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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, junho 12, 2011

COMENDA DADA POR FHC AO EX-DITADOR FUJIMORI PODE SER CASSADA

 

DA LIDERANÇA DO PT NA CÂMARA

A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara (CCJ) pode anular a concessão da Ordem do Cruzeiro do Sul oferecida pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) ao ditador e ex-presidente do Peru, Alberto Fujimori, em 2003.

A entrega da mais importante comenda brasileira ocorreu em Lima, durante visita oficial realizada pelo ex-presidente brasileiro aquele país. O presidente da CCJ, deputadoJoão Paulo Cunha (PT-SP), designou o deputado Protógenes Queiroz (PCdoB-SP) para a relatoria (PDC-2229/09), do senador Roberto Requião (PMDB-PR), que propõe a anulação da condecoração.

Para o deputado Jilmar Tatto (PT-SP), integrante da comissão, aprovar o projeto é uma demonstração de respeito ao povo peruano. "Cassar a comenda oferecida ao ditador peruano é um ato de justiça. Vale lembrar que, hoje, Fujimori se encontra preso, condenado a 25 anos de prisão, por crimes contra a democracia, os direitos humanos e favorecimento ao tráfico de drogas naquele país. Portanto, assim como fez o Senado, a Câmara também precisa aprovar esse projeto em respeito ao povo peruano e as vítimas do 'Fujimorismo' naquele país", destacou.

Entre outras acusações, estima-se que pelo menos 25 pessoas foram assassinadas com o consentimento do ditador e ex-presidente peruano, na repressão política instaurada durante seu governo. Fujimori também é acusado de promover um autogolpe, em 5 de abril de 1992, quando dissolveu a força o Congresso do país. O principal assessor do ex-presidente, Vlademir Montesinos, também está preso, condenado a 20 anos de prisão pelos crimes de assassinato, corrupção e tráfico de drogas.

A proposta de cassação da comenda já foi aprovada no Senado. Na Câmara, onde também foi aprovada pela Comissão de Relações Exteriores, a proposta recebeu parecer favorável do então relator, o ex-deputado Paulo Delgado (PT-MG). A proposição já tramitou pela CCJ em 2003, quando recebeu parecer favorável do ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), e em 2008, pelo então relator, o ex-deputado José Genoíno (PT-SP), mas não chegou a ser votada pelo colegiado.

Humala - Na semana passada, a filha do ex-ditador, Keiko Fujimori, perdeu as eleições presidenciais no país para o nacionalista Ollanta Humala. Na condição de presidente eleito, Humala visitou o Brasil nesta semana, e em encontro com a presidenta Dilma Rousseff disse na quinta-feira (9) que "o Brasil é sócio estratégico e muito importante para o Peru". Ele destacou a admiração que tem pelo Brasil, ao afirmar que nosso país "tem um modelo exitoso de estabilidade macroeconômica com inclusão social", afirmou.

Nesta sexta-feira (10), o presidente eleito do Peru, Ollanta Humala tem encontro marcado, em São Paulo, com o ex-presidente brasileiro Luís Inácio Lula da Silva.
*históriavermelha

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