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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, novembro 17, 2010

Globalização entra em concordata e risco de falência é inevitável








Laerte Braga

E os riscos de barbárie e selvageria também. É clássica a história do cidadão que ameaçado por outro com uma faca vai recuando, recuando, até que num determinado momento encontra uma parede às suas costas.

Fica com duas alternativas. Ou aceita dar tudo o que tem, ou resiste, se aventura a levar a facada, mas tenta salvar-se e ao que tem.

Por trás da desvalorização do dólar existe mais que perversidade do governo de Obama e de todo o mundo financeiro norte-americano, na tentativa de exportar inflação, resgatar uma dívida impagável, salvar dedos e anéis.

Existe o inacreditável arsenal militar capaz de destruir o mundo cem vezes. E tanto quanto a cobiça das conquistas levaram impérios à ruína, acaba sendo a última alternativa desses grandes conglomerados – os EUA são um conglomerado de empresas – de múltiplos interesses, mas todos numa espécie de frente comum para manter intocados os tronos dos senhores do mundo.

Bancos, grandes empresas, em países como o Brasil o latifúndio (hoje parceiro desse processo de globalização – "globalitarização" segundo o brasileiro Milton Santos –, no chamado agronegócio) e exércitos fantásticos/fanáticos, recheados de mercenários, forças terceirizadas para distribuir "democracia" e "liberdade" para o mundo.

Quando um boçal como Silvéster Stallone fala em defender a "pátria" Samuel Johnson dá um sorriso no túmulo e percebe o quanto estava certo ao classificar esse tipo de patriota de canalha.

O modelo está em concordata há tempos, nasceu concordatário e caminha a passos largos para a falência.

O resto do mundo (Tancredo Neves, ex-presidente do Brasil, não gostava da expressão "resto". Dizia que resto é de comida) ou reage, está encostado numa parede, ou aceita resignado o poder de Washington que é bem menor que o de Wall Street.

A máquina de fazer dinheiro nos EUA não está em mãos do governo, mas de bancos que detêm o controle acionário do banco central desde o governo de Woodrow Wilson (1912/1921). Está despejando dólares oficiais/falsos.

A derrota de Obama nas chamadas eleições de meio de mandato (perdeu a maioria na Câmara dos Representantes) não foi só consequência da crise que abala o país, mas da absoluta incompetência do presidente democrata de dar alguma resposta a alguma coisa que não seja determinada por um conjunto de marqueteiros. Foi emparedado por republicanos.

Obama é show. Primeiro presidente supostamente negro dos EUA, produto de um pânico coletivo em seu país diante do desgoverno Bush não percebeu as centenas, ou milhares de bombas relógios deixadas pelo antecessor. Estão explodindo agora.

O risco que a crise tome dimensões de um tsunami nunca visto, capaz de levar de roldão economias "sólidas" como Alemanha, Japão, arrastar a Europa a um vendaval jamais visto, faz com que os malucos de Washington e do Pentágono comecem a pensar no que Stanley Kubrick chamou de "corrida às cavernas" no filme Doutor Fantástico.

As medidas drásticas anunciadas por Washington, mas ainda em estudos, contrariam interesses de políticos norte-americanos, de grandes empresas, das classes dominantes, já que implicam em aumento de impostos, cortes de verbas em setores privilegiados – mas também na assistência social, o que aumenta o desemprego, a pobreza – e para complicar, redução de 700 bilhões de dólares no orçamento militar. Aí mexe com a macacada, que me perdoem os macacos.

Como é que ficam os generais que adoram brincar de atacar países como o Iraque, o Afeganistão, demonizar o Irã e como vão sustentar a base terrorista chamada Israel, no Oriente Médio?

Não me recordo com precisão, mas acho que foi Neville Chamberlain, primeiro-ministro inglês (1937/1940) quem disse que "a guerra é um negócio sério demais para ficar nas mãos de generais".

É como economia, importante demais para ficar restrita a economistas. Boa parte está a soldo dos donos do mundo e outra boa parte pensa que ser humano é um número, que tudo pode ser resolvido com uma equação, duas ou três no máximo.

São poucos, em relação ao todo, como Celso Furtado.

A junção generais (alguns os chamados R/3, aqueles civis que diante do espelho ficam em posição de sentido e se imaginam cheios de medalhas, Ramsey, por exemplo, ex-secretário de Defesa de Bush), com economistas digamos da General Motors, mais Citibank, etc, resulta nesse estado falimentar do modelo e na ameaça de uma catástrofe econômica e militar, logo política (a essência de tudo), se levarmos em conta que o presidente da maior potência do mundo (potência militar) não percebeu ainda que os chineses inventaram a bússola.

Obama hoje é só um fantoche à procura de um milagre. É possível que não controle nem o salão oval da Casa Branca. Que dirá o botão que aperta a ordem para o ataque.

A decisão do governo chinês de rebaixar a classificação dos EUA para créditos é inédita e mostra a extensão da crise.

A atitude do governo brasileiro de começar a controlar capitais estrangeiros especulativos é outra jamais sonhada, pelo menos nesse modelo, onde a mídia privada brasileira (brasileira?) se regalava ao dizer que bilhões entraram na bolsa na segunda-feira e na terça, acrescida de outro tanto, saiam numa demonstração de pujança do nosso País.

A globalização na forma que se deu é quimera. Conversa fiada de vendedor da Torre Eiffel, com a diferença que se o comprador não comprar e pagar, as tropas de marines chegam.

Países europeus começam a dar sinais de esgotamento de suas economias na lógica perversa de um círculo que começa e termina em Washington/Wall Street e mesmo colônias norte-americanas na Europa (Grã Bretanha e Alemanha) já fazem estrugir gritos de intolerância diante da violência do colonizador.

No caso específico da América Latina significa que o governo de Dilma Rousseff vai de fato ter que matar um leão por dia e buscar alternativas ao modelo imposto desde a queda da União Soviética.

O que representa a necessidade imperiosa de integração dessa parte do mundo à revelia de Washington, antes que façam daqui um grande México. Com um PIB extraordinário e a maioria da população na miséria, ou lutando desesperadamente para cruzar a fronteira e tentar a sorte como trabalhador braçal nos EUA.

Acuado, sem vontade de abrir mão de seus privilégios, mas tentando o conto do paco (aquele que você troca um bilhete premiado por um suposto monte de dinheiro, mas na verdade por baixo é só jornal cortado), os Estados Unidos devem tentar reforçar suas políticas de agressão a países na Ásia, na África e particularmente na América Latina, ainda mais agora que o Brasil emerge como potência.

Deve ser por aí que a mídia colonizada começou semana passada uma campanha de críticas ao chanceler Celso Amorim, principal responsável pela dimensão de potência mundial que o Brasil ganhou nesses oito anos de Lula.

Essa mídia gosta, porque fala a linguagem de Washington, de chanceleres que ao chegar ao aeroporto de Nova York tirem os sapatos para a revista e caiam de quatro, enquanto andam descalços na indigência dos colonizados.

A globalização já começou em concordata e está em vias de falir. O problema é que a falência pode vir no troar dos canhões, se é que canhões ainda são usados em guerras dos dias de hoje.

O império norte-americano não é nada mais que uma grande Babel. Ou um tigre de papel como dizia Mao Tse Tung.

Foi o que ficou claro na reunião do G-20. Pior que essa história que aflige brasileiro sobre G-4 ou G-3 na Libertadores da América, ainda mais depois que Ricardo Teixeira (chefe da quadrilha CBF – Confederação Brasileira de Futebol) determinou que os juízes deem o título ao Corinthians.

Não houve propriamente fracasso na reunião do G-20. O que se decidiu foi não fechar o cemitério e deixar os coveiros de plantão, a qualquer momento chega o corpo putrefato do neoliberalismo.

REVOLUÇÃO CUBANA SE MOVE CRITICAMENTE POR SI MESMA







Em 2011 se completarão 30 anos da minha primeira visita a Cuba. Eu trabalhava no Brasil com o método de Paulo Freire. Queria trazer a Cuba essa contribuição, estava convencido da importância política da metodologia da educação popular. Quando cheguei, havia preconceitos não só para com esta metodologia, mas também em relação à figura de Freire. Seu primeiro livro tinha causado certo receio entre os companheiros do Partido Comunista de Cuba.

Por Frei Betto*
Um marxista cristão, soava então contraditório: o marxismo era considerado uma fé e não se podia ter duas.

Então propus em Havana um Encontro Latino-Americano de Educação Popular. Os cubanos prepararam tudo; mas no encontro não havia nem um cubano. Dois anos depois, consegui que a Casa das Américas organizasse um segundo encontro. Vários cubanos compareceram como meros assistentes, diziam que em Cuba tudo era educação popular e não havia necessidade de ter uma equipe para isso. No terceiro encontro, a participação cubana já foi ativa. Assim surgiu a equipe do Centro Martin Luther King.

Mas Paulo Freire não é o primeiro latino-americano a falar dessa metodologia. Para fazer justiça com a história, o primeiro que praticou educação popular foi José Martí. Martí dizia que era necessário levar os professores aos campos. E com eles, a ternura que faz falta aos homens. Seguramente o Che tinha lido essa frase quando disse que havia que endurecer, mas sem perder a ternura. Para Martí, “popular” não o era no sentido de pobre, mas de povo.
A distinção rígida que se aplicava na Europa entre classe operária e burguesia, não se aplicava à América Latina. A luta aqui era entre aqueles que lutavam pela justiça e aqueles que tentavam manter a injustiça. Tudo não se explica por origem de classe. Se todos os pobres fossem revolucionários, não haveria capitalismo na América Latina.

Talvez vocês não saibam que é um fato biológico que as águias podem viver 70 anos no máximo. Mas quando chegam aos 30 ou 40, propendem à morte porque suas garras e seu bico já não são fortes para destruir as carnes com que se alimentam. E quando sentem que podem morrer, voam para o alto de uma montanha e arrancam as próprias garras e o bico. Esperam meses ali, até que voltem a nascer. Assim vivem outros 30 ou 40 anos mais.
Hoje, a águia é Cuba. Digo-o porque acabo de ler os Lineamentos para o 6º Congresso do Partido Comunista: a Revolução Cubana tem a capacidade de mover-se criticamente sobre si mesma para sair adiante. Suas redes de educação popular têm muita importância nisso.

Assisti muito de perto a queda do Muro (de Berlim) e hoje muitos se perguntam: como é possível que depois de 70 anos de socialismo, a Rússia seja um país conhecido pela extrema corrupção? Algo não funcionou: o socialismo cometeu ali o erro de construir uma casa nova sem saber fazer novos habitantes. Não se fazem homens e mulheres automaticamente. Os que nascem numa sociedade socialista, não nascem necessariamente socialistas.
Todo bebê é um capitalista exemplar: só pensa en si mesmo. O socialismo é o homem político do amor. E o amor é uma produção cultural. Seu objetivo final é criar uma comunidade amorosa entre si e o mundo. Às vezes olvidamos um princípio marxista. Eu, frade, fui professor de marxismo e não é a única contradição de minha vida. O ser humano não é mecânico. Há duas coisas que não podem ser previstas matematicamente: o movimento dos átomos e o comportamento humano.

O trabalho político deve ir para cada um dos homens. Por isso a Revolução Cubana resiste, porque não é uma peruca que vai de cima para baixo, mas um cabelo que cresce de baixo para cima. Aqui houve uma revolução de caráter eminentemente popular. A vitória estratégica, de Fidel, não fala de educação popular; mas se fez.

Termino com uma parábola: havia um homem muito formado ideologicamente, poderoso em seu sistema; mas muito infeliz. Saiu pelo mundo na busca da felicidade. Chegou a um país árabe – onde se dão sempre as boas lendas – e quis comprá-la em seus mercados. Disseram-lhe que essa mercadoria não existia, mas por um jovem soube de uma tenda no deserto onde podia encontrá-la. Saiu em sua caravana de camelos, atravessou o deserto e viu a tenda com um cartaz que dizia: “aqui se encontra a felicidade”. Disse à vendedora: “diga-me quanto custa”. E ela respondeu: “não, senhor, aqui não vendemos felicidade, aqui a damos gratuitamente”. E lhe trouxe uma pequena caixa de fósforos com três pequenas sementes: a semente da solidariedade, a da generosidade e a do companheirismo. “Cultive-as – disse – e será feliz”. Muito obrigado.

*Versão das palavras pronunciadas por Frei Betto no contexto do 4º Encontro Nacional de Educadoras e Educadores Populares, em Havana, em 10 de novembro de 2010.

Fonte: CubaDebate

*HistóriaVermelha

josé ss erra, e sua campanha suja, abriu a Caixa de Pandora




"Incêndios em favelas, surto racista, homofobia. Como anda o respeito (ou desrespeito) aos direitos humanos no Brasil
Primeiro, a estudante de direito Mayara Petruso, revoltada com a derrota de José Serra, pediu na internet depois do pleito de 31 de outubro que seus conterrâneos paulistanos afogassem nordestinos, para ela responsáveis pela eleição de Dilma Rousseff. Semanas depois, quatro homossexuais foram covardemente agredidos na Avenida Paulista, coração de São Paulo. Domingo, durante e após a Parada do Orgulho LGBT-Rio, jovens que namoravam na Avenida Atlântica e imediações, como o Arpoador, foram hostilizados, ameaçados e agredidos por militares do Forte de Copacabana. Um rapaz de 19 anos foi baleado. Não se trata de fatos isolados. Acontecendo nas duas metrópoles brasileiras, Rio de Janeiro e São Paulo, demonstram que apesar dos avanços vamos mal no campo dos direitos humanos. Direitos humanos que, para uma parcela da sociedade cuja cabeça é feita pela mídia, são "proteção a bandido e vagabundo". (Rodrigo Brandão, da Equipe do EDUCOM)

Todas as vezes que assistimos a episódios bábaros como os descritos na postagem acima ficamos entre a perplexidade e a sensação de impotência para tentar mudar esse estado de coisas.
Qual é a responsabilidade que cada um de nós, cidadãos, tem nesses episódios?
Qual é a responsbilidade que tem as instituções sociais nesses episódios?
Tenho lido em vários blogues e redes sociais que a campanha eleitoral para a presidência da República, principalmente a campanha do candidato derrotado José Serra teria sido a responsável pela onda de manifestações racistas na imprensa e nas redes sociais.
Discordo e vou além.
Penso que temos que agradecer ao candidato José Serra por ter, com sua campanha sórdida e imbecilizante, destampado a caixa de Pandora da sociedade brasileira.
As misérias humanas, naturais e ou adquiridas, estavam lá encobertas por uma fina película de discursos politicamente corretos, apenas esperando que um ambicioso e desesperado político prepotente, num acesso de fúria rasgasse essa película e destampasse a frágil caixa que esconde nossos preconceitos e intolerâncias.
Não bastam leis e políticas de ação afirmativa em defesa das mulheres, dos homossexuais, dos negros e das populações em situação de risco social para mudar comportamentos, culturas arraigadas e maneiras de encarar o mundo. Aliás, como ficou claro nas manifestações fascistas dos envolvidos no caso do twitter, é justamente por causa das políticas sociais como o Bolsa Família que alguns setores da sociedade deixaram cair a máscara de bons moços.
As pessoas caridosas, que na época do Natal adoram fazer campanhas de arrecadação de alimentos e brinquedos para crianças e pessoas carentes, via de regra, são as maiores críticas do programa Bolsa Família.
Para essas pessoas a caridade faz muito bem , lhes dá a sensação de terem cumprido o seu dever cristão e passarão o resto do ano com a consciência tranquila, mesmo que explorem suas faxineiras e humilhem os porteiros de seus edifícios- Zeram seus pecadinhos com as cestas básicas, os panetones e os brinquedos velhos doados para os pobres no natal.
Quando a mãe de um dos envolvidos no espancamento brutal dos jovens na Av.Paulista, declara em entrevista a jornalistas que seu filho é um bom rapaz, bom estudante, tira boas notas, ela realmente acredita nisso e não tem conciência de que colaborou muito para que seu filho fosse um assassino.
Nas escolas particulares de São Paulo é comum ouvir-se relatos de professores que foram ameaçados e ofendidos por pais de alunos por terem ousado repreender seus filhos ou reprová-los em suas matérias.
Crianças na mais tenra idade, transformam-se em pequenos ditadores impondo aos pais sua vontades e caprichos em lojas e supermercados. Não gostar desta comida, desta roupa ou daquele brinquedo é palavra de ordem para que os objetos que os desagradam sejam descartados ou eliminados.
Crianças que crescerão e que se não gostarem de negros, homossexuais e nordestinos, acham que também poderão eliminá-los.
É natural que os pais defendam suas crias, até na natureza vemos exemplos. Porém temos que refletir muito sobre a educação que está sendo dada às crianças e que exemplos estamos dando à elas.
Sobre os meios de comunicação há inúmeros artigos que expõem as verdadeiras faces de jornalistas que, até há algum tempo, pousavam de democrátas e defensores dos direitosdo povo. Finalmente, deixaram claro que povo para eles não é qualquer povo é o que pertence à sua classe social. Isso também devemos à campanha do José Serra.
Programas humorísticos fazendo caricaturas dos pobres, do churrasco na lage, do viadinho, da empregada doméstica, do nordestino, da sapatão, etc., quem nunca riu desses programas deprimentes? Quem nunca achou engraçado ver seus pimpolhos imitando esses personagens?
Sobre as igrejas e suas doutrinas, seria demasiado pretensioso aborda-las neste singelo desabafo. Basta relembrar as declarações de S.S. o Papa às vésperas da eleição presidencial.
Enfim, é bastante assustador o cenário que presenciamos diariamente nas cidades brasileiras, principalmente nas metrópoles consideradas mais modernas e culturalmente desenvolvidas como Rio de Janeiro e São Paulo.
Por isso afirmo que temos que agradecer ao candidato José Serra que, com sua campanha eleitoral de baixo nível, destampou a caixa de Pandora e permitiu que aflorasse o que há de pior na sociedade brasileira.
Temos que enfrentar esse aparente estado de anomia social e reverter esse quadro de barbárie através da arma mais eficaz. Educação de qualidade para todas as crianças em todos os níveis. Como no mito Grego, ainda resta a esperança no fundo da caixa de Pandora. 
*BrasilMobilizado

Filme mostra como o Opus Dei dilui fronteiras entre o fanatismo e a psicopatia



Por Marco Weissheimer

“É um filme contra o obscurantismo, a dor e os fundamentalismos neste país”. Foi assim que o cineasta espanhol Javier Fesser recebeu, em fevereiro de 2009, seis estatuetas do Goya (prêmio máximo do cinema espanhol) pelo filme “Camino” (“Um caminho de luz”, em português): melhor filme, melhor realizador (Javier Fesser), melhor atriz (Carmen Elías), melhor atriz revelação (Nerea Camacho), melhor ator coadjuvante (Jordi Dauder) e melhor roteiro.
O obscurantismo e o fundamentalismo ficam por conta da Opus Dei, organização ultra-conservadora da Igreja Católica que desafia as fronteiras entre o fanatismo, a psicopatia e a sem-vergonhice. “Camino” é uma homenagem pessoal de Fesser a uma menina de 13 anos chamada Alexia González-Barros e mostra a maneira como a Opus Dei manipula a sua doença e a transforma num sacrifício que se deve oferecer a Deus. Na tela, é retratada pelo nome de Camino, em referência ao livro homônimo de Josemaría Escrivá de Balaguer, fundador da ordem.
O fanatismo católico está presente dentro da casa da menina, encarnado no corpo da mãe, uma carola fundamentalista que vai se confessar para pedir perdão por desejar um milagre que salvasse a vida da própria filha. Em retribuição a esse infinito amor maternal, a filha, Camino, vê a mãe como uma espécie de demônio em seus sonhos.
“Camino” (disponível nas locadoras) é um filme extraordinário que trata de um tema extremamente duro, mesclando uma corrosiva crítica ao fanatismo religioso e um olhar doce e cheio de imaginação da menina que sofre a terrível coincidência de encontrar seu primeiro amor, um menino chamado Jesus, e descobrir que tem um agressivo câncer. Submetida a diversas e dolorosas cirurgias, ela fala em Jesus o tempo todo, o menino, não o Messias, como entendem sua mãe e os psicopatas da Opus Dei. Daí para virar candidata à santa é um pulinho, com direito a uma pornográfica conversa entre um padre e a mãe. O obrador de Deus tenta convencer a dita cuja que é melhor Camino morrer logo para iniciar o processo de canonização.
O filme, disse ainda o diretor, acabou se tornando, durante sua realização, uma procura da verdade com “dezenas de testemunhas de gente maravilhosa presa injustamente numa instituição chamada Opus Dei”. “Camino” causou forte polêmica na Espanha, berço da prelazia apoiada por parte da elite empresarial e famílias tradicionais e com forte influência na cúpula da Igreja Católica, tanto na Espanha como em Roma. Por aqui também a Opus Dei anda colocando suas manguinhas de fora. Recentemente, um jovem padre da Catedral Metropolitana de Porto Alegre, ligado à organização, foi capa do caderno Donna, da Zero Hora, apresentado como um “padre pop”. Alguns gabinetes da Faculdade de Direito da UFRGS também respiram esse odor fundamentalista católico. Para quem se interessa pelo tema, “Camino” é um filme obrigatório. Mostra alguns detalhes da vida interna dessa organização e de seus códigos de conduta, para não falar de diversas patologias travestidas de fervor religioso. Deus nos livre dessa gente!
Dica do turquinho: Faça download do filme aqui

Dilma se reunirá com Obama antes da posse


Nos próximos dias, a presidenta eleita, Dilma Rousseff, se reúne com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. A data do encontro, na Casa Branca, em Washington, ainda está sendo definida, mas será antes da posse de Dilma.

Em pauta:
- a guerra cambial;
- o estímulo ao uso de energia limpa;
- os projetos do pré-sal;
- ações de cooperação para os países pobres, em especial, o Haiti;
- mudanças climáticas e propostas para o desenvolvimento sustentável;
- perda de espaço de empresas estadunidenses no Brasil para os chineses, no caso dos investimentos no país, assim como para os canadenses, no que se refere às exportações brasileiras;

Não foi explicitado, mas da agenda acima fica implícito que as conversas passarão por eliminar barreiras estadunidenses aos biocombustíveis brasileiros, e também sobre a rodada de Doha.

A visita envolverá as assessorias de ambos os presidentes e conversas com a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, e mais um grupo de autoridades do governo nas áreas de segurança nacional, energia e meio ambiente.

Assessores do presidente norte-americano confirmaram que ele deverá vir ao Brasil no primeiro semestre de 2011.
*dos amigosdoPresidenteLula

Semana da Consciência Negra na TV Brasil


Escola do MST recebe melhor nota do Enem

Por Altamiro Borges

Nos últimos dias, a mídia demotucana tem feito um grande alarde contra o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Devido a falhas lamentáveis em algumas provas, ela decidiu transformar o assunto na sua primeira bandeira de oposição ao futuro governo Dilma Rousseff. De quebra, ainda presta um serviço à poderosa indústria do vestibular e às faculdades privadas. O Grupo Folha, dono da gráfica que imprimiu as provas irregulares, é um dos que mais fustiga o Enem.

Com sua cobertura enviesada e manipuladora, a mídia omite fatos curiosos do Enem. Um deles, que ela nunca divulgaria, é que a Escola Semente da Conquista, localizada no assentamento 25 de Maio, em Santa Catarina, foi o destaque do Exame Nacional em 2009, conforme noticiado na página oficial do Enem. Ela ocupou a primeira posição no município, com nota de 505,69.

Semente da Conquista

Nesta escola estudam 112 filhos de assentados, de 14 a 21 anos. Ela é dirigida por militantes do MST e os professores foram indicados pelos próprios assentados do município de Abelardo Luz, cidade com o maior número de famílias assentadas no estado. São 1.418 famílias, morando em 23 assentamentos. A primeira colocação no Enem foi comemorada pelas famílias de sem-terra.

A mídia, porém, nada falou sobre esta vitória. Segundo o sítio do MST, “essa conquista, histórica para uma instituição de ensino do campo, ficou fora da atenção da mídia, como também é pouco reconhecida pelas autoridades políticas de nosso estado. A engrenagem ideológica sustentada pela mídia e pelas elites rejeita todas as formas de protagonismo popular, especialmente quando esses sujeitos demonstram, na prática, que é possível outro modelo de educação”.

“A Escola Semente da Conquista é sinal de luta contra o sistema que nada faz contra os índices de analfabetismo e êxodo rural. Vale destacar que vivemos numa sociedade em que as melhores bibliotecas, cinemas, teatros são para uma pequena elite... Mesmo com todas as dificuldades, a escola foi destaque entre as escolas do município. Este fato não é apenas mérito dos educandos, mas sim da proposta pedagógica do MST, que tem na sua essência a formação de novos homens e mulheres, sujeitos do seu processo histórico em construção e em constante aprendizado”.
*AltamiroBorges

Olurun Eke e a República incompleta


Ao incluir o Dia da Consciência Negra no calendário escolar, a lei 10.639, de 9 de janeiro de 2003, não propiciou apenas um resgate da história dos povos negros. Foi bem além. Ensejou a necessidade de um novo olhar sobre culturas que, ao contrário da postulação ocidental, não colocam a questão da Verdade, de conteúdos absolutos e inarredáveis, de essências escondidas atrás de formas ou aparências. Sua riqueza é de outra ordem. E talvez este seja o significado mais profundo do dia 20 de novembro: memória e resistência como possibilidades históricas.
Para os que estudam a cultura afro-brasileira, é importante registrar a dinâmica de suas origens. Nelas, observamos uma espécie de culto da forma pela forma, algo como a valorização das dimensões plásticas. Seus mitos, rituais, danças, jogos e orações não remetem a quaisquer referências que lhes sejam exteriores, não expressam “outra coisa”, não são aparências de uma essência. Portanto não podem ser “decifrados”, “interpretados” ou “descobertos”, como ainda pretendem algumas de nossas teorias da cultura, herdeiras do ranço etnocêntrico do velho colonizador.
É o que apreciamos na aparentemente inconciliável visão de mundo que parece existir em alguns poetas negros, como Solano Trindade (1908-1974). Em versos como “A minha bandeira/ É da cor de sangue/ Olurun Eke/ Da cor da revolução/ Olurun Eke”, há uma estranheza que parece apontar para ausência de sentido lógico. Pura ilusão. O que lemos são instantes culturais, sínteses de uma vida vivida, de um artista ao sentir a realidade trágica do que é ser negro, também no Brasil.
Na verdade, do ponto de vista dos afro-descendentes, as expressões artísticas são mais para serem percebidas sensorialmente, vistas com a Alma, do que para serem “entendidas”. Existe, portanto, uma defasagem entre aquilo que se quer dizer de um lado, e o que se consegue transmitir na realidade. É exatamente neste espaço que o negro brasileiro consegue criar as coisas mais bonitas de sua produção simbólica e de maior valor para sua negritude.
Ser negro no Brasil de 2010 é, culturalmente, assumir a Alma Popular: é pensar a partir do ponto de vista do povo. É, sobretudo, estabelecer sintonia ideológica com as classes sociais que foram exploradas durante nossos 510 anos de história. O grande saque que se iniciou com a invasão portuguesa, por causa do pau-brasil, continuou e prosperou até depois da Independência, sempre a beneficiar os brancos. Consolidou-se com a Abolição/Proclamação da República, e continua até os nossos dias.
No terceiro milênio, da perspectiva do negro, a paz, objetivo perseguido por toda a espécie humana, passa necessariamente pela resolução dos problemas que o grande saque, ocidental e cristão, criou para a negritude. No Dia da Consciência Negra, é preciso repudiar a História do Brasil como um suceder de arranjos, combinações, “jeitinhos” em que o conflito nunca aparece ou, se vem à tona, é considerado como “coisa externa à nossa gente”.
O processo de desestruturação do mito da “democracia racial” no campo teórico tem avançado muito nos últimos anos. Já no terreno social e da luta política, apesar das políticas públicas implementadas recentemente, o atraso ainda é considerável. Por isso, é necessário resgatar a memória histórica dos negros, em todos os tempos e sentidos. Olurun Eke, para que a República seja proclamada em definitivo.
Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, colunista da Carta Maior, colaborador do Correio do Brasil e do Jornal do Brasil.
*turquinho

Folha quer a ditadura de novo


O que a Folha quer
com a ficha da Dilma ?






    Navalha
    Primeiro, o que a Folha (*) queria ?
    A Folha queria abrir o passado da Dilma durante a campanha presidencial e ajudar o Serra e o índio a pendurar nas costas da Dilma o estigma de matar adultos, além de matar criancinhas.
    O capítulo das criancinhas foi aberto pela Grande Estadista chileno-brasileira Mônica Serra.
    O STM não deixou a Folha ajudar o Serra nesse aspecto.
    Com a surra que a Dilma aplicou no Serra – 56% a 44% – o que a Folha agora quer ?
    Primeiro, ir à forra da ficha falsa.
    A Folha publicou uma ficha falsa da Dilma, que se tornou uma das notáveis “barrigas” da Imprensa Mundial.
    A Folha vai tentar demonstrar que a ficha falsa é verdadeira.
    Segundo, a Folha quer pegar a Dilma na mentira.
    A Dilma e inúmeros colegas de militância asseguram que a Dilma não participou de nenhuma ação armada.
    A Folha vai querer mostrar que a Dilma pegou em armas, roubou o cofre do Ademar, matou criancinhas, e derrubou as Torres Gêmeas.
    Terceiro, a Folha quer desmoralizar a Dilma e reproduzir declarações e situações nascidas no processo de tortura.
    Quarto, a Folha quer dar legitimidade a uma máquina repressiva e judicial construída no regime militar.
    Quinto, a Folha quer re-instalar o regime militar e seus mecanismos no regime democrático que a Dilma respeitou e no qual se tornou vitoriosa.
    Sexto, a Folha quer reestabelecer a legitimidade das práticas do regime militar a que ela, a Folha, serviu com devoção e fidelidade.
    Serviu de diversas maneiras.
    Serviu quando cedeu os carros de reportagem para transportar torturadores e vítimas de torturadores.
    Serviu ao transformar seus jornais em instrumentos da repressão e da ocultação de crimes hediondos.
    Sétimo, a Folha quer constranger a Dilma.
    A Folha quer fazer o que o senador Agripino Maia não conseguiu: transformar o Regime Militar num regime constitucional inglês e a Dilma numa terrorista.
    Oitavo, a Folha avisa à presidente eleita que a combaterá sem tréguas.
    Nono, a Folha quer impedir que a Dilma faça uma Ley de Medios.
    Décimo, para a Folha, a Dilma é o Marighella, que será abatido num cruzamento dos Jardins, entre a Avenida Paulista e a Rua Estados Unidos.


    Paulo Henrique Amorim
    (*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é,  porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.

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      A Folha e a ditadura

      Já que a Folha de São Paulo conseguiu autorização do STM para ter acesso aos arquivos de Dilma na didatura militar, agora tem por obrigação de ir atrás dos processos referentes à Fernando Gabeira, Aloisio Nunes Ferreira e tantos outros que tombaram naquele período obscuro da História do Brasil.Mais:tem por obrigação cobrar da presidente Dilma que a Comissão da Verdade saia do papel.Ah! e o jornalão tem obrigação de mostrar de que maneira serviu à ditadura militar.

      Grupo terrorista consegue acesso aos arquivos de Dilma feitos pela ditadura

      Tribunal Militar autoriza abertura dos arquivos de Dilma Rousseff
      Redação Carta Capital
      O jornal Folha de S. Paulo terá acesso ao processo que levou a presidente eleita à prisão na ditadura
      O Superior Tribunal Militar (STM) aprovou nesta terça-feira 16, por 10 votos a 1, o recurso do jornal Folha de S. Paulo para ter acesso ao processo que levou a presidente eleita Dilma Rousseff à prisão em janeiro de 1970, na época da ditadura. O único a votar contra foi o relator Marcos Torres.
      A ministra Carmen Lúcia já havia barrado a ação do jornal no Supremo Tribunal Federal (STF) no dia 29 de outubro. Antes, o julgamento fora adiado por duas vezes no STM, o que levou a Folha a levar o recurso ao STF.
      Grupo terrorista Otávio Frias

      Celso Lungaretti: Para Folha, ouro de tolo é vitória da sociedade

      Em 2009 a Folha tentou envolver Dilma num sequestro que não houve, além de usar como ilustração uma ficha falsa que encontrou na web.

      Simancol é o que mais falta para o jornal da ditabranda: mancheteia triunfalmente a obtenção do que queria usar durante a campanha eleitoral e agora não lhe servirá de quase nada. Foi garimpar, só encontrou ouro de tolo e ainda tenta apresentá-lo com uma "vitória da sociedade". Me engana que eu gosto. Finda a eleição presidencial, o Superior Tribunal Militar, como Deus e o mundo sabiam que faria, liberou para a Folha de S. Paulo o processo a que Dilma Rousseff respondeu durante a última ditadura, quando foi presa como dirigente da Vanguarda Armada Revolucionária Palmares e barbaramente torturada. A decisão foi tomada nesta terça-feira (16), por 10 votos a 1. Ou seja, nada mais houve do que o cumprimento integral da determinação do presidente do STM, Carlos Alberto Soares: evitar que desse processo falacioso e arbitrário, sem valor jurídico nenhum, fosse extraída munição propagandística contra a candidata em campanha. Pois só os bem informados sabem serem totalmente inconfiáveis as conclusões dos Inquéritos Policiais Militares da ditadura, contaminados pela prática generalizada da tortura, bem como as sentenças dos julgamentos de cartas marcadas que eram encenados em auditorias militares, com gritante cerceamento do direito de defesa. Para a maioria da população, poderia passar por verdade o que nada mais era do que a versão forjada pelos déspotas a respeito dos resistentes que, heroicamente, os combatiam. Daí a inconveniência de tal assunto ser escarafunchado em meio ao tiroteio eleitoral. Após o pleito, com ou sem a ação da Folha, os documentos seriam mesmo liberados. Não adiantou o jornal espernear no STM e até no STF: não conseguiu acesso em tempo hábil e ficou impossibilitado de produzir algum factóide eleitoral. Da próxima vez, que vá atrás das informações no momento certo e seguindo suas próprias pistas, ao invés de correr atrás das revelações alheias — no caso, a matéria de capa da revista Época sobre Dilma, que foi de onde a Folha tirou a informação de que o processo da VAR-Palmares estava temporariamente indisponível. Agora, para justificar a batalha de Itararé que fingiu estar travando, será obrigada a soltar alguma reportagem baseada no processo de Dilma. Pela qualidade atual do jornalismo da Folha, canto a bola desde já: vai ser imensamente inferior à da Época. Mas ninguém se surpreenderá, pois vexame é prato de todo dia na espelunca da alameda Barão de Limeira... Para quem quiser conhecer os detalhes desta comédia de erros (mais uma!), eis o passo a passo: "Folha" trava batalha jurídica para obter munição contra Dilma "Folha" pressiona STM: vale tudo para difamar Dilma STF bate com a porta na cara da “Folha E vale a pena ler de novo outro tiro pela culatra da Folha contra Dilma, em abril/2009, quando o jornal saiu com a credibilidade em frangalhos: Só faltou a "Folha" dizer: ela é comunista e come criancinha "Folha" admite mais erros crassos na reportagem sobre sequestro do Delfim * Celso Lungaretti é jornalista e escritor Fonte: Náufrago da Utopia
       

    Saramago


    Tal dia como o de hoje há 88 anos

    Outros Cadernos de Saramago


    José Saramago

    Nasci numa família de camponeses sem terra, em Azinhaga, uma pequena povoação situada na província do Ribatejo, na margem direita do rio Almonda, a uns cem quilómetros a nordeste de Lisboa. Meus pais chamavam-se José de Sousa e Maria da Piedade. José de Sousa teria sido também o meu nome se o funcionário do Registo Civil, por sua própria iniciativa, não lhe tivesse acrescentado a alcunha por que a família de meu pai era conhecida na aldeia: Saramago. (Cabe esclarecer que saramago é uma planta herbácea espontânea, cujas folhas, naqueles tempos, em épocas de carência, serviam como alimento na cozinha dos pobres). Só aos sete anos, quando tive de apresentar na escola primária um documento de identificação, é que se veio a saber que o meu nome completo era José de Sousa Saramago…

    Fui bom aluno na escola primária: na segunda classe já escrevia sem erros de ortografia, e a terceira e quarta classes foram feitas em um só ano. Transitei depois para o liceu, onde permaneci dois anos, com notas excelentes no primeiro, bastante menos boas no segundo, mas estimado por colegas e professores, ao ponto de ser eleito (tinha então 12 anos…) tesoureiro da associação académica… Entretanto, meus pais haviam chegado à conclusão de que, por falta de meios, não poderiam continuar a manter-me no liceu. A única alternativa que se apresentava seria entrar para uma escola de ensino profissional, e assim se fez: durante cinco anos aprendi o ofício de serralheiro mecânico.

    Mais tarde, a Biblioteca Municipal das Galveias foi a minha Universidade.

    José Saramago

    terça-feira, novembro 16, 2010

    Petrobras está 'destinada a dominar' setor e ser a Maior Petroleira do Mundo até 2015, afirma 'The Guardian'

    'Petroleiros do Brasil destinados a dominar' é o título da matéria do jornal britânico que entrevistou o diretor financeiro da companhia (WILTON JUNIOR/AGÊNCIA ESTADO/AE ES )
    "Petroleiros do Brasil destinados a dominar" é o título da matéria do jornal britânico que entrevistou o diretor financeiro da companhia

    A Petrobras quer se tornar a maior produtora mundial de petróleo de capital aberto até 2015, segundo afirma o diretor financeiro da companhia em uma entrevista publicada pelo diário britânico The Guardian nesta terça-feira. Segundo Almir Guilherme Barbassa, a companhia pretende mais do que dobrar sua produção na próxima década, para 5,4 milhões de barris de petróleo e gás por dia.

    Na reportagem de página inteira, intitulada “Petroleiros do Brasil destinados a dominar”, o jornal observa que a série de descobertas de reservas de petróleo na camada pré-sal “transformaram a sorte da companhia e catapultaram o Brasil em um dos líderes em energia e um dos motores econômicos mundiais”.

    Segundo afirma Barbassa ao jornal, a Petrobras será uma das maiores beneficiárias da legislação brasileira que dá à empresa uma parcela mínima de 30% sobre cada nova reserva descoberta, além do controle sobre os novos projetos. O Guardian observa que isso significa que as grandes petroleiras privadas mundiais, como BP, Shell e ExxonMobil, “terão que ficar em segundo plano atrás da Petrobras pelo acesso às vastas reservas brasileiras”.


    'Ascensão meteórica'

    A reportagem comenta que grandes descobertas de petróleo em águas profundas nos últimos anos estão por trás da “ascensão meteórica” da Petrobras, elevando as reservas comprovadas pela companhia de 11,5 bilhões de barris em 2006 para 30 bilhões de barris. Com a continuidade da exploração da camada pré-sal, o jornal observa, essas reservas podem atingir entre 50 bilhões e 100 bilhões de barris, no mesmo nível que as reservas da Rússia e do Kuwait.

    O jornal relata que, em setembro, a Petrobras levantou US$ 70 bilhões na maior oferta pública de ações do mundo, deixando o governo brasileiro com uma participação de 55% na companhia. A reportagem observa que há obstáculos para que a empresa atinja seus objetivos, como as dificuldades técnicas para a exploração das reservas na camada pré-sal.

    A empresa pretende investir US$ 224 bilhões nos próximos cinco anos para desenvolver as novas descobertas. O jornal relata que, segundo a Agência Internacional de Energia, somente neste ano os gastos da Petrobras devem ficar em US$ 44,8 bilhões, o maior valor entre todas as empresas de capital aberto do mundo.