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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, junho 08, 2011

STF reconhece que Lula foi mesmo Presidente do Brasil 

 

Supremo rejeita pedido de Itália contra Lula no caso Battisti 


Por 6 votos a 3, os ministros do STF decidiram que a Itália não tem legitimidade para questionar o ato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que negou a extradição do italiano Cesare Battisti.

Juridicamente, eles não "conheceram" a reclamação feita pelo governo da Itália ao Supremo. Mesmo assim, o relator do caso, ministro jagunço Gilmar Mendes Dantas, afirmou que caberá ao Supremo analisar o ato de Lula, independentemente do pedido italiano ter sido derrubado.

Os colegas Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio Mello interromperam o relator e argumentaram que não haveria mais o que se discutir. O clima esquentou. Mendes chamou Marco Aurélio de "censor". "vossa excelência não é censor de colega", disse, retomando seu voto.

Acontece que a maioria dos ministros já afirmou que a decisão do presidente da República não está vinculada à análise do tribunal e praticamente resolveram a questão.

Entenderam desta forma os ministros Luiz Fux, Cármen Lúcia, Ricardo Lewandowski, Joaquim Barbosa, Carlos Ayres Britto e Marco Aurélio Mello.

De acordo com eles, a decisão de Lula de manter Battisti no Brasil é uma questão de soberania nacional, algo que é de competência do Executivo e não do Judiciário.

"A situação é tão absurda, poderiamos comparar a uma situação que tivemos na cena política latino-americana há cerca de dois anos. [citando o caso Manoel Zelaya]. O embaixador brasileiro acolheu o político na embaixada. Poderia um país da região se insurgir contra o ato do presidente da República, que autorizou o embaixador, e vir ao Supremo Tribunal Federal? Poderia o STF desconstituir esse ato?", disse Joaquim Barbosa.


Battisti fica, Gilmar perde
e julga o Nunca Dantes

 

Reação ao saber do voto do Gilmar Dantas (*)

No julgamento de Cesare Battisti, o relator Gilmar Dantas (*) perdeu e tentou ganhar no tapetão.

Por maioria, o Supremo decidiu, antes de tudo, que a Itália não tinha o direito de questionar se o Presidente Nunca Dantes tinha o direito de mandar soltar Battisti.

Mas, o relator Gilmar Mendes não se conformou.

E decidiu rever o que a maioria do Supremo tinha acabado de decidir.

Levou um pito do Ministro Joaquim Barbosa, que lembrou:

1)    A ação da Itália foi rejeitada; agora, se julga se Battisti vai ser solto ou não;

2)    Segundo, Battisti está preso no Brasil há quatro anos. É sobre isso o que se decide, e mais nada.

Mas, Gilmar não se curvou.

Abriu o tapetão.

E leu o voto até o fim, muitas vezes aos berros.

Ele tinha preparado um voto na suposição de que a pretensão da Itália seria aceita.

Não foi.

Mas, o voto precisava ser lido – para que ficasse claro o que pensava (sobre Lula).

Já que, visivelmente, a exaltação derivava do fato de que se julgava ali uma pendência entre ele, que se julgou Supremo Presidente Supremo com o Nunca Dantes.

Battisti entrou de Pilatos no credo.

Gilmar queria desautorizar Lula.

Mostrava que a decisão de Lula estava errada, porque ele, Gilmar, não erra.

É Supremo.

Gilmar sempre vota politicamente.

Às vezes também partidariamente.

Mas, sempre, politicamente – com as causas da conservação e do atraso.

Ele chamou ministros de “pouco inteligentes”.

Disse que, se não se cumprisse o que ele queria, o Supremo se transformava num grêmio lítero-musical.

E berrava !

E insistia em ganhar no tapetão.

Argumentava que Lula não podia soltar Battisti.

Questão que já tinha sido votada.

Mas, ele não se conformava.

O problema dele é o Lula.

O problema dele é haver a hipótese de uma autoridade que se sobreponha à dele.

Este ansioso blogueiro acha que Battisti deveria estar encarcerado na Itália.

Mas, acha também que o Supremo perdeu muito tempo, a escutar a catilinária gilmariana.

A Itália perdeu a ação.

O voto do Gilmar era impertinente.

Gilmar não se corrige: para ele, Lula não foi Presidente do Brasil !

Paulo Henrique Amorim

*esquerdopata

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