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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, maio 20, 2013

Eles se Atreveram — A Revolução Russa de 1917



Eles se atreveram - A Revolução Russa de 1917




Um filme realizado por Contraimagem

O filme "Eles se atreveram" narra a história da maior revolução de todos os tempos, que despertou as esperanças dos oprimidos do mundo inteiro e abriu o caminho às revoluções do século XX. Produzido pelo IPS (Instituto do Pensamento Socialista Karl Marx), o filme assume o desafio de combater as falsificações sobre a grande Revolução Russa. Enfrenta, por um lado, a história oficial da antiga burocracia soviética que eliminou o protagonismo das massas, os Sovietes e os verdadeiros dirigentes de Outubro; e, por outro lado, a produção de todo tipo de documentários de TV que tentam identificar a Revolução, o Partido Bolchevique e Lênin com a barbárie stalinista posterior. 

"Eles se atreveram" relata os feitos revolucionários tomando seu nome das célebres palavras de Rosa Luxemburgo em defesa da Revolução Russa: "Não se trata desta ou daquela questão secundária sobre táticas, mas da capacidade de ação do proletariado, sua força para atuar, da vontade de poder do socialismo como tal. Neste sentido, Lênin, Trotsky e seus companheiros foram os primeiros a dar o exemplo ao proletariado mundial. São ainda os únicos que até agora podem gritar: 'eu me atrevi!'."

O relato deste documentário foi feito a partir da adaptação de textos revolucionários de Leon Trotsky, Lênin, Rosa Luxemburgo, poesias do genial Maiakovski e outros autores. A base fundamental do roteiro foi "A História da Revolução Russa" de Leon Trotsky, um livro "cinematográfico", como já foi dito diversas vezes. De Lênin, Rosa Luxemburgo e novamente de Trotsky foram utilizadas várias declarações da época, seus balanços sobre 1905. Outros relatos também foram fundamentais, entre os mais importantes: "Os Dez Dias Que Abalaram o Mundo" de John Reed e "A História do Partido Bolchevique" de Pierre Broué.

O documentário foi construído com base em uma cuidadosa seleção material de arquivos, documentos e fragmentos do cinema soviético. As imagens documentais foram utilizadas respeitando seu lugar e seu momento histórico. Neste sentido, podemos ver imagens do documentário de Esther Shub, "A Queda da Dinastia Romanov" e centenas de imagens jamais recompiladas em um único filme — a vida do Czar, as jornadas de julho, a revolução de fevereiro a outubro, a guerra civil, etc. Há também cenas de "Entusiasmo" (1930) de Dziga Vertov; "A Greve" (1924), "O Encouraçado Potemkin" (1925) e "Outubro" (1927) de Sergei Eisenstein; "Arsenal" (1928), de Alexander Dovzhenko; "Mãe" (1926) e "O Fim de São Petersburgo" (1927) de Vsevolod Pudovkin, entre outros filmes. A montagem final é complementada com animações russas e soviéticas da época, algumas muito originais.

A trilha sonora inclui uma seleção de músicas elaboradas especialmente, muitas das quais de autoria do compositor soviético Dimitri Shostakovich junto com outra seleção de cantos revolucionários russos e populares. A participação especial das vozes de Eduardo "Tato" Pavlovsky e Silvia Helena Legaspi transmite no presente a paixão daqueles acontecimentos históricos que abalaram todo o mundo.

"Eles se Atreveram" não foge das perguntas sobre o fracasso da URSS, em seus minutos finais busca dar respostas para compreender o caminho da experiência de liberdade e progressividade dos dias iniciais da revolução à instauração de uma sociedade despótica, chauvinista e contrarrevolucionária sob o bonapartismo stalinista.

Esta realização de Contraimagem busca ser uma contribuição à tarefa de transmitir a vigência do socialismo e as ideias revolucionárias aos jovens e trabalhadores revolucionários de hoje. Nos 90 anos da Revolução Russa, o filme reivindica esta grande façanha que influenciou todo o século XX que pode ser resumido em uma frase do documentário: "Recuperar a memória revolucionária para preparar a vitória de amanhã, ou melhor, recuperar a memória revolucionária para amanhã saber vencer".

O filme foi estreado no cinema Gaumont de Buenos Aires e foram realizadas apresentações bem-sucedidas em várias localidades da Grande Buenos Aires, na cidade de Neuquén, La Plata, Rosário, Santa Fé, Córdoba, Mendonza, Bahía Blanca, Santa Rosa, San Salvador de Jujuy, "El Alto" e Huanuni (Bolívia), Montevidéu (Uruguai), entre outras. Em um mês reuniu mais de 3.000 espectadores, vendendo centenas de cópias em todo o país.
*centrodosocialismo

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