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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, setembro 27, 2012

O veredicto da História

http://www.youtube.com/watch?v=PjRJZl4_Ze4&feature=colike



Via Jornal do Brasil
“Mas, nesse caso, e com o apelo surrado ao data venia, teremos que chamar o povo ao banco dos réus: ao eleger Lula por duas vezes, os brasileiros assumiram o domínio do fato”.
Mauro Santayana

Cabe aos tribunais julgar os atos humanos admitidos previamente como criminosos. Cabe aos cidadãos, nos regimes republicanos e democráticos, julgar os homens públicos, mediante o voto. Não é fácil separar os dois juízos, quando sabemos que os julgadores são seres humanos e também cidadãos, e, assim, podem ser contaminados pelas paixões ideológicas ou partidárias — isso, sem falar na inevitável posição de classe. Dessa forma, por mais empenhados sejam em buscar a verdade, os juízes estão sujeitos ao erro. O magistrado perfeito, se existisse, teria que encabrestar a própria consciência, impondo-lhe sujeitar-se à ditadura das provas.
Mesmo assim, como a literatura jurídica registra, as provas circunstanciais costumam ser tão frágeis quanto as testemunhais, e erros judiciários terríveis se cometem, muitos deles levando inocentes à fogueira, à forca, à cadeira elétrica.
Devido a erros judiciários, cometem-se muitos deles levando inocentes à fogueira, à forca, à cadeira elétrica
Estamos assistindo a uma confusão perigosa no caso da Ação 470, que deveria ser vista como qualquer outra. Há o deliberado interesse de transformar o julgamento de alguns réus, cada um deles responsável pelo seu próprio delito — se delito houve — no julgamento de um partido, de um governo e de um homem público.
Não é a primeira vez que isso ocorre em nosso país. O caso mais clamoroso foi o de Vargas em 1954 — e a analogia procede, apesar da reação de muitos, que não viveram aqueles dias dramáticos, como este colunista viveu. Ainda que as versões sobre o atentado contra Lacerda capenguem no charco da dúvida, a orquestração dos meios de comunicação conservadores, alimentada por recursos forâneos — como documentos posteriores demonstraram — se concentrou em culpar o presidente Vargas.
Quando recordamos os fatos — que se repetiram em 1964, contra Jango — e vamos um pouco além das aparências, comprova-se que não era a cabeça de Vargas que os conspiradores estrangeiros e seus sequazes nacionais queriam. Eles queriam, como antes e depois, cortar as pernas do Brasil. Em 1954, era-lhes crucial impedir a concretização do projeto nacional do político missioneiro — que um de seus contemporâneos, conforme registra o mais recente biógrafo de Vargas, Lira Neto, considerava o mais mineiro dos gaúchos. Vargas, que sempre pensou com argúcia, e teve a razão nacional como o próprio sentido de viver, só encontrou uma forma de vencer os adversários, a de denunciar, com o suicídio, o complô contra o Brasil.
Os golpistas, que se instalaram no Catete com a figura minúscula de Café Filho, continuaram insistindo, mas foram outra vez derrotados em 11 de novembro de 1955. Hábil articulação entre Jango, Oswaldo Aranha e Tancredo, ainda nas ruas de São Borja, depois do sepultamento de Vargas, levara ao lançamento imediato da candidatura de Juscelino, preenchendo assim o vácuo de expectativa de poder que os conspiradores pró-ianques pretendiam ocupar. Juscelino não era Vargas, e, mesmo que tivesse a mesma alma, não era assistido pelas mesmas circunstâncias e teve, como todos sabemos, que negociar. E deu outro passo efetivo na construção nacional do Brasil.
Os anos 60 foram desastrosos para toda a América Latina. Em nosso caso, além do cerco norte-americano ao continente, agravado pelo espantalho da Revolução Cubana (que não seria ameaça alguma' se os ianques não houvessem sido tão açodados), tivemos um presidente paranoico, com ímpetos bonapartistas, mas sem a espada nem a inteligência de Napoleão, Jânio Quadros. Hoje está claro que seu gesto de 25 de agosto de 1961, por mais pensado tenha sido, não passou de delírio psicótico. A paranoia (razão lateral, segundo a etimologia), de acordo com os grandes psiquiatras, é a lucidez apodrecida.
Admitamos que Jango não teve o pulso que a ocasião reclamava. Ele poderia ter governado com o estado de sítio, como fizera Bernardes. Jango, no entanto, não contava — como contava o presidente de então — com a aquiescência de maioria parlamentar, nem com a feroz vigilância de seu conterrâneo, o procurador criminal da República, que se tornaria, depois, o exemplo do grande advogado e defensor dos direitos do fraco, o jurista Heráclito Sobral Pinto. Jango era um homem bom, acossado à direita pelos golpistas de sempre, e à esquerda pelo radicalismo infantil de alguns, estimulado pelos agentes provocadores. Tal como Vargas, ele temia que uma guerra civil levasse à intervenção militar estrangeira e ao esquartejamento do país.
Vozes sensatas do Brasil começam a levantar-se contra a nova orquestração da direita, e na advertência necessária aos ministros do STF. Com todo o respeito à independência e ao saber dos membros do mais alto tribunal da República, é preciso que o braço da justiça não vá além do perímetro de suas atribuições.
É um risco terrível admitir a velha doutrina (que pode ser encontrada já em Dante, em seu ensaio sobre a monarquia) do domínio do fato. É claro que, ao admitir-se que José Dirceu tinha o domínio do fato, como chefe da Casa Civil, o próximo passo é encontrar quem, sobre ele, exercia domínio maior. Mas, nesse caso, e com o apelo surrado ao data venia, teremos que chamar o povo ao banco dos réus: ao eleger Lula por duas vezes, os brasileiros assumiram o domínio do fato.
Os meios de comunicação sofrem dois desvios à sua missão histórica de informar e formar opinião. Uma delas é a de seus acionistas, sobretudo depois que os jornais se tornaram empresas modernas e competitivas, e outra a dos próprios jornalistas. A profissão tem o seu charme, e muitos de nossos colegas se deixam seduzir pelo convívio com os poderosos e, naturalmente, pelos seus interesses.
O Poder Executivo, o Parlamento e o Poder Judiciário estão sujeitos aos erros, à vaidade de seus titulares, aos preconceitos de classe e, em alguns casos, raros, mas inevitáveis, ao insistente, embora dissimulado, racismo residual da sociedade brasileira.
Com o governo de Lula veio: menos  desigualdade, presença brasileira no mundo e retorno do sentimento de autoestima do brasileiro
Lula, ao impor-se à vida política nacional, despertou a reação de classe dos abastados e o preconceito intelectual de alguns acadêmicos sôfregos em busca do poder. Ele cometeu erros, mas muito menos graves e danosos ao país do que os de seu antecessor. Os saldos de seu governo estão à vista de todos, com a diminuição da desigualdade secular, a presença brasileira no mundo e o retorno do sentimento de autoestima do brasileiro, registrado nos governos de Vargas e de Juscelino.
É isso que ficará na História. O resto não passará de uma nota de pé de página, se merecer tanto.
*GilsonSampaio

Abbas pede que Assembleia Geral da ONU reconheça Estado palestino




O presidente palestino, Mahmoud Abbas, disse nesta quinta-feira (27) à Assembleia Geral da ONU que ele quer que o país seja reconhecido como "Estado não membro" da entidade, o que significaria, na prática, o reconhecimento, por parte das Nações Unidas, do Estado Palestino.
Abbas disse esperar que "a Assembleia Geral adote uma resolução considerando o Estado da Palestina como um 'Estado não membro' das Nações Unidas durante essa sessão", que termina em setembro de 2013, e foi bastante aplaudido.

O dirigente palestino afirmou estar "confiante" em que terá apoio dos países-membros para a empreitada, e disse que já começou gestões diplomáticas para isso.

Atualmente, os palestinos integram a ONU como "entidade observadora".

"Não pretendemos deslegitimar um Estado já existente, entenda-se Israel, e sim fazer valer os direitos de um Estado que deve se formar", disse, em referência à Palestina, disse, momentos antes de o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, se dirigir à Assembleia Geral da ONU.


Antes, Abbas denunciou que a população palestina é alvo de uma "limpeza étnica" e classificou os assentamentos israelenses nos territórios ocupados de "catastróficos" e "racistas".

Mas Abbas disse que ainda acredita em uma solução de dois Estados para resolver a crise regional.

Ele pediu que o Conselho de Segurança da ONU "adote rapidamente uma resolução que assente as bases para uma solução para o conflito israelense-palestino que sirva de referência vinculante e de guia" para um acordo de paz com base em "dois Estados, Israel e Palestina".


Abbas havia buscado o reconhecimento de Estado soberano nas Nações Unidas no ano passado. Esse pedido ambicioso tinha que passar pelo Conselho de Segurança da ONU, mas não conseguiu reunir votos suficientes diante da dura pressão dos EUA, aliado histórico de Israel.


assentamentos-israelenses-sao-racistas-diz-presidente-palestinos.html


Erundina com Haddad nesta sexta-feira, 28/9, no Sindicato dos Bancários

quarta-feira, setembro 26, 2012

TEDxDaLuz - Eduardo Marinho - O que a razão não alcança


Charge do Dia

Golpe

Até quando os humanos carregarão nos ombros (literalmente) esses parasitas???

Família real britânica exibindo sua superioridade 


 

Até quando os humanos carregarão nos ombros (literalmente) esses parasitas???
Que mundo é esse que ainda permite esse tipo de "superioridade"???
Duas palavras expressam as imagens acima:
Humilhação e Superioridade
*comtextolivre

Irão e Israel: A dupla face dos media e do Conselho de Segurança da ONU








 

Rui Pedro Fonseca [*]
À semelhança do que aconteceu em relação ao Iraque com as mentiras fabricadas de que Saddam Hussein (1) possuía instalações com armas de destruição maciça; (2) que não queria deixar entrar os inspetores da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA); (3) de que o ditador teria sido corresponsável pelos ataques às torres gémeas; a imprensa e os círculos de opinião de referência internacionais e portugueses têm vindo a intensificar o enredo de suspensão e de medo em torno das populações ocidentais em relação ao Irão.
Se atentarmos às palavras-chave de Obama proferidas na conferência da AIPAC [1] , a 4 de Março de 2012, notamos que estas aglutinam um padrão de ideias-chave, de discursos que vêm sendo reproduzidos constantemente pela imprensa nacional e internacional, partilhados por círculos de opinião, que têm diabolizado o Irão e legitimado sanções económicas, acusações e ameaças de intervenção militar (dos Estados Unidos e Israel) que têm vindo a aumentar cada vez mais de intensidade: "ameaçam varrer Israel do mapa"; "apoiam grupos terroristas empenhados na destruição de Israel"; "terrorismo"; "programa nuclear do Irão"; "ameaça"; as "armas mais perigosas do mundo"; "armas nucleares"; "Irão não cumpre as suas obrigações"; "regime iraniano"; "caminho que os vai levar a uma série de consequências se eles não cumprirem" [2]
Os círculos de formação de opinião veiculam atualmente o Irão como o perigo número 1 para a ordem mundial, e importa dissecar e compreender o alcance destas expressões alusivas às "ameaças" iranianas:
"Varrer Israel do mapa"
A verdadeira versão do que disse Ahmadinejad – "Este regime que ocupa Jerusalém deve ser eliminado das páginas da história" – aparentemente foi eliminada da face do planeta da imprensa de referência e resta a inquestionada e repetida mentira do que Ahmadinejad nunca disse: que "Israel deve ser varrido do mapa". A citação verdadeira de Ahmadinejad, já assumida pelo próprio, fez referência à mudança de regime em Israel que das palavras passa às ações de, com os tanques e buldózeres da Caterpillar, apagar do mapa inteiras aldeias de Palestina, de matar e/ou expulsar os seus moradores para construir colonatos. Ainda assim, as práticas de Israel não são dignas de sanções nem da atenção da generalidade dos/as comentadores/as e agências noticiosas.
O pseudo programa nuclear militar do Irão e a vista grossa ao armamento nuclear israelense
Tal como aconteceu com o Iraque a partir de 2001, o Irão é mencionado pela imprensa de referência (incluindo a portuguesa) como um "regime perigoso" para o Ocidente porque as reservas de energia nuclear estão a ser utilizadas para fins militares. O primeiro ministro de Israel, Benjamin Netanyahu continua a pressionar os Estados Unidos para, provavelmente em aliança, atuarem militarmente. É uma das vozes mais acusatórias de que o Irão possui instalações que têm como objetivo a produção de armas nucleares:
"Continua, sem interferência, a obter capacidade de produzir armas nucleares e, portanto, bombas nucleares" e há que colocar uma linha vermelha (red line) no programa nuclear iraniano: "Esperar por quê? Esperar até quando?" [3]
Diz ainda Netanyahu:
"É inaceitável que um país que viola de forma flagrante as resoluções do Conselho de Segurança e da AIEA (...) possa beneficiar dos frutos da energia nuclear" [4]
As diabolizações de Israel e EUA em relação ao Irão no que diz respeito à energia nuclear dividem-se em duas ordens de questões, que não são controversas, e que importa serem esclarecidas: (1) a legitimidade que o Irão tem em produzir energia nuclear e (2) os relatórios da AIAE.
1. O Irão tem toda a legitimidade em produzir energia nuclear para fins pacíficos. Dentro dos termos do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TPN), de acordo com o artigo IV, todos signatários, incluindo o Irão que o assinou em 1969, tal como os Estados Unidos e outros países signatários, têm todo o direito em desenvolver energia nuclear para fins civis, portanto para fins pacíficos. Dentro tratado de não proliferação a energia nuclear é, então, um óbvio direito de qualquer país. Todos os Estados que assinaram o TPN têm o dever de cumprir com o artigo IV.1 que declara:
"Nada neste tratado deve ser interpretado como algo que afete o direito inalienável de todas as Partes do Tratado desenvolverem pesquisa, produção e uso de energia nuclear para fins pacíficos sem discriminação e em conformidade com os artigos I e II deste Tratado." [5]
Neste contexto, Israel, enquanto país não signatário do TNP, não tem qualquer direito legal a desenvolver energia nuclear sem a supervisão da AIEA. Adicionalmente, ao contrário do que fez o Irão e outros Estados da região, Israel nunca abriu as suas instalações aos inspetores da AIEA. As infrações de Israel neste âmbito, juntamente com o não escrutínio dos principais meios noticiosos, aumentam de gravidade a partir do momento em que existem inequívocas instalações de produção nuclear para fins militares em Dimona (Israel) tal como foram detalhadas pelo ex. técnico nuclear israelense Mordechai Vanunu (em 1986).
Capa da Der Spiegel, Junho/2012. Disse Vanuno, em 2005, a Eileen Fleming:
"Nixon parou com as inspeções e concordou em ignorar a situação. Como resultado, Israel aumentou a produção. Em 1986, existiam mais de duzentas bombas. Hoje [2005], pode haver plutónio suficiente para produzir dez bombas por ano" [6]
O sacrifício de Vanuno da sua própria liberdade em nome da verdade foi em vão porque as suas descobertas têm muito pouco retorno da imprensa e dos círculos de opinião ocidentais. O "estatuto" de Israel de produtor de armamento nuclear nem sequer é ambíguo, ou especulativo (como pelos vistos é no caso do Irão). É reconhecido internacionalmente e desde cedo logo após a constituição de Israel enquanto Estado que, por David Ben-Gurion, instituiu um programa de armamento nuclear, em meados da década de 1950, como parte da sua "política ativista de defesa" [7] . Para além de no passado terem vendido clandestinamente armas nucleares a África do Sul, mesmo neste ano de 2012, Israel vendeu mísseis nucleares para a Alemanha para armar submarinos cujos oficiais alemães, como Hans Rühle, chegaram a admitir a dimensão nuclear da transação designada de "Operação Samson":

"Eu assumi desde o início que os submarinos teriam capacidade nuclear." [8]

Instalações nucleares de Israel, em Dimona. As cerca de 200 bombas nucleares que Israel detinha em 1986, aumentando para um número atual situado entre 300 a 400, não tiveram nem têm o mediatismo, nem mereceram, ou merecem, qualquer sanção do próprio Conselho de Segurança das Nações Unidas. E qual a razão? Simplesmente porque Israel tem o apoio incondicional (militar, político, económico e diplomático) [9] dos Estados Unidos que armam e apoiam a aquisição e produção de armamento israelense que é utilizado, por exemplo, para cometer flagrantes atentados contra os direitos humanos na Palestina com o fim de "conquistar território pela guerra". Adicionalmente, os Estados Unidos, Israel e aliados passam incólumes a críticas dos seus não cumprimentos da lei internacional e são constantemente representados como vítimas, paladinos dos bons valores e guardiões da segurança global.
Os relatórios da AIEA
2. Ao contrário de Israel, o Irão permitiu que os inspetores da IAEA visitassem as instalações onde não foram encontradas quaisquer provas de desenvolvimento de energia atómica para fins militares. Os próprios serviços de inteligência dos EUA, como a CIA, também não encontraram provas que o Irão produz armamento nuclear. Mas quais são, afinal, os pontos críticos revelados no último relatório da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) de 31/Agosto/2012?
No que diz respeito às "Atividades relacionadas com o Enriquecimento" o relatório confirma que "o Irão não suspendeu as suas atividades de enriquecimento (…) e todas estas atividades estão sob a supervisão da Agência, assim como todo o material nuclear, instalado em cascata e a alimentação e as estações de retirada/evacuação nessas instalações estão sujeitas à vigilância e confinamento." [10]
O documento assinala (na alínea 39) que o Irão poderá "eventualmente" continuar com as atividades cessadas em finais de 2003 para o "desenvolvimento de aparelhos nucleares explosivos" [11] . A capacidade de fabricar armamento militar nuclear é aplicável a qualquer país que produza energia nuclear e tenha alguma tecnologia.
Por fim, o relatório afirma, inequivocamente, (na alínea 52.) que a AIEA admite não ter encontrado atividade de material nuclear para fins militares e que, "portanto, conclui que todo o material nuclear do Irão é para atividades pacíficas." [12]
A associação mediática do Irão ao terrorismo internacional e a vitimização de Israel
A outra grande ameaça veiculada por Obama, Netanyahu e seguidores/as é o apoio do Irão ao "terrorismo" [13] . De acordo com Obama e seguidores/as, o apoio do Irão é bipartido entre Hezbollah e Hamas. O "terrorismo" do Hezbollah é celebrado com um feriado a cada 25 de Maio no Líbano, e exalta a expulsão dos invasores israelenses do território libanês em 2000. Israelenses que, até então, durante 22 anos, havam cometido terror e tortura permanecendo em flagrante violação das ordens do Conselho de Segurança das Nações Unidas e da lei internacional. O agora celebrado Dia de Libertação Libanês, proporcionado pelo Hezbollah, marca assim a expulsão dos ocupadores israelenses e a libertação do Líbano, sendo que os mass media e comentadores/as residentes invertem a realidade caracterizando os israelenses-ocupadores como agredidos, vítimas, e o grupo político/militar do Hezbollah como terrorista.
O outro apoio do Irão ao "terrorismo internacional" é o Hamas – que se tornou numa séria ameaça (terrorista) quando os palestinianos cometeram o crime (em 2006) de votarem neste movimento no que viriam a ser as primeiras eleições a ocorrerem na Palestina. A imprensa de referência refere-se ao Hamas como uma das grandes forças terroristas a nível mundial por lançar de Gaza uns rockets artesanais que atingiram as fronteiras israelenses como reação aos 7,700 rockets disparados (em Junho de 2006) pelas forças militares israelenses contra civis e alvos civis palestinianos [14] . Ainda que o massacre resultante da Operação Chumbo Fundido (2007/2008), levado a cabo por Israel com apoio militar e diplomático dos Estados Unidos, tenha originado a morte de mais 1600 civis palestinianos/as e 13 israelenses (4 mortos pelas próprias forças IDF), a destruição de alvos civis (escolas, hospitais, mesquitas, esquadras de polícia) – este não foi uma época de morte e sofrimento suficientemente digna para que a imprensa internacional de referência designasse Israel, ou os EUA apoiantes, como Estados terroristas que não respeitam a lei internacional e os direitos humanos.
Ao contrário de Israel e Estados Unidos, o Irão não cometeu qualquer ato de terrorismo internacional pelo simples facto de não ameaçar, invadir e/ou atacar um país há mais de duzentos anos. Todavia, os círculos de opinião mencionam que é o Irão que devemos recear apesar de o Iraque ter sido destruído, tal como se determinou por nenhuma das razões anunciadas pelo governo de George Bush. Nem importa que o Irão esteja sob ameaça constante dos Estados Unidos e Israel, que violam o ponto 4. (do art. 2) da Carta das Nações Unidas:
"Os [Estados] membros deverão abster-se nas suas relações internacionais de recorrer à ameaça ou ao uso da força, quer seja contra a integridade territorial ou a independência política de um Estado, quer seja de qualquer outro modo incompatível com os objetivos das Nações Unidas" [15]
Manter as sanções económicas contra o Irão porque este tem tecnologia nuclear é não só hipócrita como também ilegal à luz do direito internacional, logo constitui-se como um crime. Mas estes dois países têm um estatuto especial porque não respondem perante direito internacional, pois os seus crimes não contam como tal.
O estatuto de ameaça do Irão
Apesar do zumbido da propaganda, a ameaça do Irão não é militar. Quando comparada com o resto da região (inclusivamente com Israel) a capacidade militar do Irão é relativamente mais baixa; é praticamente metade do que gasta a Arábia Saudita (cliente dos EUA, o país mais fundamentalista da região do Médio Oriente); e é quase impercetível equivalendo a 2% da capacidade militar dos Estados Unidos [16] .
O Irão chegou a ser aliado das grandes potências ocidentais quando (em 1953) os EUA e Grã-Bretanha derrubaram o governo legitimamente eleito e apoiaram o ditador Shah e os seus programas nucleares. Foi a partir de 1979, quando a população iraniana expulsou o ditador do poder, que os EUA têm vindo a tentar estrangular o Irão: tentaram o golpe militar, apoiaram militarmente Saddam Hussein (1980-88) na invasão ao Irão que matou centenas de milhares de pessoas, e, desde então, o Irão sofreu sanções por não aceitar ser cliente dos EUA e manter o seu "regime" democrático.
A verdadeira ameaça do Irão é o seu peso no Médio Oriente como parceiro comercial de outros países, como a França, a Alemanha, a Itália, a Espanha, a Rússia, a China, o Japão e a Coreia do Sul; a partir da década de 1990 com a Síria, a Índia, Cuba, Venezuela e a África do Sul, e que vem expandindo seus laços comerciais com a Turquia e o Paquistão. Os principais produtos de exportação são o petróleo, gás natural, produtos químicos e petroquímicos, mas também frutas, nozes e tapetes. O estatuto do Irão é representado, pela propaganda ocidental, como desestabilizador para a região; mas quando os Estados Unidos e aliados invadem e bombardeiam os países vizinhos – já são representados como os agentes que pretendem criar "estabilização".
O regime democrático iraniano é hostilizado pelos EUA simplesmente porque não admitem que os iranianos controlem os seus recursos. Mas quando os governantes ditadores são clientes dos EUA [17] , mesmo que bloqueiem o crescimento do próprio país, que oprimam as próprias populações, ou cometam atrocidades em série – passam geralmente despercebidos perante os media de referência.
O facto de os media comentarem o Irão com tanta intensidade denota a básica assunção que os Estados Unidos, Israel e alguns aliados europeus têm o direito de utilizar as sanções económicas, que estrangulam as exportações iranianas, de ameaçar ou ainda invadir militarmente à revelia da lei internacional.
Em suma, o que está em causa é uma intensa doutrinação mediática que tem vindo a proteger a agenda dos responsáveis imperialistas que prosseguem os seus planos de conquista sem serem responsabilizados por terrorismo e por diversos crimes internacionais pelas entidades competentes, que são reguladas pelos interesses dos que mais importam.
Setembro/2012
[1] American Israel Public Affairs Committee, ou America's pro-Israel lobby
[2] Na conferência da AIPAC, a 4/Março/2012, "President Obama, Diplomacy still an option in Iran", CNN, www.youtube.com/watch?v=ex-ie1UUKUg&feature=related
[3] Benjamin Netanyahu, "Those that refuse to set Red lines for Iran; can't give Israel Red light" (Sept 12, 2012), www.youtube.com/watch?v=BZV-Ul9a5Kc&feature=related
[5] Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares. Versão do documento em inglês, assinado em Washington, Londres e Moscovo a 1 de Julho de 1968. Este documento foi ratificado a 5 de Março de 1970 e proclamado por Richad Nixon a 1970 http://www.fas.org/nuke/control/npt/text/npt2.htm
[6] "Mordechai Vanunu, Whistle Blower on Israel's Nuclear Weapons Program, Jailed Again" 23 May, 2010, - por Eileen Fleming, Countercurrents.org revolutionaryfrontlines.wordpress.com/...
[7] Cf. The Nuclear Threat Initiative em www.nti.org/country-profiles/israel/nuclear/
[8] Israel's Deployment of Nuclear Missiles on Subs from Germany, em Der Spiegel , 6/June 2012 www.spiegel.de/...
[9] Por exemplo, isoladamente do resto do mundo, os EUA têm vetado indiscriminadamente as mais de 35 propostas de resolução sobre Israel e Palestina nas sessões anuais da Assembleia Geral das Nações Unidas. Os EUA continuam abertamente a apoiar a militarização, colonização israelense em "território palestiniano ocupado".
[10] Alinea 10 do documento Implementation of the NPT Safeguards agreement and relevant provision of Security Council resolutions in the Islamic Republic of Iran – Report by the Director General, 30 Agosto 2012 IAEA www.nytimes.com/...
[11] Alinea 39, Idem
[12] Alinea 52, Idem
[13] Dentro de uma conceção imperialista, portanto desconexa da lei internacional, é que este é apenas cometido sempre pelos "outros", e nunca pelas potências do ocidente.
[14] Cf. Noam Chomsky, "U.S. Savage Imperialism The U.S. Empire, the Mideast, and the world" , part I 2010, www.zcommunications.org/u-s-savage-imperialism-by-noam-chomsky
[15] Carta das Nações Unidas, Capítulo 1, nº 4 do art. 2: www.un.org/spanish/Depts/dpi/portugues/charter/chapter1.htm
[16] List of countries by military expenditures: en.wikipedia.org/wiki/List_of_countries_by_military_expenditures
[17] Só para citar alguns exemplos da longa lista de ditadores apoiados pelos Estados Unidos: Gen. Ibrahim Babangida, Anwar El-Sadat, Hosni Mubaral, Pieter Willem Botha, Mohamed Suarto, Saparmirad Atayevich Niyazov, Syngman Rhee, Anastasio Somosa Garcia, Gen. Jose Efrain Rios Montt, Gen. Manuel Antonio Morena Noriega, Augusto Pinochet, Gerardo Machado Morales, Saddam Hussein, etc. Mais em tinfoilpalace.eamped.com/2011/01/29/dictators-supported-by-the-us/
[*] Investigador, Instituto de Sociologia da FLUP. 
GilsonSampaio

Espanha: você agora é um escravo, seu único direito é a submissão

Via Euronews

Madrid a ferro e fogo

Se o fim do verão foi escaldante no sul da Europa, o outono promete ser abrasador, com o agravar da austeridade, da recessão e do desemprego, um cocktail explosivo que fez mais de meia centena de feridos na capital espanhola, metade dos quais polícias.
A manifestação, convocada pelas redes sociais sob o mote “Cerca o Congresso”, terminou em confrontos violentos na praça Neptuno, junto ao Congresso onde se reúnem os deputados.
Milhares de pessoas tomaram, de forma maioritariamente pacífica, as ruas de Madrid para denunciarem uma “democracia sequestrada” pelos mercados financeiros e demonstrarem a cólera face a uma crise que deixou um em cada quatro espanhóis sem trabalho.
“O povo unido já mais será vencido” ou “as mãos são as nossas armas” foram algumas das palavras de ordem dos manifestantes, na sua maioria mais jovens do que em demonstrações precedentes.
Os juros da dívida espanhola voltaram a subir e quinta-feira serão anunciadas novas medidas de austeridade pelo governo conservador de Mariano Rajoy.


*GilsonSampaio

No futuro, todos parecerão brasileiros, diz cientista




Por m 26.09.2012 as 13:00
Como será o ser humano do futuro? Esta pergunta já suscitou muitas respostas bizarras, como a de que o ser humano do ano 2000 seria mais baixo, teria pernas curtas, cabeça maior, olhos maiores, e um aspecto bizarro. Partindo de pesquisas recentes sobre o comportamento humano, veja uma previsão mais moderna sobre o assunto.

Pessoas azuis

No período curto de seis gerações de endogamia, uma população isolada nas montanhas do Kentucky, em Troublesome Creek (EUA), acabou por desenvolver uma pele azulada.
Todos os descendentes de um imigrante francês de nome Martin Fugate sofrem de uma doença sanguínea rara chamada metemoglobinemia, causada por um gene recessivo, que faz com que o sangue seja marrom, em vez de vermelho, o que faz com que a pele tenha um aspecto azulado.
Os geneticistas, tentando descobrir de onde veio o gene recessivo, montaram a árvore genealógica dos Fugate, que revelava uma história de casamentos entre primos, e entre tios/tias e sobrinhas/os. Dennis Stacy, cujo tataratataravô dos dois lados era a mesma pessoa, Henley Fugate, apresentou uma explicação simples para o fenômeno: os moradores da região casavam entre si porque não haviam estradas para eles saírem de lá.
A desculpa parece sórdida na pior das hipóteses, ou coisa de preguiçoso na melhor das hipóteses, mas a história dos Fugate é uma miniatura do que aconteceu com a humanidade: o isolamento das populações causou um compartilhamento de genes, resultando em grupos locais que acabaram dando origem a raças ou grupos étnicos.

Entra a bicicleta

Esta história começou a mudar com a invenção da bicicleta. Antes da mesma, a distância média entre os locais de nascimento de marido e mulher, na Inglagerra, era 1,6 quilômetros. A invenção da bicicleta permitiu que os homens buscassem esposas mais longe, e a distância passou a ser de 48 quilômetros, em média. E este fenômeno não ficou restrito à Inglaterra: outros países europeus apresentaram padrões semelhantes.
A bicicleta levou à pavimentação de estradas e preparou o caminho para a chegada do automóvel. A distância entre o local de nascimento de marido e mulher foi aumentando a ponto de hoje em dia facilmente se encontrar casais que nasceram ou têm ascendentes em continentes diferentes.

Olhos azuis

Um estudo de 2002 feito pelos epidemiologistas Mark Grant e Diane Lauderdale descobriu que só um em cada seis americanos brancos não hipânicos tem olhos azuis, um número que era de mais da metade da população branca não mais de 100 anos atrás.
A única explicação encontrada para isso, segundo Lauderdale, foi de que a tendência de casar com membros do mesmo grupo ancestral mudou, uma hipótese comprovada pelos dados do censo de 1980, com o aumento de pessoas que apontam terem mais de um grupo ancestral.
Com essa “mistura”, será que as características recessivas vão sumir? Ou seja, as dominantes podem dominar totalmente e acabar, por exemplo, com o olho azul? Não, segundo Lauderdale. Elas vão estabilizar a um nível que reflete a chance de casamento entre dois indivíduos possuindo genes recessivos. Outras características que são controladas por vários genes atuando juntos tenderão a um valor médio, com os valores extremos se tornando cada vez mais raros.
Este efeito vai ser visível nos EUA em todas as características recessivas de descendentes europeus, como cabelo ruivo ou loiro, e sardas, por causa da mistura com povos asiáticos, africanos e latinos. Outras características genéticas que tendem a diminuir incluem a anemia falciforme e a fibrose cística.

No futuro, todos serão morenos-jambo

Não dá para prever como esta mistura genética irá afetar a aparência física das pessoas, mas acredita-se que o norte-americano do futuro terá a pele e o cabelo um pouco mais escuros que atualmente, diminuindo cada vez mais o número de pessoas com pele e cabelo bem escuros ou bem claros.
Esta mistura genética também está acontecendo em diferentes graus em outras partes do mundo. Entretanto, em alguns lugares, onde os traços nativos ainda conferem vantagens no ambiente, ou onde a imigração é mais lenta, as mudanças acontecem de forma mais difícil.
A homogeneização total das características humanas provavelmente nunca acontecerá, embora a população humana se torne cada vez mais misturada.
Segundo os pesquisadores, uma população que serve de exemplo de mistura a longo prazo é a brasileira. Nosso povo mistura características de africanos, americanos nativos e europeus. Em alguns séculos, os americanos vão se parecer com os brasileiros. Ainda mais longe, todo o mundo deverá “ser brasileiro”. [Life's Little Mysteries]
*http://hypescience.com