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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, maio 21, 2013

Manobras golpistas na Venezuela




Ventos golpistas sopram na Venezuela.
As forças derrotadas nas eleições de 14 de Abril não se conformam com a vitória de Nicolás Maduro. Insistem em manobras golpistas não obstante o Conselho Nacional Eleitoral ter procedido a uma recontagem dos votos que confirmou o resultado da eleição cuja democraticidade foi garantida por observadores internacionais, entre os quais Jimmy Carter, ex-presidente dos Estados Unidos.
Logo apos a proclamação de Maduro, o líder da oposição, Capriles Radonski, lançou um apelo à contestação nas ruas que desencadeou uma onda de violência. Nos distúrbios então provocados na capital e em diferentes departamentos foram assassinadas 11 pessoas.
O malogro da provocação que visava a criar uma situação caótica levou a direita a mudar de tactica. O chamado Movimento de Unidade Democrática -MUD iniciou uma campanha internacional com o objetivo de obter da OEA e de alguns governos latino-americanos uma declaração de ilegitimidade da eleição de Maduro. Dirigentes seus estiveram especialmente activos no Peru, no Panamá e no Paraguai. Mas a iniciativa também fracassou. O governo venezuelano contou aliás com o apoio da ALBA, da CELAC e da UNASUR na denúncia dessas manobras conspirativas.
Simultaneamente, Capriles, com o apoio de Washington, desenvolve uma ofensiva na frente económica tendente a desgastar o governo. Para atingir esse objetivo a oposição recorre a métodos que foram utilizados com êxito no Chile da Unidade Popular.
Nas últimas semanas alimentos essenciais e outros produtos começaram a faltar. Como as cadeias de supermercados pertencem a milionários da oposição, o desabastecimento e a escassez são provocados artificialmente. A especulação e a campanha de boatos promovida pelos media, hegemonicamente controlados pela direita, contribuem para manter no país um clima de tensão permanente.
A última iniciativa tomada no quadro dessa política desestabilizadora tem aspetos inéditos e ridículos. De súbito o papel higiénico desapareceu dos supermercados.
É significativo que o presidente Barack Obama se associe a essa estratégia desestabilizadora através de críticas ao governo de Maduro que configuram uma inadmissível e grosseira ingerência nos assuntos internos do país.
É transparente que o governo de Caracas enfrenta uma ofensiva da direita fascizante que as forças progressistas definem como tentativa de «golpe de estado permanente».
Daí a necessidade de um reforço da solidariedade com a Venezuela Bolivariana.
OS EDITORES DE ODIARIO.INFO
*GilsonSampaio

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