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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, junho 09, 2010

O quinta coluna ou o X-9

Serra defendia "papel" da Folha na repressão do regime militar

“Seu” Frias não precisava do filho para defendê-lo, tinha um X-9, Serra

O “seu Frias”, dono da Folha (*) e uma ponte em São Paulo, demitiu Claudio Abramo para agradar os militares do regime militar.

E pôs Boris Casoy no lugar.

E deu a Claudio um prêmio de consolação: ser correspondente em Londres.

Num fim de semana, Claudio recebeu dois amigos brasileiros para almoçar.

Tudo ia bem, quando, inesperadamente, chegam Otavio Frias Filho, hoje diretor de redação da Folha (*), e José Serra.

Conversa vai, conversa vem, um dos convidados de Claudio não se contém e resolve perguntar o que, segundo ele, estava entalado na garganta há algum tempo: por que a Folha cedia os carros de distribuição de jornais aos órgãos de repressão ?

(Sobre esse episódio que dignifica a Folha (*), leia Beatriz Kushnir, ‘Cães de Guarda: Jornalistas e Censores do AI-5 à Constituição de 1988’. Otavio Frias Filho se recusou a dar entrevista a Kushnir.)

Amigo navegante, sabe quem defendeu a Folha (*) com unhas e dentes ?

Quem explicou que a situação era muito delicada, e mesmo como ex-exilado, ele entendia que o “seu Frias” tivesse feito aquilo ?

Que a pressão política era irresistível ?

Sabe, amigo navegante, quem disse isso ?

O jenio.

Ele diz qualquer coisa.

(O filho do “seu” Frias não precisou dizer nada.)


Paulo Henrique Amorim

"Eu tenho consciência de que nós fizemos o que os nossos adversários não fizeram em 30, 40 ou 50 anos







'Somos pobres mas orgulhosos', diz Lula sobre empréstimo ao FMI

Presidente discursou em inauguração de aeroporto no Rio Grande do Norte.
'Eu mesmo fiquei 'cacunda' de carregar faixa fora FMI', disse o presidente

Iara Lemos


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira (9) em Natal, no Rio Grande do Norte, que desde o governo do ex-presidente Ernesto Geisel (1975-1979), nenhum governo havia feito tantos investimentos no país quando o seu. Lula participou da inauguração de um aeroporto em Natal, capital do Rio Grande do Norte.

" Desde o governo Geisel, que foi o último governo que fez investimenos neste país de 1975 a 1979, pode perguntar para os nossos adversários qual foi a grande obra que eles fizeram, para ver se eles lembram qual a grande obra que eles fizetram no páis" disse o presidente.

Lula falou que tem consciência que não tem como fazer comparações entre administrações passadas e o seu governo.

" Uma coisa importante é que nós descobrimos que podemos fazer as coisas. Hoje talvez seja meu último ato de inauguração de obra no Rio Grande do Norte. Em cada lugar que eu vou, tenho consciência que os nossos adversários poderiam fazer comparações, não nós. Quando eles (oposição) criticarem a gente, que eles digam o que fizeram quando governaram. Podem perguntar. Os grandes empresários, os grandes latifundiários, os grandes banqueiros nunca ganharam tanto como ganharam no meu governo, mas o pobre também ganhou, ganhou dinheiro, ganhou o direito de estudar", disse Lula.

"Eu tenho consciência de que nós fizemos o que os nossos adversários não fizeram em 30, 40 ou 50 anos. Eu sei que falta muito para fazer. Falta muito. Quanto mais a gente faz, mais a gente descobre que falta muito a fazer", afirmou o presidente.

Ao falar sobre a estabilidade da economia do Brasil, o presidente lembrou do empréstimo feito pelo Brasil ao Fundo Monetário Internacional (FMI), no ano passado.

"A gente não podia, não podia fazer nada. Eu mesmo estava cacunda de carregar faixa de fora FMI. Hoje, sem fazer nenhum grito, nós chamamos o presidente do FMI e dissemos companheiro, não precisamos mais de nenhum dinheiro. Toma aqui o que é seu e deixe a gente ser dono do nosso país. Hoje emprestamos R$ 14 bilhões. Nós somos pobres mas somos orgulhosos", afirmou o presidente.

O presidente ainda lembrou a crise na economia americana, em 2008, e afirmou que o Brasil superou a instabilidade mundial da economia.

"No ano da maior crise mundial, criamos mais de 905 mil empregos com carteira assinada. Esse ano poderemos chegar a quase 2 milhões de empregos. Vou terminar meu mandato com quase 14 milhões de empregos gerados no Brasil com carteira assinada".

Lula ainda pediu respeito ao falarem sobre ele e o país.

"Eu quero respeitar todo mundo, mas quero que eles me respeitem, que respeitem esse país. Para nós é importante a gente levantar a cabeça e agradecer a Deus", disse Lula.

SS erróquio e seu padinho despudorados





ELEIÇÕES 2010 - SERRA E FHC SÃO UNS DESPUDORADOS E TEM MEMÓRIA SELETIVA, DENUNCIA ITAMAR FRANCO

O ex-presidente Itamar Franco deu uma reveladora entrevita e denunciou a memória seletiva de alguns homens públicos sobre a sua administração.

O plano REAL nada tinha de original, foi copiado do Plano Schacht, da Alemanha dos anos 20, e já um pouco adaptado – sem êxito – pelos argentinos, com o Plano Austral. Itamar lembra que só o aprovou depois de conferir os seus números, com ele trabalhando várias horas nisso, e não FHC.

Itamar lembra que os medicamentos genéricos foram adotados pelo seu ministro da Saúde, o médico Jamil Haddad, com sua aprovação, apesar da resistência dos laboratórios, e não por Serra. Itamar disse que despudoradamente tais êxitos são atribuídos ao governo de seu sucessor, por aqueles integrantes.

Do amascaraju

Morreu e não sabe






Globo já era


Na home do UOL, "Em maio, Globo tem sua menor audiência na Grande São Paulo". Entre 7h e 0h, marcou média de 16,3 pontos, com as faixas "mais preocupantes" pela manhã e no chamado "horário nobre".
E o blog de televisão do Globo Online postou que no sábado a audiência da novela das 21h, "Passione", foi inferior à da novela das 18h, "Escrito nas Estrelas

Mais dois do DEM cassados.Araras terá nova eleição para prefeito

9 de junho de 2010

Após a cassação do prefeito Pedro Eliseu Filho, e de seu vice, Agnaldo Píspico, ambos do Democratas (DEM), por abuso de poder econômico e uso indevido dos meios de comunicação, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de São Paulo marcou novas eleições no município de Araras.

A data para escolha dos novos mandatários da cidade está marcada para o dia 18 de julho. Um total de 87,4 mil eleitores deve voltar às urnas e somente poderão votar os eleitores inscritos no município até 17 de fevereiro de 2010.

No julgamento da ação, realizado em junho do ano passado, o TRE entendeu que as seguidas matérias publicadas em um um diário da cidade, o Jornal Já, tiveram “potencialidade para influenciar o resultado da eleição”.


dos amigos da Presidente Dilma

Trans Nordestina uma realidade Ferrovias Brasil

Brasil urgente Dilma Presidenta






Da edição impressa

Dilma solta o verbo

CartaCapital: Neste ano, o Brasil pode escolher a primeira mulher presidente. Faz diferença?
Dilma Rousseff:
Faz toda a diferença, porque tem uma história de poucos direitos para as mulheres. Até o direito de voto para as mulheres é muito recente no Brasil, menos de cem anos. E ainda têm grandes desigualdades, que vão desde – apesar de as mulheres terem maior nível de escolaridade – ganhar dois terços do salário dos homens até o fato de existir violência familiar contra a mulher. Outro dia aproximou-se de mim um casal jovem, o rapaz carregava um menino de uns 3 anos, e a mulher, uma moça loira, vinha com uma menina, de vestido comprido, bonitinha, cabelo encaracolado. Chamava Vitória. E a mãe falou assim: “Eu trouxe a Vitória para que você diga a ela que as mulheres podem, que mulher pode”. Eu olhei pra Vitória e perguntei: ‘mulher pode o quê?’ E ela: “ser presidente”. Eu disse: ‘Vitória, mulher pode ser presidente. Porque isso faz parte do sonho que toda criança tem: quero ser pirata, toureiro. Mas também pode querer ser presidente e mulher nunca quis. Uma menina que quer é sinal dos tempos. E ela se chama Vitória, achei simbólico’.

CC: Mas existe um modo feminino de governar?
DR:
Tem um modo feminino inegável na vida privada. Nós cuidamos, providenciamos e incentivamos. É interessante levar isso para a vida pública. Vou contar outra historinha. Foi uma senhora, de seus 50 anos, a um sindicato, muito incomodada com a oposição homem e mulher. E ela sintetizou o problema da seguinte forma: “Somos 52% da população, mas os outros 48% são nossos filhos. De maneira que, se formos presidentes, fica tudo em casa. Ou seja, damos conta de cuidar das mulheres e dos homens, até porque a nossa relação com os homens não é de oposição. O olhar feminino não é excludente”.

CC: Já foi, nos primórdios do feminismo.
DR:
Talvez no começo, porque, sempre que se afirma alguma coisa, torna a diferença muito forte. A mulher, para ter consciência de que era discriminada, teve de fazer esse movimento. Mas não acredito que, hoje, esse seja um processo que crie diferenciação, desigualdade. Nenhuma política feminina é uma política anti-homem.

CC: Curiosamente, a senhora tem avançado menos no eleitorado feminino. Por que acha que isso acontece?
DR:
Acho que tem razão o (cientista político) Marcos Coimbra. Ele fez uma avaliação correta: há o fato de a mulher não ter tanto acesso à informação quanto o homem. Muitas ainda não me conhecem. Quando se separa o universo das mulheres que me conhecem e as que conhecem o outro candidato, eu tenho mais aprovação do que ele.

CC: A senhora falou da menina que queria ser presidente, mas costuma dizer que este nunca foi um sonho seu. Agora que é candidata, acalenta algum projeto?
DR:
Caminhar para que este seja um país desenvolvido. Foi o que o presidente Lula construiu e que a gente pode fazer.

CC: Se formos resumir, a marca do governo Lula é a inclusão. Qual seria a marca de um governo Dilma?
DR:
Por que não pode ser a da inclusão também? Essa ânsia de novidade encobre uma questão seriíssima: este ainda é um país emergente, com um grau grande de desigualdade, e que pode, a partir de agora, porque acumulamos um conjunto de conquistas, trilhar o caminho do desenvolvimento. E isso não pode ser só com uma taxa de crescimento do PIB determinada, uma política de estabilidade macroeconômica. A minha meta é erradicar a miséria, levar nossa população, os mais pobres, à classe média, no mínimo. Isso é um projeto de desenvolvimento, mas eu também tenho um projeto de Nação. Este país não transitará para uma economia desenvolvida se não tivermos educação de qualidade, estando no centro da educação o professor, que tem de ter salário digno. Quem fala em educação de qualidade e não fala do professor está jogando pérolas aos porcos. Todo mundo diz que temos um bônus demográfico, que a nossa população em idade ativa é maior do que a população dependente, isto é, crianças, jovens e idosos. Outro dia fui brincar que o conceito de idoso estava mais flexível, porque tenho 62 anos e não sou idosa, e a imprensa toda deu que eu mexeria na idade da aposentadoria, que mudaria a previdência.

CC: E não será necessário, em algum momento?
DR:
Não tem reforma da Previdência. Se você começar a fazer reforma da Previdência, acontece o seguinte: a primeira que fizemos deu uma corrida para a aposentadoria. Acaba criando um efeito contrário ao que se pretende. Mas, voltando, também vamos discutir a nossa cultura, a política cultural ocupará um espaço cada vez maior nesse processo. Não podemos permitir que não existam salas de cinema na periferia do Brasil, que o povo não tenha acesso a bibliotecas, à sua própria cultura.

CC: Em suma, vai ampliar o que foi feito durante o governo Lula?
DR:
Não falo de só ampliar, não, falo de avançar. Se não avançar, não está continuando. O que o Lula construiu para o futuro? Um alicerce. Saímos de uma situação mais drástica, que foi a que nós recebemos do governo. Vamos relembrar bem: era uma situação de estagnação, desigualdade e desemprego. Podem falar o que quiser. Olhem estatísticas, meus filhos. E entramos numa era de prosperidade, que tem vários componentes: não é só inclusão, é mobilidade social, que significa que as pessoas podem subir na vida. É transformar as vantagens comparativas em competitivas, explorar as matrizes energéticas, o pré-sal, dar força à agricultura. Não somos aqueles países que têm petróleo e têm a maldição do petróleo, a pobreza no meio da abundância, o povo pobre e a riqueza do petróleo. Temos uma economia diversificada. Se a gente apostar na educação, vamos inovar também. Não se cria oportunidade no Brasil se não inovar. Se não formarmos engenheiros, físicos e matemáticos neste país, não vamos crescer adequadamente.

CC: A senhora promete erradicar a miséria em seu mandato. Mas o Ipea fala que erradicar a pobreza extrema só é possível em 2016.
DR:
Miserável é quem tem renda de até um quarto do salário mínimo. Pobre é até meio salário mínimo. Em 2003, tínhamos um total de 77,8 milhões de pobres e passamos para 53 milhões no governo do presidente Lula. O contingente de miseráveis em 2003 era de 37,4 milhões e passou para 19,6 milhões. (Vira-se para o braço direito, Anderson Dorneles: – Anderson, dá o meu papel. Já fiz essa conta. Prefiro o meu papel.) Então, a gente tem de buscar eliminar esses 19,6 milhões de miseráveis, mas acho que também temos de olhar os 24 milhões de pobres. Só não digo que será no meu período, nem estou dizendo que será em 2014. Mas, se você não colocar a meta clara e tornar isso um ponto político da pauta, passa batido. Erradicar a miséria está no centro da pauta do projeto de continuidade com avanço do governo Lula.

CC: Mas qual vai ser o caminho? A ampliação dos programas sociais ou o crescimento?
DR:
As duas coisas. O aumento da renda em 70% se deve à formalização do trabalho. O fato de manter uma taxa de crescimento e torná-lo sistemático formaliza o trabalho. Mas quem ganha até um quarto de salário mínimo teve programas sociais de dois tipos: tem o de proteção da renda, que é o Bolsa Família, e tem programa social com uma certa perenidade. Exemplo, na área rural, onde se concentra um grande número de miseráveis, fizemos a política de agricultura familiar, multiplicamos por cinco o financiamento, criamos assistência técnica. E teve outro programa que beneficiou a pobreza rural no Brasil, o Luz Para Todos. Não se eleva socialmente ninguém se não olhar para as condições que se pode ter para fazer renda. E uma delas, imprescindível, é energia elétrica. A grande política do meu período é manter essa política rural e chegar a uma questão fundamental: as cidades. As cidades no Brasil são o local das desigualdades. Nas cidades se manifestou o que há de mais perverso no Brasil, a retirada do Estado – aí vale para município, estado e governo federal – das periferias. Uma grande conquista deste governo também foi indicar caminhos. Pega o que está sendo feito no Rio, em Manguinhos, no Alemão, Pavão-Pavãozinho. É a volta do Estado.

CC: Ainda é preciso fazer uma reforma agrária de grande monta?
DR:
Tivemos um processo de reforma agrária muito significativo, foram 500 mil hectares. Não é trivial. Ainda tem gente para ser assentada, mas política de assentamento não é só comprar terra. A forma como se fazia assentamento antes era colocar o cara no meio do nada. A agricultura familiar no Brasil deu certo porque tem um suporte no programa de aquisição de alimentos. Tem seguro, garantia à safra, política de preço mínimo. Demos um tecido econômico social, de apoio, à pequena propriedade no Brasil, que responde por 40% da riqueza que se gera no campo.

CC: Mas se uma grande parte da miséria, como a senhora falou, está na zona rural, tem algum problema aí. Talvez tenha faltado reforma agrária.
DR:
Vou repetir: não se resolve o problema do campo só dando terra. Tem de dar condições de produzir, sustentar a produção, apoio com assistência técnica, comprar a produção, garantir a comercialização, o acesso ao trator.

CC: A senhora acha que, se o PT vencer as eleições, a mídia tende a se tornar hostil, como ocorre na Venezuela?
DR:
A Venezuela não é nem sequer parecida conosco. Lá é uma economia de dois setores, portanto, uma sociedade que tende a refletir dois setores. De um lado, tem o petróleo e, do outro, o resto. É só ver a participação que tem a renda do petróleo na Venezuela, ver a história da Venezuela. É dinheiro que eles não sabem o que fazer com ele, ainda é assim.

CC: Mas a imprensa brasileira, como a de lá, não tende a se tornar hostil a uma permanência a longo prazo do PT no poder?
DR:
De que adianta? Qual a eficácia? Mais do que somos criticados, e daí? Qual a nossa aprovação? 76%...

CC: Como a senhora recebe essa acusação, que deve se intensificar durante a campanha, de ter sido “terrorista”?
DR:
Tenho dúvidas de que vai se intensificar uma coisa dessas, porque é contraproducente. A discussão sobre a resistência à ditadura é contraproducente para quem não resistiu. Sinto muito orgulho de ter resistido do primeiro ao último dia, de ter ajudado o País a transitar para a democracia e de não ter mudado de lado. É muito interessante a forma como eles entenderam a metáfora que o presidente fez com o (Nelson) Mandela. O que ele falou foi o seguinte: o Mandela, talvez o maior pacifista dos últimos tempos, foi uma pessoa que recorreu à luta armada no país dele, porque não tinha outra solução. Parodiando Tolstoi, que disse que todas as famílias felizes são iguais e todas as famílias infelizes são infelizes cada uma à sua maneira, todas as ditaduras são iguais e todas as democracias são cada uma à sua maneira. As ditaduras têm uma mania muito peculiar que as caracteriza: excluir de forma violenta todos os que não pensam como eles. O que queríamos caracterizar naquele momento era a existência de uma violência de Estado que levou pessoas, nos mais variados locais, a tomar posições firmes diante da ditadura. Eu tomei.

CC: Por que a senhora apoiou a decisão do STF de não rever a Lei da Anistia?
DR:
Eu sou a favor da legalidade. O Supremo decidiu e, até pelo que quero ser, não tenho a menor condição de ficar fazendo confronto com o Supremo.

CC: Discordar não é confrontar.
DR:
Para o papel a que me proponho assumir, é sim.

CC: O que pedimos é uma opinião pessoal.
DR:
Esta é a minha opinião pessoal. É ter consciência e maturidade para perceber que uma decisão do Supremo, num país como o Brasil, tem de ser respeitada. Como presidente da República, que é o quero ser, seria desrespeito. A partir do momento que se decidiu, está decidido. A não ser que se queira criar turbulência e instabilidade. Eu não quero.

CC: Como a senhora pretende lidar com o toma-lá-dá-cá no Congresso?
DR:
Como lidei, uai! Eu lidei com esse toma-lá-dá-cá, ou não?

CC: Mas, e diante de um episódio como o do mensalão? Todo mundo fala que, não fosse por sua habilidade, o presidente Lula não teria se mantido no cargo quando se chegou a falar até em impeachment...
DR:
A habilidade do presidente consistiu em ir para os movimentos sociais e deixar claro que impeachment não seria uma coisa adequada à democracia no Brasil. O presidente não fez nenhum toma-lá-dá-cá nessa questão.

CC: Mas é preciso negociar com o Congresso o tempo inteiro.
DR:
Não concordo que a relação que tivemos ao longo desse tempo com o Congresso foi de toma-lá-dá-cá. Foi uma relação de negociar, porque tem oposição. O governo é a arte de negociar, não há nenhum mal em dialogar.

CC: Há uma crítica recorrente de que o Estado brasileiro tem cargos comissionados demais e isso serve para comprar apoio político.
DR:
O Estado brasileiro ainda é um pouco desequilibrado. Herdamos um Estado que fazia corte linear, doa a quem doer. A manifestação maior desse modelo é o que encontrei nas Minas e Energia. Um engenheiro na ativa para 20 motoristas, em um ministério que cuidava de petróleo, de gás, biocombustível, energia elétrica... Não se pode ter uma visão simplificada do que se quer de um Estado. Eu quero um Estado meritocrático e profissional. Hoje, ele ainda está descompensado, começamos a remontar no governo Lula e vamos continuar. A questão das indicações políticas existe nos Estados Unidos, na França, na Alemanha, em todas as democracias. Essa conversa de aparelhamento do PT... Vamos lembrar o que houve em outros governos. Como se fosse só o PT a fazer nomeação política.

CC: O PT faz porque todos fazem, é isso?
DR:
Não vou fazer tábula rasa disso. Pode ter, sim, nomeação política, o que não pode é não ter critérios técnicos. Posso receber uma nomeação política de um partido da minha base, ele vai me dar um nome, e nós vamos olhar.

CC: Não é o contrário? Olha-se o que tem para encaixar o apadrinhado?
DR:
Não, normalmente indicam nomes com a ficha toda da pessoa. Essa conversa do aparelhamento do Estado é preconceito. Tentam estigmatizar, é uma coisa muito velha, lacerdista, de república de sindicalistas.

CC: Para alguns desenvolvimentistas, o Brasil está num processo de desindustrialização, por causa do câmbio. A senhora concorda?
DR:
Não há nada que a gente não possa compensar com duas coisas: política industrial e financiamento. Mas acho importante que a taxa de juro real do País caia e convirja para as internacionais. Caminhamos celeremente para isso na próxima década. Se o Brasil mantiver uma taxa de crescimento de 5,5% ao ano, vamos ter uma redução do endividamento e aumento do PIB. E aí não há a menor possibilidade de não ter redução da taxa de juro real. O que não dá é achar que se faz isso por decreto.

CC: O Banco Central no seu governo será uma Santa Sé, como comparou José Serra?
DR:
Acho inapropriada a comparação, é o tipo da problemática que não constrói nada. Não tenho o que falar a respeito.

CC: A senhora tem falado do combate ao crack, mas as políticas antidrogas têm fracassado. Sob que ótica se daria esse combate?
DR:
O primeiro mecanismo é a prevenção. Não se combate droga sem repressão, tem de levantar a rota e combatê-la, mas só isso não adianta, está para lá de provado. Tem de fazer a prevenção e o apoio, e o apoio é complicado porque tem de apostar que tira o cara do crack depois que ele entrou. Há várias discussões a respeito, há casos que a pessoa saiu, mas não é fácil, não é igual às outras drogas. É altamente viciante e mata em seis meses. Não é algo, inclusive, que tenha tradição mundial, há dificuldade de fazer.

CC: O que a senhora acha da descriminalização das drogas, de maneira geral?
DR:
Hoje não concordo. Não vou dizer que, numa crise de droga da proporção do crack no Brasil, caiba esse tipo de discussão agora. Não temos estrutura para isso e não temos como discriminar o que pode e o que não pode.

CC: A senhora foi muitos anos do PDT. Seu grande ídolo político é Leonel Brizola? Existe alguma ideia brizolista que poderá ser aplicada em seu governo?
DR:
Admirei muito o Brizola. Tinha características muito importantes, uma grande noção de soberania. O compromisso com a educação conflui com o que a gente tem. A escola em tempo integral não basta mais, é pouco, o País mudou, mas a gente tem de reconhecer que ele deu uma grande contribuição. O Brizola pensou na educação em 1962, e o Miguel Arraes na eletrificação rural, na mesma época. Enxergaram problemas que no Brasil não se enxergava. Quando se olha para trás, a política de Arraes e de Brizola nos estados deles foi excepcional.

CC: O Chico Buarque, outro dia, disse que votaria na senhora por causa do Lula, mas que não via grandes diferenças entre um governo seu e um de José Serra. O que a senhora diria para o Chico?
DR:
Talvez ele não me conheça (risos). Aliás, por culpa minha, eu é que tinha de procurá-lo. Até devo a ele um telefonema, não pude ir à casa dele no dia em que dona Maria Amélia, sua mãe, morreu. O presidente Lula foi e não pude acompanhá-lo. Mas pretendo procurar o Chico e agradecer pela opção.

CC: A senhora não parece ter sido muito vaidosa no passado e agora ganhou um upgrade no visual. Está gostando?
DR:
Ah, a gente sempre curte, sempre é bom. Mas é um cabelo mais simples, né? (Alisa o cabelo, mais curto, mais claro e sem um fio fora de lugar.) É mais fácil de arrumar do que o seu. Mas eu gosto, não acho ruim, não.

CC: Acha que vão surgir muitos pretendentes... presidente e de visual novo?
DR:
É o tipo da coisa que não dá tempo nem de a gente pensar, nessa função. Agora, não sou contra, não, viu? As pessoas namorarem, coisas assim. Acho bom.

CC: Se a senhora fosse se comparar a uma mulher governante, estaria mais para Michelle Bachelet ou para Margaret Thatcher?
DR:
Ah, Bachelet, sem dúvida, óbvio. Não tenho a posição conservadora da Thatcher.

CC: Mas a pintam como dama-de-ferro, não?
DR:
É um estereótipo. Toda mulher é dama-de-ferro? Nunca vi um senhor-de-ferro, você já viu algum?

CC: Qual é, hoje, o maior entrave para o Estado brasileiro conseguir ser eficaz nos investimentos?
DR:
Ainda tem muita burocracia herdada do período em que a ordem era não gastar. Houve um processo muito difícil de gestão da coisa pública e se criou uma série de entraves ao investimento. É fundamental reconstruir o planejamento, a capacidade de fazer projeto. O Estado pode demandar projetos.

CC: A senhora acha que as entidades fiscalizadoras, como o Tribunal de Contas da União (TCU), agem com excesso de zelo?
DR:
Tive uma experiência muito boa com o TCU, que, inclusive, reconhece que o PAC tinha menos problemas do que qualquer outro programa do governo, pelo nível de acompanhamento direto nosso. Não acho que a questão de fundo seja essa. O que há é uma discrepância entre a qualidade da estrutura que fiscaliza, que se manteve ao longo dos anos intacta, que teve profissionalismo, que tem engenheiro ganhando a partir de 12 mil, e a estrutura que executa, onde o inicial é 4 mil ou 5 mil reais. Essa discrepância vai ter de ser alterada, tem de fazer plano de cargos e salários. Não pode ficar perdendo seus melhores quadros, senão não se consegue elaborar, olhar o futuro. E ninguém resolve isso no horizonte de um governo. Vamos ter de resolver a meritocracia no Estado brasileiro no horizonte de uma década. Levaram 20 anos desmontando, não se constrói de um dia para o outro.

CC: Privatizar é um tema banido no PT ou ainda existe algo privatizável?
DR:
Privatizar patrimônio público, banco, estatal do nível da Petrobras e da Eletrobrás, é absolutamente absurdo e a vida nos deu razão. A crise mundial recente nos deu muita razão. Sem essas empresas não teríamos nos saído tão bem. A Caixa Econômica mudou, o Banco do Brasil mudou. O BNDES era uma central para fazer projetos para privatizar empresas brasileiras. Hoje faz projetos para expandir empresas brasileiras, é diferente.

CC: A senhora parece aquele tipo de mulher que as durezas da vida fizeram revestir-se de uma armadura. É difícil ter de se livrar dela agora, em campanha, ficar, como se diz, mais soft?
DR:
Isso é um baita estereótipo. Quem não criou, depois de 60 anos de vida, vários mecanismos de defesa? Me mostre um bicho sem nenhuma carapaça que sobreviveu. Somos todos fundamentalmente muito parecidos. Nos defendemos, nos desmontamos, nos abrimos para as pessoas. Depende da circunstância. Não posso ficar chorando o dia inteiro sendo ministra-chefe da Casa Civil, me comovendo às lagrimas. Agora, se eu vir um filme comovente, choro. Como ministra, não podia ficar na emoção sistemática, porque ou eu segurava o touro a unha ou o touro picava a mula. O pessoal vende umas histórias esquisitíssimas. Talvez a suposição seja que sou um E.T. A verdade é que tive uma vida muito boa, tirando a prisão na época da ditadura. Casei, tive filho, vivi bem com meu marido, sou amiga do meu ex-marido, ele é que nem meu parente. Nunca me senti uma pessoa infeliz, não sou carente, sou alegre. Gosto de viver.



Ela quer levar a população pobre à classe média e tem orgulho de ter resistido à ditadura. A Cynara Menezes e Sergio Lirio



PIBÃO Ô coisa boa






Com Pibão e tudo
a inflação cai

Aqui jaz a urubologia


A inflação calculada pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) perdeu força em maio, e ficou em 0,43%. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de inflação oficial é a menor para um mês este ano. Em abril, ficara em 0,57%.

O IPCA é usado como referência pelo Banco Central para estabelecer metas de variação de preços no país.

Navalha

Os profetas da catástrofe quebraram a cara.

O Pibão é uma beleza.

A inflação, também.

O salário dos trabalhadores aumenta.

O lucro das empresas, também.

Melhor do que isso, só mamão com açúcar, dizia o sábio carioca Jorge Leite.

Paulo Henrique Amorim

Há algo de podre no império e não é na Dinamarca, Feliz por ser Brasileiro Estatura Moral




ONU aprova sanções ao Irã. Brasil e Turquia dizem não.

Acaba de sair a notícia de que o Conselho de Segurança da ONU aprovou novas sanções contra o Irã, com 12 votos favoráveis e dois contrários, o do Brasil e o da Turquia. O Líbano, que se opõe às sanções mas ocupa a presidência (rotativa) do Conselho, se absteve.

Era um resultado esperado. Rússia e China fizeram os EUA diminuirem o peso das sanções, mantendo, pragmaticamente, seus negócios com aquele país. Mas evitaram explicitar o confronto que mantém com os Estados Unidos em matéria de influência externa. Afinal, estão na “primeira divisão” do Mundo, com direito a veto a qualquer decisão da ONU. E a ambos também não interessa muito um vizinho mais desenvolvido, inclusive em termos de tecnologia.

Eu quero cumprimentar a postura do nosso Itamaraty. Foram muitas as pressões para que o Brasil se abstivesse, como forma de não criar “mal-estar” maior com as grandes potências. O Brasil e a Turquia conservaram estatura moral para continuarem a ser aceitos como interlocutores por teerã.

Seria uma desmoralização impensável que Brasil e Turquia, que apresentaram uma proposta efetiva para encontrar-se o caminho da paz, aceitassem uma dança hipócrita em torno de sanções que não resolvem coisa alguma e servem apenas para mostrar “quem manda aqui” e se abstivessem.

Não sou eu quem diz que estas sanções não ajudam, senão, a agravar a crise. Quem o diz é o próprio premier russo, e homem-forte do governo daquele país. Embora tenha votado pela sanção, o primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, afirmou que a punição contra o Irã é ineficaz. “Você conhece um único exemplo de sanções eficazes? Em seu conjunto, são ineficazes”, declarou Putin.

As grandes potências – e seus aliados “de confiança” – não querem um mundo livre de armas atômicas. Querem, apenas, que ninguém, além deles, as possua. Olhe o mapa, publicado na net, que ilustra este post. Procure o Irã. Não está lá. Mas é quem vai pagar o pato atômico.

Brizola Neto