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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, maio 05, 2013

Mídia despenca ladeira abaixo



Por Cadu Amaral, em seu blog:

A autoproclamada “grande imprensa” está caindo pelas tabelas. O Estado de São Paulo, Estadão, andou demitindo jornalistas e anunciou diminuição no número de páginas em seu impresso diário. A Folha, já em 2011, demitiu quarenta. Agora foi a vez da Editora Abril de Veja. Foi anunciada uma redução de mais de 65% de seu lucro. O que segura a onda são as publicações infantis.

Isso é o efeito do péssimo jornalismo praticado por esses veículos. Se não por questões morais ou ideológicas, fazer bom jornalismo é essencial para a sobrevivência no ramo. Mas eles preferiram – como sempre fizeram – o falseamento da realidade. Junte isso ao crescimento da internet onde é mais barato publicar notícias e onde a pluralidade é maior e a disputa dos corações e mentes de leitores mais equilibrada.

A “poderosa” tem sua audiência caindo vertiginosamente, mas ainda se segura por causa do oceano de recursos públicos em publicidade que recebe. São as pessoas que não mais leem ou assistem o conteúdo da imprensa da ditadura. Então por quê continuar com a divisão injusta da publicidade estatal?

Outro fator que ainda faz com que a “grande imprensa” mantenha sua empáfia de divindade é o monopólio que detém e a sua atuação em oligopólio. Ou seria um partido?

Ao contrário do que muita gente adoradora dessa imprensa “leite com pera”, é a pluralidade que mantém as empresas de comunicação ativas, mesmo que não como um império midiático. Vários veículo atuando exercem certa vigilância na prática jornalística, ajudando a manter uma qualidade e posturas mínimas do que deve ser jornalismo.

E não se trata aqui de jornalismo de esquerda ou de direita, por mais que fosse benéfico que os meio não vendessem o falso produto da imparcialidade. É mais honesto assumir que tem lado ou coloração ideológica. Dando aos leitores a real possibilidade de escolher a concepção de sociedade que querem ler.

A Inglaterra é um bom exemplo disso. Lá os jornais assumem sua cor. Se são de direita, afirmam sua posição; se são de esquerda ou de centro também.

Ainda há pessoas que indagam o fato de existir os felicianos da vida em espaços políticos, por exemplo. Ele é reflexo da falta de debates sérios sobre questões importantes para o desenvolvimento do país, sobre o comportamento do Estado brasileiro e da partidarização – no sentido de atuação em grupo, oligopólio mesmo – da “grande mídia”.

Joseph Pulitzer, jornalista e editor húngaro e radicado nos Estados Unidos, que empresta seu nome àquele que talvez seja o prêmio mais importante do jornalismo afirmou que “Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma”.

A realidade vivida pelos órgãos da “grande imprensa” é fruto de sua própria ação. Há tempos que caem pelas tabelas, seja na qualidade do produto que oferecem, seja na disputa da sociedade. Mesmo que ainda detenham a hegemonia dessa.

*carlosmaia

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