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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, junho 24, 2010

Serra afunda. E o “Celso Furtado” navega…

Estive agora de manhã no Estaleiro Mauá, no lançamento do “Celso Furtado”, o primeiro navio construído no estado do Rio para o programa de expansão da frota da Petrobra e o único de grande porte a ser produzido aqui – pasmem- desde 1997! Conversei com Sergio Machado, presidente da Transpetro e ele me confirmou que outras 15 embarcações serão construídas aqui, e as encomendas já contratadas estão gerando hoje emprego para quase 25 mil trabalhadores. Para vocês terem uma ideia, toda a indústria brasileira de construção naval empregava cerca de 2 mil trabalhadores em todo o País, antes das encomendas da petrobras, que já elevou este número para 46 mil.

É uma enorme alegria ver centenas de trabalhadores felizes e realizados com a descida ao mar do navio, ainda por cima uma merecida homenagem a um grande brasileiro, Celso Furtado, um economista que se preocupava com desenvolvimento brasileiro e, especialmente, com o povo do seu Nordeste. Fiquei pensando: como seria possível que o nosso país pudesse retroceder ao tempo do desmonte de nossa indústria, às encomendas de tudo no exterior, ao desemprego de nossos operários, técnicos e engenheiros navais, uma tradição carioca e brasileira, pois já fomos a 2a maior indústria naval do mundo?

Felizmente, foi só um pensamento ruim. Porque os fatos mostram que estes tristes tempos se foram para sempre.

do Tijolaço



Serra não entende nada de mulher, deveria ficar calado

Como fala trololó esse Serra hein?!

Segundo o candidato tucano, a legalização do aborto “Dificultaria o trabalho de prevenção... Vai (ter) gravidez para todo o lado porque (a mulher) vai para o SUS e faz o aborto”, “seria uma carnificina”, disse o candidato, demonstrando retumbante ignorância dos números que acompanham a tragédia dos abortos inseguros no país, bem como da subjetividade feminina.

O candidato tucano à presidência, José Serra, posicionou-se nesta segunda-feira (21/6) contra a descriminalização do aborto em sabatina promovida pelo jornal Folha de S. Paulo e pelo portal UOL, na capital paulista. A legislação atual no Brasil só permite o aborto em casos de estupro ou de risco de morte para a mãe e é uma das mais restritivas do mundo.
Estima-se que, ainda assim, mais de 1 milhão de abortos clandestinos sejam realizados no país, resultando em mais 250 mil internações no SUS e na quarta causa de mortalidade materna no Brasil. Contradizendo o raciocínio de Serra, os países onde o aborto é legalizado apresentam as menores taxas de abortamento do mundo, bem como de mortalidade materna (na Holanda, por exemplo, encontra-se abaixo de 1%). Isto porque a legalização do aborto veio acompanhada de uma política de planejamento familiar, com educação sexual e acesso fácil à contracepção. Tal como defendido historicamente pelo movimento feminista.
Disto se conclui que não é a proibição, mas o acesso à contracepção e à educação sexual que evitam abortamentos. Corrobora com esta tese o dado de que os maiores índices de abortos estão nos países onde sua prática é considerada crime, em geral países pobres e/ou sob forte influência religiosa no Estado. Nestes sim ocorrem verdadeiras carnificinas, mas de mulheres que se submetem aos procedimentos mais grotescos para interromper uma gravidez indesejada, muitas vezes resultando em infecções uterinas que podem esterilizar e até matar. Realizado de forma legal e segura, o aborto é um procedimento cirúrgico ou medicamentoso simples.
Ou seja, o argumento utilizado por Serra, baseia-se na idéia de que realizar um aborto para uma mulher é um piquenique, um passeio dominical, algo banal e corriqueiro. Nada mais distante da subjetividade feminina que tal impropério.
Já está claro que o candidato não possui um projeto de nação para o Brasil, então ele se lança a “achologias” - neste caso, bastante machistas - sobre temas relativamente acessórios, mas que revelam sua concepção de mundo (de direita, patriarcal, racista e homofóbica), além de bastante desinformação e despreparo, e que são repercutidas pela mídia hegemônica como opiniões das mais sábias e consubstanciadas.
Ser mãe é um direito, não uma obrigação
A decisão acerca da realização do aborto ou não é de foro íntimo e não cabe ao Estado, que se supõe laico. E o candidato tucano deveria saber disso. Contudo, não se pode acusá-lo de incoerência: criminalizar as mulheres que abortam é bastante condizente com quem se recusou, durante 11 meses, enquanto governador do estado, a assinar o Pacto Nacional Pelo Fim da Violência Contra a Mulher, proposto pelo Governo Federal. Coerente também com quem, para desqualificar a candidata da situação ao pleito presidencial, acusa de “não ser líder”, aquela que é “a mãe do PAC”. Baixaria machista pura e aplicada.
Apesar da posição conservadora a respeito do aborto, o candidato se disse favorável à união civil de homossexuais e à adoção de crianças por casais do mesmo sexo. Entretanto, cometeu um ato falho: "Tem tanto problema grave de crianças abandonadas no Brasil que, para elas, é uma salvação", disse. Ou seja, a adoção de crianças por homossexuais só seria aceitável porque sem isso elas estariam em situação muito pior, e não porque o Estado brasileiro deve encarar as novas formas de organização familiar sem preconceitos e respeitar os direitos das famílias homoafetivas.
Completando a onda de preconceitos, Serra se colocou também contra as cotas raciais.
O verdadeiro atraso
Serra admitiu ter um "problema com o relógio". Ele chegou à sabatina com 44 minutos de atraso e disse ter perdido a hora ao analisar notícias do dia. "Eu detesto me atrasar. Isso posso dizer em minha defesa. Eu sofro também, como aqueles que esperam", disse. A ele digo o seguinte: não se aflija, candidato, esses 44 minutos não significam nada perto do atraso de 5 séculos que você e sua camarilha neoliberal irão impor ao povo brasileiro caso retornem ao governo. O que, no que depender do movimento de mulheres e das forças progressistas, não irá acontecer jamais. Estamos todos com Dilma para avançar, avançar e avançar!
Mariana de Rossi Venturini membro da União Brasileira de Mulheres e da Direção Nacional da União da Juventude Socialista.

A Globo não respeita os mortos nem a verdade

Fiquei indignado com uma chamadinha de capa de O Globo hoje, sobre o lançamento do navio “Celso Furtado”, ao qual estive presente, ontem, no Ri. Não é apenas infeliz e desrespeitoso com um dos brasileiros mais respeitados, tanto pela sua qualidade como economista quanto por sua paixão pelo desenvolvimento brasileiro, mas nada tem a ver com a história que, muito corretamente, a repórter Danielle Nogueira conta lá dentro, na página 31 do jornal.

O que ocorre é o seguinte: a única fabricante de chapas de aço na espessura exigida em petroleiros no Brasil é a Usiminas, empresa privatizada no Governo Collor – e com apoio de O Globo - que aumentou e parece que pretende aumentar mais o seu preço. Não há outra empresa nacional que fabrique este material, enquanto não entrar em operação a Siderurgica do Atlântico, aqui no Rio, que terá uma unidade de chapas pesadas.

A Petrobras supervisiona as compras de aço pelos estaleiros, para que o preço do material não torne demasiadamente cara a produção das embarcações e assim se inviabilizar a sua construção no Brasil.

Não temos outras usinas capazes de produzir estes aços pesados porque quem poderia investir nisso, que é a Vale, não apenas compra navios lá fora como se recusa a investir mais na siderurgia. Mas, pelo menos, estamos fazendo aqui os navios, que os tucanos compravam todos no exterior.

O Celso Furtado é um navio brasileiro, feito por brasileiros e batizado com o nome de um grande brasileiro. E se parte – só parte - do seu aço vem da China, feito talvez com o minério brasileiro é porque gente que não ama este país, mas é adorada pelo O Globo, tem privatizado e atrasado a siderurgia brasileira.

do Tijolaço


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