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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, junho 04, 2011

Mulheres organizam versão nacional da 'Marcha das Vagabundas' em SP

Contra machismo, mulheres organizam versão nacional da 'Marcha das Vagabundas' em São Paulo
Organizada pelo Facebook, manifestação contra o machismo criada no Canadá já se espalha por outros países

RedeBrasilAtual

Depois da Marcha da Liberdade, a Avenida Paulista será palco de outra manifestação pela cidadania plena, neste sábado (4). A "Marcha das Vagabundas" quer chamar atenção contra o machismo da sociedade e defender, entre outros, o direito de as mulheres se vestirem como quiserem.

O nome é uma tradução da passeata Slut Walk, que foi realizada em abril no Canadá. Depois de um policial declarar, em uma universidade, que as mulheres não deveriam se vestir como vagabundas para não sofrerem nenhum tipo de abuso sexual, mais de 3 mil pessoas foram às ruas de Toronto para protestar.

Assim como o Churrascão da Gente Diferenciada e a Marcha da Liberdade, a "Marcha das Vagabundas" está ganhando adeptos pelo Facebook, e até as 18h desta quinta-feira (2) já tinha a presença confirmada de mais de 5.200 pessoas.

"Espero que a marcha ao menos sirva para a discussão (sobre o machismo) ser colocada em pauta entre os círculos sociais das pessoas. Espero que a ideia seja discutida e que talvez surja uma consciência crítica a respeito do assunto, ficaria muito feliz se soubesse que o evento, seguido da discussão, gerasse alguma mudança para melhor no comportamento das pessoas em geral", defende uma das organizadoras do evento no Brasil, a publicitária e blogueira Madô Lopez.

Além da versão tupiniquim, a Slut Walk já foi realizada em outros países como Argentina, Estados Unidos, Grã-Bretanha, Holanda, Nova Zelândia. Neste sábado haverá novas edições norte-americanas, em Los Angeles e Chicago, além de outra canadense (Edmonton), e também em Estocolmo (Suécia), Amsterdã (Holanda) e Edimburgo (Escócia).

Solange De-Ré, outra organizadora da marcha, afirma que julgar uma pessoa pela roupa é retrógrado. "Não é a roupa que causa o estupro, por exemplo, é a mente doentia de um homem que sente prazer no medo e humilhação que uma mulher sente nessa hora", diz.

*esquerdopata

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