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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, junho 04, 2011

Agenda positiva para Dilma é essa: falar o que pensa


*tijolaçpo


Bombeiros têm razão. Mas não em tomar o quartel

Os bombeiros têm toda a razão em exigir melhores salários. Têm todo o direito de se manifestarem. Pacificamente, todos o têm.
As suas reivindicações salariais são justíssimas.
Mas seus líderes erraram grosseiramente em invadir o Quartel Central da corporação. Nenhum deles pode deixar de saber que um ato assim teria consequências.
Até ali, tudo era em seu favor. Ao invadir, insuflados ou não, cruzaram uma linha perigosa.
O Corpo de Bombeiros, ainda que não o devesse ser, é uma instituição militar. Não pode haver “tomada” de quartel sem que se caracterize uma infração militar.
Muito menos cabe a nós, políticos, querer tirar “casquinha” em movimentos assim. O que temos de fazer é pedir que os ânimos serenem, que se evitem excessos e não se criem situações irreversíveis.
Pode ser que alguém, por paixão política, ache diferente. Mas não é bom que a gente misture apetite eleitoral com reivindicações – legítimas – de profissionais militares.
Uma pena que se tenha cometido este erro político, até porque o movimento dos bombeiros tinha total simpatia da população. E o meu próprio, que tenho pela corporação a lembrança da importância que ela teve no governo Brizola, quando teve sua autonomia elevada ao nível de Secretaria de Estado.
Vamos apelar e torcer para que a calma volte.  O Rio de Janeiro precisa demais tanto de policiais quanto dos nossos valentes bombeiros para que eles fiquem brigando entre si.
É hora de ser “bombeiro”, não de “colocar lenha na fogueira”. Porque quem quiser se aproveitar desta situação lamentável não pode estar seriamente preocupado com a situação daqueles chefes de família. Que precisam de melhores salários, sim, e que pior ainda ficarão se o confronto – o desta madrugada e manhã e o verbal, que se segue -  tornar inevitável sua exclusão da corporação.
E se aborreço alguém com essa posição, lamento. É que não sou valente com a vida dos outros.

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