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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, junho 10, 2011

Associação dos Juízes Federais elogia atuação do Supremo no caso Battisti

A Ajufe (Associação dos Juízes Federais do Brasil) emitiu uma nota nesta quinta-feira (9) elogiando a decisão de seus pares do Supremo Tribunal Federal (STF), que ontem votaram pela libertação do ex-ativista de esquerda italiano Cesare Battisti.
“O Supremo é o guardião da Constituição e decidiu uma situação de repercussão internacional que não poderia mais persistir indefinida. Não é função do STF agradar ou desagradar este ou aquele segmento político ideológico da sociedade brasileira, cabe a ele aplicar a Constituição. Foi isso que fez a Corte, cumprindo com o seu dever”, avaliou presidente da Ajufe, Gabriel Wedy.
No julgamento de ontem, os temas que acabaram gerando mais polêmica entre os magistrados foram o respeito à soberania brasileira e o princípio da não interferência em assuntos internos da República, que teve o apoio de seis dos nove ministros que participaram da ação.
A questão foi suscitada pelo governo italiano ao questionar a decisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de não extraditar Battisti, tendo como base o parecer da AGU (Advocacia Geral da União). Para a Itália, Lula teria sido "induzido ao erro".
Wedy também considera que a Corte Máxima do país atuou corretamente ao mostrar que o governo da Itália não tem competência legal para questionar um ato do chefe do Executivo. Para o juiz, o julgamento exaltou a soberania do país e a autoridade do STF para decidir uma questão como aquela.
*comtextolivre

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