Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, maio 05, 2015

BRASIL: A CRUCIFICAÇÃO DA ESQUERDA NO MAIOR PAÍS DA AMERICA DO SUL

COMO O ANTIESQUERDÍSMO CONSERVADOR  E RAIVOSO, CAMUFLADO DE ANTIPETISMO, EM PLENO SÉCULO XXI, AVANÇA EM INSTITUIÇÕES DE ESTADO.

por Breno Altman


E agora, como fica?. 
Receita descobre que Vaccari não tem patrimônio. Embora seja um dos principais alvos da Lava Jato, por ter arrecadado recursos oficiais para o Partido dos Trabalhadores, João Vaccari Neto, que está preso de forma preventiva em Curitiba, não enriqueceu no cargo; levantamento patrimonial feito pela Receita Federal só encontrou R$ 385.059,88 em bens do ex-tesoureiro do PT, que responde por corrupção e lavagem de dinheiro.

Três fatos recentes, desenrolados no coração judicial e repressivo do poder público, desnudam a natureza classista e degenerada do Estado oligárquico.
 

O primeiro destes eventos foi a prisão preventiva do tesoureiro petista, João Vaccari Neto, por ordem do juiz Sérgio Moro, no curso da Operação Lava Jato.
Além de desnecessária, pois o réu jamais se furtou a atender demandas do inquérito ou obstaculizou seu trâmite, revela-se discricionária. Medidas desse naipe não afetaram a nenhum dos demais tesoureiros de grandes partidos, embora tenham arrecadado doações de valores semelhantes com as mesmas empresas.
O segundo episódio é a investigação tramada pelo Ministério Público do Distrito Federal contra o ex-presidente Lula, em caso de suposto tráfico internacional de influência.
Como é de praxe, a apuração não apresenta qualquer elemento concreto, mas já está difundida por setores da imprensa como fato notório e sabido, em mais uma realização da parceria entre jornalismo de oposição e frações do sistema judicial.
O terceiro capítulo é a suspeição da Polícia Federal sobre pagamentos recebidos oficialmente pelo jornalista João Santana Filho, em contrapartida a serviços prestados na campanha presidencial em Angola.
Apesar da ampla documentação apresentada pelo investigado, profissional responsável pelo marketing na reeleição da presidente Dilma Rousseff, dissemina-se especulação de que seriam verbas de companhias brasileiras envolvidas no escândalo da Petrobrás e destinadas ao pagamento de despesas eleitorais do atual prefeito paulistano, Fernando Haddad.
Estas três situações são apenas retratos atualizados da perversão alojada no Estado.
O Ministério Público, a Polícia Federal, parte da magistratura e outros espaços estão se convertendo em bunkers contra o PT, marcados por abuso de poder e autoritarismo, atropelando leis e direitos constitucionais, a serviço de determinados objetivos políticos.
O que é pior: sob as barbas do próprio partido governante.
Os governos de Lula e Dilma, em nome de apresentar imagem republicana e evitar críticas de aparelhamento, preveniram quase exclusivamente exageros que seu próprio campo político poderia cometer, concedendo cotas cada vez maiores de autonomia a fortalezas historicamente controladas pelas velhas classes dominantes, sem alterar suas características antidemocráticas.
Afinal, a lógica da conciliação, predominante desde 2003, alimentada por situação parlamentar desfavorável, impunha que a mudança social e econômica não fosse acompanhada pela tentativa de reforma radical das instituições e a substituição de seu comando.
Os inimigos do petismo, beneficiados por este pacto de mão única, tiveram caminho franqueadopara abocanhar fatias crescentes dos aparatos de justiça e segurança, assanhadamente partidarizados e coadjuvando estratégia de desestabilização patrocinada por forças conservadoras.
O combate à corrupção, sob a presidência de Lula e Dilma, alcançou patamares jamais vistos na história brasileira, com amplo portfólio de providências legais, administrativas e orçamentárias.
Mas a facilidade de movimento dos grupos reacionários, no interior dos sistemas de coerção, acabou por permitir que se apropriassem deste avanço civilizatório para fabricar campanha permanente contra o PT e seus dirigentes, sempre tabelando com parceiros na mídia corporativa.
Ao não se libertar desta armadilha, o governo silencia diante de malfeito à democracia, agredida por terrorismo judicial nascido nas entranhas do Estado.
 
A impunidade de policiais federais que faziam abertamente campanha por Aécio Neves, por exemplo, ao mesmo tempo em que lideravam investigações da Operação Lava Jato, serve de estímulo a outros malversadores da função pública.
 
Talvez o cenário não seja propício a decisões práticas e imediatas que revertam a anomalia. O mínimo que se pode esperar, porém, é que o governo, através do ministro da Justiça, desmascare publicamente manobras que violam preceitos republicanos e ofendem a Constituição.

segunda-feira, maio 04, 2015

BC bloqueia participação do Brasil no Banco dos BRICS, por J. Carlos de Assis


BC bloqueia participação do Brasil no Banco dos BRICS
J. Carlos de Assis
Em mais uma ação de cabal subordinação à finança anglo-americana, o Banco Central do Brasil está dificultando, com evidente intenção de sabotar a capitalização da parte brasileira no Banco dos BRICS sob o pretexto imbecil de proteger as reservas internacionais. O Banco dos BRICS é, de longe, o principal legado do primeiro mandato de Dilma no plano internacional. Deverá ser o grande instrumento de financiamento da infraestrutura no bloco, independente da interferência, das taxas de juros e das condicionalidades norte-americanas e europeias.
O argumento da vertente entreguista do Banco Central é grotesco, já que a transferência de recursos das reservas para a capitalização do banco não altera a posição fiscal brasileira. Afinal, é muito mais interessante ter dinheiro rendendo juros no banco do que rendendo os pífios juros dos títulos públicos dos Estados Unidos, nos quais as reservas são aplicadas. No Banco dos BRICS o dinheiro vai gerar investimentos reais, e não apenas um fluxograma de recursos totalmente desvinculado da economia real.
Já é tempo de nacionalizarmos o Banco Central do Brasil. É curioso que ele tenha sido criado pelos militares, num primeiro momento sem oposição americana, como um banco desenvolvimentista, grande financiador da agricultura brasileira. Foi nossa titubeante democracia, no Governo Sarney, e pelas mãos de economistas ditos progressistas, que o Banco Central virou-se para o lado da ortodoxia anglo-americana, tornando-se, pela política monetária, um dos principais obstáculos ao nosso desenvolvimento econômico.
Outra curiosidade é que não foram os americanos, mas os ingleses e franceses, que espalharam pelo mundo a concepção de bancos centrais ortodoxos. Descrevi isso na minha tese de doutorado na Coppe, convertida em livro, “Moeda, Soberania e Trabalho”, ed. Europa. O que então se entendia como ortodoxia monetária era uma extensão direta do colonialismo, via os chamados currency boards (total vinculação da moeda local à moeda da matriz, com toda a receita de senhoriagem apropriada por ela). A total conversão à ortodoxia se deu via influência posterior dos Estados Unidos no FMI, revelando outra tremenda contradição: os americanos exigem que todo mundo tenha banco central ortodoxo, mas eles próprios tem um banco desenvolvimentista, organizado de forma tão cínica que é capaz de despejar trilhões de dólares em moeda fiduciária no mundo sem qualquer tipo de controle.
O Banco dos BRICS, que o Banco Central tenta boicotar, será a primeira fissura na arquitetura financeira internacional erigida pelos anglo-americanos no pós-guerra. Será um banco ligado à produção, à economia real. Não essa fábrica de papel sórdida operada nos EUA e agora também no BCE, oferecendo a seus nacionais dinheiro de graça para que adquiram patrimônios reais mundo afora, praticamente sem custos. Com a próxima vinda ao Brasil do Primeiro Ministro chinês, a Presidenta Dilma poderia aproveitar a oportunidade para dar uma ordem seca ao Banco Central para deixar de criar obstáculos para o Banco dos BRICS e disponibilizar imediatamente as reservas a fim de que isso seja feito.
Será que, nesse contexto, podemos ter um banco central desenvolvimentista? A condição para isso é imitar a China e outros países asiáticos: construir um grande colchão de reservas internacionais para evitar ou derrotar eventuais corridas contra o real em situação de déficit em conta corrente. O Banco dos BRICS poderá ajudar decisivamente nesse programa junto com alguma articulação produtiva com a China. É dessa articulação que poderemos tirar grandes saldos comerciais também no campo dos manufaturados, além das commodities. Com uma posição forte em reservas, teremos política cambial e política monetária soberanas, tal como acontece na órbita chinesa.
J. Carlos de Assis - Economista, professor, doutor pela Coppe/UFRJ, autor de mais de 20 livros sobre economia política brasileira, estando dois novos no prelo.
*CGN

corrupção; com US$ 12,4 milhões no HSBC em 2007, ele tem um filho político, Ratinho Júnior

Não há a menor dúvida de que o PIB da Rússia cresce e continuará crescendo de forma nominal.

Rublo

Forbes: apesar das sanções, Rússia se tornou favorita dos investidores

© Sputnik

Um ano após a introdução de sanções, a economia da Rússia demonstra uma boa margem de resistência, defende um artigo publicado pela revista norte-americana Forbes.
"Não há a menor dúvida de que o PIB da Rússia cresce e continuará crescendo de forma nominal. Se a inflação da Rússia fosse calculada da mesma forma como é feito nos EUA, esse indicador seria menor" — acredita o diretor do funddo SPRINGInvestment Group, David Herne, citado pelo artigo.
A publicação destaca que o pânico entre investidores, iniciado no final de 2014, foi provocado pela cobertura tendenciosa da Rússia pela imprensa ocidental.
"Exite muita informação falsa sendo difundida no Ocidente a respeito da Rússia. Os empreendedores investem na Rússia com medo e risco próprio, o que ficou especialmente visível em dezembro e janeiro. Em setembro, novas sanções foram aplicadas a empresas [russas] de energia. No entanto, a economia russa tinha facetas muito vantajosas, que foram ignoradas pelos investidores" — acredita o empreendedor holandês Arent Thijsen.
Um dos fatores-chave que ajudaram a economia a resistir às provações foi a baixa dívida externa da Rússia. Se as dívidas fossem altas, o país viveria uma situação muito mais penosa.
"Atualmente, a relação entre dívida e PIB na Rússia é baixa – cerca de 14%. A economia praticamente não está sobrecarregada por dívidas – a população, o setor estatal e a maioria das empresas foram pouco afetadas por elas. Isso permite à Rússia separar-se dos outros. Haverá abalos. Mercados cairão. A Rússia, no entanto, sempre se recupera" – destaca a publicação da Forbes.
Mesmo apesar do conflito na Ucrânia, das sanções e dos baixos preços de petróleo, a Rússia é atualmente a "favorita dos investidores".
Uma pesquisa promovida este ano pelo Instituto de Analistas Financeiros Certificados (CFA), colocou a Rússia em  4° lugar entre os mercados com maiores perspectivas de lucro, atrás dos EUA, da China e Índia. O artigo da Forbes, no entanto, defende que a Rússia na verdade lidera esse ranking.
"As sanções não funcionam porque é difícil de prejudicar a Rússia. As empresas terão prejuízos, algumas mais do que outras, mas depois de um ano a situação irá se recuperar. E, passado um outro ano, ficará ainda melhor. Em dado momento, todos correram para vender seus ativos na Rússia, mas nós estamos seguindo o preceito de Warren Buffett: seja corajoso quando todos estão com medo" — acredita Arent Thijsen.


Leia mais: http://br.sputniknews.com/mundo/20150504/927538.html#ixzz3ZDM7Farm