Ignorado
e desvalorizado pela mídia “ocidental”, que só noticia sua existência
quando das cúpulas presidenciais, o grupo BRICS, que reúne o Brasil, a
Rússia, a Índia, a China e a África do Sul, se prepara para promover
verdadeira revolução no mercado financeiro internacional.
Reunindo
alguns dos maiores credores dos EUA - com 378 bilhões de dólares em
reservas internacionais, o Brasil é o seu terceiro maior credor - o
grupo se organiza para criar o seu próprio banco mundial e a sua
própria agência de qualificação de riscos.
Eles
se cansaram de esperar pelas reformas do FMI e do Banco Mundial, que
lhes dariam mais poder e cotas dentro daquelas organizações, e decidiram
atuar em conjunto para superar a crise. Na semana que vem, será
realizada em Tóquio mais uma reunião dos países membros do Fundo
Monetário Internacional. Mas os países do BRICS não esperam qualquer
avanço nos debates pela reforma da instituição, já que os Estados Unidos
a isso se opõem.
Em ano eleitoral, o
Presidente Barack Obama não quer dar pretextos à crítica dos
republicanos, dando a impressão que os EUA estariam dispostos a ceder
mais espaço de poder para os BRICS na mais conhecida – até agora –
organização financeira do planeta.
Nada disso,
no entanto, muda o fato de que o apego ao poder dos Estados Unidos e da
Europa nos organismos internacionais está cada vez mais distante da
situação geopolítica real.
Para o “mercado”,
manda quem tem dinheiro, e, se os EUA e a Europa estão cheios de
dívidas, por causa de guerras como as do Iraque e do Afeganistão, e de
anos de hedonismo e de consumo irresponsável, o dinheiro agora está nas
mãos da China e do BRICS como um todo.
Os
membros do grupo tem um perfil de dívida baixo e não devem quase nada ao
Exterior, comparando-se aos países do G-7, (Brasil, 13% de dívida
externa, 35% de dívida líquida total – contra 55,5% em 2002) e já detêm,
com pouco mais de 4.3 trilhões de dólares, quase 50% das reservas
internacionais do planeta.
No dia 15 de agosto
realizou-se na sede do BNDES, no Rio de Janeiro, a primeira reunião do
Grupo de Trabalho sobre a criação do Banco de Desenvolvimento dos BRICS.
No
dia 26 de setembro, um fórum de especialistas do Brasil, da Rússia, da
Índia, da China e da África do Sul, se reuniu em Chongqing, na China e
ali foi discutida a idéia de se criar uma agência de qualificação do
grupo, como alternativa às agências de classificação ocidentais, que não
souberam prever a crise de 2008, nem a que eclodiu este ano.
Nesta
semana, em Tóquio, os ministros das finanças do BRICS voltarão a
reunir-se, à margem do encontro do FMI. Da pauta deverá constar a troca
de reservas, em caso de eventual necessidade de financiamento externo, e
a criação do Banco do BRICS, cujo capital inicial, segundo anuncia a
imprensa internacional, poderá chegar a 50 bilhões de dólares.