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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, junho 25, 2010

Dilma +++






Esta é minha candidata, em quem me comprazo”

Dilma com boné do MST

Vejam essas fotos da Dilma com o boné do MST, na convenção estadual do PT-SE, na noite de ontem.

Ela fez o discurso todo com o boné do MST.

O PIG, que tenta pressioná-la a se colocar contra o MST, não deu nada.
Querem criar a idéia de que existe um consenso na sociedade contra o MST.
Não é verdade.

Conversa Afiada PHA

Um destino para o Brasil

Por Mauro Santayana

Se tivermos, no futuro, o que nos faltou no passado, o Brasil poderá transformar-se em uma das mais coesas sociedades humanas. Nossa história, ao contrário do juízo alienado de alguns observadores, foi intensamente rica, porque construída com todas as dificuldades. Tivemos que vencer uma natureza ao mesmo tempo generosa e áspera, que se escondia além de escarpadas montanhas, durante dois séculos e meio, até estabelecer as fronteiras que seriam nacionais a partir de 1822.

O embaixador Samuel Pinheiro Guimarães – um dos brasileiros que conhecem melhor a história de nossa inserção na América e no mundo – está trabalhando em um projeto estratégico de desenvolvimento, com o horizonte de 2022, quando completaremos dois séculos de vida mais ou menos independente. Nenhum país do mundo é absolutamente soberano, nem mesmo os que disso se presumem. Os ventos do mundo nos trazem os costumes alheios, assim como também portam as tempestades e as pestes. A vida de todos os seres vivos e de suas comunidades exige uma troca permanente, em que alguns, mais fortes ou mais astutos, costumam levar a melhor – mas nem sempre.

Tratando de um projeto nacional, Samuel, como é de sua competência, trabalha dentro do espírito de nosso tempo, que é o do desenvolvimento da economia. O Estado tem o dever de promover a prosperidade, da qual retirará, mediante os tributos, os recursos necessários para promover a segurança e a busca da felicidade de seus súditos. Samuel, em seus estudos, encontrou um número ideal para o crescimento anual do nosso Produto Interno Bruto, durante os próximos 12 anos, o de 7%. É, de acordo com os cálculos a que chegaram os especialistas que consultou, o ritmo de crescimento que poderemos manter, sem sacrificar os nossos recursos naturais, nem a qualidade de vida do povo brasileiro. O ministro retorna à plataforma da Aliança Liberal, lida por Vargas na Esplanada do Castelo, em janeiro de 1930, e que prometia tratar da questão social. Ora, o então presidente, Washington Luis, contra o qual se formava a Aliança, declarara, com arrogância, que a questão social era apenas um caso de polícia. Avançamos muito, desde então, mas as expectativas do povo também cresceram.

O ponto mais importante do documento de Samuel é o que toca na educação. Teremos que formar engenheiros em número expressivo para garantir o desenvolvimento tecnológico, de forma a depender menos dos processos industriais estrangeiros. Mas não podemos descuidar da formação humanística, com a qual também se preocupa o ministro. Com engenheiros mudamos a natureza e a colocamos ao serviço dos homens. Mas com o conhecimento das ideias e da história edificamos seres humanos, capazes de ver no outro toda a grandeza da vida. Para lembrar o velho humanismo grego, o verdadeiro milagre é o homem. Uma sociedade solidária é o que nos faltou no passado, não obstante a pregação de grandes visionários, como foram os inconfidentes de Minas e da Bahia. Uma sociedade solidária é a reparação das injustiças que sofremos no passado. A partir da redemocratização, em que pese o eclipse neoliberal dos governos Collor e Fernando Henrique, temos combatido a secular desigualdade social no Brasil. Vimos que basta um pouco de melhoria na distribuição da renda nacional para que essa desigualdade comece a ser superada.

Se não houver uma pausa em nossa caminhada, ninguém passará fome, nem ficará sem teto no prazo previsto. E essa será uma grande conquista do povo brasileiro.
do JB

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