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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, junho 15, 2010

Brasil têm nova Cara






Brasil rompeu a tradição de humilhante submissão




VOTO CONTRA ROMPE TRADIÇÃO

[
Brasil rompeu a tradição de humilhante submissão dos membros rotativos às vontades dos EUA e das demais grandes potências atômicas, membros permanentes do CS, predominantemente favoráveis a interesses guerreiros e econômicos norte-americanos e israelenses]

Pela primeira vez, em dez mandatos como membro temporário do Conselho de Segurança da ONU, o Brasil votou contra uma resolução aprovada pelo grupo de 15. Segundo analistas, a rejeição às sanções aplicadas contra o Irã aumentaria, para o Brasil, a dificuldade de obter assento permanente no órgão [
Celso Amorim já externou que a pré-condição de sempre dizer ‘amém’ e ser “simpático” aos EUA para ser membro do CS não interessa ao Brasil].

Os conteúdos aqui expostos, são do ponto de vista total e completamente do autor do blog militante do PT desde 1989.

Lula e Celso Amorim ganharam tudo o que havia em jogo


O que aí vai é matéria de hoje, nos EUA.
Portanto, para bem informar-se basta NÃO LER O QUE ESCREVAM OS MERVAIS: a não-leitura de O GLOBO preenche uma lacuna (risos, risos).
Lula e Celso Amorim ganharam tudo o que havia em jogo, nessa 'disputa'. Metam isso na cabeça. Quem não entendeu, vá sentar no canto, de castigo, pra pensar, até entender.
Os mervais, sardemberghs, Williams Waacks & coisa e tal, esses, sim, perderam até os arreios (como se diz no RG), na aposta errada que fizeram.
Obama tá numa gelada, coitadinho. Eu tô com pena do cara. Sinceramente.
Leiam aí. 8-)
Inúteis, além de contraproducentes
9/6/2010, Robert Dreyfuss, The Nation – http://www.thenation.com/blog/iran-sanctions-not-just-useless-counterproductive
A votação, no Conselho de Segurança da ONU hoje, para impor uma quarta rodada de sanções contra o programa nuclear iraniano – os três blocos de sanções impostas antes foram aprovados sob pressão do presidente Bush e de seu governo, com destaque para o embaixador John Bolton – são claro sinal de que o presidente Obama não tem ideia alguma sobre o que fazer sobre o Irã.
Todos ouviremos muita conversa vinda da turba conservadora anti-Irã e do próprio governo Obama, sobretudo do Departamento de Estado, sobre essa suposta grande vitória. Todos ouviremos, sobretudo, dos degoladores-do-Irã, da claque neoconservadora e do próprio Departamento de Estado, que as sanções seriam resultado do brilhante esforço de Obama e do Departamento de Estado para ‘dobrar’ Rússia e China. Eles dirão que Obama conseguiu isolar o Irã e persuadir Moscou e Pequim a aprovar novas sanções contra o Irã.
De fato, a verdade é bem outra: Rússia e China conseguiram que as sanções que venham a ser impostas pelo CSONU signifiquem rigorosamente nada. E, claro, já aconteceu também com o presidente Bush, três vezes.
Apesar da abordagem à cowboy da implantação de uma hegemonia unilateral em guerras distantes, Bush, ele também, obteve apoio de russos e chineses, nas três vezes em que o CSONU votou sanções contra o Irã entre 2006 e 2008.
Declaração autocongratulatória do escritório do Departamento de Defesa na ONU – quer dizer, da lojinha de Susan Rice – observa que os EUA “continuam abertos ao diálogo” com o Irã. Em seguida, lista nada menos de 14 novas sanções, ou as antigas ‘reforçadas’, impostas ao Irã pela Resolução n. 1.929 do CSONU.
A verdade é que nenhuma das sanções sanciona coisa alguma, de importante. Não há sequer uma sanção “incapacitante”. Nenhuma sanção toca, nem de longe, nas importações de petróleo e gasolina . Nenhuma sanção tem qualquer coisa a ver com a economia real do Irã. Nenhuma contribui para persuadir, compelir ou aterroriza o Irã, ou o empurra na direção de ter de alterar sua política nuclear. (O fato de as sanções serem fraquíssimas e sem significado algum é consequência direta de Rússia e China terem imposto a exigência de que nenhuma sanção causasse impacto ou sofrimento à população iraniana.)
Então, segundo o Departamento de Estado, as sanções impostas pela Resolução n. 1.929 proíbem investimentos (no Irã) em programas nucleares e de mísseis; fecha o acesso do Irã a fabricantes de várias armas convencionais; impedem que o Irã tenha acesso à tecnologia de mísseis balísticos; dão às nações direito de inspecionar navios que levem carga ao Irã; tornam as empresas IEISL de navegação e aviação objetos-alvo de “vigilância” ampliada; e incluem várias medidas relacionadas a finanças, por exemplo, uma conclamação a todas as nações para que “proíbam, em seus países, novas relações bancárias com o Irã, inclusive a constituição de novos ramos de bancos iranianos, joint ventures e correspondentes relacionamentos bancários, nos casos em que haja qualquer vínculo suspeito de proliferação”.
Em resposta, o Irã fingirá que está muito ofendido. Mas o Irã sabe perfeitamente que as sanções não passam de declaração política.
Claro que o Irã está infeliz por nem Rússia nem China terem agido para impedir completamente a votação, ou por não terem vetado, a Resolução n. 1.929. Mas todos (Irã, Rússia e China) sabem que as sanções absolutamente não farão o que se diz que farão.
O presidente Ahmadinejad viajará à China imediatamente, visita presidencial, para visitar Xangai, onde provavelmente se reunirá com o presidente Hu Jintao. E o Irã já reuniu-se essa semana na Turquia, com turcos e russos. Não que tudo esteja azul entre o Irã e seus aliados asiáticos: em troca de Moscou e Pequim terem votado a favor das sanções, o Irã considera boicotar o encontro da Shanghai Cooperation Organization – a protoaliança asiática que une Rússia, China e vários países da Ásia Central, e na qual o Irã tem status de “observador”. De qualquer modo, Rússia e China de modo algum permitirão que os EUA imponham novas penalidades ao Irã. Os iranianos sabem disso. (...) Anteontem, Putin disse, em declaração pública, que “O Conselho de Segurança não criará nenhuma dificuldade para a liderança e para o povo do Irã.”
Brasil e Turquia votaram contra a Resolução n. 1.929. No início desse mês, Brasil e Turquia engajaram-se em brilhante esforço diplomático para persuadir o Irã a manter os termos do acordo de outubro de 2009, construído com os EUA em Genebra, e apenas ligeiramente modificado. Os EUA não estão contentes com Brasil e Turquia, porque veem (acuradamente) que o esforço diplomático foi meio para deter o frenesi de sanções. Hillary Clinton não dará sinais de amor imorredouro pelo Brasil e pela Turquia. Aliás, já começaram: em insulto calculado a Brasil e Turquia, os EUA disseram hoje à Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA) que o esforço diplomático foi má ideia. Segundo o Los Angeles Times:
“Os EUA disseram à IAEA e aos inspetores da ONU, na 5ª-feira que o esforço de Brasil e Turquia para resolver o impasse sobre o programa nuclear iraniano ignorou importantes preocupações internacionais.”
Os neoconservadores, claro, fingirão que estão felicíssimos. Fingimento, porque os neoconservadores mais venenosos, como Bolton, jamais se interessaram por sanções e cansaram-se de repetir que as sanções são inúteis e sem sentido e que não deterão o Irã. E o grupo dos ‘inspetores nucleares’ neoconservadores – do grupo United Against Nuclear Iran (UANI) – lançou documento, instantes depois de as sanções serem aprovadas, sem festejar e exigindo muito mais (...).
Fato é que a resolução tornará ainda mais difícil, não mais fácil, alcançar-se qualquer solução para o programa nuclear iraniano. Quanto mais o Irã for provocado e acossado, mais difícil qualquer negociação, sem dar, ao público interno, a impressão de ceder.
Obama, esse, é quem mais perdeu. Para o presidente que tentou abrir uma porta de diálogo com o Irã, a Resolução n. 1.929 é como um monumento ao fracasso. Se se excluiu a opção militar, é preciso escolher entre contenção e diplomacia para um Irã pós-nuclear. Nessa escolha, as sanções são irrelevantes. Mas têm o grave inconveniente de tornar a diplomacia muito mais difícil.
Para o governo Obama, o máximo que se pode dizer é que servirão para ganhar algum tempo; e ajudarão a cozinhar os alucinados do Congresso que exigem todos os dias embargo naval; e os lunáticos conservadores que querem que Obama bombardeie, bombardeie, bombardeie, até reduzir a pó, o Irã. Infelizmente, o presidente Obama, até aqui, só fez encorajar esses alucinados e esses lunáticos.

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do PT Vale do São Francisco

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