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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
terça-feira, setembro 24, 2013
Os que rastejam jamais serão capazes de ver horizontes.
Porque me afanam de meu país ou de como o Brasil tem um destino próprio
Quando a gente pensa o Brasil, não pode pensar nele como um país “normal”.
Porque não somos, em nenhum aspecto. Desde o tamanho, a riqueza natural, a cultura e tudo o que faz único, até a história escravagista, elitista e burra de nossas elites, que também é única no mundo, agora que os boers holandeses já se foram da África do Sul e da face da Terra.
Pensar o progresso do povo brasileiro, portanto, não pode se pautar, apenas, nos sentimentos de justiça e distributivismo da riqueza que essa elites sempre nos negaram.
Significa, sempre, reverter o retardo no desenvolvimento da riqueza que elas nos legaram.
As elites brasileiras sempre viveram das migalhas do que transferiam de nossa riqueza para o exterior. Do pau-brasil, à cana, ao ouro, ao café, ao ferro, à soja, nossa história foi transferir riqueza.
Natural, portanto, que desejem que o nosso país, internacionalmente, fale fino com os poderosos e, com os fracos, seja o menino de recados que leva a vontade do “sinhô” à senzala e ainda se ache “o máximo”, por poder frequentar a “casa-grande”.
A direita brasileira sempre se preocupou em manter essa postura. É famosa a frase do udenista Juraci Magalhães de que “O que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil”.
Por isso, ao analisar o comportamento de Dilma, acha que “isso não vai adiantar nada” e que se trata de um simples aproveitamento eleitoral interno.
É coerente com o mundo, tal como o enxergam e nele vêem o Brasil.
Eles não conseguem imaginar outro lugar para nós que não a gravitação em torno dos Estados Unidos e seu modelo de vida, riqueza e progresso. Tal como seus antepassados, há dois séculos, viam as metrópoles coloniais europeias.
Por isso mesmo, acham que até é admissível um certo palrar nacionalista, desde que seja para “inglês (ou americano) ver”.
Então, não percebe – parte delas, porque muitos percebem mas fingem que não – aquilo que eu disse no post anterior: que a diplomacia segue o rumo de todas as outras relações de troca entre países, especialmente as comerciais.
Separei, por isso, duas tabelas que mostram como estas relações evoluíram desde os tempos de Fernando Henrique Cardoso.
Nas exportações, que se multiplicaram por quatro em uma década, as compras norte-americanas no Brasil foram as que menos cresceram: 76,6%, passando de 15,6 para 26,8 bilhões de dólares.
Ou de um quarto do total de nossas exportações para 12% do total exportado.
Isso é uma decisão de não vender aos americanos? Ora, isso não passa pela cabeça de nenhum exportador, o que ocorre é a decisão de não comprar.
Compare isso com a Ásia, com a China em específico, com o Mercosul…aqui, inclusive com a fixação de barreiras comerciais nas quais os pregadores do liberalismo são mestres.
Nas importações, o quadro é bem parecido, e até um pouco mais desfavorável ao Brasil, que embora tenha ampliado as compras nos EUA bem mesmo que com qualquer outra parte do mundo ainda assim o fez num ritmo maior do que o de suas vendas para lá.
A visão americanófila que “fez a cabeça” das camadas conservadoras das elites brasileiras, de Juraci a Fernando Henrique cabe dentro das cabeças miúdas, mas não cabe mais na realidade econômica do país.
Portanto, caros e raros leitores e leitoras, essa é a visão que o nosso jornalismo econômico não lhes dá, para que possa ser compreendido nosso papel no jogo de forças mundial que, como ao longo de toda a história, é regido por dinheiro e poder.
É óbvio que não se toma aqui uma postura infantil de “yankees go home” até porque as boinas verdes vêm, com mais eficiência, na forma de notas verdes.
Mas, sim, de enxergar nossa polìtica externa, nossa diplomacia, como a projeção dos nossos princípios e dos nossos interesses.
Talvez agora fique mais fácil entender porque o Brasil pode ter tanto peso no jogo de forças mundial e porque não é a republica bananeira que as nossas elites pensam que somos.
Concluo o raciocínio com que abri este post. Para pensar o Brasil, é preciso pensar o nosso tamanho. E ver que somos, entre as nações de um mundo que se divide em hegemonias, uma das poucas que pode aspirar a um destino próprio.
Os que rastejam jamais serão capazes de ver horizontes.
Por: Fernando Brito
Porque não somos, em nenhum aspecto. Desde o tamanho, a riqueza natural, a cultura e tudo o que faz único, até a história escravagista, elitista e burra de nossas elites, que também é única no mundo, agora que os boers holandeses já se foram da África do Sul e da face da Terra.
Pensar o progresso do povo brasileiro, portanto, não pode se pautar, apenas, nos sentimentos de justiça e distributivismo da riqueza que essa elites sempre nos negaram.
Significa, sempre, reverter o retardo no desenvolvimento da riqueza que elas nos legaram.
As elites brasileiras sempre viveram das migalhas do que transferiam de nossa riqueza para o exterior. Do pau-brasil, à cana, ao ouro, ao café, ao ferro, à soja, nossa história foi transferir riqueza.
Natural, portanto, que desejem que o nosso país, internacionalmente, fale fino com os poderosos e, com os fracos, seja o menino de recados que leva a vontade do “sinhô” à senzala e ainda se ache “o máximo”, por poder frequentar a “casa-grande”.
A direita brasileira sempre se preocupou em manter essa postura. É famosa a frase do udenista Juraci Magalhães de que “O que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil”.
Por isso, ao analisar o comportamento de Dilma, acha que “isso não vai adiantar nada” e que se trata de um simples aproveitamento eleitoral interno.
É coerente com o mundo, tal como o enxergam e nele vêem o Brasil.
Eles não conseguem imaginar outro lugar para nós que não a gravitação em torno dos Estados Unidos e seu modelo de vida, riqueza e progresso. Tal como seus antepassados, há dois séculos, viam as metrópoles coloniais europeias.
Por isso mesmo, acham que até é admissível um certo palrar nacionalista, desde que seja para “inglês (ou americano) ver”.
Então, não percebe – parte delas, porque muitos percebem mas fingem que não – aquilo que eu disse no post anterior: que a diplomacia segue o rumo de todas as outras relações de troca entre países, especialmente as comerciais.
Separei, por isso, duas tabelas que mostram como estas relações evoluíram desde os tempos de Fernando Henrique Cardoso.
Nas exportações, que se multiplicaram por quatro em uma década, as compras norte-americanas no Brasil foram as que menos cresceram: 76,6%, passando de 15,6 para 26,8 bilhões de dólares.
Ou de um quarto do total de nossas exportações para 12% do total exportado.
Isso é uma decisão de não vender aos americanos? Ora, isso não passa pela cabeça de nenhum exportador, o que ocorre é a decisão de não comprar.
Compare isso com a Ásia, com a China em específico, com o Mercosul…aqui, inclusive com a fixação de barreiras comerciais nas quais os pregadores do liberalismo são mestres.
Nas importações, o quadro é bem parecido, e até um pouco mais desfavorável ao Brasil, que embora tenha ampliado as compras nos EUA bem mesmo que com qualquer outra parte do mundo ainda assim o fez num ritmo maior do que o de suas vendas para lá.
A visão americanófila que “fez a cabeça” das camadas conservadoras das elites brasileiras, de Juraci a Fernando Henrique cabe dentro das cabeças miúdas, mas não cabe mais na realidade econômica do país.
Portanto, caros e raros leitores e leitoras, essa é a visão que o nosso jornalismo econômico não lhes dá, para que possa ser compreendido nosso papel no jogo de forças mundial que, como ao longo de toda a história, é regido por dinheiro e poder.
É óbvio que não se toma aqui uma postura infantil de “yankees go home” até porque as boinas verdes vêm, com mais eficiência, na forma de notas verdes.
Mas, sim, de enxergar nossa polìtica externa, nossa diplomacia, como a projeção dos nossos princípios e dos nossos interesses.
Talvez agora fique mais fácil entender porque o Brasil pode ter tanto peso no jogo de forças mundial e porque não é a republica bananeira que as nossas elites pensam que somos.
Concluo o raciocínio com que abri este post. Para pensar o Brasil, é preciso pensar o nosso tamanho. E ver que somos, entre as nações de um mundo que se divide em hegemonias, uma das poucas que pode aspirar a um destino próprio.
Os que rastejam jamais serão capazes de ver horizontes.
Por: Fernando Brito
*Tijolaço
SONEGAÇÃO DA GLOBO VAI VIRAR MARCHINHA DE CARNAVAL
MIGUEL DO ROSÁRIO
MIGUEL DO ROSÁRIO
O final de semana foi histórico. O grito de independência de Celso de
Mello deflagrou uma “espiral do silêncio” que, até o momento, agia em
favor dos golpistas. O vento mudou de lado. Nos últimos dias, diversas
personagens do mundo jurídico, inclusive celebridades do conservadorismo
político, atacaram frontalmente os arbítrios e as injustiças da Ação
Penal 470.
O exemplo mais estrondoso veio de Ives Gandra, jurista e autor de
dezenas de livros sobre Direito, que se tornou célebre na mídia por suas
invectivas contra o PT. Neste domingo, Gandra chuta o pau da barraca e
diz, em entrevista para Monica Bergamo, na Folha, que Dirceu foi
condenado sem provas.
Agora todo mundo está se perguntando: por que só agora? Muitos aventam a
possibilidade do jurista já estar pensando no perigo que a teoria do
domínio de fato representa para todos os ricaços no país, visto que,
segundo ela, qualquer falcatrua na cozinha pode levar à condenação na
diretoria.
Pode ser. Não deixa de ser um excelente e justo motivo.
Enquanto o mensalão durou, e especialmente nesses fogosos dias que
antecederam o voto de Celso de Mello, foi curioso testemunhar a aparição
de uma incrível quantidade de carbonários. O Globo não cansou de
repetir um bordão exótico, de que o STF não podia passar a impressão de
proteger “ricos e poderosos”.
Um lance arriscado, sem dúvida. Mas há quem goste de viver perigosamente.
A ressaca veio forte. Muita gente acordou com fortes dores de cabeça,
remorsos, além do travo amargo de uma histórica derrota política.
Defenderam ardorosamente a guilhotina e agora, passada a tempestade de fúria, temem por suas próprias cabeças.
É curioso observar que a imprensa de São Paulo, sobretudo a Folha, está procurando se descolar do golpismo carbonário da Globo.
O Estadão, pelo que conhecemos dele, vai demorar anos para se recuperar
do choque causado pela entrevista de Gandra. Mas é um jornal decadente,
com tiragem declinante e contas no vermelho. Não conta mais.
Temos a Veja, que assinou um tremendo recibo de derrota na última semana.
Mas a Veja está muito queimada. Virou uma caricatura ridícula de si
mesma. Sua ameaça de “crucificar” Celso de Mello selou de vez a sua
credibilidade.
Celso de Mello, ao contrário de ser crucificado, ganhou o respeito da
comunidade jurídica, à direita e à esquerda. O próprio Lewandowski, até
então demonizado pelos setores medíocres da mídia, recebeu um elogio
definitivo de Ives Gandra.
Hoje foi a vez de Claudio Lembo, também uma figura de proa do conservadorismo paulistano, chamar a Ação Penal 470 de um processo “medieval”.
Entretanto, não sejamos ingênuos. Ainda há muito o que fazer para desintoxicar a opinião pública brasileira.
O “luto” das atrizes globais é a prova disso. Todos nós temos amigos,
parentes, conhecidos, que passaram anos comprando o discurso da mídia.
O próprio STF se vergou à mídia. O voto de Mello foi um “ponto fora da
curva”, para usar a expressão que o ministro Barroso usou para se
referir à própria Ação Penal 470. E terá dificuldade agora para
encontrar uma saída honrosa.
Os ministros estão presos numa armadilha psicológica. Como renegar tudo
que fizeram? Além disso, não sendo políticos, não percebem exatamente
até que ponto é verdade a história do “clamor popular”.
O próprio Celso de Mello, em seu voto, falava como se do lado de fora do
STF houvessem dois milhões de pessoas exigindo a “prisão dos
mensaleiros”. Não tinha nem cinquenta, metade deles adolescentes com
rosto tapado, que nem sabiam o que estavam fazendo ali; outra metade,
atores pagos por algum partido ou quadro político da oposição.
De qualquer forma, temos que nos cuidar. Veja e Globo derrotados,
acuados, tornaram-se ainda mais agressivos e perigosos. E igualmente,
como se viu, mais desesperados e imprudentes.
A aprovação do projeto do Direito de Resposta, de autoria de Roberto
Requião no Senado, representa, neste sentido, um importante avanço
democrático, na garantia dos indivíduos contra o arbítrio de uma mídia
cujos valores ainda são os da ditadura.
A grande mídia está se isolando e sendo cada vez mais contestada. A
audiência dos blogs cresceu de maneira fabulosa nos últimos meses. A
gente é que nem bolo; quanto mais eles batem, mas a gente cresce.
Algumas reações químicas fundamentais se dão apenas a partir de certa
temperatura. Talvez estejamos chegando perto de uma ruptura definitiva
na correlação de forças entre mídia e poder no Brasil.
Suspeito que o Carnaval do ano que vem, ao invés de versos moralistas
sobre o mensalão, verá uma profusão de blocos fazendo chacota com a
sonegação da Rede Globo.
Eu mesmo já estou rabiscando uns versinhos…
PS: Aproveito para lhe propor reservar, desde já, dois exemplares dos livros que lançarei em novembro deste ano.
Obama amarela na ONU e não consegue responder a Dilma
Mas
não se preocupem, ele vai ser apresentado como líder e estadista pela mídia que
hoje controla a ferro e fogo a informação.
E o
que dizer dos eternos baiacuzinhos? (Atenção lambedores, baiacuzinho é
diminutivo de baiacu), sem segundas intenções.
Esses
baiacuzinhos, até os lambaris sabem, não podem ver um poderoso que se derramam.
Fazem
até beicinhos quando circulam no esgoto.
Mas vamos ao que interessa, sem
adjetivos e sem derivativos, os dois fatos mais importantes que ocorreram nesse
convescote da ONU foram:
1- A presidente Dilma Rousseff
falou o que tinha que falar e portou-se como autêntica estadista;
2- Obama acovardou-se e não
conseguiu responder à presidente
Dilma.
Amarelou
e não foi por icterícia.
Escrevi
icterícia em lugar de cagaço por respeito aos leitores mais sensíveis.
Enfim,
o Brasil pode regozijar-se, já os Estados Unidos, bem os Estados Unidos têm o
governante que merecem.
E muito armamento bélico.
* Georges Bourdoukan
Dilma e Obama, Brasil e EUA.
24 de setembro de 2013 | 13:26
O discurso de Barack Obama, mesmo com a inegável simpatia pessoal
que ele desperta e apesar da inevitável auto-suficiência que marca os
posicionamentos dos EUA diante do mundo, passou-me uma estranha
sensação: a de ver o chefe da maior potência militar do planeta dar
explicações na ONU e considerar tanto a repercussão externa de suas
palavras, quanto o público que realmente lhe importa: os próprios
americanos.
Se não houve concessões práticas, as verbais foram muitas, inclusive a de não demonizar as opiniões divergentes. Sinal de que o drible diplomático que levou da Rússia, na questão síria, o abalou – até porque os russos é que lhe abriram a saída política que, internamente, precisava para retroceder da decisão de atacar que tão pouco apoio interno tivera nos EUA.
Mas, por isso e por precisar de algo para tirar o foco das acusações duras que sofreria pela espionagem, precisou lançar uma carta nova à mesa, e esta carta foi o aceno de diálogo com o Irã.
Obama está naquela incômoda posição de, no meio do caminho, não agradar ninguém. Internamente, segue passando a imagem de fraco e esquerdista. Externamente, a de belicista e invasor da privacidade e da soberania alheias.
E Dilma?
A brasileira falou também para os dois públicos.
Para o interno, falou claramente da violação de nossa soberania e da privacidade de nossas comunicações, inclusive fazendo menção aos interesses empresariais envolvidos nisso. Sem concessões, sem “sapatinhos”, sem tolerância com razões de guerra ao terrorismo que amenizassem a gravidade dos atos americanos.
Também marcou pontos ao tratar, num foro internacional, de problemas internos, como as manifestações de junho, demonstrando que não chefia um governo enfraquecido e questionado, mas está disposta a liderar qualquer processo de reivindicação interno, em lugar de se opor a ele.
Mas o grande recado que passou foi a disposição brasileira de assumir um papel de destaque e questionamento da ordem internacional dentro da própria ONU.
Aliás, mais que isso.
Mostrou que o país está disposto a dialogar e fazer alianças com outras nações, fora do eixo EUA-Europa, desde que elas atendam ao nosso desejo de nos projetarmos, polìtica, econômica e diplomaticamente. Rússia e China entenderam perfeitamente o recado de Dilma e não se surpreendam que países pró-americanos, como Japão e Índia, além dos latinos e africanos, queiram trocar ideias neste campo.
A bússola político-diplomática de um país sempre segue o mesmo Norte dos seus relacionamentos econômicos e vice-versa.
E, neste campo, amor é reciprocidade.
Obama não vai poder dizer que Dilma é “a cara”, mas já sabe que ela não é só de fazer caras.
Por: Fernando Brito
*Tijolaço
Se não houve concessões práticas, as verbais foram muitas, inclusive a de não demonizar as opiniões divergentes. Sinal de que o drible diplomático que levou da Rússia, na questão síria, o abalou – até porque os russos é que lhe abriram a saída política que, internamente, precisava para retroceder da decisão de atacar que tão pouco apoio interno tivera nos EUA.
Mas, por isso e por precisar de algo para tirar o foco das acusações duras que sofreria pela espionagem, precisou lançar uma carta nova à mesa, e esta carta foi o aceno de diálogo com o Irã.
Obama está naquela incômoda posição de, no meio do caminho, não agradar ninguém. Internamente, segue passando a imagem de fraco e esquerdista. Externamente, a de belicista e invasor da privacidade e da soberania alheias.
E Dilma?
A brasileira falou também para os dois públicos.
Para o interno, falou claramente da violação de nossa soberania e da privacidade de nossas comunicações, inclusive fazendo menção aos interesses empresariais envolvidos nisso. Sem concessões, sem “sapatinhos”, sem tolerância com razões de guerra ao terrorismo que amenizassem a gravidade dos atos americanos.
Também marcou pontos ao tratar, num foro internacional, de problemas internos, como as manifestações de junho, demonstrando que não chefia um governo enfraquecido e questionado, mas está disposta a liderar qualquer processo de reivindicação interno, em lugar de se opor a ele.
Mas o grande recado que passou foi a disposição brasileira de assumir um papel de destaque e questionamento da ordem internacional dentro da própria ONU.
Aliás, mais que isso.
Mostrou que o país está disposto a dialogar e fazer alianças com outras nações, fora do eixo EUA-Europa, desde que elas atendam ao nosso desejo de nos projetarmos, polìtica, econômica e diplomaticamente. Rússia e China entenderam perfeitamente o recado de Dilma e não se surpreendam que países pró-americanos, como Japão e Índia, além dos latinos e africanos, queiram trocar ideias neste campo.
A bússola político-diplomática de um país sempre segue o mesmo Norte dos seus relacionamentos econômicos e vice-versa.
E, neste campo, amor é reciprocidade.
Obama não vai poder dizer que Dilma é “a cara”, mas já sabe que ela não é só de fazer caras.
Por: Fernando Brito
Pesquisa revela que maioria não vê mulheres da vida real na TV
Vermelho
Realizada pelo Data Popular e Instituto Patrícia Galvão, a pesquisa Representações das mulheres nas propagandas na TV revela que 56% dos entrevistados, homens e mulheres, consideram que as propagandas na TV não mostram as brasileiras reais. Levantamento inédito mostra o conflito entre o que os espectadores veem e o que gostariam de ver nas publicidades exibidas na televisão.
Para 65% o padrão de beleza nas
propagandas está muito distante da realidade das brasileiras e 60%
consideram que as mulheres ficam frustradas quando não se veem neste
padrão. Na percepção da sociedade, as mulheres nas propagandas são
majoritariamente jovens, brancas, magras e loiras, têm cabelos lisos e
são de classe alta.
Por outro lado, a maior parte dos
entrevistados deseja que a diversidade da população feminina brasileira
esteja mais representada: 51% gostariam de ver mais mulheres negras e
64% gostariam de mais mulheres de classe popular nas propagandas.
A pesquisa detectou ainda que:
- 80% consideram que as propagandas na TV mostram mais mulheres brancas; e 51% gostariam de ver mais mulheres negras.
- 83% veem as mulheres reais como sendo
em sua maioria de classe popular, mas 73% consideram que as propagandas
na TV mostram mais mulheres de classe alta.
- 73% veem mais loiras do que morenas nas propagandas na TV, mas 67% gostariam de ver mais morenas.
- 83% veem mais mulheres com cabelos
lisos nas propagandas na TV, mas maioria gostaria de ver mais mulheres
com cabelos crespos/cacheados.
- 87% veem mais mulheres magras nas propagandas na TV; 43% gostariam de ver mais mulheres gordas.
- 78% veem mais mulheres jovens nas propagandas na TV, mas maioria gostaria de ver mais mulheres maduras.
A pesquisa Data Popular/Instituto
Patrícia Galvão revela ainda que 84% concordam que o corpo da mulher é
usado para promover a venda de produtos nas propagandas na TV; e 58%
avaliam que as propagandas mostram a mulher como objeto sexual.
Além disso, 70% defendem punição aos responsáveis por propagandas que mostram as mulheres de modo ofensivo.
Especialistas veem demanda por propagandas mais atualizadas
Segundo avaliação da diretora executiva
do Instituto Patrícia Galvão, Jacira Melo, a pesquisa revela que a
percepção dos entrevistados, mulheres e homens, é clara: a propaganda
veicula modelos ultrapassados. “A irrealidade da representação da mulher
é percebida pela absoluta maioria e há uma clara expectativa de
mudança. Aqui se revela um paradoxo: se pensarmos a partir da lógica de
mercado, pode-se dizer que anunciantes e publicitários, em razão de uma
visão arcaica do lugar da mulher na sociedade e de um padrão antigo de
beleza, não estão falando com potenciais consumidoras”, aponta.
“Nós, mulheres negras, somos invisíveis
para a mídia, que não enxerga que tomamos banho, usamos xampu, comemos
margarina, fazemos serviços domésticos, e, em particular, somos pessoas
com poder aquisitivo”, exemplifica Mara Vidal, vice-diretora executiva
do Instituto Patrícia Galvão. Para ela, existe aí “um racismo manifesto
com relação à nossa capacidade, às nossas qualidades e ao nosso poder de
compra”, pontua.
Para o diretor do Instituto Data
Popular, Renato Meirelles, o principal mérito da pesquisa é mostrar como
as empresas perdem dinheiro com a representação distante da realidade,
uma vez que as mulheres movimentam hoje, no Brasil, um mercado
consumidor de R$ 1,1 trilhão por ano e determinam 85% do consumo das
famílias, segundo dados do próprio instituto. “Não estamos falando de um
nicho consumidor, mas do principal mercado consumidor brasileiro.
Então, há uma miopia do ponto de vista de oportunidades de negócios”,
considera.
Sobre a pesquisa
Para a pesquisa Representações das
mulheres nas propagandas na TV, encomendada ao Data Popular pelo
Instituto Patrícia Galvão, foram realizadas 1.501 entrevistas com homens
e mulheres maiores de 18 anos, em 100 municípios de todas as regiões do
país, entre os dias 10 e 18 de maio deste ano.
*Cappacete
Zé Dirceu vai mesmo recorrer ao Pacto de São José da Costa Rica
Zé Dirceu vai mesmo recorrer ao Pacto de São José da Costa Rica _+_REFERÊNCIA JURÍDICA, LEMBO ATACA PROCESSO "MEDIEVAL"
Enviado por Remindo Sauim: : Não adianta a direita espernear, como o
julgamento do Mensalão se transformou num tribunal de exceção com a
suprema invenção do DOMÍNIO DO FATO, o heróico José Dirceu vai mesmo
recorrer ao Pacto de São José da Costa Rica, pois este defende o duplo
grau de jurisdição, o que lhe está sendo negado em diversas condenações e
este pacto é lei no Brasil, decreto número 678, de 6 de novembro de
1992. Com esta possibilidade, o julgamento de Dirceu deve ir até 2020
quando todas as acusações contra ele estarão extintas por força de lei.
As forças do mal e do atraso estarão assim vencidas e José Dirceu será
nome de avenidas, parques e prédios públicos no Brasil.
Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos
DECRETO No 678, DE 6 DE NOVEMBRO DE 1992
Promulga a Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica), de 22 de novembro de 1969.
O VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA , no exercício do cargo de PRESIDENTE
DA REPÚBLICA , no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso
VIII, da Constituição, e Considerando que a Convenção Americana sobre
Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica), adotada no âmbito da
Organização dos Estados Americanos, em São José da Costa Rica, em 22 de
novembro de 1969, entrou em vigor internacional em 18 de julho de 1978,
na forma do segundo parágrafo de seu art. 74;
Considerando que o Governo brasileiro depositou a carta de adesão a
essa convenção em 25 de setembro de 1992; Considerando que a Convenção
Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica)
entrou em vigor, para o Brasil, em 25 de setembro de 1992 , de
conformidade com o disposto no segundo parágrafo de seu art. 74;
DECRETA:
Art. 1° A Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São
José da Costa Rica), celebrada em São José da Costa Rica, em 22 de
novembro de 1969, apensa por cópia ao presente decreto, deverá ser
cumprida tão inteiramente como nela se contém.
Art. 2° Ao depositar a carta de adesão a esse ato internacional, em
25 de setembro de 1992, o Governo brasileiro fez a seguinte declaração
interpretativa: "O Governo do Brasil entende que os arts. 43 e 48,
alínea d , não incluem o direito automático de visitas e inspeções in
loco da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, as quais dependerão
da anuência expressa do Estado".
Art. 3° O presente decreto entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 6 de novembro de 1992; 171° da Independência e 104° da República.
ITAMAR FRANCO
Fernando Henrique Cardoso
*Ajusticeiradeesquerda
Wagner Moura sobre Marco Feliciano: "um imbecil"
Wagner Moura sobre Marco Feliciano: "um imbecil"
Wagner Moura disse que gostaria de fazer um filme que retratasse os bispos das igrejas neopentecostais (Foto: Agência Estado) |
Wagner Moura disse que sonha em encarnar no cinema um pastor
evangélico – “até que ponto estes caras acreditam no que falam ou é só
proselitismo?”
O ator Wagner Moura é mais uma das celebridades que não aprovam as
atitudes homofóbicas do deputado e pastor Marco Feliciano. O eterno
intérprete do personagem Capitão Nascimento, do filme Tropa de Elite,
deu uma recente entrevista à Carta Capital,
onde demonstrou repulsa em relação a Feliciano. “Um imbecil que ganhou
com esta história toda um cacife político gigante”, declarou o astro.
Ao ser questionado se há algum personagem que ele sonhe fazer no cinema
ou na tevê, Moura surpreendeu e disse querer viver a história de um
pastor. “Tenho um projeto com o Karim (Aïnouz, diretor), de fazer um
filme que retrate os bispos das igrejas neopentecostais. Este é um
fenômeno que me impressiona. Tem gente legal no universo protestante,
pastores que admiro, e outros que são muito loucos”, contou.
Quando comentou sobre pastores insanos, logo lembrou de Feliciano. “É um
cara que vai ser eleito ad-infinitum para o Congresso por falar um
monte de imbecilidades”, declarou. “Este conjunto de intolerância moral e
religiosa me interessa muito: até que ponto estes caras acreditam no
que falam ou é só proselitismo? É só dinheiro, é só filha-da-putice, ou
há de falto algo que eles acreditem ser uma experiência espiritual?”,
finalizou.
* Blog Justiceira de Esquerda
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