Páginas
Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
domingo, março 31, 2013
Alô, Ministro Padilha: "Como agendar um parto normal?"
Quando você pensa que já viu tudo?
Grávidas apelam a 'jeitinho' para realizar parto normal em SP
TALITA BEDINELLI
GIOVANNA BALOGH
DE SÃO PAULO
Em 2012, a proporção passou para 43% e 57%, respectivamente.
Quando você pensa que já viu tudo?
Grávidas apelam a 'jeitinho' para realizar parto normal em SP
TALITA BEDINELLI
GIOVANNA BALOGH
DE SÃO PAULO
A
jornalista Gabriela Arruda, 31, levou um susto ao chegar em trabalho de
parto numa unidade do hospital São Luiz, na zona oeste de São Paulo,
onde planejava dar à luz.
Ouviu de
atendentes que, apesar de seu plano Amil cobrir o atendimento na
maternidade, se ela quisesse fazer um parto normal ali teria que pagar.
Para usar o convênio, deveria ter agendado o nascimento do filho
previamente.
"Chorei
muito. Como agendar um parto normal?", diz Gabriela, que escolheu o
plano só por causa do São Luiz, que permite parto na banheira.
A
dificuldade para realizar partos normais em algumas maternidades
aconteceu não só com Gabriela. Carla (nome fictício), que tem Medial,
ouviu o mesmo no hospital Vitória (zona leste de São Paulo).
Muitas
beneficiárias da Amil, dona da Medial, maior operadora do país, com mais
de 3,5 milhões de usuários, passam pela mesma situação.
Elas são
informadas que o plano cobre determinada maternidade, mas, quando
procuram o hospital, descobrem que ali só têm direito a partos
agendados, o que na prática as obrigaria a fazer cesarianas.
A Amil
diz que isso ocorre pois em algumas maternidades certos planos só dão
direito à internação eletiva (agenda). Isso significa, explica o São
Luiz, que quando a gestante chega em trabalho de parto ao pronto-socorro
não pode utilizar o convênio.
Eduardo Knapp/Folhapress | ||
Gabriela Arruda, 31, teve dificuldades como plano de saúde para fazer o parto normal do filho Jorge, hoje com 6 meses |
CUMPLICIDADE
Revoltadas
com o que consideram prejuízo ao parto normal "mães militantes"
discutem em grupos da internet formas para "driblar" a proibição.
Uma
delas é recorrer a um truque com a "cumplicidade" do obstetra. As
gestantes pedem ao médico uma guia de internação solicitando ao convênio
o agendamento de uma cesárea com data posterior a prevista para o bebê
nascer.
Assim,
chegam ao hospital em trabalho de parto, antes do dia marcado, conseguem
ser admitidas e fazer o parto normal. É que com a guia, elas não entram
por meio do pronto-socorro.
Essa foi
a saída adotada por uma analista ambiental, que pede para não ser
identificada por temer que o médico seja punido. "Temo agora que
descubram e me mandem a conta da maternidade. Aí, vou recorrer à
Justiça", afirma.
A via
judicial é outra alternativa. O advogado de Joana Imparato, 31, disse
para ela entrar com uma liminar e obrigar o plano a dar cobertura.
"Há
jurisprudências que consideram a conduta abusiva. O plano não informa
antes a situação para a grávida, há falha de informação", diz a advogada
Renata Vilhena.
CIRURGIA
Nos
últimos anos, a proporção de cesáreas nos hospitais da capital paulista
tem aumentado, na contramão do que preconiza o Ministério da Saúde.
Segundo
dados do Datasus (o banco de dados do Sistema Único de Saúde), em 2003,
49% dos partos feitos na cidade eram normais e 51% cesáreas.
Em 2012, a proporção passou para 43% e 57%, respectivamente.
A rede
privada foi a principal responsável por isso: a proporção de cesáreas
nos hospitais particulares saltou de 76% para 84%. Em algumas
maternidades, a porcentagem de cesarianas passa de 90%.
*MariadaPenhaneles
Dilma manda seguir em frente com a guerra pela audiência
Têm duas funções as cenas lamentáveis nas quais um dos mais importantes líderes da esquerda brasileira, guerrilheiro contra a ditadura que de branda não teve nada, é assediado por um comediante nos corredores da Câmara dos Deputados e, em seguida, ludibriado na sua boa-fé ao receber. com cortesia. um menino e o pai dele, a mando de um programa humorístico na TVBandeirantes. A primeira delas é a prova mais cabal que o Brasil goza de um período esplendoroso quanto à liberdade de expressão, após a luta de milhares de brasileiros e brasileiras contra a censura ditatorial, entre os quais estava aquele homem que quiseram enxovalhar. A segunda serve para mostrar ao grande público o que a mídia conservadora anda fazendo com a liberdade que aquele senhor de cabeça grisalha e aspecto sisudo ajudou o país a construir.
A questão maior que o episódio levanta, no entanto, é a importância de não matar o mensageiro e prestar atenção no que diz a mensagem. Instruídos por seus donos, os brincalhões industriados do CQC fazem o papel do palhaço no espetáculo encomendado por seus patrões. Quem aí já se esqueceu do festim diário nas tardes de julgamento da Ação Penal 470? Se não faz mais ideia do que se está falando, tem o livro do “imortal” Merval Pereira para lembrar, tintim por tintim, tudo o que interessa que seja lembrado pela audiência global. Com outro do jornalista Paulo Moreira Leite, desmentindo-lhe cada palavra, em A outra história do ‘mensalão’. O público para o qual as marionetes que se fazem de engraçadas tentaram ridicularizar o deputado José Genoino é o mesmo que aplaudiu o ‘Domínio do fato’ e colocou dinheiro público no processo, sem uma prova sequer, como mostra o jornalista Raimundo Rodrigues Pereira, supervisor editorial da revista Retrato do Brasil, em uma reportagem que será tema de análise na Corte Interamericana de Justiça.
Tão logo Genoino possa recorrer da sentença a que se vê submetido, a revisão integral do julgamento se fará necessária em uma instância judicial apartada da tentativa de golpe midiático ocorrida no Brasil, em plenas eleições do ano passado. Sorte para os brasileiros que a extrema-direita, patrocinadora da sanha jurídico-televisiva, levou umas belas palmadas nas urnas. A diferença é que, mesmo depois de sofrer sua mais fragorosa derrota na capital econômica do país, o resultado do julgamento na Suprema Corte de Justiça continua válido. E, qual uma ampulheta sinistra, guarda cenas ainda mais lastimáveis do que a execração pública sofrida por Genoino.
A mensagem é justamente essa: o que o bobalhão da corte midiática fez será apenas brincadeira de mau gosto, quando um dos homens mais distintos e corretos que esse país já produziu, coerente com sua história de resistência, for jogado na cela escura do presídio para onde será mandado, caso não lhe seja garantido o direito de recorrer, em liberdade, do destino a que os mais altos magistrados do país o condenaram. Essa, sim, será a imagem a ser estampada nos meios conservadores de comunicação, em riqueza de detalhes. Dias a fio.
O que o bufão travestido de repórter conseguiu produzir, além de um nó na garganta de quem já percebeu a imensa manobra em curso para minar o avanço do Brasil na direção da justiça social e de um Estado pleno para todos os brasileiros, e não apenas para a elite à qual esta Nação verteu sua riqueza, ao longo dos últimos 500 anos, foi a certeza de que algo precisa ser feito, com extrema urgência, para desmontar essa máquina de moer biografias, em nome do capitalismo senil. A medida não será decente e construtiva, como a civilizadaLey de Medios argentina. Nem terá a amplitude daquela comissão de controle da imprensa, votada e aprovada no Parlamento inglês. Muito menos observará a estrutura jurídica que o Congresso europeu aplica a todos os Estados-nação do bloco. A ilustre presidenta já deixou claro que, se algo acontecer por aqui será com vento de través, soprado por milhões de reais pagos aos cofres dos inimigos da democracia pela mesma mandatária da República que aplaude o barulho da imprensa domesticada, até ficar rouca.
Por ser Brasil, não seria fácil ou tranquila a democratização dos meios de comunicação. Como é de costume, será necessária uma nova revolução popular, mas dessa vez sem mortes físicas, espera-se, embora com muito sofrimento moral e lágrimas derramadas pelas noites mal dormidas de um sem-número de jornalistas que passa a integrar a resistência. A luta, no entanto, já é franca. De um lado, a imprensa independente, os ‘blogueiros sujos’ e a sociedade liberta do domínio midiático que só faz aumentar, eleição após eleição. Do outro, o poder bilionário da mídia conservadora, que agora tenta também dominar a internet, última trincheira da resistência contra o poderio das seis famílias que controlam a comunicação no Brasil. Terá que ser na raça, e da única forma possível, diante das graves circunstâncias que envolvem a questão, ainda que essa luta passe a dividir famílias inteiras, levar a tensão aos lares confrontados, roubar a tranquilidade dos brasileiros.
Por mais paradoxal que pareça, a solução para a derrota dos meios colonizados de comunicação foi apontada pela mesma presidenta que entope de dinheiro os canais de rádio e TV, os sites e blogs, os jornais impressos por aquelas mesmas empresas que estiveram a serviço dos conservadores, durante os Anos de Chumbo, lado a lado com os artífices da mais longa e encarniçada ditadura já vivida neste continente. A mesma presidenta que bloqueou o acesso da mídia alternativa aos recursos publicitários federais, para destiná-los quase que integralmente aos cúmplices dos seus algozes, DilmaRousseff apresentou uma alternativa aparentemente simples, quase pueril. Mandou a audiência decidir, por meio do controle remoto, como este país deseja ser informado da realidade que o cerca.
Se for este o único caminho possível, que a audiência seja então o campo da batalha final na guerra pelos corações e mentes do povo brasileiro. E que todos aguentem as consequências, pois dessa guerra não sairá um vencedor, apenas um país mais embrutecido, dividido e hostil.
Gilberto de Souza é jornalista, editor-chefe do Correio do Brasil.
sábado, março 30, 2013
Azenha anuncia livro sobre atuação política da Globo nas eleições presidenciais
Ex-correspondente da Globo em Nova York, o jornalista Luiz Carlos Azenha afirma que a emissora dos Marinho tentou eleger o tucano Geraldo Alckmin nas eleições de 2006 contra Lula. Em seu blog, Viomundo, ele anuncia que lançará livro sobre a atuação política das Organizações Globo com colaboração de Rodrigo Vianna, Marco Aurelio Mello e outras testemunhas — identificadas ou não — narrando os bastidores da cobertura da eleição presidencial de 2006 na Globo. “Descreverei detalhadamente, em breve, como O Globo e associados tentaram praticar comigo o tradicional assassinato de caráter da mídia corporativa brasileira”, alerta.Condenado a pagar R$ 30 mil a Ali Kamel por suposta “campanha difamatória”, Azenha fala que “o objetivo da emissora, ainda que por vias tortas, é intimidar e calar aqueles que são capazes de desvendar o que se passa nos bastidores dela, justamente por terem fontes e conhecimento das engrenagens globais”.
O jornalista comenta da desvantagem da mídia alternativa em disputas judiciais contra a emissora que concentra pelo menos 50% de todas as verbas publicitárias do Brasil, com o equivalente poder político, midiático e lobístico. “Hoje, através da judicialização de debate político, de um confronto que leva para a Justiça uma disputa entre desiguais, estamos fadados ao sufoco lento e gradual. Perdi. Ali Kamel e a Globo venceram. Calaram, pelo bolso, o Viomundo”, escreve Luis Carlos Azenha.
*sul21
Documentos da ditadura estarão disponíveis na internet a partir desta segunda-feira
Os arquivos e prontuários do extinto Departamento Estadual de Ordem Política e Social de São Paulo, (Deops), órgão de repressão do país no período da ditadura, poderão ser acessados na internet a partir da próxima segunda-feira. Ao todo, cerca de 1 milhão de páginas de documentação foram digitalizadas. O trabalho é resultado da parceria entre a Associação dos Amigos do Arquivo Público de São Paulo e o projeto Marcas da Memória da Comissão de Anistia, do Ministério da Justiça, com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
De acordo com o Ministério da Justiça, as informações, além de serem um importante registro histórico, poderão facilitar o trabalho de reparação feito pela Comissão de Anistia, uma vez que poderão ser usadas como ferramenta para que perseguidos políticos consigam comprovar parte das agressões sofridas.
A digitalização dos documentos foi feita em dois anos e deve continuar até 2014. Para a realização do trabalho, a Comissão de Anistia transferiu mais de R$ 400 mil à Associação de Amigos do Arquivo. Em dezembro de 2012, o Ministério da Justiça autorizou novo repasse, de mais R$ 370 mil, para digitalização de outros acervos.
A cerimônia de lançamento do portal na internet está marcada para a próxima segunda-feira, as 10h30, no Arquivo Nacional de São Paulo.
*correiodobrasil
Assinar:
Postagens (Atom)