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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, maio 24, 2013

Julian Assange, o inimigo nº1 do país que inventou o sexo livre


Como o país que inventou o sexo livre se transformou no carrasco de Julian Assange? Um dos maiores inovadores do jornalismo na história só poderia ser catalogado como estuprador num país em que ter pênis virou um pecado

Paulo Nogueira, em seu blog
Quer entender o que está acontecendo com Julian Assange, um dos maiores inovadores do jornalismo em toda a história, um titã da transparência e do combate a governos e corporações corruptas?
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Livro: Uma Breve História do Sexo Sueco — como a nação que nos deu o amor livre redefiniu o estupro e declarou guerra a Julian Assange.
Leia Uma Breve História do Sexo Sueco — como a nação que nos deu o amor livre redefiniu o estupro e declarou guerra a Julian Assange. O autor é Oscar Swartz, um guru sueco de TI de 53 anos e um libertário em todas as esferas, da política ao sexo.
Torço para que alguma editora brasileira já esteja traduzindo. Meu exemplar comprei na Amazon, e comecei a ler depois de um simples clique para comprar e baixar o livro.
Swartz facilitou ao máximo nossa vida. Fez uma linha do tempo. Seu relato vai dos anos dourados do sexo na Suécia àquilo em que ela se transformou hoje – um inferno para os homens.
A primeira parte é conhecida. A Suécia era uma referência de liberdade sexual nos anos 1950 e 1960. Vigoravam lá idéias muito à frente do tempo, como o “erotismo samaritano”. Isso significava o seguinte: proporcionar sexo a pessoas desfavorecidas. Por exemplo, deformadas, ou com problemas neurológicos sérios. O Estado manteria bordéis para atender as necessidades sexuais dos impossibilitados de conquistar mulheres pelas vias normais.
Os suecos viam o sexo com extraordinária naturalidade. Swartz cita um filme que marcou época, A Linguagem do Corpo, de 50 anos atrás. Comprei. Impressionante. Estudiosos sérios discutem a melhor maneira de homens e mulheres terem uma vida sexual boa com imagens explícitas. Há uma aula sobre a fisiologia da masturbação feminina ilustrada com uma mulher se acariciando. E há recomendações ainda hoje atuais sobre o que o casal não deve fazer – intolerância um diante do outro etc etc.

Essa era a Suécia, um paraíso do sexo libertador.
Até que, nos anos 1970, florescesse lá um feminismo predador em que o homem acabaria se transformando no lixo da humanidade. A influência veio dos Estados Unidos. Particularmente, de uma feminista chamada Valerie Solanas, autora do Manifesto Scum, um clássico anti-homens. (Valerie se notabilizaria não apenas pelo manifesto como pela tentativa de matar Warhol porque ele perdeu os originais de uma peça que ela lhe passou.)
A diatribe de Valerie conquistou mulheres influentes na Suécia, e foi então que o pesadelo começou. (A principal acusadora de Assange, Anne Ardin, é uma devota de Valerie.)
suecas assange
As outrora libertárias suecas adotaram um feminismo radical em que o pênis é um inimigo
As feministas suecas foram ganhando posições importantes na mídia, na política e na justiça, e os homens foram sendo reduzidos à condição de bandidos sexuais até que provem o contrário, se conseguirem.
O conceito de estupro passou a ser mais e mais esticado. Num certo momento, uma discussão forte se iniciou sobre o “sexo por insistência”. Suponhamos que você insista com uma amiga para que ela durma com você. Ela topa, afinal. Depois, se arrependida, ela poderia acusar você de estupro. O tema ainda está em aberto.
Swartz conta o caso de um rapaz de 18 anos cuja namorada ficava na casa dele com frequência. Os dois faziam sexo praticamente o tempo todo. Um dia, ela estava dormindo na casa dele, e no meio da noite ele a acariciou. Quando o garoto rompeu com a namorada, ela o processou por estupro por conta da noite em que ele procurou sexo na madrugada. Resultado: um ano de cadeia para ele.
Assange errou quando fez sexo na Suécia sem conhecer os riscos enormes de retaliação caso as mulheres se sintam contrariadas ou rejeitadas. Mas acertou ao recusar a ir para lá, porque o que o esperava era uma condenação antecipada. A mídia local já vinha fazendo uma campanha intensa contra ele. (E continua.) Na polícia e na justiça, herdeiras de Valerie fatalmente o justiçariam. As chances de elas encaminharem alegremente Assange para os Estados Unidos seriam enormes.
Swartz fez um trabalho notável.
Assange só poderia ser catalogado como estuprador num país em que ter pênis é um pecado.
*Pragmatismopolitico

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