Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, junho 09, 2010

"Eu tenho consciência de que nós fizemos o que os nossos adversários não fizeram em 30, 40 ou 50 anos







'Somos pobres mas orgulhosos', diz Lula sobre empréstimo ao FMI

Presidente discursou em inauguração de aeroporto no Rio Grande do Norte.
'Eu mesmo fiquei 'cacunda' de carregar faixa fora FMI', disse o presidente

Iara Lemos


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira (9) em Natal, no Rio Grande do Norte, que desde o governo do ex-presidente Ernesto Geisel (1975-1979), nenhum governo havia feito tantos investimentos no país quando o seu. Lula participou da inauguração de um aeroporto em Natal, capital do Rio Grande do Norte.

" Desde o governo Geisel, que foi o último governo que fez investimenos neste país de 1975 a 1979, pode perguntar para os nossos adversários qual foi a grande obra que eles fizeram, para ver se eles lembram qual a grande obra que eles fizetram no páis" disse o presidente.

Lula falou que tem consciência que não tem como fazer comparações entre administrações passadas e o seu governo.

" Uma coisa importante é que nós descobrimos que podemos fazer as coisas. Hoje talvez seja meu último ato de inauguração de obra no Rio Grande do Norte. Em cada lugar que eu vou, tenho consciência que os nossos adversários poderiam fazer comparações, não nós. Quando eles (oposição) criticarem a gente, que eles digam o que fizeram quando governaram. Podem perguntar. Os grandes empresários, os grandes latifundiários, os grandes banqueiros nunca ganharam tanto como ganharam no meu governo, mas o pobre também ganhou, ganhou dinheiro, ganhou o direito de estudar", disse Lula.

"Eu tenho consciência de que nós fizemos o que os nossos adversários não fizeram em 30, 40 ou 50 anos. Eu sei que falta muito para fazer. Falta muito. Quanto mais a gente faz, mais a gente descobre que falta muito a fazer", afirmou o presidente.

Ao falar sobre a estabilidade da economia do Brasil, o presidente lembrou do empréstimo feito pelo Brasil ao Fundo Monetário Internacional (FMI), no ano passado.

"A gente não podia, não podia fazer nada. Eu mesmo estava cacunda de carregar faixa de fora FMI. Hoje, sem fazer nenhum grito, nós chamamos o presidente do FMI e dissemos companheiro, não precisamos mais de nenhum dinheiro. Toma aqui o que é seu e deixe a gente ser dono do nosso país. Hoje emprestamos R$ 14 bilhões. Nós somos pobres mas somos orgulhosos", afirmou o presidente.

O presidente ainda lembrou a crise na economia americana, em 2008, e afirmou que o Brasil superou a instabilidade mundial da economia.

"No ano da maior crise mundial, criamos mais de 905 mil empregos com carteira assinada. Esse ano poderemos chegar a quase 2 milhões de empregos. Vou terminar meu mandato com quase 14 milhões de empregos gerados no Brasil com carteira assinada".

Lula ainda pediu respeito ao falarem sobre ele e o país.

"Eu quero respeitar todo mundo, mas quero que eles me respeitem, que respeitem esse país. Para nós é importante a gente levantar a cabeça e agradecer a Deus", disse Lula.

Nenhum comentário:

Postar um comentário