.
*osamigosdopresidentelula
Geisel, o democrata,
armou Pinochet
“Os Chicago Boys” do Pinochet estão vivos e ativos, prontos para um Golpe Paraguaio.
Saiu no Globo:
Ditadura forneceu armas para repressão no Chile
Acordo ordenou que emblemas oficiais fossem raspados para ocultar origem
Júnia Gama
BRASÍLIA – Documentos secretos produzidos pelo extinto Estado-Maior das Forças Armadas (Emfa) durante a ditadura militar revelam que o governo brasileiro forneceu armamentos militares ao Chile para a repressão interna no regime do general Augusto Pinochet (1973-1990). Um acordo articulado no governo do general Emílio Garrastazu Médici (1969-1974) e executado durante os primeiros anos do governo de Ernesto Geisel (1974-1979) repassou à ditadura chilena milhares de fuzis, espingardas, cartuchos de munição, carregadores e outros equipamentos bélicos, como “material destinado à manutenção da ordem interna”.
O GLOBO teve acesso com exclusividade a documentos que mostram que o EMFA determinou, em 17 de janeiro de 1975, que o armamento a ser cedido ao Chile tivesse as Armas da República apagadas para que não fosse identificada a origem brasileira e oficial. Nessa data, o então vice-chefe do Estado-Maior, general Carlos de Meira Mattos, solicita ao chefe de gabinete do Ministério do Exército “providências no sentido de que a fábrica de Itajubá proceda ao esmerilhamento nas estampagens dos emblemas com as Armas da República dos fuzis tipo FAL e FAP que serão cedidos”, diz ofício secreto assinado por Meira Mattos.
O general pede que o mesmo procedimento seja feito no armamento a ser fornecido pela Marinha: “Conforme relação constante do Aviso da referência, o Ministério da Marinha também cederá idêntico armamento ao governo Chileno. Assim sendo, consultamos aquele órgão da possibilidade de efetuar idêntica operação pela Marinha, ou em caso negativo, se deseja que o trabalho seja feito em Itajubá”.
Os documentos integram uma série de 37 volumes de caráter sigiloso e 52 volumes de boletins reservados expedidos pelo extinto Estado-Maior da Forças Armadas, sucedido pelo ministério da Defesa em 1999. O ministro da pasta, Celso Amorim, informou à Comissão da Verdade a existência dos documentos e solicitou ao Ministério da Justiça a criação de um grupo de trabalho para análise e tratamento das informações. Amorim determinou que os volumes sejam transferidos para o Arquivo Nacional.
Crédito para o governo chileno
O então presidente Geisel, que encarregou o Estado-Maior da coordenação das medidas para equipar o Exército do Chile para a repressão interna, também autorizou abertura de crédito ao governo chileno para a compra de material bélico e equipamento militar de produção nacional.
“O senhor presidente da República autorizou a abertura de um crédito, no prazo de quinze anos, de US$ 40.000.000 (quarenta milhões de dólares), para a aquisição de material bélico e equipamentos militares de produção nacional ou em disponibilidade no país”, afirma o ministro-chefe do EMFA, Humberto de Souza Mello, ao ministro da Defesa do Chile, Patrício Carvajal Prado, em 16 de maio de 1974. Em seguida, Souza Mello pede que sejam tomadas as providências junto ao governo do Chile para que o embaixador chileno em Brasília seja “autorizado a realizar os necessários entendimentos com o ministro da Fazenda do Brasil”, Mario Henrique Simonsen.
(…)
Júnia Gama
BRASÍLIA – Documentos secretos produzidos pelo extinto Estado-Maior das Forças Armadas (Emfa) durante a ditadura militar revelam que o governo brasileiro forneceu armamentos militares ao Chile para a repressão interna no regime do general Augusto Pinochet (1973-1990). Um acordo articulado no governo do general Emílio Garrastazu Médici (1969-1974) e executado durante os primeiros anos do governo de Ernesto Geisel (1974-1979) repassou à ditadura chilena milhares de fuzis, espingardas, cartuchos de munição, carregadores e outros equipamentos bélicos, como “material destinado à manutenção da ordem interna”.
O GLOBO teve acesso com exclusividade a documentos que mostram que o EMFA determinou, em 17 de janeiro de 1975, que o armamento a ser cedido ao Chile tivesse as Armas da República apagadas para que não fosse identificada a origem brasileira e oficial. Nessa data, o então vice-chefe do Estado-Maior, general Carlos de Meira Mattos, solicita ao chefe de gabinete do Ministério do Exército “providências no sentido de que a fábrica de Itajubá proceda ao esmerilhamento nas estampagens dos emblemas com as Armas da República dos fuzis tipo FAL e FAP que serão cedidos”, diz ofício secreto assinado por Meira Mattos.
O general pede que o mesmo procedimento seja feito no armamento a ser fornecido pela Marinha: “Conforme relação constante do Aviso da referência, o Ministério da Marinha também cederá idêntico armamento ao governo Chileno. Assim sendo, consultamos aquele órgão da possibilidade de efetuar idêntica operação pela Marinha, ou em caso negativo, se deseja que o trabalho seja feito em Itajubá”.
Os documentos integram uma série de 37 volumes de caráter sigiloso e 52 volumes de boletins reservados expedidos pelo extinto Estado-Maior da Forças Armadas, sucedido pelo ministério da Defesa em 1999. O ministro da pasta, Celso Amorim, informou à Comissão da Verdade a existência dos documentos e solicitou ao Ministério da Justiça a criação de um grupo de trabalho para análise e tratamento das informações. Amorim determinou que os volumes sejam transferidos para o Arquivo Nacional.
Crédito para o governo chileno
O então presidente Geisel, que encarregou o Estado-Maior da coordenação das medidas para equipar o Exército do Chile para a repressão interna, também autorizou abertura de crédito ao governo chileno para a compra de material bélico e equipamento militar de produção nacional.
“O senhor presidente da República autorizou a abertura de um crédito, no prazo de quinze anos, de US$ 40.000.000 (quarenta milhões de dólares), para a aquisição de material bélico e equipamentos militares de produção nacional ou em disponibilidade no país”, afirma o ministro-chefe do EMFA, Humberto de Souza Mello, ao ministro da Defesa do Chile, Patrício Carvajal Prado, em 16 de maio de 1974. Em seguida, Souza Mello pede que sejam tomadas as providências junto ao governo do Chile para que o embaixador chileno em Brasília seja “autorizado a realizar os necessários entendimentos com o ministro da Fazenda do Brasil”, Mario Henrique Simonsen.
(…)
Instalou-se no centro do Historialismo (não é
História nem Jornalismo) um dos pontos fortes da Ideologia brasileiro do
Regresso: o regime militar começou e acabou quando os jeniais Geisel
(os dois irmãos, Orlando “Araguaia” e Ernesto) e Golbery quiseram.
Começou, porque o presidente eleito constitucionalmente, João Goulart, gostava de pernas – de cavalos e de coristas.Foi o Golpe Paraguaio da época.
O Presidente foi deposto enquanto estava em território nacional, a caminho do Rio Grande do Sul.
Para justificar o paraguaio Golpe, o Historialismo acena com um Golpe que Jango se preparava para dar.
Como o mensalão, este “Golpe do Jango” estará por provar-se até o fim dos tempos.
Clique aqui para ler “Quando vier um Golpe paraguaio, como a Dilma poderá defender-se, sem uma Ley de Medios?”.
Segundo o Historialismo, o regime militar acabou quando os dois, Ernesto Geisel, “o sacerdote”, e Golbery, “o feiticeiro”, bem entenderam, porque, segundo iluminado autor, os dois jenios se deram conta de que o regime militar tinha “virado uma bagunça”.
É a “versão Dedé Santana” da História: chega de bagunça !
Por isso, o Historialismo tenta transformar Geisel e Golbery em Washington e Jefferson da Fundação da Democracia Brasileira – os Pais da Pátria.
Uma das faces escuras do Historialismo é inocentar os Estados Unidos de participar em qualquer Golpe Paraguaio: em 2012 e em 1964.
A reportagem de Júnia Gama desmistifica “a versão Dedé Santana” da História do Brasil.
E mostra que Geisel foi um “gorila” prussiano, austríaco, e Golbery um “gorila” tímido, discreto.
Geisel mandou bombardear Brizola em 1961.
E Golbery redigiu o “Manifesto dos Coronéis” que derrubou Jango do Ministerio do Trabalho no Governo Vargas.
“Gorilas” de velha cepa.
Que o Historialismo não conseguirá redimir.
Como se sabe, Pinochet chegou ao poder numa operação de Nixon, Kissinger e da CIA.
Como se sabe, Pinochet retribuiu a gentileza de Geisel e Mario Henrique Simonsen.
Ensinou ao pessoal do Fernando Henrique – veja aqui que ele mandou o STF condenar o Dirceu – a Cartilha Neo-Liberal.
“Os Chicago Boys” do Pinochet estão vivos e ativos nas páginas do PiG (*) até hoje – ou como colonistas (**) ou como entrevistados.
Mas, vivos estão.
E prontos para um Golpe Paraguaio, o “golpe post-moderno”, o “fast impeachment”.
Em tempo: pergunta inútil. O Geisel podia armar o Pinochet. Agora, o Fidel não podia armar o Brizola no exílio ?
Paulo Henrique Amorim
(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.
(**) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG que combateram na milícia para derrubar o presidente Lula e, depois, a presidenta Dilma. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse pessoal aí.
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