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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, julho 25, 2010

Chega-se a um ponto onde estudar, ou pesquisar, ou aprender, já não são um esforço, mas sim um prazer.






Palavras de Mujica, presidente do Uruguai

Nesta vida, não se trata somente de produzir: também é preciso desfrutar.



Tradução: Renzo Bassanetti


Vocês sabem melhor do que ninguém que no conhecimento e na cultura não há só esforço, mas também prazer.
Dizem que as pessoas que correm pela Rambla (avenida à beira-mar em Montevidéu) chegam num ponto em que entram em uma espécie de êxtase, onde já não existe o cansaço e fica somente o prazer.
Creio que com o conhecimento e a cultura acontece a mesma coisa. Chega-se a um ponto onde estudar, ou pesquisar, ou aprender, já não são um esforço, mas sim um prazer.
Que bom seria se esses manjares estivessem à disposição de muitas pessoas!
Que bom seria se, na cesta de qualidade de vida que o Uruguai pode oferecer à sua gente houvesse uma boa quantidade de consumos intelectuais, não para ser elegante, mas sim para dar prazer.
Porque pode se desfrutar disso com a mesma intensidade com que se pode desfrutar um prato de talharim.
Não há uma lista obrigatória das coisas que nos fazem felizes!
Alguns podem pensar que o mundo ideal é um local repleto de shoppings centers. Nesse mundo, as pessoas são felizes porque todos podem sair cheios de sacolas de roupa nova e de caixas de eletrodomésticos.
Não tenho nada contra essa visão, digo somente que essa não é a única possível.
Digo que também podemos pensar em um país onde as pessoas escolhem arrumar as coisas em vez de jogá-las fora, escolher um carro pequeno em vez de um grande, escolher agasalhar-se em vez de aumentar a intensidade da calefação.
Desperdiçar não é o que fazem as sociedades mais maduras.
Vão para a Holanda e vejam as ruas repletas de bicicletas.
Lá vocês vão se dar conta de que o consumismo não é a escolha da verdadeira aristocracia da humanidade.
É a escolha dos noveleiros e dos frívolos.
Os holandeses andam de bicicleta, usam-na para trabalhar mas também para ir aos concertos ou aos parques.
Isso é por que chegaram a um nível em que sua felicidade quotidiana se alimenta tanto de consumos materiais como intelectuais.
Dessa forma, amigos, vão e contagiem o prazer pelo conhecimento.
Paralelamente, minha modesta contribuição será de tratar de que os uruguaios andem de bicicletada em bicicletada.
A EDUCAÇÃO É O CAMINHO
E, amigos, a ponte entre este hoje e este amanhã que queremos tem um nome e chama-se EDUCAÇÃO (com maiúsculas). E olhem que essa é uma ponte comprida e difícil de atravessar, porque uma coisa é a retórica da educação e outra coisa é que nos decidamos a fazer os sacrifícios que implicam em lançar um grande esforço educativo ou sustentá-lo através do tempo.
Os investimentos em educação são de lento rendimento, não atraem a nenhum governo, mobilizam resistências e obrigam postergar outras demandas, mas é necessário fazê-los.
Devemos isso a nossos filhos e nossos netos.
E é preciso fazê-lo agora, quando ainda está fresco o milagre tecnológico da Internet e abrem-se oportunidades nunca vistas de acesso ao conhecimento.
Eu me criei com o rádio, vi nascer a televisão, depois a televisão colorida, depois as transmissões via satélite.
Depois, resultou que na minha televisão apareciam quarenta canais, incluindo os que transmitiam diretamente desde os Estados Unidos, Espanha e Itália.
Depois, vieram os celulares e depois o computador, que no início só servia para processar números.
Em cada uma dessas vezes, fiquei com a boca aberta.
Mas agora, com a Internet, esgotou-se a capacidade da minha surpresa.
Sinto-me como aqueles humanos que viram a roda pela primeira vez.
Ou como os que viram o fogo pela primeira vez.
Estão se abrindo as portas de todas as bibliotecas e de todos os museus; vão estar à disposição todas as revistas científicas e todos os livros do mundo.
Provavelmente também todas os filmes e todas as músicas do mundo.
É estarrecedor.
Por isso, necessitamos que todos os uruguaios e, sobretudo, os uruguaiozinhos, saibam nadar nessa corrente.
É preciso entrar nessa corrente e navegar nela como um peixe na água.
Conseguiremos isso se está sólida a matriz intelectual da qual falamos antes.
Se nossas crianças sabem raciocinar nesse sentido e sabem fazer-se as perguntas que valem a pena.
É como uma rodovia de duas pistas, lá em cima o mundo do oceano da informação, aqui em baixo preparando-nos para a navegação transatlântica.
Escolas de turno integral, faculdades no interior, ensino superior massificado. E, provavelmente, inglês desde o pré-escolar no ensino público, porque o inglês não é o idioma que falam os ianques, é o idioma com o qual os chineses se entendem com o mundo. Não podemos ficar de fora.
Essas são as ferramentas que nos habilitam a interagir com a explosão universal do conhecimento. Esse mundo novo não nos simplifica a vida, mas a complica. Nos obriga a ir mais longe e mais fundo na educação.
Não há tarefa maior diante de nós.
doblogdoturquinho





MARCOS COIMBRA: "a lei serve para proibir que seu adversário faça aquilo que você, tranquilamente, faz"

Marcos Coimbra

Sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi
marcoscoimbra.df@dabr.com.br




Boas e más leis

Nunca se falou tanto quanto nestas eleições presidenciais de “campanha antecipada”. É como se houvesse um consenso de que é bom, nas eleições, que os eleitores só conheçam as candidaturas na “hora certa”. Mas qual é a “hora certa”?

Maurenilson Freire/CB/D.A Press



Sem a lei, não existe civilização e sociedade organizada. Sem a universalização da obrigação de cumpri-la, não existe democracia. Repetindo um velho e verdadeiro chavão, a democracia exige que o preceito da igualdade de todos perante a lei seja observado, seja no tocante aos direitos, seja aos deveres. Ela existe para todos e todos estão igualmente sujeitos a ela.

Daí não se deduz, no entanto, que as leis sejam imutáveis. Respeitá-las não quer dizer eternizá-las. As sociedades chegam a determinadas formulações institucionais e podem alterá-las, considerando que não se adequam mais ao que ela considera desejável. Uma lei pode caducar. Era boa em determinado momento, mas, em outro, torna-se ultrapassada.

Nas leis fundamentais, essa mutabilidade é rara e pouco recomendável. Mas há outras em que é muito positivo que existam mecanismos que aumentem a possibilidade de mudanças e que até as encorajem.

Veja-se o caso da moderna legislação eleitoral brasileira. Toda ela foi feita depois de um hiato de mais de 20 anos de ditadura, nos quais as eleições para o Executivo foram circunscritas às disputas municipais (em cidades do interior) e as legislativas fortemente cerceadas. Enquanto o país passou por grandes mudanças econômicas, sociais e culturais, o sistema político permaneceu artificialmente congelado.

Note-se que nossa tradição democrática anterior ao golpe militar de 1964 não nos serviu de muita ajuda naquela altura, pois era modesta. Os intervalos democráticos que vivemos no século 20 foram tão pequenos que não produziram referências jurídicas sólidas para a reconstrução institucional pós-ditadura. Em outras palavras, tivemos que inventar uma legislação eleitoral enquanto a íamos praticando.

Muita coisa foi feita na base da tentativa e do erro. Fez-se uma lei para uma eleição, verificou-se em que funcionou e mudou-se na outra. O compromisso não era com a permanência, mas com a eficácia. Todos queriam leis melhores, ainda que não fossem duráveis.

O resultado disso foi uma intensa volatilidade em nossas leis eleitorais. Durante muitos anos, cada eleição teve um marco jurídico diferente em aspectos fundamentais e não apenas em questões de detalhe. Em função disso, a cada uma se ouvia um coro de críticas à falta de “regras claras e homogêneas”, como se elas pudessem brotar do nada.

Hoje, é evidente a necessidade de reavaliar a legislação eleitoral. Há muita coisa nela que foi superada pelas transformações que atravessamos nos últimos 20 anos — na sociedade, nos meios de comunicação e na tecnologia. Ela usa expressões que ninguém mais conhece, se ocupa de coisas obsoletas e quer disciplinar outras que se tornaram irrelevantes.

Há, ainda, coisas que foram superadas na prática pelos atores políticos, independentemente de ideologia. Por exemplo, os limites ao livre uso do tempo de propaganda na televisão e no rádio, pois eles contrariam um objetivo maior, de fortalecimento dos partidos políticos. Por exemplo, o engessamento do processo eleitoral em um calendário que contraria o bom senso.

Nunca se falou tanto quanto nestas eleições presidenciais de “campanha antecipada”. É como se houvesse um consenso de que é bom, nas eleições, que os eleitores só conheçam as candidaturas na “hora certa”. Antes, por motivos desconhecidos, não seria desejável que soubessem quem são os candidatos, com quem estão, o que representam. Mas qual é a “hora certa”?

A resposta que nossa legislação dá à pergunta desafia a lógica: três meses antes da eleição. Se alguém se apresentar como candidato fora desse prazo, se pedir votos para si ou para outra pessoa, tem que pagar multa. E por que três e não seis meses ou um ano? Mais tempo de exposição das candidaturas não faria com que os cidadãos as pudessem analisar com mais cuidado e profundidade? E isso não seria bom?

Quem cobra punições para aqueles que “antecipam” as eleições não está à procura de Justiça. Quer apenas usar uma legislação caduca (da qual, no íntimo, discorda), para impedir que outros façam o mesmo que faz.

Enquanto não mudarmos de vez nossa legislação eleitoral, as coisas vão ficar assim: a lei serve para proibir que seu adversário faça aquilo que você, tranquilamente, faz.

israelo-estadunidense massacram






Cloaca Máxima



A invasão e ocupação do Iraque, Afeganistão e Palestina estão servindo para desmascarar os ditadores que sempre governaram aquela região.

Reis ou presidentes são na verdade senhores feudais com o hábito de transformar a brutalidade em ciência e o assassínio de inocentes em sua razão de ser.

Tudo em nome de uma pátria que eles não titubeiam em vender ou abandonar assim que ouvem o primeiro disparo.

Talvez agora as coisas comecem a mudar de fato, pois o povo está aprendendo que só pode contar consigo. Fato, aliás, que os palestinos aprenderam depois de décadas de sofrimento e humilhação.

Por isso eles incomodam tanto e por isso são tão temidos pelos governantes árabes e seus protetores israelenses e americanos.

Vítima da cloaca máxima denominada ONU, cuja existência serviu apenas para a criação do Estado de Israel, o povo palestino continua só em sua luta para recuperar a dignidade, sua e da humanidade.

Essa humanidade omissa e passiva que não consegue enxergar dois passos à frente.

O que querem os palestinos? Justiça, apenas justiça.

E disso a ONU não pode se omitir já que ela foi a responsável pela partilha da Palestina em dois Estados.

Apesar de serem os habitantes milenares da região com um número infinitamente superior aos europeus que ali desembarcaram, coube aos palestinos pela Resolução 181 da ONU apenas 47% do país. Mas eles jamais conseguiram isso nem mesmo quando aceitaram os Acordos de Oslo, que lhes ofereciam apenas 22%.

Mais tarde os palestinos foram acusados de intransigentes porque se recusaram a aceitar o Plano Barak, que lhes oferecia apenas 17% do território.

Mapa da Palestina: antes e depois da divisão

E agora, o governo israelo-estadunidense quer que eles aceitem apenas 7% do território a que têm direito.

Israel oferece essa excrescência e depois os acusa de não quererem negociar.

E o que a cloaca máxima denominada ONU diz disso tudo?

Só dando descarga para ouvir.

PADRE EUNUCO OU FIM DO CELIBATO






Missas de manhã, boates gays à noite

Padres teriam vida dupla em Roma

Le notti brave dei preti gay: una grande inchiesta in edicola con Panorama

Le notti brave dei preti gay: una grande inchiesta in edicola con Panorama



ROMA. A diocese de Roma fez um apelo para que sacerdotes que levam uma vida dupla abandonem a vida religiosa.

Num comunicado, a Igreja garantiu estar disposta a reagir com vigor diante de novas denúncias de qualquer conduta indigna da vida sacerdotal — numa reação ao polêmico artigo publicado ontem pela revista italiana “Panorama”, que denuncia a vida dupla de vários padres homossexuais na capital italiana.

“Aqueles que têm uma vida dupla não entendem o que é o sacerdócio católico.

Ninguém os obriga a continuar sendo sacerdotes e a aproveitar as vantagens de sê-lo. Em nome da coerência, deveriam confessar o que fazem. Não queremos causar-lhes danos, mas não podemos permitir que sua conduta desonre todos os demais”, afirma o texto.

De tendência conservadora, a “Panorama” chocou a Itália ao publicar a reportagem titulada “As noites selvagens dos padres gays”, na qual religiosos admitem levar uma vida dupla: rezando missas de manhã e frequentando festas gays à noite.

Durante 20 dias, o repórter Carmello Abate percorreu bares e discotecas gays de Roma. Com uma câmera escondida, documentou o comportamento dos sacerdotes, inclusive durante relações sexuais. Um dos padres, um francês identificado como Paul, contou ter celebrado a missa na mesma manhã, pouco antes de dar carona a dois garotos de programa que contratara para ir a uma festa na noite anterior.

A reportagem traz fotos e declarações de sacerdotes e seminaristas cuja identidade foi mantida em sigilo.

Segundo o artigo, um dos pontos de encontro dos padres homossexuais seria a discoteca Gay Village, onde um seminarista teria declarado que “a Igreja pesca os próprios filhos no ambiente homossexual”.

O Vaticano insiste que a maioria dos 1.300 padres de Roma são fiéis à vocação e um “modelo de moralidade para todos”.

Postado por Luis Favre

Recato e depravação

Agruras e prazeres num paraíso tropical à mercê da Inquisição

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Autor da certidão de nascimento do Brasil, Pero Vaz de Caminha não se encantou apenas com os dotes da natureza, como o solo fértil ou as águas infinitas.

O escrivão português dedicou algumas linhas à nudez das índias, que “de (…) muito bem olharmos não tínhamos nenhuma vergonha”. Morria ali, no berço, qualquer chance de que a nova colônia lusitana fosse conhecida como uma terra de pudores. A liberdade sexual deu o tom de todo o século XVI, surpreendendo até o temido Tribunal da Santa Inquisição, segundo pesquisa do Núcleo de Estudos da Sexualidade (Nusex), da Universidade Estadual Paulista.

O grupo elabora uma historiografia da vida sexual do brasileiro, buscando na Colônia a origem de hábitos e preconceitos que permanecem até hoje .

No século XVI, a falta de recato da nova colônia fez corar até um enviado da Igreja acostumado a ouvir barbaridades.

Visitador da Inquisição no Nordeste em 1591, onde ficou por quatro anos, o padre Heitor Furtado de Mendoça veio à Colônia com a missão de vigiar os cristãos-novos, acusados de se aproveitarem da distância da Europa para abraçar novamente os ritos judaicos — um crime conhecido como apostasia. Entre as confissões coletadas, no entanto, destacaram-se aquelas envolvendo práticas sexuais condenadas pelo catolicismo.

— O século XVI foi marcado pela ambivalência sexual — avalia o psicólogo Paulo Rennes, coordenador do Nusex, co-autor dos estudos com as pesquisadoras Shirley Romera e Anne Caroline Scalia. — Ao mesmo tempo em que se fazia muito sexo, a Igreja aumentava o controle e as normas proibitivas.

O povo queria satisfazer o desejo, e o fazia com muita intensidade, mas vivia com o medo de ser punido ao transgredir as regras católicas. A introjeção da culpa e do pecado levou muito tempo para se cristalizar, e nos anos 1500 este caminho ainda estava sendo trilhado. Principalmente no Brasil, onde, com a distância da metrópole, houve flexibilização das atitudes e do comportamento sexual muito maior do que a religião desejaria.

Fogueira não inibia poligamia O explorador português, senhor de tantas terras, já não era estranho ao conceito de miscigenação. Uma inicial condenação a índias nuas passava rapidamente à tolerância. Conquistá-las era, inclusive, uma questão estratégica: unir-se a uma mulher garantia a fidelidade de toda a sua família — algo bem-vindo para o marido branco, entre tribos hostis.

A poligamia era popular entre os colonos — muitos já casados na metrópole. Os portugueses não escondiam uma certa admiração por seus inimigos tupinambás, que tinham até 14 mulheres. Quando cansavam de uma, a davam de presente para alguém.

A tribo era, também, uma notória adepta da sodomia. Essa prática merecia condenação enfática da Igreja.

Foi, de fato, um século masculino.

Os homens escolhiam com quem teriam relações.

As índias usufruíam de situação semelhante, embora fossem dominadas pelo pretendente.

As negras, escravizadas, não tinham opção.

As mulheres brancas, ainda em baixo contingente, cambaleavam entre manifestações de força e fragilidade.

Diversas mandaram cegar as amantes do marido. Mas, de frente para o homem, apelavam a uma simpatia para evitar humilhações: durante o sexo, proferiam, em latim, as mesmas palavras com que os padres ofereciam a hóstia. Assim, segundo a crença, impediriam os maus-tratos.

O padre Heitor Furtado de Mendoça viajou pelos atuais estados de Bahia, Pernambuco e Paraíba e escreveu nove livros. Rennes e sua equipe do Nusex tiveram acesso a dois: Confissões de Pernambuco e Confissões da Bahia. Dos 183 depoimentos anotados pelo Visitador da Inquisição, 61 eram relacionados a crimes sexuais.

— Dom Heitor não sabia do clima sexual livre que grassava na colônia — destaca Rennes. — Foi uma surpresa para ele.

A Inquisição acumulara um farto histórico de cinzas e sangue. A caça aos judeus queimou na fogueira mais de duas mil pessoas, só nos últimos meses de 1481. A fúria avançou nas décadas seguintes para Portugal. Na última década do século XVI, a Inquisição aportou no Nordeste, que concentrava a maioria da população brasileira.

A notícia da visita chegou muito antes do próprio visitador, o que fez muitos judeus migrarem para o sul.

Sem apóstatas à vista, o padre Heitor ocupou-se com outros pecados. E as chamadas heresias sexuais eram comuns. Além da sodomia, ouviu denúncias de bigamia, fornicação (sexo entre solteiros, adultério, relações com freiras ou animais) e masturbação.

Falsas convicções eram punidas — a principal delas era considerar a vida sexual mais importante do que a devoção a Deus. A hierarquia, de acordo com a Igreja, punha os religiosos em primeiro lugar, seguidos pelos casados e, por último, pelos solteiros.

As condenações no Brasil, de forma geral, foram mais brandas do que na Europa, onde sodomitas eram enterrados vivos. No Brasil frequentemente tudo se resolvia com uma repreensão.

Na Colônia, as heresias sexuais só foram consideradas crimes anos após o inquisidor deixar o Brasil.

— Dom Heitor não sabia como agir — explica Rennes. — Mas, nas visitações seguintes de inquisidores, houve penas mais severas. Durante a terceira visitação, entre 1721 e 1777, 139 pessoas foram mortas na fogueira.

As penas eram mais leves conforme o status do herege. Os “possuidores de títulos”, como define a pesquisa de Rennes, eventualmente tinham seus castigos anulados. Já as “raças infectas” — negros, mulatos, índios, mouros e judeus — eram severamente punidas, tendo, inclusive, que usar publicamente vestes de linho típicas dos heréticos.

Até as freiras aproveitavam as vagas determinações inquisitoriais. Em seu primeiro século na colônia, muitas teriam permitido os avanços dos freiráticos, como eram conhecidos os devotos das religiosas. A relação sexual, porém, custava caro, como contam testemunhas. Além de presentes esporádicos, o amado teria de contribuir para a montagem de festas religiosas, inclusive peças no convento.

Padres de algumas ordens religiosas também renderam-se a índias e mulatas. De acordo com Rennes, só os jesuítas teriam resistido às tentações do Novo Mundo.

— Eles eram soldados de Cristo, muito rigorosos — descreve Rennes.

— Os jesuítas viram como eram as práticas sexuais contrárias às normas da Igreja, e se tornaram os arautos da virtude católica.

Postado por Luis Favre
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O PIG vendido não fala






Multa abre caminho para punir multi poluidora

Como esta criança, 30 mil pessoas tiveram lesões e intoxicações provocadas pela lama tóxica gerada na limpeza do navio do Probo Koala

Uma notícia que não saiu, que eu visse, em qualquer jornal brasileiro, é importantíssima. A Justiça da Holanda condenou a multinacional Trafigura - que opera na comercialização de petróleo e derivados – em 1 milhão de Euros por ter ocultado a natureza tóxica de uma carga de gasolina com alto teor de enxofre, transportada no navio Probo Koala e tela exportado para Abdijan, na Costa do Marfim, sem antes saber se haveria condição de tratar lá este lixo tóxico. A multa é menos importante pelo seu valor em dinheiro – a Trafigura teve um lucro 340 vezes maior, ano passado – do que pelo caminho que abre para que a empresa responda em diversas cortes pela intoxicação que seu produto causou em milhares de marfinenses, levando 16 deles à morte, em 2006.

No ano seguinte, a empresa teria feito um acordo com o governo da Costa do Marfim paraevitar processos e iniciou uma ofensiva contra os meios de comunicação para abafar o escândalo.

A Trafigura entrou com uma ação judicial para proibir o jornal britânico The Guardian de publicar um documento – conhecido como Relatório Milton – no qual especialistas atribuíam os problemas em Abidjan aos resíduos do Probo Koala. O jornal foi proibido de mencionar não só o relatório, como o próprio recurso judicial da Trafigura. Mas os detalhes do Relatório Milton, e o próprio documento, rapidamente começaram a circular na Internet. A ação foi mobida também contra a BBC, que teve censurada, no final do ano passado, uma peça jornalística anterior, com o título “Dirty tricks and toxic waste in the Ivory Coast” (“Jogos sujos e lixo tóxico na Costa do Marfim”). A estatal, porém, não parou de noticiar o caso.

A nossa imprensa, que diz estar tendo sua liberdade “ameaçada” – ninguem sabe como nem porque – não se interessou em noticiar nem o caso, nem a tentativa de abafá-lo na imprensa.

dotijolaço

sábado, julho 24, 2010

Chávez denuncia operación conjunta de Estados Unidos y Colombia en su contra




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Magistrado colombiano pide rechazo al acuerdo con Estados Unidos


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Magistrado colombiano pide a Corte Constitucional rechazar acuerdo con EE.UU.
En el año 2009, los Gobiernos de Colombia y Washington firmaron un acuerdo en el cual se permitía la instalación de tropas estadounidenses en territorio colombiano, sin fiscalización alguna. La Organización No gubernamental (ONG) Colectivo de Abogados José Alvear Restrepo introdujo una demanda en la Corte Constitucional para pedir la declaración de inexequibilidad de dicho acuerdo.
El magistrado de la Corte Constitucional de Colombia, Jorge Palacios, encargado de estudiar el acuerdo militar entre EE.UU. y Colombia tras una demanda de inconstitucionalidad, aseguró este jueves que la aprobación del citado acuerdo correspondía al Congreso, razón por la cual emitirá un concepto desfavorable al respecto.
Según indicó el magistrado Palacios, la firma del acuerdo que permite la instalación de siete bases militares en Colombia no cumplió los requisitos legales y que debido a que se trata de otro acuerdo militar y no la continuación de uno ya firmado como alegaba el Gobierno del presidente saliente, Álvaro Uribe.
Al tratarse de un nuevo acuerdo Palacios afirma que la iniciativa debía pasar por el Congreso de Colombia para su aprobación, razón por la cual pidió un plazo de un año para que cumpla los trámites constitucionales.
La Corte Constitucional deberá emitir una setencia el próximo 17 de agosto sobre las denuncias de inconstitucionalidad del acuerdo militar firmado en diciembre de 2009 entre Estados Unidos y Colombia.
Sin embargo, Palacios afirmó que los de dicha sentencia deberan diferirse por un año hasta que el legislativo estudie el polémico acuerdo que ha sido rechazados por varios países de la región.
La Organización No gubernamental (ONG) Colectivo de Abogados José Alvear Restrepo introdujo una demanda en la Corte Constitucional para pedir la declaración de inexequibilidad de dicho acuerdo, es decir, que se declarara el convenio como no ajustado a la Carta Política, ya que la iniciativa no tiene reciprocidad con Colombia porque se debe entregar la soberanía y no se recibe nada a cambio.
El Consejo de Estado de Colombia ya se había pronunciado sobre el caso justo dos meses antes de que se concretara el polémico acuerdo notificándole al Ejecutivo colombiano su consideración de que dicho convenio militar debía ser aprobado por el Congreso.
Las consideraciones del Consejo indicaban que el convenio, que según el Gobierno colombiano es complementario de un acuerdo bilateral militar vigente desde 1974, "contempla la presencia de personal militar extranjero, lo mismo que de buques y aeronaves de guerra, algo que debe ser aprobado por una ley del Congreso".
A partir de diciembre de 2009 se permite a soldados y asesores estadounidenses acceder y utilizar al menos siete bases militares colombianas, lo que generó la preocupación de los países de la región por considerar que Colombia es un país estratégico para la instalación de las tropas norteamericanas pues posee acceso a dos mares y a cinco fronteras.
Por su parte la Alternativa Bolivariana para los pueblos de Nuestra América (ALBA), acordó que el establecimiento de las bases militares colombianas, junto a las que ya existen "constituye un peligro real para los países de la región y la amenaza más grave a la paz, la seguridad y la estabilidad de América Latina y el Caribe".
teleSUR
docronicasecriticasdaamericalatina

Imprensa “independente”, financiada pelos EUA

As duas ONGs destacadas no documento distribuiam o dinheiro a jornalistas e meios de comunicação da Venezuela

Toda ação de sabotagem exige a preparação do terreno. Por isso não se pode analisar os fatos desvinculados de outros. Comentei aqui dias atrás a investida desrespeitosa do presidente da Sociedade Interamericana de Imprensa contra o presidente Lula, procurando disseminar a falsa idéia de que a liberdade de imprensa no Brasil está ameaçada. É a partir de falsos pressupostos como esse que cenários de intervenção no processo político dos países são armados. Tudo isso me ocorre ao tomar conhecimento que o governo dos Estados Unidos destinou US$ 4 milhões para financiar jornalistas e meios de comunicação privados na Venezuela, nos últimos três anos. Muito bom lembrar isso para lembrar que desestabilização não se faz apnas com guerrilha na selva, mas com a guerrilha de papel.

Documentos do Departamento de Estado recém revelados por força do Ato de Liberdade de Informação mostram como, entre 2007 e 2009, milhões de dólares foram canalizados de um pouco conhecido Escritório de Democracia, Direitos Humanos e Trabalho para jornalistas e órgãos de imprensa na Venezuela, Bolívia e Nicarágua, através da Fundação Panamericana de Desenvolvimento, que opera na América Latina desde 1962. No entanto, só a parte referente à Venezuela foi liberada, removendo-se o nome dos que receberam o dinheiro.

Os EUA vinham escondendo sua participação direta em fomentar a mídia anti-chavista, que atua abertamente para desestabilizar a democracia venezuelana e teve papel determinante no frustrado golpe de 2002, que chegou a afastar Chávez temporariamente do poder. Embora tenha omitido os receptores dos fundos norte-americanos, um dos documentos, de julho de 2008, deixou passar os nomes dos principais grupos venezuelanos encarregados pela distribuição do dinheiro entre a mídia e jornalistas encarregados de promover a agenda dos EUA: Espacio Publico e Instituto de Prensa y Sociedad (IPS).

A operação apresentava o seguinte objetivo: fortalecer jornalistas “independentes”, proporcionando-lhes treinamento, assistência técnica, materiais e acesso às novas tecnologias “para aumentar sua capacidade de informar o público sobre as mais críticas políticas que impactam a Venezuela”. Dois prêmios de “jornalismo investigativo” também foram criados neste sentido. Em outras palavras, interferência direta num país soberano, fomentando atividades anti-governamentais.

Mais de 150 jornalistas venezuelanos foram treinados pelas agências americanas e pelo menos 25 sites foram criados pelo dinheiro do Departamento de Estado. Nos últimos dois anos, escreve a advogada Eva Golinger, que já havia desvendado um financiamento do governo americano à mídia venezuelana por outros canais, houve uma proliferação de usuários de sites, blogs, Twitter, MySpace e Facebook, a maioria para promover mensagens anti-Chávez e disseminar informações falsas sobre a realidade do país.

Estudantes e jovens também foram treinados para formar uma rede de cyberdissidentes contra o governo venezuelano. Segundo Eva Golinger, em abril passado, em encontro para “ativistas pela liberdade e direitos humanos”, promovido pelo Instituto George W. Bush, em conjunto com a Freedom House e o Departamento de Estado, para analisar o “movimento global de cyberdissidentes”, um dos presentes era Rodrigo Diamanti, um jovem ativista anti-Chávez, que esteve ao lado de “dissidentes” do Irã, Síria, Cuba. Rússia e China.

Os documentos do Departamento de Estado também mostraram financiamentos para “fortalecer a mídia independente na Venezuela”, “promover a liberdade de expressão na Venezuela” e outros programas com universidades venezuelanas, de onde sairam os principais movimentos estudantis anti-Chávez nos últimos três anos.

É por isso que não se pode ser ingênuo diante de certos comportamentos midiáticos. Parte da imprensa chilena foi financiada na preparação do golpe contra Salvador Allende, em 1973; jornalistas cubanos são aliciados para combater Fidel Castro, e a Venezuela está inundada de ações midiática anti-Chávez. A denúncia do presidente da SIP não pode ser vista fora deste contexto.

No Brasil, claro, isso não acontece.

Liberdade de informação é um valor sagrado. Que não se o confunda com uma suposta imunidade das empresas de comunicação à lei.

dotijolaço

Chávez responde a capacho dos Mesquita

Lourival Sant'Anna, do Estado de São Paulo, tenta defender a mídia golpista venezuelana colocando a culpa do golpe de 2002 na figura do presidente Chávez. Toma uma bela invertida na resposta de Chávez!


India cria laptop mais barato do mundo

A Índia apresentou, ontem, o que chamou de laptop mais barato do mundo, um computador com tela sensível ao toque que custa US$ 35.


Com dimensões de 5x7x9 polegadas, o aparelho, um híbrido de computador portátil e PDA (computador de mão), conta com tela e teclado táteis, conexão Wi-Fi, uma entrada USB e uma bateria de dois watts, e é idôneo para as áreas indianas que quase não contam com conexão elétrica. O ministro do Desenvolvimento de Recursos Humanos, Kapil Sibal, revelou um computador de baixo custo projetado para estudantes, afirmando que sua pasta iniciou negociações com fabricantes globais para iniciar a produção em massa. "Chegamos a um ponto de desenvolvimento hoje em que a placa-mãe, chip, processamento, conectividade, tudo junto, tem custo ao redor de US$ 35, incluindo memória, tela, tudo", afirmou Sibal.

O ministro explicou que o aparelho com tela sensível ao toque vem com navegador de Internet, leitor de documentos PDF, capacidade de videoconferência e pode funcionar com energia solar, mas seu hardware foi criado com flexibilidade suficiente para incorporar novos componentes de acordo com o usuário. O uso começará a partir do ano que vem.

Sibal acrescentou que o computador, baseado em Linux, deve ser apresentado a grandes instituições educacionais a partir de 2011, mas quer reduzir o preço ainda mais para US$ 20 ou mesmo a US$ 10. O equipamento foi desenvolvido pelas equipes de pesquisa no Instituto Indiano de Tecnologia e Instituto Indiano de Ciências.

"Faz parte de uma iniciativa nacional destinada a fazer avançar a educação", declarou o ministro do Desenvolvimento, afirmando que "as soluções para o amanhã virão da Índia".

O ministério vai instalar os aparelho no conjunto de 22.000 estabelecimentos superiores indianos para que os estudantes possam utilizar o novo computador, afirmou a porta-voz do governo, Mamta Verma. "O Governo está disposto a subsidiar 50% do custo do dispositivo, portanto o preço final será de 750 rúpias (aproximadamente US$ 16)", acrescentou Verma.

A Índia investe cerca de 3% de seu orçamento anual em educação escolar e melhorou sua taxa de alfabetização para 64% de sua população de 1,2 bilhão de pessoas, mas estudos mostraram que muitos estudantes ainda mal podem ler ou escrever e que muitas escolas públicas possuem instalações inadequadas. O tablete foi desenvolvido em colaboração por vários grupos de especialistas procedentes dos institutos indianos de tecnologia e ciências.

Ariano Suassuna

Mestre Ariano Suassuna junto com Lula e Dilma


Mestre Ariano Suassuna junto com Lula e Dilma

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O entusiasmo da militância transformou em comício o encontro do presidente Lula e da candidata Dilma Rousseff com prefeitos na cidade de Garanhuns, no agreste pernambucano.

Embalados pelo resultado da pesquisa Vox Populi, que aponta Dilma oito pontos a frente do candidato da oposição, 3 mil militantes fizeram subir a temperatura do ginásio de esportes contrastando com a noite fria de Garanhuns. A cidade natal do presidente Lula registra as menores temperaturas do agreste pernambucano. No inverno, os termômetros marcam, em média, 15º.

Mas o frio passou longe do ginásio de esportes. Lula e Dilma tiveram calorosa recepção. E quando viu subir ao palanque o escritor Ariano Suassuna, a plateia não hesitou e cantou os versos entoados pelas ruas de Olinda em todos os Carnavais desde 1963:

“Queriam ou não queiram os juízes, o nosso bloco é de fato campeão. E se aqui estamos cantando essa canção, viemos defender a nossa tradição. E dizer bem alto que a injustiça dói. Nós somos madeira de lei que cupim não rói.”

Suassuna levantou-se para acompanhar com palmas a plateia. E quando esta silenciou, na arquibancada, alguém comentou: “Mais atual, impossível.”


Renata Giraldi, Agência Brasil
Ao se reunir hoje com evangélicos em Brasília, a candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, pediu o apoio dos religiosos para melhorar a qualidade de vida dos brasileiros, se eleita. A candidata disse que Deus e o destino não podem ser responsabilizados pela pobreza e os infortúnios. Segundo ela, “a mão imperfeita” das pessoas que conduz mal as políticas públicas.
“A pobreza não é resultado do destino. Não foi Deus que construiu um país tão desigual. Foi a mão imperfeita de homens e mulheres. Isso acontece quando nos afastamos dos desígniios de Deus”, afirmou Dilma, na sede nacional das Assembleias de Deus no Brasil. “Está nas escrituras, o choro pode durar uma noite, mas a alegria vem no dia seguinte.”
Acompanhada pelo candidato a vice-presidente na chapa PT-PMDB, deputado federal Michel Temer (PMDB), do chefe de gabinete da Presidência da República, Gilberto Carvalho, parlamentares, candidatos nas próximas eleições e líderes evangélicos, Dilma fez um discurso de pouco mais de 20 minutos citando várias passagens bíblicas.
Segundo a candidata, o objetivo dela, se eleita, é dar continuidade a vários projetos iniciados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Eleita, vou dar continuidade ao projeto do presidente Lula e aprofundar [em várias áreas]”, afirmou Dilma. “O povo evangélico deste país também é o povo do governo Lula.”
Para Dilma, os programas sociais devem considerar o apoio à solidez familiar e também às questões relativas aos jovens, às crianças, aos idosos e aos deficientes. Segundo ela, para assumir um cargo de comando e por em prática as metas definidas é preciso lembrar do pedido do rei Salomão – que governou Israel por 40 anos e foi considerado um dos mais sábios. “Quero ter sabedoria e discernimento nesta caminhada”, disse ela.
O presidente das Assembleias de Deus do país, pastor Manoel Ferreira, defendeu a candidatura de Dilma. Segundo ele, o Brasil está no rumo certo e por isso não há razão para mudar a orientação política. “Temos aqui a timoneira [Dilma]. Estamos no rumo certo, então por que mudar?”, afirmou.



A FALHA dá tiro no próprio pé do pato






O Datafolha e a necessidade de auditoria

Bem , depois de me desintoxicar um pouco deste mundo de manipulação e propaganda, acho que é possível, de maneira bem calma e racional, mostrar a vocês como o Datafolha perdeu qualquer compromisso com a ciência estatística e passou a funcionar com uma arrogância que não se sustenta ao menor dos exames que se faça sobre os resultados que apresenta.

A primeira coisa que salta aos olhos é o problema gerado pela definição da área de abrangência e, por consequencia, da amostra. Ao contrário do que vinha fazendo nas últimas pesquisas, o Datafolha conjugou pesquisas estaduais e uma pesquisa nacional.

O resultado é um monstrengo, uma verdadeira barbaridade estatística. E as provas estão todas no site do TSE ao alcance de qualquer pessoa. E do próprio Tribunal e do Ministério Público Eleitoral.

Vejamos a mecânica da monstrengo produzido pelo Datafolha.

Dia 16 de julho, o Datafolha (já usando esta razão social e não mais Banco de Dados São Paulo, como usava antes) registrou, sob o número 19.890/ 2010, uma pesquisa nacional de intenção para presidente. Nela, ao relatar a metodologia, o instituto abandonou os critérios tradicionais de distribuição da pouplação brasileira e “expandiu” as amostras dois oito estados.

No próprio registro há a explicação: “Nessa amostra, os tamanhos dos estratos foram desproporcionalizados para permitir detalhamento de algumas unidades da federação (UF´s) e suas capitais. Nos resultados finais, as corretas proporções serão restabelecidas através de ponderação. A amostra nos estados em que não houve expansão foi desenhada para um total de 2500 questionários.

E quantos somavam os “estratos desproporcionalizados”? Está lá: As UF´s onde houve expansão da amostra foram: SP-2040 entrevistas (1080 na capital), RJ-1240 entrevistas (650 na capital), MG-1250 entrevistas (400 na capital) , RS-1190 entrevistas (400 na capital), PR-1200 entrevistas (400 na capital), DF-690 entrevistas, BA-1060 entrevistas (400 na capital), PE-1080 entrevistas(400 na capital). A soma, portanto dá 9750 entrevistas, de um total de 10.730.

Logo, sobraram para todos os 19 demais estados brasileiros 980 entrevistas.

Qualquer estudante de estatística sabe que você não pode misturar critérios de amostragem para partes do mesmo universo e, no final, “ponderar” pelo peso de cada uma destes segmentos no total. Da mesma forma que não se pode pegar uma parte de uma amostra nacional e dizer que, no Estado X, o resultado é Y.

O resultado será viciado pela base amostral distorcida.

Mas o Datafolha não parou aí. Esta pesquisa “nacional” (protocolo 19.890/2010) foi registrada tendo como contratantes a Folha e a Globo, com o valor de R$ 194 mil. Cada uma dos ” estratos desproporcionalizados” foi registrado, no dia 19 último, como uma pesquisa “separada”. Veja:

Protocolo 20158/2010 - Paraná, 1.200 entrevistas, contratada pela Empresa Folha da Manhã S/A. e Sociedade Rádio Emissora Paranaense S/A. por R$ 76 mil;

Protocolo 20125/2010 - Distrito Federal, 690 entrevistas, contratada pela Empresa Folha da Manhã S/A. e Globo Comunicação e Participações S/A. por R$ 70.900;

Protocolo 20141/2010 - Rio Grande do Sul , 1.190 entrevistas, contratada pela Folha da Manhã S/A. e RBS – Zero Hora Editora Jornalística S/A por R$ 68 mil;

Protocolo 20124/2010 - Bahia , 1.060 entrevistas, contratada pela Folha da Manhã S/A. por R$ 80.258;

Protocolo 20164/2010 - São Paulo , 2.040 entrevistas, contratada pela Empresa Folha da Manhã S/A. e Globo Comunicação e Participações S/A. por R$ 74.100 (mais que o dobro por entrevista que na Bahia).

Protocolo 20140/2010 - Pernambuco , 1.080 entrevistas, contratada pela Folha da Manhã S/A. e Globo Comunicação e Participações S/A. por R$ 65 mil;

Protocolo 20132/2010 - Minas Gerais , 1.250 entrevistas, contratada pela Folha da Manhã S/A. e Globo Comunicação e Participações S/A. por R$ 80 mil;

Protocolo 20161/2010 - Minas Gerais , 1.240 entrevistas, contratada pela Folha da Manhã S/A. e Globo Comunicação e Participações S/A. por R$ 68 mil.

Somando todos os valores declarados de contratação chega-se à bagatela de R$ 776.258 reais. Interessante, não?

Mais interessante ainda é o fato de que, nos protocolos listados acima, que você pode consultar na página do TSE , preenchendo o número correspondente, o Datafolha nem sequer se preocupou em depositar, como manda a lei, o questionário específico. Fez como o Serra, que mandou entregar no Tribunal ,como programa, o discurso que fez na convenção. Colocou uma cópia do questionário “nacional”, onde não há perguntas sobre candidatos a governador ou senador.

O Datafolha trata as exigências legais como um “detalhezinho” sem importância, “vende” a mesma pesquisa em nove contratos diferentes – seria bom ver os recibos destes pagamentos, não? – e deposita questionários imcompletos, aos lotes.

Portanto, a análise da pesquisa Datafolha não deve ser estatística. Deve ser jurídica. O douto Ministério Público Eleitoral, que não aceita intimidações de quem quer que seja, bem que poderia abrir um procedimento para apurar todos os fatos que, com detalhes, estão narrados acima.

dotijolaço


Serra reage espetacularmente.
No Datafalha



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Na foto, o momento em que Serra inicia a reação

Em menos de 24 horas, o jenio reagiu.

Na sexta-feira à noite, ele sofria uma derrota acachapante de 41 a 33 – clique aqui para ler Vox Populi – Dilma bate Serra por oito pontos, mas Serra vai reagir no Datafalha.

No sábado de manhã, a Folha (*) registra o tal “empate técnico” entre Dilma e Serra.

Clique aqui para ler a Folha (*).

(Modestamente, este ordinário blogueiro entende de PiG (**) …)

Trata-se de um fenômeno extraordinário.

Em menos de 24 horas a opinião pública brasileira joga fora oito pontos percentuais de diferença.

O que terá havido no intervalo entre o Vox e a Datafalha ?

O ovo dirigido ao Serra no Mercado Municipal de Florianópolis ?

O processo que o Fernando Pimentel vai mover contra ele por causa das FARC ?

A escolha do Mano Menezes ?

O Stallone ?

O William Waack ?

Os portais do PiG (**) tratam de ofuscar o Vox Populi com manchetes em transe dionisíaco:

Estadão: leia!

G1: confira!

Folha online: acesse!

Aqui prá nós, amigo navegante, mas esse Otavinho tem peito, não ?

Entregar a credibilidade da empresa dele nas mãos do Serra.

Nos momentos mais difíceis, o Serra sempre pode contar com o Datafalha.

O Otavinho não falha.

Deve ser um medo aterrorizador da Dilma.

Quem mandou publicar a ficha falsa ?

Paulo Henrique Amorim


Em tempo: ainda está por vir o Globope, quando o Serra deverá estar oito pontos na frente da Dilma, por causa do Índio.

Em tempo2: o Blog dos Amigos do Presidente se pergunta: como explicar que, no mesmo Datafalha a Dilma vença na espontânea, enquanto o Serra desaba ? Dilma: 21% (tinha 22% na pesquisa anterior); Serra: 16% (tinha 19% na pesquisa anterior).

Como será esse cartão que o Otavinho entrega aos entrevistados do Datafalha ? Só tem o nome o Serra impresso ?

Clique aqui para ler sobre como o Datafalha manipula, para ajudar o Serra.

E clique aqui para ver como o Serra reage nas pesquisas, segundo o Cloaca News.

(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que avacalha o Presidente Lula por causa de um comercial de TV; que publica artigo sórdido de ex-militante do PT; e que é o que é, porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.

Serra engana até em cumprimentar o povo

Ele tem nojo do povo
By: Esquerdopata/comtextolivre