Videocassetadas no STF (Supremo Tribunal Federal) deveria ser apenas um
ministro cochilando, um café derramado, um assessor deixando cair uma
pilha de pastas, alguma gafe, enfim coisas prosaicas do cotidiano, sem
maiores consequências.
Mas, infelizmente, surgem videocassetadas
no STF justamente onde não poderia haver: erros rudimentares na sentença
dos juízes (que se declaram possuidores de notória sabedoria).
O
vídeo acima é uma dessas videocassetadas, e está longe de ser a única.
Quem já tomou conhecimento dos recursos dos réus do julgamento do
"mensalão" identificou dezenas de outras.
É por isso que desde o
começo pedimos um julgamento com o devido rigor não só com os réus, mas
também com os fatos, com as provas, com a individualização de condutas, e
com a sobriedade que exigia distanciamento da campanha eleitoral,
distanciamento de versões fantasiosas plantadas insistentemente no
noticiário, e sobretudo distanciamento de fazer um julgamento político e
não criminal.
Aliás, notório saber seria não se deixar pautar
por pressões da mídia, e sim pautar a mídia com a verdade dos
acontecimentos, de acordo com as provas e com as situações realistas em
que os acontecimentos ocorreram. Nem mais, nem menos.
Pelo jeito,
quem fará esse serviço de revelar notório saber jurídico, e o trabalho
de esclarecer a verdade dos fatos, serão os advogados de defesa ao
reapresentarem as provas ignoradas que contradizem as sentenças.
Deve
ser por isso que a velha mídia e os juízes do STF perderam a pressa em
julgar os recursos. Será um festival de supremas videocassetadas.
*osamigosdopresidentelula
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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
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