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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, maio 19, 2010

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ABAIXO A DITADURA MILITAR

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No The Guardian, a dignidade que falta à midia aqui






No The Guardian, a dignidade que falta à midia aqui
quarta-feira, 19 maio, 2010 às 12:15

O jornal inglês The Guardian (aqui, o original, em inglês) mostra hoje como é sabuja a grande imprensa brasileira, atrás de seu palavrório. Duvido que qualquer jornal brasileiro tenha tido a altivez de escrever, com todas as letras, o que diz um dos mais importantes jornais da Inglaterra:

“a proposta de resolução (promovida pelos EUA) pode ser interpretada como uma bofetada das grandes potências nos esforços de negociação de outros países. Mas, em um mundo multipolar, Barack Obama não pode simplesmente fazer isso.”

“A Turquia está emergindo como uma importante potência diplomática no Oriente Médio. Turquia e Brasil, o outro mediador do acordo, são membros não-permanentes do Conselho de Segurança e signatários do tratado de não-proliferação. O Japão, igualmente, compartilha o comprometimento de encontrar uma solução diplomática neste impasse com o Irã. Juntas, essas nações assumiram o papel de mediadores honestos abandonados pela Grã-Bretanha, a França e a Alemanha.”

O Wall Stret Journal, mesmo sendo um dos maiores defensores do império, reconhece:

“”O duplo constrangimento é que os EUA incentivaram a diplomacia de Lula como uma maneira de angariar apoio para uma resolução de sanções na ONU. Em vez disso, Lula usou a abertura para triangular sua própria solução diplomática. Assim, em vez de EUA e Europa colocarem o Irã contra a parede, foi Ahmadinejad quem colocou Obama no canto.”

O jornal dos “falcões” incita abertamente à guerra: “”Israel terá de considerar seriamente suas opções militares. Tal confrontação é muito mais provável hoje graças ao presidente americano, cujo principal sucesso diplomático foi convencer os vilões de que lhe falta determinação para conter suas ambições destrutivas.”

Está claríssimo. Quem quer a escalada do impasse e das sanções não quer outra coisa senão a guerra.

do Tijolaço

O “capitalismo da mamata” nas telecomunicações






O “capitalismo da mamata” nas telecomunicações
quarta-feira, 19 maio, 2010 às 9:20

Como é bom e útil à sociedade quando um jornal faz jornalismo com fatos! A matéria da repórter Elvira Lobato, hoje, na Folha de S. Paulo é um dos maiores esclarecimentos que se podia prestar ao povo brasileiro sobre o que significa o Plano Nacional de Banda Larga e o que significou a decisão de reativar a Telebras, já com a atribuição inicial de dar suporte a todas as operações de comunicação da administração pública federal.

Não vou falar do que sempre falo: do acesso da população a serviços de banda larga a preço não-extorsivo e do que isso significa em termos de inclusão social, democratização da informação e da educação, estímulo às atividades econômicas, cidadania.

Vou falar só daquilo que as teles gostam: dinheiro.

R$ 20 bilhões por ano. Aí está só um pedacinho das elevadas razões filosóficas que as fazem desejar o Estado fora das telecomunicações. Isso é só o faturamento das teles com a prestação de (maus) serviços de transmissão de voz e dados prestados à administrações públicas federal, estaduais e municipais . Ou, pelo menos, o que as empresas de telefonia dizem que é, para alegar que a criação da Telebras significa “um rompimento de compromisso por parte do governo”, uma vez que “atendimento à administração pública foi um item determinante em seus planos de negócios, quando participaram do leilão de privatização do Sistema Telebrás, em 1998.”

A repórter Elvira Lobato registrou, para quem quiser ler, a confissão das empresas de telefonia da grande jogada que foi a privatização do nosso sistema telefônico.

A promiscuidade envolvida neste negócio está lá, evidente, quando se anuncia que, em meio à tropa de advogados e parecerista escalada pelas telefônicas para tentar bloquear na Justiça a recriação da telebras e a perda deste filão milionário estão os próprios autores das leis e contratos que, no período Fernando Henrique Cardoso.

Transcrevo o jornal, literalmente, com meus grifos:

As empresas de telefonia, como a Folha antecipou, preparam-se para questionar a reativação da Telebrás na Justiça e contrataram pareceres dos principais advogados especializados em telecomunicações.
Entre os quais, estão Carlos Ari Sundfeld (um dos autores da Lei Geral de Telecomunicações) e Floriano Azevedo Marques, consultor do governo federal na elaboração dos contratos de concessão de telefonia e do regulamento da Anatel.

E mais: não apenas querem bloquear legalmente a prestação destes serviços, como querem faze-lo economicamente, leia só:

Além de questionar a competência legal da Telebrás para oferecer banda larga, as teles tentam impedir que a Anatel fixe preço para a Telebrás usar as redes privadas de transmissão que interligam os municípios, o chamado “”backhaul”.
A Abrafix (entidade que representa a telefonia fixa) move ação na Justiça Federal contra a tarifação do uso das redes. Alega que a banda larga é um serviço privado e que o preço deve ser livre.
Recentemente, a Anatel exigiu informações detalhadas de cada operadora sobre o preço cobrado de cada cliente para o uso de sua redes de “backhaul”.As teles desconfiaram de que os dados poderiam ser repassados à Telebrás.
Deram as informações, mas notificaram a Anatel de que os 179 funcionários da Telebrás lotados na agência não poderiam ter acesso aos números.

Alto lá: telecomunicações são, constitucionalmente, serviço público concedido. Mas para as teles é tudo delas, “é meu e ninguém tasca, que o tio Fernando me deu “. É o capitalismo da mamata, não o da competição.

Competição é aquilo que diz Rogério Santana, presidente da nova Telebras:

- Eles cobram valores altos e terão que baixar, porque a Telebrás vai entrar no mercado.

Brizola Neto

“O governo não irá retirar o regime de urgência dos projetos do marco regulatório do pré-sal que tramitam no Senado






Governo age bem e mantém urgência do pré-sal
terça-feira, 18 maio, 2010 às 19:53

Animadora a nota que saiu agora há pouco da Agência Reuters:

“O governo não irá retirar o regime de urgência dos projetos do marco regulatório do pré-sal que tramitam no Senado, afirmou nesta terça-feira o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha. A oposição, no entanto, condiciona a desobstrução da pauta à retirada do status.

“O governo mantém a urgência do pré-sal e acha que tem que limpar a pauta do Senado”, disse o ministro, após reunião com senadores.(…)

Para Padilha, no entanto, a prioridade das medidas provisórias e dos projetos do pré-sal deve ser respeitada.

“Acho que esse é um momento importante de mobilização. Quem quer votar o Ficha Limpa de verdade tem que se mobilizar para votar aquilo que está trancando a pauta no Senado. Então essa é a nossa orientação para o conjunto da bancada do governo.”

Fez muito bem. O Governo não pode deixar que o pré-sal seja jogado para as calendas gregas. Quem quer votar mesmo o Ficha Limpa – e o líder tucano no Senado encaminhou uma consulta ao TSE, revelando que não tem convicção sobre a aplicabilidade de lei já nestas eleições – faz força e trabalha mais. Agora, deixar de votar o pré-sal se o próprio líder tucano tem dúvidas sobre aplicabilidade imediata da lei?