Suprema Corte rejeita imunidade a Vaticano
O governo Obama pediu, em vão, para que a Justiça concedesse imunidade ao papa e outros dirigentes
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A Justiça americana determinou que sacerdotes acusados de abusos contra crianças podem ser julgados
Washington. A Suprema Corte dos Estados Unidos rejeitou, ontem, uma apelação pela imunidade do Vaticano, em um processo contra o Estado soberano católico pelas diversas transferências de um padre acusado de abuso sexual de crianças.
O Vaticano queria que as cortes federais americanas rejeitassem o processo que visa responsabilizar a Igreja Católica pela transferência do reverendo Andrew Ronan da Irlanda para Chicago e, depois, para Portland, apesar das várias acusações de pedofilia.
A decisão permite que os sacerdotes acusados de pedofilia nos Estados Unidos sejam julgados e anula os efeitos das leis de imunidade soberana que determinam que um Estado soberano, incluindo o Vaticano, fique imune a processos judiciais. As cortes federais de menor instância determinaram, neste caso, que haveria uma exceção ao Ato de Imunidade Soberana Internacional que afetaria o Vaticano.
O juiz determinou que havia provas para uma conexão entre o Vaticano e Ronan, considerado um funcionário do Estado católico sob a lei Oregon. A decisão foi mantida pela Nona Corte de Apelação, na Califórnia.
Segundo os documentos da corte, Ronan começou a abusar de garotos em meados da década de 50, quando era padre da Arquidiocese de Armagh, na Irlanda. Ele foi transferido para Chicago, onde admitiu ter abusado sexualmente de três garotos na Escola St. Philip. Ronan foi transferido ainda para a Igreja St. Albert, em Portland, no Oregon, onde foi acusado de abusar sexualmente de uma pessoa, que apresentou o processo agora na Corte de Apelação. A vítima acusa o Vaticano de não ter expulso ou adotado qualquer outra sanção contra o padre, apesar de ter conhecimento das denúncias de pedofilia. Ronan morreu em 1992.
O governo de Barack Obama pedira, em vão, à Suprema Corte que concedesse imunidade ao papa Bento XVI e a outros dirigentes da Igreja nos julgamentos de padres acusados de pedofilia. Os nove juízes do Supremo pediram a opinião do governo Obama, como fazem regularmente nos casos que afetam as relações diplomáticas.
Nos EUA, as maiores autoridades do Vaticano, incluindo o papa, então cardeal Joseph Ratzinger, teriam encoberto o reverendo americano Lawrence Murphy, acusado de abusar de 200 crianças surdas.
do Briguilino
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