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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
quinta-feira, setembro 12, 2013
“Mensalão”: na falta de crime, ou de provas, sobrou ódio ideológico
Este negócio do Supremo Tribunal Federal simplesmente não passa no filtro do bom senso. Se houvesse alguma prova concreta de mensalão, não seriam necessárias milhares de páginas nem tantos anos. Um documento bastaria.
Se fosse justo, não estariam recorrendo a argumentos tão tortos do “deveria saber”, como denuncia Bandeira de Mello. Se fosse honesto, não trataria de maneira tão desigual o processo de Minas Gerais e o atual. Se fosse de bom senso jurídico, seria um julgamento técnico, discreto e direto, e não um teatro nacional, novela de batalha do bem contra o mal.
Se fosse decente, não montariam todo este espetáculo para coincidir com a campanha eleitoral de 2012, culminando numa sexta-feira, véspera da eleição. O que, aliás, pelos resultados, nem deu certo. Se fosse imparcial, como se imagina que a Justiça deveria ser pelo menos um pouco, não seria o processo tão claramente politizado contra o Partido dos Trabalhadores.
Se fossem tão corruptos, um Genoíno ou um José Dirceu, pelo menos teriam enriquecido um pouquinho. Sequer são acusados disso, não faria sentido. E se o dinheiro foi efetivamente aplicado nas campanhas publicitárias, como está provado com notas fiscais e como todo mundo viu na TV, como pode ter financiado o dito mensalão? Sobraria o “bônus de volume”, uma merreca, que faltou provar que seria dinheiro público.
Na falta de crime, ou de provas, sobrou ódio ideológico. A grande justificativa final de tanta falta de justiça foi repetida por Miguel Reale no Roda Viva: estavam comprando os deputados para votar as leis que queriam, portanto estavam deturpando a política, apropriando-se do poder.
Bem, primeiro, estavam eleitos. Segundo, a própria lógica revela santa simplicidade, ou santa hipocrisia. A moeda de troca com os parlamentares não é nenhum mensalão, mas os cerca de 15 bilhões de reais (só em 2007) que são as emendas parlamentares, com as correspondentes “rachadinhas”, legalmente instituídas, generalizadas a partir de 1993 com os “anões do orçamento”. São 25 emendas por parlamentar.
O que fica claro para mim é que o que a direita não conseguiu ganhar no voto, tenta ganhar nesta aliança estranha de uma mídia comercial desqualificada com um segmento do poder judiciário. E esta mídia, agitando para um povo que anseia por ética, de que finalmente “pegamos os corruptos”, é realmente abaixo da crítica, e não quer ver a corrupção real.
Quando gritam “pega ladrão”, eu prudentemente, com muita coisa vista, e tendo estudado suficiente direito, começo dando uma boa olhada em quem está gritando. Justiça não é teatro.
*oescrevinhador
Deputado diz que vai matar blogueiro maranhense
Em uma declaração que chocou o
estado, o presidente da Assembleia Legislativa do Maranhão, deputado
Arnaldo Melo (PMDB), manifestou, na frente de vários colegas
parlamentares, a intenção de matar o jornalista Luis Pablo, filho de
uma família de blogueiros comandados por Luis Cardoso, um dos mais
acessados da região; o deputado disse, ainda, que pouco se importava
com o resultado do episódio: "não estou nem um pouco preocupado com
isso, vou matar esse sujeito”, as ameaças teriam sido originadas após o
blogueiro denunciar o uso de veículos de forma irregular pela mulher
do parlamentar
Em uma declaração que chocou o estado, o presidente da Assembleia
Legislativa do Maranhão, deputado Arnaldo Melo (PMDB), manifestou, no
início da noite da última segunda-feira (9), na frente de vários
colegas, a intenção de matar o jornalista Luis Pablo, filho de uma
família de blogueiros comandados por Luis Cardoso, um dos mais acessados
da região.
O deputado disse não estar preocupado com a possibilidade de ir para a
cadeia ou encerrar a vida política. Além de outros parlamentares, a
fúria do deputado foi testemunhada por profissionais da imprensa, que
imediatamente comunicaram o fato para Pablo. O jornalista então
encaminhou a ameaça para o secretário de Segurança do Estado do
Maranhão, para se cercar de garantias.
Após presenciarem a ameaça, colegas do parlamentar argumentaram que ele
não podia fazer algo do gênero, e pediram para que ele observasse a
posição de presidente do Parlamento e de homem experiente. “Não estou
nem um pouco preocupado com isso, vou matar esse sujeito”, teria
respondido Melo.
Perguntado sobre a origem de tanto ódio, Pablo deduziu que a “atitude
irascível” do deputado se deve a uma matéria que o jornalista publicou
em seu blog, denunciando a utilização de carros alugados pela Assemblea
Legislativa, que estariam sendo utilizados irregularmente pela mulher do
deputado, Valderês Melo.
Os episódios de violência contra jornalistas são frequentes na região.
Em abril de 2012, o jornalista Décio Sá, repórter do jornal O Estado de
Maranhão e proprietário do “blog do Décio Sá”, foi assassinado em um bar
na Avenida Litorânea, na capital. O executor do crime foi um pistoleiro
que estaria agindo sob encomenda de um grupo de agiotas. Esse mesmo
grupo também teria mandado assassinar um negociante de automóveis em
Teresina.
No 247
*comtextolivre
Aumenta brecha entre ricos y pobres en Estados Unidos
Via Cuba Debate
Siguió
creciendo y en 2012 la brecha de ingresos entre el 1% más rico de
Estados Unidos y el resto del país alcanzó su punto máximo, revela una
una nueva investigación acerca del tema.
Economistas
de las universidades de California y Oxford, junto a los de la Escuela
de Economía de París, investigaron y llegaron a la conclusión de que el
1% más rico de los estadounidenses concentró el año pasado el 19,3% de
todos los ingresos de hogares, el mayor índice desde 1928.
El
10% más abastecido de los estadounidenses acumuló casi la mitad de
todos los ingresos del país —48,2%— y se confirmó la tendencia a la
desigualdad en el país, que ha estado creciendo desde hace casi tres
décadas.
De acuerdo con el estudio de varias universidades de economía del mundo, este
crecimiento aumentó drásticamente el año pasado, cuando los ingresos
del 1% más rico del país aumentaron casi un 20%, mientras que el aumento
de ganancias para el 99% restante fue solo del 1%.
Los
estadounidenses más ricos fueron duramente golpeados por la crisis
financiera. Sus ingresos cayeron considerablemente durante la Gran
Recesión de 2007-2009 debido a que se desplomaron los precios de las
acciones. Pero el fuerte crecimiento del precio de las acciones y el
aumento de los beneficios de las corporaciones entre 2010 y 2012 ha
permitido a los ricos mejorar esencialmente su posición.
El 95% de todo el aumento de los ingresos de la nación estadounidense ha sido para los ricos.
(Con información de AP)
*GilsonSampaio
Assange participará de videoconferência sobre espionagem digital em São Paulo
O
australiano Julian Assange, fundador do WikiLeaks, participará de uma
videoconferência sobre vigilância digital em São Paulo. O encontro é
gratuito e acontecerá no dia 18 de setembro no Centro Cultural,
localizado na zona sul da cidade.
Organizado pela Secretaria
Municipal da Cultura de São Paulo e a editora Boitempo, o evento contará
com três mesas de debates que discutirão temas referentes à liberdade,
privacidade e o futuro da internet.
Durante o debate, o ciberativista australiano falará a respeito do livro de sua autoria “Cypherpunks: Liberdade e o futuro da internet”, publicado este ano no país pela Boitempo.
Asilado na embaixada equatoriana em Londres desde agosto de 2012, Assange vive um imbróglio geopolítico. Ele é acusado de cometer crimes sexuais na Suécia e, caso saia da residência diplomática, será extraditado pelo governo britânico.
Na opinião do ativista digital, as acusações são falsas e têm motivação política, como represália à divulgação de documentos secretos dos governos nacionais.
Recentemente, o WikiLeaks deu apoio a Edward Snowden, que vazou informações sobre ações de espionagem dos Estados Unidos. Em entrevista realizada na embaixada equatoriana, Assange afirmou que o ex-consultor da agência NSA é um “herói”.
Durante o debate, o ciberativista australiano falará a respeito do livro de sua autoria “Cypherpunks: Liberdade e o futuro da internet”, publicado este ano no país pela Boitempo.
Asilado na embaixada equatoriana em Londres desde agosto de 2012, Assange vive um imbróglio geopolítico. Ele é acusado de cometer crimes sexuais na Suécia e, caso saia da residência diplomática, será extraditado pelo governo britânico.
Na opinião do ativista digital, as acusações são falsas e têm motivação política, como represália à divulgação de documentos secretos dos governos nacionais.
Recentemente, o WikiLeaks deu apoio a Edward Snowden, que vazou informações sobre ações de espionagem dos Estados Unidos. Em entrevista realizada na embaixada equatoriana, Assange afirmou que o ex-consultor da agência NSA é um “herói”.
PUTIN E A SÍRIA: O DECLÍNIO DE UM IMPÉRIO
O Presidente da Rússia assumiu o centro do palco. E não será para um monólogo. Putin não vai interpretar um monólogo.
O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, escreveu artigo na página de Opinião do New York Times com o título “um apelo à cautela (na Síria)”.
Na primeira página, o título principal do New York Times diz que, enquanto Obama suspende a ação militar, Putin toma o centro do palco.
O NY Times não embarca na cantilena conservadora reproduzida nos telejornais americanos: que Obama é um fraco, que tem uma política externa de zig-zag.
O jornal prefere se referir ao fato de que o mundo mudou e, inevitavelmente, Obama muda com ele.
Que não há mais espaço para um valentão do Texas, George W. Bush, que, foi para o Iraque e o Afeganistão à revelia da ONU – e teve que sair de lá sem resolver os problemas que ele próprio criou.
O artigo de Putin é sinal de que hegemonia americana começa a ser contestada de forma vigorosa no meio de uma crise política e militar.
Putin se dirige à sociedade americana – através do NY Times – para dizer umas verdades que ninguém ousou dizer, com o dedo em riste, desde que o Muro de Berlim caiu.
Potencialmente, diz Putin, um ataque à Síria disseminaria o terrorismo, impediria um acordo sobre a questão nuclear iraniana e o conflito entre Israel e os palestinos.
Desestabilizaria o Norte da África e o Oriente Médio.
Putin lembra que não tem nenhum democrata na Síria – não se trata de atacar para preservar a Democracia.
Trata-se de uma Guerra Civil entre o Governo e a oposição de um pais multi-religioso.
Vários membros da Al Qaeda lutam contra o Governo.
Ninguém duvida que se tenha usado arma química na Síria.
Mas, Putin acredita que tenha sido usada pela oposição, para provocar a intervenção de seus poderosos patrocinadores estrangeiros, que estariam, então, se aliando aos fundamentalistas.
Putin lembra que as intervenções no Iraque, no Afeganistão e na Líbia resultaram em desastres.
Por isso, ele prega o respeito à lei, ou seja, à ONU e ao Conselho de Segurança da ONU.
O fecho do artigo é uma lição, que os colonizados do trópicos, os colonistas (*) deveriam considerar:
“É extremamente perigoso encorajar as pessoas a acreditar que são excepcionais. Há países grandes e pequenos. Ricos e pobres. Com longa tradição democrática e outros que ainda procuram seu caminho para a Democracia. Suas políticas diferem. Somos todos diferentes, mas, quando pedimos a benção de Deus, não podemos esquecer que Deus nos criou iguais.”
O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, escreveu artigo na página de Opinião do New York Times com o título “um apelo à cautela (na Síria)”.
Na primeira página, o título principal do New York Times diz que, enquanto Obama suspende a ação militar, Putin toma o centro do palco.
O NY Times não embarca na cantilena conservadora reproduzida nos telejornais americanos: que Obama é um fraco, que tem uma política externa de zig-zag.
O jornal prefere se referir ao fato de que o mundo mudou e, inevitavelmente, Obama muda com ele.
Que não há mais espaço para um valentão do Texas, George W. Bush, que, foi para o Iraque e o Afeganistão à revelia da ONU – e teve que sair de lá sem resolver os problemas que ele próprio criou.
O artigo de Putin é sinal de que hegemonia americana começa a ser contestada de forma vigorosa no meio de uma crise política e militar.
Putin se dirige à sociedade americana – através do NY Times – para dizer umas verdades que ninguém ousou dizer, com o dedo em riste, desde que o Muro de Berlim caiu.
Potencialmente, diz Putin, um ataque à Síria disseminaria o terrorismo, impediria um acordo sobre a questão nuclear iraniana e o conflito entre Israel e os palestinos.
Desestabilizaria o Norte da África e o Oriente Médio.
Putin lembra que não tem nenhum democrata na Síria – não se trata de atacar para preservar a Democracia.
Trata-se de uma Guerra Civil entre o Governo e a oposição de um pais multi-religioso.
Vários membros da Al Qaeda lutam contra o Governo.
Ninguém duvida que se tenha usado arma química na Síria.
Mas, Putin acredita que tenha sido usada pela oposição, para provocar a intervenção de seus poderosos patrocinadores estrangeiros, que estariam, então, se aliando aos fundamentalistas.
Putin lembra que as intervenções no Iraque, no Afeganistão e na Líbia resultaram em desastres.
Por isso, ele prega o respeito à lei, ou seja, à ONU e ao Conselho de Segurança da ONU.
O fecho do artigo é uma lição, que os colonizados do trópicos, os colonistas (*) deveriam considerar:
“É extremamente perigoso encorajar as pessoas a acreditar que são excepcionais. Há países grandes e pequenos. Ricos e pobres. Com longa tradição democrática e outros que ainda procuram seu caminho para a Democracia. Suas políticas diferem. Somos todos diferentes, mas, quando pedimos a benção de Deus, não podemos esquecer que Deus nos criou iguais.”
Mais do que o “excepcionalismo” americano, o que Putin dramatiza é o início do fim da hegemonia americana.
Se já não era exclusiva, agora, passa a ser compartilhada,
progressivamente, primeiro pelos que têm a bomba atômica – como Putin e a
China – e, pouco a pouco, também pelos que ainda não têm a bomba, mas
dispõem de outras poderosas armas – como a força econômica.
O Brasil, por exemplo.
Que só a Big House não leva sério.
O declínio do Império Americano será mais rápido do que a capacidade de a elite brasileira percebê-lo.
Putin assumiu o centro do palco.
Mas, não interpretará um monólogo.
É uma das estrelas de um elenco variado – e poderoso.
Fonte: Análise de Conjuntura
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