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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, maio 05, 2013



Ex-presidente Lula, após uma década, explica o porquê do silêncio sobre o ‘mensalão’ e faz um balanço inédito dos seus anos de governo e do cenário político brasileiro

Trechos de uma longa entrevista do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao sociólogo Emir Sader, transformada em livro a ser lançado ainda este mês, vazaram neste sábado para a mídia alternativa e revelam o porquê de o líder mais influente do Partido dos Trabalhadores manter silêncio sobre o escândalo do ‘mensalão’, quebrado apenas no diálogo com o intelectual carioca. Tratou-se de uma estratégia para seguir adiante, apesar do pesado ataque da mídia conservadora, ao longo da última década.

– Tentaram usar o episódio do mensalão para acabar com o PT e, obviamente, acabar com o meu governo. Na época, tinha gente que dizia: “O PT morreu, o PT acabou”. Passaram-se seis anos e quem acabou foram eles. O DEM nem sei se existe mais. O PSDB está tentando ressuscitar o jovem Fernando Henrique Cardoso porque não criou lideranças, não promoveu lideranças. Isso deve aumentar a bronca que eles têm da gente – que, aliás, não é recíproca – ressalta.

Na entrevista, reproduzida no livro Governos Pós-Liberais no Brasil: Lula e Dilma, a ser lançado no próximo dia 18, o ex-presidente também reafirma a necessidade de uma constituinte, para levar a cabo a reforma política essencial para a consolidação da democracia no país. Segundo afirmou a Emir Sader, “a eleição está ficando uma coisa muito complicada pro Brasil”.

– Eu tentei, quando presidente, falar de uma Constituinte exclusiva, que é o caminho: eleger pessoas que só vão fazer a reforma política, que vão lá (para o Congresso), mudam o jogo e depois vão embora. E daí se convocam eleições para o Congresso. O que não dá é pra continuar assim. Às vezes tenho a impressão que partido político é um negócio, quando, na verdade, deveria ser um item extremamente importante para a sociedade – afirmou.

Leia agora os principais trechos da entrevista

– Qual o balanço que o senhor faz dos anos de governo do PT e aliados?

– Esses anos, se não foram os melhores, fazem parte do melhor período que este país viveu em muitos e muitos anos. Se formos analisar as carências que ainda existem, as necessidades vitais de um povo na maioria das vezes esquecido pelos governantes, vamos perceber que ainda falta muito a fazer para garantir a esse povo a total conquista da cidadania. Mas, se analisarmos o que foi feito, vamos perceber que outros países não conseguiram, em trinta anos, fazer o que nos conseguimos fazer em dez anos. Quebramos tabus e conceitos preestabelecidos por alguns economistas, por alguns sociólogos, por alguns historiadores. Algumas verdades foram por água abaixo. Primeiro, provamos que era plenamente possível crescer distribuindo renda, que não era preciso esperar crescer para distribuir. Segundo, provamos que era possível aumentar salário sem inflação. Nos últimos 10 anos, os trabalhadores organizados tiveram aumento real: o salário mínimo aumentou quase 74% e a inflação esteve controlada. Terceiro, durante essa década aumentamos o nosso comercio exterior e o nosso mercado interno sem que isso resultasse em conflito. Diziam antes que não era possível crescer concomitantemente mercado externo e mercado interno. Esses foram alguns tabus que nós quebramos. E, ao mesmo tempo, fizemos uma coisa que eu considero extremamente importante: provamos que pouco dinheiro na mão de muitos é distribuição de renda e que muito dinheiro na mão de poucos é concentração de renda.

– Quando começou o governo, o senhor devia ter uma ideia do que ele seria. O que mudou daquela ideia inicial, o que se realizou e o que não se realizou, e por quê?

– Tínhamos um programa e parecia que ele não estava andando. Eu lembro que o ministro Luiz Furlan, cada vez que tinha audiência, dizia: ‘Já estamos no governo há tantos dias, faltam só tantos dias para acabar e nós precisamos definir o que nós queremos que tenha acontecido no final do mandato. Qual é a fotografia que nós queremos’. E eu falava: ‘Furlan, a fotografia está sendo tirada’. Não é possível ficar com pressa de obter resultados. Nós temos que provar, no final de um mandato, se nós fomos capazes de fazer aquilo que nos propusemos a fazer. Se a gente for trabalhar em função das manchetes dos jornais, a gente parece que faz tudo e termina não fazendo nada.

Lula, líder sem precedentes na história
recente do Brasil (Foto: Divulgação)
Então é o seguinte: eu plantei um pé de jabuticaba. Se esse pé nascer saudável, vai ter sempre alguém dizendo: ‘Mas, Lula, não está dando jabuticaba, está demorando’. Se for cortar o pé e plantar outra coisa, eu nunca vou ter jabuticaba. Então, eu tenho que acreditar que, se eu adubar corretamente, aquele pé vai dar jabuticaba de qualidade. E eu citava esses exemplos no governo… Soja tem que esperar 120 dias, o feijão tem que esperar 90 dias. Não adianta ficar repisando, ‘faz uma semana que eu plantei e não nasceu’. Tem que ter paciência. Eu acho que eu fui o presidente que mais pronunciei a palavra ‘paciência’, ‘paciência’… Senão você fica louco.

Tem gente na política que levanta de manhã, lê o jornal e quer dar resposta ao jornal. E daí não faz outra coisa. Eu não fui eleito para ficar o tempo todo dando resposta a jornal. Eu fui eleito para governar um país. E isso me deu tranquilidade suficiente para ver que o programa de governo ia ser cumprido.

– Quando o senhor perdeu a paciência?

– Obviamente que nós tivemos problemas no começo. Você acha que é simples um metalúrgico sentar naquela cadeira na qual sentaram tantas outras personalidades, que via pela televisão, que achava que era mais importante do que eu… E o mesmo em relação a dormir no quarto em que dormiu tanta gente importante ou que, pelo menos a voz da opinião publica, são importantes. E eu ficava pensando: ‘Será que é verdade que eu estou aqui?’.Leia também

No começo tinha muita ansiedade. “Será que nós vamos dar conta de fazer isso? Será que vai ser possível?”, eu me perguntava. Eu acho que nós fizemos. Com erro e com muita tensão, mas fizemos.

Tivemos tropeços, é lógico. Muitos tropeços. O ano de 2005 foi muito complicado. Quando saiu a denúncia (do ‘mensalão’), foi uma situação muito delicada. Se não tivéssemos cuidado, não iríamos discutir mais nada do futuro, só aquilo que a imprensa queria que a gente discutisse. Um dia, eu cheguei em casa e disse: ‘Marisa, a partir de hoje, se a gente quiser governar este país, a gente não vai ver televisão, a gente não vai ver revista, a gente não vai ler jornal’. Eu passei a ter meia hora de conversa por dia com a assessoria de imprensa, para ver qual era o noticiário, mas eu não aceitava levantar de manhã, ligar a televisão e já ficar contaminado. Então eu acho que isso foi um dado muito importante.

Eu tinha uma equipe e criamos uma sala de situação, da qual participavam Dilma, Ciro (Gomes), Gilberto (Carvalho) e Márcio (Thomaz Bastos). E era muito engraçado: eu chegava ao Palácio e eles estavam todos nervosos. E eu estava tranquilo e falava: ‘Vocês estão vendo? Vocês leem jornal… Vocês estão nervosos por quê?’.

Vocês nasceram radicais…

– O PT era muito rígido, e foi essa rigidez que lhe permitiu chegar aonde chegou. Só que, quando um partido cresce muito, entra gente de todas as espécies. Ou seja, quando você define que vai criar um partido democrático e de massa, pode entrar no partido um cordeiro e pode entrar uma onça, mas o partido chega ao poder.

Então, a nossa chegada ao poder foi vista por eles não como uma alternância de poder benéfica à democracia, não como uma coisa normal: houve uma disputa, ganhou quem ganhou, leva quem ganhou, governa quem ganhou e fim de papo. Não é isso? Eles não viram assim. Quer dizer, eu era um indesejado que cheguei lá. Sabe aquele cara que é convidado para uma festa, e o anfitrião nem tinha convidado direito. Fala assim: ‘Se você quiser, passa lá’. E você passa e o cara fala: ‘Esse cara acreditou?’. Então, nós passamos na festa, e o que é mais grave, acertamos.

E depois, tentaram usar o episódio do ‘mensalão’ para acabar com o PT e, obviamente, acabar com o meu governo. Na época, tinha gente que dizia: “O PT morreu, o PT acabou”. Passaram-se seis anos e quem acabou foram eles. O DEM nem sei se existe mais. O PSDB está tentando ressuscitar o jovem Fernando Henrique Cardoso porque não criou lideranças, não promoveu lideranças. Isso deve aumentar a bronca que eles têm da gente – que, aliás, não é recíproca.

– O senhor não tem raiva da oposição?

– Eu não tenho raiva deles e não guardo mágoas. O que eu guardo é o seguinte: eles nunca ganharam tanto dinheiro na vida como ganharam no meu governo. Nem as emissoras de televisão, que estavam quase todas quebradas; os jornais, quase todos quebrados quando assumi o governo. As empresas e os bancos também nunca ganharam tanto, mas os trabalhadores também ganharam. Agora, obviamente que eu tenho clareza que o trabalhador só pode ganhar se a empresa for bem. Eu não conheço, na história da humanidade, um momento em que a empresa vai mal e que os trabalhadores conseguem conquistar alguma coisa a não ser o desemprego.

– O Brasil mudou nesses dez anos. E o senhor, também mudou?

– Uma das coisas boas da velhice é você tirar proveito do que a vida te ensina, em vez de ficar lamentando que está velho. A vida me ensinou muito. Criar um partido nas condições que nos criamos foi muito difícil. Agora que o partido é grande, tudo fica fácil, mas eu viajava esse país para fazer assembleia com três pessoas, com quatro pessoas, com cinco pessoas. Saia daqui de São Paulo para o Acre pra fazer reunião com dez pessoas, para convencer o Chico Mendes a entrar no PT, para convencer o João Maia – aquele que recebeu dinheiro para votar na eleição do Fernando Henrique Cardoso e era advogado da Contag – para entrar no PT. Era muito difícil fazer caravana, viajar ao Nordeste, pegar ônibus, ficar uma semana andando, fazendo comício ao meio-dia, com um sol desgraçado, explicando o que era o PT para que as pessoas quisessem se filiar.

– Por quê?

– A eleição está ficando uma coisa muito complicada pro Brasil. No mundo inteiro. No Brasil, se o PT não reagir a isso, poucos partidos estarão dispostos a reagir. Então o PT precisa reagir e tentar colocar em discussão a reforma política. Eu tentei, quando presidente, falar de uma Constituinte exclusiva, que é o caminho: eleger pessoas que só vão fazer a reforma política, que vão lá (para o Congresso), mudam o jogo e depois vão embora. E daí se convocam eleições para o Congresso. O que não dá é pra continuar assim.

Às vezes tenho a impressão que partido político é um negócio, quando, na verdade, deveria ser um item extremamente importante para a sociedade. A sociedade tem que acreditar no partido, tem que participar dos partidos.

– O PT não mudou necessariamente para melhor?

– O PT mudou porque aprendeu a convivência democrática da diversidade; mas, em muitos momentos, o PT cometeu os mesmos desvios que criticava como coisas totalmente equivocadas nos outros partidos políticos. E esse é o jogo eleitoral que está colocado: se o político não tiver dinheiro, não pode ser candidato, não tem como se eleger. Se não tiver dinheiro para pagar a televisão, ele não faz uma campanha.

Enquanto você é pequeno, ninguém questiona isso. Você começa a ser questionado quando vira alternativa de poder. Então, o PT precisa saber disso. O PT, quanto mais forte ele for, mais sério ele tem que ser. Eu não quero ter nenhum preconceito contra ninguém, mas eu acho que o PT precisa voltar a acreditar em valores que a gente acreditava e que foram banalizados por conta da disputa eleitoral. É o tipo de legado que a gente tem que deixar para nossos filhos, nossos netos. E provar que é possível fazer política com seriedade. Você pode fazer o jogo político, pode fazer aliança política, pode fazer coalizão política, mas não precisa estabelecer uma relação promíscua para fazer política. O PT precisa voltar urgentemente a ter isso como uma tarefa dele e como exercício pratico da democracia. Não tem de voltar a ser sectário como era no começo.

Eu lembro que companheiros meus perderam seu emprego numa metalúrgica, montaram um bar, mas quiseram entrar no sindicato e não puderam. “Você não pode entrar porque é patrão”, diziam. O coitado do cara tinha só um bar! A coitada da minha sogra, a mãe do marido da Marisa, a mãe do primeiro marido da Marisa (eu sou o único cara que tive três sogras na vida e uma que não era minha sogra; era sogra da minha mulher, por conta do ex-marido dela, que eu adotei como sogra), a coitada tinha um fusquinha 1966 que era herança do marido. E ela ganhava acho que R$ 600 – naquele tempo era como se fosse um salário mínimo de hoje – de aposentadoria, mas gostava de andar bem-vestida. Ela chegava a reunião do PT e o pessoal falava: ‘Já veio a burguesa do Lula’.

Tinha um candidato a vereador que queria dinheiro para a campanha e eu falei: “Olha, eu não vou pedir dinheiro para a campanha. Se você quiser, eu te apresento algumas pessoas”. Dai ele disse: “Não, mas eu não quero conversar com empresário”. Falei: “Então você quer que um favelado dê dinheiro para a tua campanha?”. Eu já fiz campanha de cofrinho. Eu já fiz campanha de macacão em palanque. Na campanha de 1982, a gente ia ao palanque, antes que eu falasse, fazia propaganda das camisas, dos botons, de tudo que a gente vendia. E a gente vendia na hora e arrecadava o dinheiro para pagar as despesas daquele comício”.

*Ajusticeiradeesquerda

Mídia despenca ladeira abaixo



Por Cadu Amaral, em seu blog:

A autoproclamada “grande imprensa” está caindo pelas tabelas. O Estado de São Paulo, Estadão, andou demitindo jornalistas e anunciou diminuição no número de páginas em seu impresso diário. A Folha, já em 2011, demitiu quarenta. Agora foi a vez da Editora Abril de Veja. Foi anunciada uma redução de mais de 65% de seu lucro. O que segura a onda são as publicações infantis.

Isso é o efeito do péssimo jornalismo praticado por esses veículos. Se não por questões morais ou ideológicas, fazer bom jornalismo é essencial para a sobrevivência no ramo. Mas eles preferiram – como sempre fizeram – o falseamento da realidade. Junte isso ao crescimento da internet onde é mais barato publicar notícias e onde a pluralidade é maior e a disputa dos corações e mentes de leitores mais equilibrada.

A “poderosa” tem sua audiência caindo vertiginosamente, mas ainda se segura por causa do oceano de recursos públicos em publicidade que recebe. São as pessoas que não mais leem ou assistem o conteúdo da imprensa da ditadura. Então por quê continuar com a divisão injusta da publicidade estatal?

Outro fator que ainda faz com que a “grande imprensa” mantenha sua empáfia de divindade é o monopólio que detém e a sua atuação em oligopólio. Ou seria um partido?

Ao contrário do que muita gente adoradora dessa imprensa “leite com pera”, é a pluralidade que mantém as empresas de comunicação ativas, mesmo que não como um império midiático. Vários veículo atuando exercem certa vigilância na prática jornalística, ajudando a manter uma qualidade e posturas mínimas do que deve ser jornalismo.

E não se trata aqui de jornalismo de esquerda ou de direita, por mais que fosse benéfico que os meio não vendessem o falso produto da imparcialidade. É mais honesto assumir que tem lado ou coloração ideológica. Dando aos leitores a real possibilidade de escolher a concepção de sociedade que querem ler.

A Inglaterra é um bom exemplo disso. Lá os jornais assumem sua cor. Se são de direita, afirmam sua posição; se são de esquerda ou de centro também.

Ainda há pessoas que indagam o fato de existir os felicianos da vida em espaços políticos, por exemplo. Ele é reflexo da falta de debates sérios sobre questões importantes para o desenvolvimento do país, sobre o comportamento do Estado brasileiro e da partidarização – no sentido de atuação em grupo, oligopólio mesmo – da “grande mídia”.

Joseph Pulitzer, jornalista e editor húngaro e radicado nos Estados Unidos, que empresta seu nome àquele que talvez seja o prêmio mais importante do jornalismo afirmou que “Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma”.

A realidade vivida pelos órgãos da “grande imprensa” é fruto de sua própria ação. Há tempos que caem pelas tabelas, seja na qualidade do produto que oferecem, seja na disputa da sociedade. Mesmo que ainda detenham a hegemonia dessa.

*carlosmaia

O PSDB respira por aparelhos em São Paulo

O dado mais relevante da última  pesquisa do Datafolha é o que  mostra que apenas 8% dos paulistanos simpatizam hoje com os tucanos.

Um foi ganhar dinheiro com palestras, o outro destruiu o partido em seu principal reduto

Passou relativamente em branco o dado mais importante da pesquisa feita pelo Datafolha para comemorar os seus trinta anos.

O foco do noticiário foi para a surpreendente escolha pelos paulistanos de Marta Suplicy como o melhor prefeito da cidade nas últimas três décadas. (Isso pode fortalecer Marta para uma eventual candidatura ao governo.)

Mas o dado mais relevante é um que diz respeito ao partido que dominou a cena paulista e paulistana nos últimos vinte anos: o PSDB.

Apenas 8% dos ouvidos pelo Datafolha disseram ter preferência pelo PSDB. O PT foi a escolha de 28%.

Isso quer dizer o seguinte: o PSDB respira por aparelhos em São Paulo.

É o que pode ser chamado de herança maldita de Serra.

Serra não foi apenas um prefeito incompetente, incapaz de sequer proteger as árvores da cidade de tombarem a qualquer chuva e de inibir a proliferação de pernilongos.

Ele foi também um tratante comprovado: prometeu que ficaria no cargo aos paulistanos nas eleições e depois, sem pudor, esqueceu o que disse.

E deixou em seu lugar um administrador ainda mais inepto que ele, Kassab, sob o qual qualquer chuva podia virar uma enchente.

Os paulistanos não são tão bobos assim.

Ficaram indignados com o papelão de Serra, e isso se reflete nos raquíticos 8%.

Onde estava FHC enquanto Serra destruía o PSDB na terra em que sua supremacia parecia inexpugnável?

Fazendo palestras, palestras e palestras de cachês na casa dos 200 mil reais.

Aos 81 anos, FHC acumulou um patrimônio considerável pós-presidência, mas dificilmente irá levá-lo para a próxima vida.

E, enquanto gerava muito mais moedas do que seria necessário a um homem já bem entrado em anos, deixou que Serra transformasse o PSDB num partido semimorto.


TSE absolve o PT do mensalão e esconde a decisão






Um tribunal que condena o Genoíno por ser presidente do PT não pode dormir sob o mesmo teto com outro que absolve Genoíno.


Curiosamente, a mesma ministra que absolveu o PT  no TSE, a senhora Carmem Lúcia, proferiu um dos votos mais duro no que diz respeito às condenações de Genoíno, Delúbio e Dirceu.Bem se vê que a demora na publicação da decisão de prestação de contas do PT pelo TSE só reforça a tese que o julgamento foi político.


TRIBUNAL IGNORA MENSALÃO E APROVA CONTABILIDADE DO PT

RUBENS VALENTE
ANDREZA MATAIS
DE BRASÍLIA

O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) aprovou as contas de 2003 do diretório nacional do PT e analisa uma recomendação para aprovar as de 2004, desprezando irregularidades que o processo do mensalão apontou nas finanças do partido nos dois anos.

A decisão que aprovou as contas de 2003 foi dada pela ministra Cármen Lúcia em junho de 2010, no início da campanha presidencial daquele ano. O despacho foi registrado semanas depois no Diário de Justiça eletrônico.

Ao contrário do que é costume no TSE, não houve nesse caso nenhuma divulgação da decisão para a imprensa.

Das duas uma: ou TSE fecha o Supremo do Mentirão, ou o Supremo do Mentirão fecha o TSE.

Os dois tribunais não podem conviver sob o mesmo teto.

Não podem julgar o mesmo PT, do Dirceu, Genoino e João Paulo e um dizer que são corruptos e outro dizer que não são.

Dizer, modo de dizer.

Porque na hora de dizer que o Genoino acumulou uma fortuna e depositou no banco Opportunity em Cayman, vai tudo ao vivo na TV Justiça, na GloboNews e garante 18′ no jornal nacional.

Na hora de dizer que o Genoino não é ladrão, é preciso o Rubens Valente descobrir …
E as provas ?

As provas contra o Dirceu, o Genoino e o João Paulo estão no áudio do grampo, como diz o amigo navegante Alessandro.

Vamos às contas do PT.

Os empréstimos do PT sob a presidência do Genoino foram legais e reconhecidos.

Empréstimos declarados na contabilidade do PT.
O juiz cobriu judicialmente e o PT pagou, judicialmente.

O PT fez contrato com o banco para pagar despesas de passagens aéreas, luz, telefone, papel higiênico.
Não era para comprar o professor Luizinho, líder do PT na Camara …

Desde a denúncia, em 2005, o PT apresentou todos os documentos.

Documentos que agora, segundo o Valente, a área técnica e o pleno do Tribunal Superior Eleitoral aprovaram.
Em 2004 e 2005, o próprio TSE já tinha examinado essas contas.

Ou seja, os ministros do STF com assento no TSE sabiam que o PT estava limpo.

Os empréstimos não tem nada a ver com Marcos Valeriodantas – fala, Valério, fala !
Tem a ver com bancos.

O sucessor de Genoino, Ricardo Berzoini, renegociou com o banco a dívida original de R$ 2 milhões e teve que pagar R$ 7,5 milhões.

Tudo pago judicialmente.

Como é que são empréstimos fictícios ?

Como encarcerar o Genoino, se a Ministra Carmen Lucia e o corpo técnico do TSE o consideraram probo ?

E que quem tem conta no banco Opportunity é o pessoal de outro partido político, como se verá quando o Presidente Joaquim Barbosa legitimar a Operação Satiagraha.

O julgamento do mentirão, para condenar o João Paulo Cunha, ignorou solenemente parecer técnico do Tribunal de Contas da União e da própria Câmara dos Deputados.
Claro !

O Supremo é Supremo !

Como diz o Nazareno, o Supremo Tapetão dos derrotados.

Como se sabe, Genoino foi condenado pelo simples fato de ser presidente do PT.

Em tempo: por que o PT não divulgou esse resultado assim que soube ? Para não comprometer a “governabilidade” ? Para não entristecer o Gilmar ? Ou o PT não sabia ? Sabe, agora, pela Folha ?

Como diz a Maria Inês Nassif: o PT só tem voto. No resto ele perde …

Da redação com informações do Conversa Afiada, de Paulo Henrique Amorim
do BLOG DO SARAIVA

"STF paga viagem de jornalista do Globo" . 05/05/2013



Eis um caso inaceitável de infração de ética de mão dupla.

Barbosa na Costa Rica
 Barbosa na Costa Rica

Era uma boca-livre promovida por João Dória, e o editor voltou dela repleto de brindes caros, outro foco pernicioso de corrupção nas redações. 
Fiquei absolutamente indignado quando soube, e isso me motivou a fazer de imediato um código de ética na editora. 
Surgiu um conflito do qual resultaria minha saída. Dias depois de meu desligamento, o editor voltou a fazer outra viagem bancada por Dória, e desta vez internacional. 
Bem, na companhia do editor foi o diretor geral da editora, Fred Kachar, um dos maiores frequentadores de boca livre do circuito da mídia brasileira. 
Isto é Globo. 
De volta à viagem de Costa Rica. Quando ficou claro que viagens pagas não podiam ser aceitas eticamente, foi a Folha que trouxe uma gambiarra ridícula. 
A Folha passou a adotar o expediente que se viu agora no Globo: avisar que estava prevaricando, como se isso resolvesse o caso da prevaricação. 
A transparência, nesta situação, apenas amplia a indecência. 
A Globo sabe disso. 
Mas quando se trata de dinheiro seus limites morais são indescritivelmente frouxos. 
Durante muito tempo, as empresas jornalísticas justificaram este pecado com a alegação de que não tinham dinheiro suficiente para bancar viagens. 
Quem acredita nisso acredita em tudo, como disse Wellington. 
Veja o patrimônio pessoal dos donos da Globo, caso tenha alguma dúvida. É ganância e despudor misturados – e o sentimento cínico de que o leitor brasileiro não repara em nada a engole tudo. 
Então a Globo sabe que não deveria fazer o que fez. 
E o Supremo, não tem noção disso? 
É o dinheiro público torrado numa cobertura jornalística que será torta moralmente, é uma relação promíscua – mídia e judiciário – alimentada na sombra. 
Para usar a teoria do domínio dos fatos, minha presunção é que o Supremo não imaginava que viesse à luz, num asterisco, a informação de que dinheiro do contribuinte estava sendo usado para bancar a viagem da jornalista do Globo. 
Como dizia meu professor de jornalismo nas madrugadas de fechamento de revista, quando um texto capital chegava a ele e tinha que ser reescrito contra o relógio da gráfica, a quem apelar? 
Paulo Nogueira. Jornalista baseado em Londres, é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises 
Diário do Centro do Mundo. 
do Blog do ContrapontoPIG
*cutucandodeleve

Luz ultravioleta ajuda a revelar cores de estátuas gregas




As estátuas gregas antigas eram originalmente pintadas com cores berrantes, mas após milhares de anos esta tinta saiu. Descubra como uma luz pode ser a única coisa que pode nos ajudar a vê-las como eram na antiguidade.
Apesar de ser impossível pensar que ainda exista algo a ser descoberto depois de milhares de anos de vento, sol, areia e estudantes de arte, descobrir os padrões perdidos nas antigas esculturas gregas pode ser só uma questão de iluminá-las com a lâmpada certa, do jeito certo. Uma técnica chamada "raking light" tem sido usada há tempos em análise artística e consiste em posicionar uma lâmpada cuidadosamente, de modo que o caminho da luz seja quase paralelo à superfície do objeto. Quando usada em pinturas, a técnica torna obviamente visíveis as pinceladas, assim como sujeiras e imperfeições. Em estátuas, o efeito é mais sutil. Já que tintas diferentes envelhecem em velocidades diferentes, a pedra está elevada em alguns lugares – protegida da erosão por sua camada de tinta – e mais baixa em outros. Padrões elaborados se tornam visíveis.
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A réplica pintada de um arqueiro 490 aC (no Parthenon, em Atenas) atesta a meticulosa investigação do arqueólogo alemão Vinzenz Brinkmann em cores de antigas esculturas. A estátua original veio do Templo de Aphaia na ilha grega de Aegina. (Stiftung Archäologie, Munique).

A luz ultravioleta também é usada para distinguir padrões. O UV faz com com que muitos compostos orgânicos fluoresçam. Os negociantes de arte usam luzes UV para verificar se obras de arte foram retocadas, já que tintas antigas têm bem mais compostos orgânicos do que as mais novas. Em estátuas da Grécia antiga, pequenos fragmentos de pigmento que ainda restam na superfície brilham, iluminando padrões mais detalhados. 
Depois que o padrão é mapeado, há ainda o problema de descobrir quais cores usar na reconstituição. Uma série de azuis escuros vão criar um efeito bem diferente do que uma combinação de dourado e rosa. Mesmo se for deixada uma quantidade suficiente de pigmento para que o olho nu perceba a cor, alguns milhares de anos de idade podem modificar bastante o aspecto de uma estátua. Não há como saber se a cor vista hoje tem qualquer coisa a ver com a tonalidade original.
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Augusto, primeiro imperador de Roma
Mas há uma solução para este dilema. As cores podem esmaecer com o tempo, mas os materiais originais – pigmentos derivados de animais e plantas, pedras quebradas ou conchas – ainda têm a mesma aparência. Isso também pode ser visto pela técnica das luzes.
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Infravermelho e espectroscopia de raios-X podem ajudar os pesquisadores a entender do que são feitas as tintas, e qual era a aparência original delas. A espectroscopia se baseia no fato de que os átomos são exigentes no que diz respeito ao tipo de energia que vão absorver. Certos materiais emitem uma grande variedade de larguras de onda, como unidades de reconhecimento militar em um território estranho. Inevitavelmente, algumas dessas unidades não voltam. Ao verificar quais larguras de onda são absorvidas, os cientistas podem determinar de que materiais a substância é feita. O infravermelho ajuda a determinar os compostos orgânicos, já os raios-x só param quando encontram algo realmente pesado, como pedras ou minerais. Com isso, os pesquisadores podem determinar de que cor uma estátua milenar foi pintada.
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“Leão de Loutraki, 550 a.C “
[Via HarvardColour LoversTateThe SmithsonianColorado University, e Carleton.]
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Renascido em cores vivas: Calígula vai do claro a faces rosadas em uma reconstrução que esmaga percepções monocromáticas de escultura antiga. (Foto Ilustração de Washington Post com imagens da Ny Carlsberg Glyptotek (esquerda) e Stiftung Archaeologie).
*Nassif