Daniela Braun | VALOR
De São PauloO mercado brasileiro consumiu 13,7 milhões de computadores no ano passado e subiu da quinta para a quarta posição entre os países que mais vendem PCs no mundo, mostra a consultoria IDC. Com o resultado, o Brasil ultrapassou o Reino Unido em um ranking que tem os Estados Unidos na liderança, seguido por China e Japão.
As vendas de notebooks, netbooks e desktops no país cresceram 23,5% em relação ao resultado de 2009, quando o setor vendeu 11,1 milhões de unidades e enfrentou sua primeira queda histórica – recuo de 6,5% em relação a 2008 – um reflexo da crise econômica global.
O comportamento do mercado em 2010 superou as expectativas da consultoria, que projetava 13,2 milhões de computadores vendidos no ano passado.
O desempenho foi impulsionado por conta dos preços mais agressivos fixados pelos fabricantes internacionais e seguidos pelos fornecedores brasileiros. “O foco no país passou a ser obrigação por conta do crescimento econômico”, observa o gerente de pesquisas do IDC, Luciano Crippa. “Além disso, nossa base potencial de usuários ainda é muito grande, enquanto em mercados mais maduros a briga está nos tablets e netbooks”.
A agressividade dos fabricantes resultou na antecipação de promoções para o terceiro trimestre de 2010, uma prática pouco comum no mercado. Mesmo assim, as vendas natalinas colaboraram para um total de 3,6 milhões de máquinas vendidas entre outubro e dezembro, superando em 15% as vendas do quarto trimestre de 2009.
Crippa avalia que 2011 será o ano da virada nas vendas de computadores portáteis, que passarão a representar 51% das máquinas vendidas no país. Em 2010, a participação foi de 45%.
O fenômeno já aconteceu no mercado residencial: no ano passado, os consumidores compraram mais equipamentos portáteis para suas casas (56,5%) do que computadores de mesa.
Crippa diz acreditar também, que, para 2011, as vendas de tablets farão diferença no mercado. Com a projeção de venda de 300 mil unidades desse tipo de produto em 2011, os equipamentos portáteis (notebooks, netbooks e tablets) podem representar 67% dos equipamentos comprados para uso residencial.
Entre as empresas – responsáveis por 27% das máquinas vendidos em 2010 -, os desktops continuam reinando, mas há espaço para computadores de mão. “Hoje, mais de 70% das máquinas compradas pelas empresas são desktops, mas há um fator interessante que é a entrada dos tablets que tenho visto nas mãos de muitos executivos em reuniões”, observa o analista do IDC.
Segundo Crippa, as vendas de PCs para empresas, incluindo os setores de governo e educação, cresceram 20% no ano passado, após uma queda de 22% em 2009. “Esperamos que a recuperação aconteça ao longo de 2011″, diz o analista.
Para o IDC, os tablets vieram para ficar e incomodar o mercado de netbooks, cujas vendas somaram 1,5 milhão de unidades em 2010 – bem abaixo dos 3,5 milhões de portáteis previstos.
A projeção para 2011, entretanto, é de crescimento para 2,6 milhões de unidades. “Esse mercado ainda pode ter fôlego por conta da queda de preço, em vista da menor aceitação internacional do produto”, afirma Crippa. No mercado brasileiro, segundo o analista, os netbooks perderão a vez em 2013.
O crescimento de 14,5% do mercado de PCs em 2011 é considerado saudável pelo IDC e deve manter o país na quarta posição do mercado pelo menos até 2014. “Ainda se especula muito sobre o Brasil ser o terceiro maior em vendas [de PCs]“, diz o gerente de pesquisas. Ele considera a projeção bastante otimista diante da concorrência que o país enfrenta no topo do ranking.
*Luis Favre
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