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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, fevereiro 22, 2011

A questão acerca da liberação da maconha para fins recreativos continua polêmica. Afinal de contas, quais são os fatores determinantes para sua proibição e quais são os argumentos utilizados por quem defende o seu uso? Uma animação recente foi criada em defesa ao uso, desde que regulamentado e taxado, e pode ser vista aqui:


*opensadorselvagem

Dilma na Folha


A íntegra do discurso da presidenta Dilma Rousseff
(um discurso para ser lido nas entrelinhas)
Eu queria desejar boa noite a todos os presentes.
Cumprimentar o sr. Michel Temer, vice-presidente da República, o nosso governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, e a senhora Lu Alckmin. Queria cumprimentar o senador José Sarney, presidente do Senado. Queria cumprimentar também o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Cumprimentar o presidente da Câmara dos Deputados, deputado Marco Maia. O ministro Cezar Peluso, presidente do Supremo Tribunal Federal, por meio de quem cumprimento os demais ministros do Supremo presentes a esta cerimônia.
Queria cumprimentar a família Frias, o Luiz, o Otavio, a Maria Cristina, e queria cumprimentar também o senhor José Serra, ex-governador do Estado.
Dirijo um cumprimento especial também aos governadores aqui presentes e também aos ministros de Estado que me acompanham nesta cerimônia. Cumprimento o senhor Barros Munhoz, presidente da Assembleia Legislativa do Estado.
Queria cumprimentar também todos os senadores, deputados e senadoras, deputados e deputadas federais, deputados e deputadas estaduais. Queria cumprimentar o senhor Paulo Skaf, presidente da Fiesp. Dirigir um cumprimento especial aos representantes das diferentes religiões que estiveram neste palco.
Dirigir também um cumprimento a todos os funcionários do Grupo Folha. Queria cumprimentar os senhores e as senhoras jornalistas. E a todos aqueles que contribuem para que a Folha seja diariamente levada até nós.
Eu estou aqui representando a Presidência da República, estou aqui como presidente da República. E tenho certeza que cada um de nós percebe, hoje, que o Brasil é um país em desenvolvimento econômico acelerado. Que aspira ser, ao mesmo tempo, um país justo, uma nação justa, sem pobreza, e com cada vez menos desigualdade. Para todos nós isso não é concebível sem democracia. Uma democracia viva, construída com esforço de cada um de nós, e construída ao longo destes anos por todos aqui presentes. Que cresce e se consolida a cada dia. É uma democracia ainda jovem, mas nem por isso mais valorosa e valiosa.
A nossa democracia se fortalece por meio de práticas diárias, como os diferentes processos eleitorais. As discussões que a sociedade trava e que leva até as suas representações políticas. E, sobretudo, pela atividade da liberdade de opinião e de expressão. E, obviamente, uma liberdade que se alicerça, também, na liberdade de crítica, no direito de se expressar e se manifestar de acordo com suas convicções.
Nós, quando saímos da ditadura em 1988, consagramos a liberdade de imprensa e rompemos com aquele passado que vedava manifestações e que tornou a censura o pilar de uma atividade que afetou profundamente a imprensa brasileira.
A multiplicidade de pontos de vista, a abordagem investigativa e sem preconceitos dos grandes temas de interesse nacional constituem requisitos indispensáveis para o pleno usufruto da democracia, mesmo quando são irritantes, mesmo quando nos afetam, mesmo quando nos atingem.
E o amadurecimento da consciência cívica da nossa sociedade faz com que nós tenhamos a obrigação de conviver de forma civilizada com as diferenças de opinião, de crença e de propostas.
Ao comemorar o aniversário de 90 anos da Folha de S.Paulo, este grande jornal brasileiro, o que estamos celebrando também é a existência da liberdade de imprensa no Brasil.
Sabemos que nem sempre foi assim. A censura obrigou o primeiro jornal brasileiro a ser impresso em Londres, a partir de 1808. Nesses 188 anos de independência, é necessário reconhecer que na maior parte do tempo a imprensa brasileira viveu sob algum tipo de censura. De Líbero Badaró a Vladimir Herzog, ser um jornalista no Brasil tem sido um ato de coragem. É esta coragem que aplaudo hoje no aniversário da Folha.
Uma imprensa livre, plural e investigativa, ela é imprescindível para a democracia num país como o nosso, que além de ser um país continental, é um país que congrega diferenças culturais apesar da nossa unidade. Um governo deve saber conviver com as críticas dos jornais para ter um compromisso real com a democracia. Porque a democracia exige sobretudo este contraditório, e repito mais uma vez: o convívio civilizado, com a multiplicidade de opiniões, crenças, aspirações.
Este evento é também uma homenagem à obra e ao legado de um grande empresário. Um homem que é referência para toda a imprensa brasileira. Octavio Frias de Oliveira foi um exemplo de jornalismo dinâmico e inovador. Trabalhador desde os 14 anos de idade, Octavio Frias transformou a Folha de S.Paulo em um dos jornais mais importantes do nosso país. E foi responsável por revolucionar a forma de se fazer jornalismo no nosso Brasil.
Soube, por exemplo, levar o seu jornal a ocupar espaços decisivos em momentos marcantes da nossa história, como foi o caso da campanha das Diretas-Já. Soube também promover uma série de inovações tecnológicas, tanto nas versões impressas dos seus jornais, como nas novas fronteiras digitais da internet.
Reafirmo nessa homenagem aos 90 anos da Folha de S.Paulo meu compromisso inabalável com a garantia plena das liberdades democráticas, entre elas a liberdade de imprensa e de opinião.
Sei que o jornalismo impresso atravessa um momento especial na sua história. A revolução tecnológica proporcionada pela internet modificou para sempre os hábitos dos leitores e, principalmente, a relação desses leitores com seus jornais. Como oferecer um produto que acompanhe a velocidade tecnológica e não perca a sua profundidade? Como aceitar as críticas dos leitores e torná-las um ativo do jornal?
Sei que as senhoras e os senhores conhecem a dimensão do desafio que enfrentam, e que, com a mesma dedicação com que enfrentaram a censura, irão encontrar a resposta para esse novo desafio. E desejo a vocês o que nesse caminho sintetiza melhor o sucesso: que dentro de 90 anos a Folha continue sendo tão importante como agora para se entender o Brasil.
É nesse espírito que parabenizo a Folha pelos seus 90 anos. Parabenizo cada um daqueles que contribuem, e daquelas que contribuem, para que ela chegue à luz. A todos esses profissionais que lhe dedicam diariamente o melhor do seu talento e do seu trabalho.
Por fim, reitero sempre, que no Brasil de hoje, nesse Brasil com uma democracia tão nova, todos nós devemos preferir um milhão de vezes os sons das vozes críticas de uma imprensa livre ao silêncio das ditaduras.
Muito obrigada. 
*comtextolivre

Condenada a 94 anos Eliana Tranchesi está "Down"

Complexo FIESP/Daslu/Cansei/quero-miami-aqui tá down, deprê, de bode, bad trip …

A mega-loja trambiqueira de luxo vai fechar

A mega-loja de luxo da massa cheirosa vai fechar as portas
Ao mesmo tempo, a empresária Eliana Tranchesi aguarda um desfecho para a sua grife. Na próxima semana, a Daslu fará assembleia com 200 credores para aprovar a entrada de investidores na empresa por meio de um leilão. Em recuperação judicial desde o ano passado e com um dívida estimada em R$ 80 milhões, a empresa pode passar para as mãos de um novo grupo. Embora saiba que não tem nenhum poder sobre a decisão da Justiça, Eliana acredita que vai surpreender. "Eu vou voltar com a Daslu que todo mundo ama", disse a empresária ao Estado.
A Daslu começou a micar cerca de 40 dias depois da inauguração da butique, em 2005, quando Eliana recebeu uma visita surpresa da Polícia Federal - que resultou na sua prisão. Acusada de fraude em importação, formação de quadrilha e falsidade ideológica, Eliana foi condenada a 94,5 anos de prisão - a decisão cabe recurso. A dívida fiscal, que não é afetada pela recuperação, supera R$ 500 milhões.
A relação com a cliente fiel era tão direta que, em suas viagens de compras, nos showrooms das grifes internacionais, Eliana e sua sócia, Donata Meirelles, faziam os pedidos já pensando nos "heavy users".
O estacionamento custava R$ 30, mas os clientes exclusivos ganhavam um cartão para entrar sem pagar (hoje, o ingresso de carro não se dá mais pelos imponentes portais com cancela da Rua Chedid Jafet, mas por uma rampinha escondida no final da Avenida Juscelino Kubitschek).
Quando Eliana despontava com seu Porsche Cayenne de R$ 450 mil na portaria do casarão, dois empregados no interior subiam as escadarias acarpetadas borrifando purificadores de ar para "limpar"a passagem.
"Até para conseguir trabalhar lá tinha fila. Fiz o teste em 2004, mas só fui chamada um ano depois e ainda assim para ser caixa. Eu amo a Daslu. Sempre quis trabalhar aqui", diz subgerente da loja do Shopping Cidade Jardim, que prefere não se identificar, aberta bem depois do escândalo. No auge da exposição, uma das dasluzetes era a filha do então governador, Sofia Alckmin.
Com a migração de dasluzetes e de marcas importadas para o Shopping Cidade Jardim, na margem oposta da Marginal Pinheiros, boa parcela das órfãs da Villa Daslu agora circula por aqueles corredores com seus sapatos Louboutins e suas bolsas Bottega Veneta. Estão ali grifes como Giorgio Armani, Carolina Herrera, Hermès, Tiffany e Chanel.
Em uma outra frente de luxo, junto com o Cidade Jardim e o Iguatemi, o aguardadíssimo Shopping JK, dos mesmos empreendedores, já briga para abiscoitar a clientela de heavy users. Com um investimento orçado em R$ 240milhões, o JK vai ficar em um terreno vizinho à Villa Daslu e tem como sócio o dono do prédio, Walter Torre, pelo que se espera que agregue uma espécie de luxo remanescente. A Villa Daslu será ocupada por escritórios. A WTorre também não descarta a alternativa de transformar o espaço em teatro, marcando, assim, o fim de um ciclo.
*GilsonSampaio

A necessidade de um conteúdo ético




José Saramago
O escritor, se é uma pessoa do seu tempo, supõe-se que conhece os problemas do seu tempo. E quais são esses problemas? Que não estamos num mundo bom, que está mal e que não serve. Mas atenção: não há que confundir o que eu peço com uma literatura moralista, uma literatura que diga às pessoas como devem comportar-se. Do que estou a falar é da necessidade de um conteúdo ético, que não se separa daquilo a que chamo um ponto de vista crítico.



O que fazer quando a água cristalina vira um mar de lama?
O que fazer quando a fome vira um número que não alimenta?
O que fazer quando o passado vira referencial para quem prometia o futuro?
O que fazer quando o júbilo, envergonhado, busca abrigo na solidão?
O que fazer quando a virtude se cobre de trevas?
O que fazer quando a mentira escarra na verdade?
O que fazer quando a soberba se torna filha dileta no banquete do cerrado?
O que fazer quando se perde a esperança?
O que fazer quando os olhos não querem enxergar e o coração fica cego?
O que fazer quando a bondade se cobre de mau hálito?
O que fazer quando a ternura se vê brutalizada?
O que fazer quando a desigualdade social é incentivada?
O que fazer quando o sonho vira pesadelo?
O que fazer?...
Amigo, se você sobreviveu a tudo isso, você pode tudo!
Lembre-se! a História conspira a seu favor e o bem-estar da humanidade é o objetivo derradeiro do universo.
Hasta siempre
Uma homenagem musical dos companheiros turcos a Che guevara
*GilsonSampaio

segunda-feira, fevereiro 21, 2011

Computadores: Brasil ultrapassa Reino Unido e chega ao quarto lugar


Daniela Braun | VALOR

De São Paulo
O mercado brasileiro consumiu 13,7 milhões de computadores no ano passado e subiu da quinta para a quarta posição entre os países que mais vendem PCs no mundo, mostra a consultoria IDC. Com o resultado, o Brasil ultrapassou o Reino Unido em um ranking que tem os Estados Unidos na liderança, seguido por China e Japão.
As vendas de notebooks, netbooks e desktops no país cresceram 23,5% em relação ao resultado de 2009, quando o setor vendeu 11,1 milhões de unidades e enfrentou sua primeira queda histórica – recuo de 6,5% em relação a 2008 – um reflexo da crise econômica global.
O comportamento do mercado em 2010 superou as expectativas da consultoria, que projetava 13,2 milhões de computadores vendidos no ano passado.
O desempenho foi impulsionado por conta dos preços mais agressivos fixados pelos fabricantes internacionais e seguidos pelos fornecedores brasileiros. “O foco no país passou a ser obrigação por conta do crescimento econômico”, observa o gerente de pesquisas do IDC, Luciano Crippa. “Além disso, nossa base potencial de usuários ainda é muito grande, enquanto em mercados mais maduros a briga está nos tablets e netbooks”.
A agressividade dos fabricantes resultou na antecipação de promoções para o terceiro trimestre de 2010, uma prática pouco comum no mercado. Mesmo assim, as vendas natalinas colaboraram para um total de 3,6 milhões de máquinas vendidas entre outubro e dezembro, superando em 15% as vendas do quarto trimestre de 2009.
Crippa avalia que 2011 será o ano da virada nas vendas de computadores portáteis, que passarão a representar 51% das máquinas vendidas no país. Em 2010, a participação foi de 45%.
O fenômeno já aconteceu no mercado residencial: no ano passado, os consumidores compraram mais equipamentos portáteis para suas casas (56,5%) do que computadores de mesa.
Crippa diz acreditar também, que, para 2011, as vendas de tablets farão diferença no mercado. Com a projeção de venda de 300 mil unidades desse tipo de produto em 2011, os equipamentos portáteis (notebooks, netbooks e tablets) podem representar 67% dos equipamentos comprados para uso residencial.
Entre as empresas – responsáveis por 27% das máquinas vendidos em 2010 -, os desktops continuam reinando, mas há espaço para computadores de mão. “Hoje, mais de 70% das máquinas compradas pelas empresas são desktops, mas há um fator interessante que é a entrada dos tablets que tenho visto nas mãos de muitos executivos em reuniões”, observa o analista do IDC.
Segundo Crippa, as vendas de PCs para empresas, incluindo os setores de governo e educação, cresceram 20% no ano passado, após uma queda de 22% em 2009. “Esperamos que a recuperação aconteça ao longo de 2011″, diz o analista.
Para o IDC, os tablets vieram para ficar e incomodar o mercado de netbooks, cujas vendas somaram 1,5 milhão de unidades em 2010 – bem abaixo dos 3,5 milhões de portáteis previstos.
A projeção para 2011, entretanto, é de crescimento para 2,6 milhões de unidades. “Esse mercado ainda pode ter fôlego por conta da queda de preço, em vista da menor aceitação internacional do produto”, afirma Crippa. No mercado brasileiro, segundo o analista, os netbooks perderão a vez em 2013.
O crescimento de 14,5% do mercado de PCs em 2011 é considerado saudável pelo IDC e deve manter o país na quarta posição do mercado pelo menos até 2014. “Ainda se especula muito sobre o Brasil ser o terceiro maior em vendas [de PCs]“, diz o gerente de pesquisas. Ele considera a projeção bastante otimista diante da concorrência que o país enfrenta no topo do ranking.
*Luis Favre

Liberdade de Expressão e Direitos Humanos não existem nos EUA


*comtextolivre

sábado, fevereiro 19, 2011

A guerra que você não vê

O jornalista John Pilger fala neste seu último documentário do papel dos meios de comunicação na guerra (nomeadamente a do Iraque e do Afeganistão) e o caso da WikiLeaks (com legendas em português). Vale a pena ver (sugestão enviada por Hupper). Indicado particularmente para quem ainda acha que “criticar a mídia” é coisa de esquerdistas paranóicos e retardados. Na verdade, o assunto é, cada vez mais, um caso de polícia (e de política pública).















*comtextolivre

A verdadeira herança maldita


A imprensa traiçoeira, pendurada nas bancas de jornal e na Internet, continua bitolada na inesgotável tarefa de criar factóides, denegrir imagens e vingar-se das seguidas derrotas que lhe foram impostas nas urnas. A expressão do momento é “herança maldita de Lula”! Caberia como uma luva em 2003 – num país arrasado pela recessão, onde desempregados com diploma superior disputavam vagas de gari. Por um ano, o país fora submetido ao racionamento de energia – o que estagnou mais ainda a indústria, gerou mais desemprego e aprofundou nossa derrota moral. Naquela época éramos considerados um país vira-latas na comunidade internacional. Tudo isso fruto de uma política neoliberal levada por um fracassado que não soube usar a nova moeda que recebeu de Rubens Ricupero. Se o país que Dilma recebeu é uma “herança maldita”, FHC entregou a Lula o Apocalipse!

Hoje, qualquer criança sabe o quanto o Brasil mudou para melhor nos últimos 8 anos e não vamos ficar aqui citando números, índices e porcentagens que já estamos cansados de saber e que foram repetidos à exaustão ao longo de 2010. Se houvesse “herança maldita”, Guido Mantega não seria mantido à frente da Fazenda. Nos últimos meses do governo Lula, projetava-se o corte expressivo no orçamento para o próximo mandato. E o presidente frisou várias vezes, em alto e bom som, que os cortes jamais deveriam afetar o PAC nem os programas sociais (para desespero da oposição que ainda sonha com que isso aconteça). A única herança maldita deste país está nas redações que decendem da ditadura.


Sem terem melhor estratégia por onde praticar seu golpismo, jornalistas pequenos, mesquinhos e mexeriqueiros mergulham um mar de alucinações com o qual pretendem infectar a sociedade: herança maldita, divergências entre Lula e Dilma, ciúmes do ex, traição, inflação… Qualquer novela mexicana é mais criativa que este PiG pós-eleições! A conversa mole que os “analistas” e “psicólogos” de araque querem nos vender, beira o ridículo. Jamais irão criar qualquer indisposição entre Lula e Dilma. Menos ainda entre o eleitor e o governo. Imaginar que algum deles irá cair nessa conversa é insultar a inteligência de todos nós. Chegam ao cúmulo da hipocrisia de elogiar Dilma por “enfrentar com firmeza” a tal “herança maldita” deixada por Lula.

O que parecia iminente assim que Dilma tomasse posse, foi adiado: antes de partirem para a baixaria com sua artilharia previsível (incluindo aí “novidades machistas”), inventaram, temporariamente, a Dilma mocinha e o Lula vilão. Assim sendo, ficam para 2013 os capítulos nos quais os jornalistas do PiG – desbravadores da verdade – revelarão ao Brasil a terrível vilã que se escondia sob a máscara da presidenta mocinha. E nos derradeiros capítulos a serem exibidos em 2014, entrará em cena o Chapolim do PSDB para salvar a pátria e tudo acabará em casamento. Na Casa Grande, é claro. Plim Plim! Tirando a turma da Mayara, os 4% cães raivosos e alguns distraídos, quem vai comprar essa lista de asneiras? Os milhões que ascenderam sob Lula? Os milhares do PróUni? Os milhões do Minha Casa? Os milhões do entorno dos PACs?

Se houvessem “divergências” entre Lula e Dilma, não seria o PiG a descobrir através do seu “brilhantismo investigativo e imparcialidade jornalística”. Se houvesse roupa suja, seria lavada em casa. Quando Lula disse que o sucesso de Dilma é seu sucesso e que um eventual fracasso seria seu também, não é ciúmes, inveja, arrogância ou qualquer outro sentimento mesquinho – muito comum, aliás, entre os caciques do PSDB. O que Lula quis dizer na festa de aniversário do PT, é que está otimista em relação ao futuro, que tem plena confiança na presidenta, que existe parceria colaborativa, afinidade com o projeto nacional em andamento…

A oposição, seu líder Serra e sua mídia sabem que no atual quadro político, o PT tem cacife de sobra. Se nada fizerem de maior contundência desde já, Lula seria imbatível caso fosse candidato em 2014. E só entraria nessa briga para salvar o governo na hipótese remota de Dilma chegar enfraquecida na reta final de seu mandato. Em miúdos: o PT já tem dois candidatos para 2014. Como derrotá-los? Desestabilizando o país. Fazendo terrorismo de boataria como a tal “herança maldita” e similares para gerar incertezas na economia, forjar a volta da inflação e desfigurar o projeto de continuidade eleito em Dilma. Agora que tiraram Lula de circulação na mídia, poderão deitar e rolar factóides contra ele sem chances de defesa. De todos os ex-presidentes que tivemos, ele é o que terá menos espaço a partir de agora. Só falta avisar os 80 e lá vai pedrada % que não esquecerão assim fácil do seu governo.

*TERROR DO NORDESTE